Owarimonogatari: Volume 3 ~Brazilian Portuguese~/Inferno Mayoi/005

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005[edit]

"Tudo bem, agora que todos os mistérios foram completamente explicados, nós devemos estar indo. Vamos, Araragi-san."

"Hein? Vamos aonde...?"

Todos os mistérios certamente não foram explicados, e parece que os que foram explicados foram apenas rapidamente checados, e sério, você provavelmente poderia ir tão longe a ponto de dizer que a maioria da conversa até então foi só conversa-fiada sem sentido!

Eu gostaria de requisitar o estabelecimento de um Quartel General de Exposição.

"Bem, bem, eu posso lhe contar os detalhes pelo caminho. Nós não temos que sentar e falar por aqui neste parque o dia todo. Isto não é uma trilha de comentários de um anime, então não há necessidade de ficarmos sentados. Eu sou, fundamentalmente, uma criança, então ficar em um lugar por tempo demais vai contra a minha natureza."

"Hah... Vejo que você ainda tá no mesmo e antigo espírito livre, completamente desimpedida pelas bordas entre as mídias... Quero dizer, não que eu realmente ligue pra onde a gente conversa."

"É algo natural que nossas conversas aconteçam em movimento, sabe. Embora você tenha perdido as suas duas bicicletas, você também pode vir caminhar comigo em uma jornada espiritual de vez em quando."[1]

"..."

Sendo "de vez em quando" ou "pela primeira vez em um tempo", eu não tenho nenhum problema com essa proposição por si mesma, e não é que nós não possamos caminhar e conversar ao mesmo tempo, então eu realmente não me importo... mas para onde nós estamos indo exatamente?

"Oh, não, veja bem — parece que as coisas saíram um pouco dos trilhos, então nós vamos consertar isso. Esse foi o papel que me foi atribuído."

"Papel?"

"Hehehe. Que reviravolta irônica do destino que eu, que uma vez levei uma vida de levar as pessoas à perdição, estaria servindo como uma guia."

Após fazer essa afirmação confusa, Hachikuji começa a andar, sua mochila enorme balança de um lado para o outro. Se você aceita a teoria de que este é o Inferno (uma maneira de se frasear que mostra que eu não sei quando desistir, de mais de uma maneira), parece que essa garota trouxe sua amada mochila todo o caminho consigo até o próximo mundo.

Bem, eu não gostaria particularmente de ver a Hachikuji vestindo uma mortalha de enterro, então não vou me incomodar em fazer picuinhas quanto a isso. Além disso, eu ainda estou vestido no meu uniforme escolar também.

Não há vestígios de ele ter sido fatiado em pedaços. Não há nenhum sinal restante de que a Gaen-san me transformou em carne picada — mas em vez de atribuir essa "recuperação" à minha vampirificação ou à invasão das minhas características vampíricas, eu provavelmente deveria assumir que isso simplesmente se deve a este ser o Inferno em que você é revivido após morrer... Levaria uma quantidade infernal de tempo e esforço para trocar de roupa cada vez que você morresse.

"Hm... Pensando nisso, a Shinobu não acabou aqui comigo. Já que eu morri, isso não significa que ela deve ter reganhado os poderes originais de vampira dela...?"

"Provavelmente. Creio que essa seja somente outra parte do plano de você-sabe-quem, no entanto."

"'Você-sabe-quem'?"

Enquanto eu sigo atrás da Hachikuji, ao caminharmos para fora do parque juntos, eu repito essa palavra a ela. Mesmo após deixarmos o parque, somos recebidos pela mesma calçada, as mesmas árvores, a mesma rua, a mesma faixa de pedestre e o mesmo semáforo que nós sempre víamos fora do parque. Noutras palavras, a cidade parece exatamente a mesma de sempre.

Não que eu seja realmente familiar com a área em volta do Parque "Rouhaku" para dizer com certeza como ela tipicamente se parece — mas, pelo menos, passa a impressão de que é uma cidade bem comum. Não parece nem um pouco que estamos no inferno. Se qualquer coisa... talvez a falta completa de transeuntes pareça um pouco estranha?

"... Se me lembro bem, você é sentenciado a passar 2000 anos caindo num poço de chamas na entrada do Inferno Avicii. Poderia ser que todos os criminosos ainda estejam no meio da queda, então ninguém realmente conseguiu passar pelo caminho para este Inferno ainda?"

