Wazamonogatari ~Brazilian Portuguese~/Bom Apetite, Acerola 004

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004[edit]

“Uma mulher tão bela que leva uma nação aos joelhos” — eu conhecia tal expressão, mas se eu fosse adaptar isso para a “Princesa Beleza” da história de Tropicalesque, diria que ela era uma mulher tão bela que leva uma nação a sua ruína.[1]

A princesa que destruiu um país apenas com a sua beleza.

A princesa genocida.

Era um conto de fadas interessante.

Bem, na verdade, o que foi divertido foi ver Tropicalesque contar uma história tão estúpida com um rosto sério; mas mesmo tendo isso em mente, isso despertou o meu interesse.

Bem, despertou o meu apetite.

Não pude deixar de lamber os meus lábios.

“Então tu estás a dizer que essa princesa destruiu seu país, deixou-o e finalmente vagou para o nosso reino — e que é por isso que o país foi destruído?”

“Sim.”

Disse Tropicalesque, fazendo um rosto humilde.

Tão humilde que poderia fazer-me rir.

“Parece que a nação inteira, incluindo a família real e os nobres, alegremente sacrificaram suas vidas para a ‘Princesa Beleza’ — no esforço de oferecerem seus únicos pertences mais preciosos, eles esperaram recompensá-la por sua beleza.”

“Mas que tipo de monstro é essa mulher para destruir um país somente por estar nele?”

Eu disse em deboche.

“Ela é uma humana, não um monstro.”

Ele respondeu, parecendo tão sério quanto sempre — pelo menos se junte ao seu mestre quando ele está brincando, cara.

É por isso que tu sempre serás comida de emergência.

“Ela é uma mulher humana — e até agora, ela parece ter destruído um grande número de países — simplesmente ao atravessá-lo em uma jornada.”

“Eu posso ver por que tu chamarias isso de uma praga.”

Uma praga de proporções extremas.

Os vampiros também são geralmente comparados a pragas, mas ela parecia ser a coisa de fato — bem, se

poderia dizer que a procura impulsiva dos humanos por beleza também é um tipo de praga.

Pode ser uma doença incurável.

Houve inúmeros humanos que, na culminação da sua busca por uma aparência optimizada, pediram-me para beber o sangue deles por vontade própria — bem, na maioria dos casos, eu acabei os comendo, independente disso.

Em qualquer caso, assim como o desejo de juventude eterna, está na natureza humana perseguir a beleza do corpo. Pode até mesmo ser o carma deles.

“Tudo bem, eu decidi, Tropicalesque. Dessa vez, a minha primeira refeição após acordar será essa princesa — como a minha primeira refeição em um longo tempo, certamente ela não me desapontará.”

“Er... M-Mestre, isso...”

Tropicalesque interrompeu sua postura de joelhos pela primeira vez e levantou-se, agitado — esse homem, que nunca perde sua compostura por nada, perturbado; isso era muito agradável de se ver.

Agradável o suficiente para eu pensar que posso até mesmo comer um dos braços dele — não, ainda assim, a primeira coisa que eu comerei será essa “Princesa Beleza”.

Será a minha obsessão.

A primeira coisa que eu comerei de estômago vazio há de ser um alimento especial — não se há a necessidade de ser moderado ao se quebrar um jejum.

Excessos são permitidos em um lanche da meia-noite, mas se deve mais consideração para a sua primeira refeição após acordar.

Bem, já que eu sou um vampiro, o café da manhã é um lanche da meia-noite.

Essa foi uma piada em consideração do fato de que Tropicalesque era um humano antigamente, mas o velho vampiro mofado nem sequer sorriu (ou talvez ele seja apenas a audiência errada).

“Se posso me atrever a dizer, Mestre, não seria melhor parar agora...”

Com isso, ele iniciou o seu relatório.

Com todo o devido respeito, com todo o devido remorso.

Ajoelhando-se.

“Por favor, repense essa decisão. Eu lhe imploro.”

“Por que, Tropicalesque? Tu estás me dizendo para morrer de fome novamente? Não há garantia de que voltarei à vida na próxima vez — menos ainda se os humanos do reino foram aniquilados.”

Eu sou um vampiro, e como um vampiro, é claro que eu vivo alimentando-me de humanos, mas vampiros só podem existir onde humanos existem — eu não quero dizer isso no sentido de comida ou nutrientes; demônios e espíritos do mal não podem existir sem humanos que tremem de medo da existência deles.

Por que há uma multidão de humanos que temem a mim (ou que me adoram), eu sou capaz de reinar do meu trono desta maneira — assim como um reino não pode existir sem os seus subordinados.

“Ma, mas, como eu relatei antes, há monstros muito mais amedrontadores que...”

“Tropicalesque, meu servo. Tu estás preocupado que irei tornar-me vítima dessa mulher? Que, tal como os humanos, eu idolatrarei essa princesa tanto que desistirei de minha vida?”

“I, isso está fora de questão.”

Tropicalesque disse, prostrando-se — eu preferiria que ele apenas se ajoelhasse; mesmo embora ele seja o meu servo, eu queria repreendê-lo severamente por fazer uma pose tão vergonhosa. Se ele se encolhesse para baixo um pouco mais, poderia afundar no chão.

Isso seria um incômodo até mesmo para o seu mestre.

Fora de linha.

Apesar de que, mesmo para um escravo, não era uma pose comum; era quase como se Tropicalesque estivesse se deitando no chão.

“Ne, nesse caso, tu não poderias partilhar dos corpos dos arredores para restaurar a tua força, Mestre? Foi assim que eu consegui sobreviver a esta emergência.”

Ele disse.

Era quase como se ele estivesse ignorando o meu desejo de comer algo especial como a minha primeira refeição de estômago vazio (os corpos dos arredores, sério?); mas eu tenho certeza de que Tropicalesque pretendera encontrar um ponto em comum.

Eu não me importo com esse tipo de esperteza.

Ele é um bom servo confiável.

Porém, independente disso, não posso concordar.

Essa é uma questão diferente.

É uma questão de suprimento de comida.

Sendo um humano ou um vampiro, hábitos alimentares não são algo que se possa mudar tão facilmente.

“Ouça, Tropicalesque. Como tu supres tua nutrição é de tua própria decisão. Eu não forço meu modo em ti, nem pretendo — então fique de fora do meu negócio.”

Coma quantos corpos e cadáveres desejar — mas essa é a tua escolha, não a minha.

Assim eu disse.

“Eu somente como humanos que eu mesmo matei.”

Notas do Tradutor[edit]

  1. A expressão original é 傾国の美女 (keikoku no bijo), e a modificação do narrador é 亡国の美女 (boukoku no bijo). A tradução literal disso não faz muito sentido, então ela foi adaptada.


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