Não, não pode ser isso — aqui estou eu enquanto conversamos. E de acordo com os resultados daquela experiência de Newton, não tem como eu ter caído mais rápido que todo mundo também.

"Você vai entender em breve — eu vou lhe fazer entender. Não se preocupe, você poderia muito bem me considerar como onisciente e onipotente no momento; aquela pessoa me contou quase tudo que se há para saber, afinal. Para ser completamente sincera com você, eu até mesmo ouvi um breve quadro geral de tudo que você esteve fazendo ultimamente."

"De novo... Quem é 'essa pessoa'?"

"Aquela personagem."

"Okay, agora você tá me dando vibrações de um 'chefão final'."

"Aquela peregrinadora."

"Agora você tá usando palavras de uma era diferente. Você tava se referindo a ela normalmente antes. Então quem é ela? Essa pessoa sua que sabe de tudo..."

Espera. Isso por si só deveria deixar bem óbvio quem é. Se não é a Hanekawa, então tem que ser ela — tem que ser a mesma pessoa que me partiu em pedaços, a cabeça dos especialistas, Izuko Gaen.

Mas como poderia a Hachikuji, que ascendeu — correção, foi para o Inferno — entrar em contato com a Gaen-san?

"Eu sou onisciente e onipotente através de autoridade delegada."

"Tenho quase certeza de que você não pode chamar isso de 'onisciente e onipotente'. Você tá levando 'um burro na pele de leão' pra um nível completamente novo aqui. Ei, Hachikuji, você esteve marchando em frente bem confidentemente, mas você pode pelo menos me deixar saber aonde exatamente a gente tá indo? A casa da sua mãe — provavelmente não é aonda você tá indo, certo?"

"Correto. A minha mãe evidentemente ainda está viva e bem, veja só. A casa dela pode ter sumido agora, mas parece que ela só se mudou para algum outro lugar. Ainda bem, de verdade."

"..."

"Se eu devo responder a sua pergunta lhe contando o que iremos fazer em vez de aonde estamos indo — é meu trabalho lhe trazer de volta à vida, Araragi-san. Mais cedo eu disse que estamos indo 'corrigir o que saiu dos trilhos', mas essa não foi a maneira mais certeira de se colocar isso em palavras. O que eu deveria ter dito é que estamos indo 'alterar o que deu certo'", responde Hachikuji, apenas conseguindo complicar isso ainda mais.

Eu não entendo nada disso.

Bem, pensando nisso, as coisas que eu não entendo tendem a superar em número as coisas que eu entendo estes dias. Sou completamente jogado por aí pelos meus arredores, sempre sendo arrastado para as coisas... Tenho certeza de que alguém mais engenhoso do que eu poderia ter lidado com essas situações mais sutilmente, no entanto.

"Me trazer de volta à vida... hein? Eu posso voltar à vida?"

"Claro que pode. Qual é o sentido de continuar morto?"

"Mas a Gaen-san..."

"A solução é que você tem que morrer." Foi isso que ela disse.

Gaen-san disse isso, então eu percebi que ela deve estar certa. Claro, não era algo que eu poderia prontamente aceitar, e eu não compreendia o raciocínio por trás disso tudo — eu ainda não sei o que a Gaen-san estava realmente pensando, mas se foi esse o curso de ação que ela tomou, então não importa o quão prejudicial pode ser para mim, posso ter certeza de que ela tinha as necessidades de muitos em mente. Eu posso acreditar nisso.

E assim, eu não pretendo rejeitar a "justiça" que ela realizou. Se a solução é que tenho que ser morto por ela, então isso não pode ser tomado de volta.

"Minha nossa, recomponha-se, Araragi-san. O bom e mau disso é que isso foi tudo uma parte do plano daquela, matar você e trazer de volta à vida incluídos."

"Me matar e me trazer de volta à vida...?"

Isso foi tudo parte do plano dela? Que tipo de plano improdutivo é esse? Isso é pior que um incendiário incendiando a sua própria casa; é tão sem sentido quanto multiplicar por 2 e então dividir por 2 depois. Não realiza nada além de me dar um susto.

Ela só queria provar a existência do Inferno? Por que ela precisaria fazer isso agora? Além disso, se ele existe, a Gaen-san certamente já saberia disso... hm?

A Hachikuji acabou de dizer "daquela"? Não "aquela pessoa"?... Talvez seja eu que esteja fazendo picuinhas quanto às palavras agora.

"Não é multiplicar por 2 e então dividir por 2."

Sem endereçar a minha questão interna, a Hachikuji continua tagalerando. Falar em movimento realmente combina mais com ela, julgando pela maneira que ela está ficando mais e mais tagalera por minuto.

"Há subtração envolvida também."

"Subtração?"

"Você entenderá isso bem em breve também."

"..."

Parece que ela está deixando de fora as partes mais importantes... Embora eu tenha certeza de que a Hachikuji tem uma agenda a qual ela tem que seguir como a guia do meu tour, então eu não quero realmente pressioná-la demais para as respostas também...

Ainda assim, após ser me dito que irei ser "trazido de volta à vida", não consigo evitar me sentir um pouco desconcertado. Eu gastei todo esse tempo sendo varrido junto pelas circunstâncias e atirado pela corrente, então eu não tinha pensado tão longe assim ainda — eu fiquei atrelado demais pensando na Hachikuji — mas agora que eu fui informado de que posso "voltar à vida", estou tendo problemas em assimilar isso.

"Algo de errado, Araragi-san? Você irá voltar à vida. Você não está feliz?"

"Bem... Para ser perfeitamente sincero, eu não tinha pensado tão longe assim ainda... Eu ainda não aceitei realmente o fato de que eu tô morto, pra começar, então é um pouco difícil pro pensamento de voltar à vida entrar na minha cabeça..."

"Hahaha. O quê, isso novamente? Se você aceitar um universo em que as pessoas podem voltar dos mortos, isso diminuirá o sentido da vida?"

"Não é isso..."

Ou é?

Não, não é.

Não é isso. É que, no fundo, havia uma parte de mim que sentia como se um peso tivesse sido retirado dos meus ombros. Isso quase soa como uma fala saída direto de um mangá, mas, bem, sabe...

"Hmm. Imagino que posso entender isso. Você esteve lutando pela sua vida sem parar, afinal. Surpreendentemente o suficiente, parece que apostadores em uma onda de vitórias inconscientemente desejam suas próprias derrotas frequentemente. Será que é um desejo natural equilibrar uma vida inclinada à vitória? Estou disposta à acreditar que esses sejam os seus sentimentos sinceros, em vez de uma tentativa lamentável de soar descolado."

"Qual é a dessa atitude condescendente...?"

"Mas, infelizmente, eu duvido que essa pessoa seja generosa o suficiente para ceder a esses seus sentimentos sinceros. Por aqui."

Hachikuji dá a volta numa esquina.

No momento que ela faz isso, o cenário muda. Ou melhor, nós acabamos bem onde deveríamos ter acabado por volta da esquina — o que mudou, nesse caso, foi a cor do céu.

Era plena luz do dia até um segundo atrás. Agora, nós dois subitamente nos encontramos de pé em um cenário noturno. Os postes, que não estavam servindo a nenhuma função a meros momentos atrás, estão brilhantemente iluminando a rua à noite de maneira natural, como se estivessem assim por horas agora.

"...? O que aconteceu? Alguém lançou um Tick-Tock?"[2]

"Será mesmo... Oh, céus, você vê isso, Araragi-san? Há alguém esparramado no chão bem ali."

"Hm?"

Assim que eu mais ou menos aceito a transformação do céu — no Inferno, qualquer coisa acontece, eu acho — eu olho na direção em que a Hachikuji apontou, e eu vejo que, de fato, certamente há uma pessoa escorada a um poste, banhando-se em seu brilho como se fosse um holofote brilhando nela.

Não, não certamente — incertamente.

E não uma pessoa, mas um monstro.

Aquela que caiu ali — aquela encharcada em vermelho, deitada numa piscina de sangue — é uma vampira à beira da morte, com todos os quatros membros cruelmente estripados de seu corpo. Uma vampira lendária, deixada caída num estado horrível.

Não é ninguém mais que a própria vampira do sangue de aço, do sangue quente e do sangue frio: Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade.

Notas do Tradutor[edit]

  1. A frase que a Hachikuji usa de verdade é "dougyou ninin" (literalmente, "ambos caminhando juntos"). Essa frase é frequentemente escrita em chapéus de viajantes na Peregrinação Shikoku — a peregrinação que envolve visitar 88 templos por volta de Shikoku que são associados com o monge Budista Kobo Daishi. A frase é uma referência ao fato de que, embora o peregrinador possa estar viajando sozinho, Kobo Daishi está sempre com eles em espírito.
  2. "Tick-Tock" é um feitiço na série de videogame Dragon Quest que instantaneamente alterna o tempo entre o dia e a noite.


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