Difference between revisions of "Utsuro no Hako:Volume1 2601ª vez"

From Baka-Tsuki
Jump to navigation Jump to search
 
(One intermediate revision by the same user not shown)
Line 134: Line 134:
   
   
  +
Logo após a aula acabar, Otonashi-san levanta sua mão subitamente. Nosso professor, Hokubo-sensei, a nota, mas Otonashi-san nem se importa se ele dá a permissão para perguntar. Ela se levanta e começa a falar antes que ele confirmasse.
   
  +
"Quero que todos da turma 1-6 façam algo agora."
Right after homeroom has ended, Otonashi-san suddenly raises her hand. Our teacher, Hokubo-sensei, notices her, but Otonashi-san doesn't even care if he acknowledges her or not. She stands up and starts speaking before he even assents.
 
   
  +
Otonashi-san ignora nossas reações pasmas e continua.
"I'm going to have everyone in class 1-6 <!--libedit after first instance of class name-grrarr-->do something right now."
 
   
  +
"Levará cinco minutos. Vocês podem gastar esse tempinho, certo?"
Otonashi-san ignores our dumbfounded response, and continues.<!--libedit-grrarr-->
 
   
  +
Ninguém responde, mas ela se dirije à plataforma mesmo assim. Ela calmamente conduz Hokubo-sensei para fora da sala, e então toma seu lugar na plataforma. Mesmo que essa seja definitivamente uma situação anormal, ela, de algum jeito, a faz parecer totalmente natural. A julgar pelas reações de meus colegas, eles pensam o mesmo.
"It will take five minutes. You can spare that much time, right?"
 
   
  +
Há um silêncio mortal na sala.
Nobody replies, but she heads for the platform anyway. She nonchalantly ushers Hokubo-sensei out of the classroom, and then takes his place at the platform. Although this is definitely an abnormal situation, she somehow makes it seem totally natural. Judging by the my classmates' reactions, they feel the same way.
 
   
  +
Parada na plataforma, Otonashi-san fala enquanto olha diretamente à frente.
It's dead silent in the classroom.
 
   
  +
"Vocês irão escrever 'uma certa coisa' para mim."
While standing on the platform, Otonashi-san speaks as she gazes straight ahead.
 
   
  +
Otonashi-san desce da plataforma e entrega alguns papéis para os alunos na fileira da frente. Cada aluno pega uma folha e passa o resto para os alunos atrás dele; assim como são feitos com folhetos que precisam ser distribuídos à toda turma.
"You will now write 'a certain thing' for me."
 
   
  +
Eu finalmente recebo uma folha. É uma folha comum de papel reciclado medindo mais ou menos 10cm de cada lado.
Otonashi-san steps down from the platform and hands some papers to the students in the front row. Those students each take one sheet and pass the rest on to the students behind them; it's just like they normally do with handouts that need to be distributed to the entire class.
 
   
  +
"Quando acabarem, por favor entreguem para mim."
I finally receive a copy. It is an ordinary, plain sheet of recycled paper that's about 10cm long on each side.
 
   
  +
"Mas que 'certa coisa' é essa?"
"When you're done, please hand it back to me."
 
   
  +
Assim que Kokone faz a pergunta que está soando na cabeça de todos, Otonashi-san responde planamente:
"So what's that 'certain thing'?"
 
   
  +
"Meu nome."
After Kokone asks the question that's buzzing through everyone's head, Otonashi-san responds plainly:
 
   
  +
Com esse comentário, a turma antes silenciosa começa a ficar barulhenta. Justo, eu também não entendi. Seu nome? Todos sabem seu nome. Ela recém se apresentou como "Aya Otonashi" essa manhã.
"My name."
 
   
  +
"Que idiotice!" alguém grita. Só há uma única pessoa que poderia dizer tal coisa à Otonashi-san.
With this comment, the previously silent classroom starts to get noisy. Fair enough, I don't get it either. Her name? Everyone knows her name. She just introduced herself as "Aya Otonashi" this morning after all.
 
 
"How idiotic!" someone exclaims. There is only one person who could possibly say such a thing to Otonashi-san.
 
   
 
Daiya Oomine.
 
Daiya Oomine.
   
  +
Todos meus colegas seguram a respiração. Todos sabem que Daiya fará um inimigo terrível.
My classmates all hold their breath. Everyone knows that Daiya would make a terrible enemy.<!--mildawk-grrarr-->
 
   
"Your name's Aya Otonashi. Why do you want us to write that down? Do you want us to memorize your name that badly?"
+
"Seu nome é Aya Otonashi. Por que quer que escrevamos isso? Quer tanto assim que gravemos seu nome?"
   
Otonashi-san stays composed despite Daiya's aggressive speech.
+
Otonashi-san continua calma apesar do discurso agressivo de Daiya.
   
"I would write 'Aya Otonashi'. But I just told you that. So there's no need for me to write it anymore, right?"
+
"Eu escreveria 'Aya Otonashi'. Mas acabei de contar isso. Então não preciso mais escrever, certo?"
   
"Yeah, I don't care."
+
"Sim, não me importo."
   
  +
Aparentemente ele não esperava uma afirmação tão simples e fica desolado de palavras.
Apparently he didn't expect such a simple affirmation and is left bereft of speech.
 
   
  +
Ele range os dentes, rasga o papel fazendo o máximo de barulho possível e deixa a sala.
He clicks his tongue, tears up the paper as noisily as possible and leaves the classroom.
 
   
  +
"Qual é o problema? Por que não começam a escrever?"
"What's wrong? Why won't you start writing?"
 
   
  +
Ninguém foi capaz de começar a escrever. Pode não ser óbvio, mas todos estão surpresos e sobrecarregados pelo comportamento dela. Ela simplesmente retrucou Daiya. Como colegas do Daiya, sabemos o quão impressionante isso é.
No one was able to start writing. It may not be obvious, but everyone is surprised and overwhelmed by her and her behavior. She just talked back to Daiya. As Daiya's classmates, we know just how impressive that is.
 
   
  +
Todos congelam por um tempo. Mas assim que o ruído do lápis de alguém quebra o silêncio, o som de rabiscos começa a ecoar pela sala.
Everyone stays frozen for a while. But once the scratching sound of someone's pencil breaks the silence, the sound of scribbling starts to echo across the classroom.
 
   
  +
Aposto que ninguém entende as intenções da Otonashi-san. Mas não importa. No fim, há apenas uma coisa que podemos escrever.
I bet no one understands Otonashi-san's intentions. But it doesn't matter. In the end, there is only one thing we can write, after all.
 
   
There's only the name 'Aya Otonashi'.
+
apenas o nome "Aya Otonashi".
   
The first person to deliver his paper to Otonashi-san is Haruaki. Once he stands up, several classmates follow suit. Otonashi-san's expression doesn't really change when she accepts Haruaki's paper.
+
A primeira pessoa a entregar sua folha para Otonashi-san é o Haruaki. Assim que ele se levanta, vários colegas seguem o exemplo. A expressão de Otonashi-san não muda quando ela recebe a folha de Haruaki.
   
  +
Provavelmente... <u>a resposta estava errada</u>.
It was probably…<u>the wrong answer</u>.
 
   
 
"Haruaki."
 
"Haruaki."
   
I call out to him as he returns to his seat after exchanging a word or two with Mogi-san.
+
Eu o chamo enquanto ele volta ao seu lugar depois de trocar uma ou duas palavras com Mogi-san.
   
"What's wrong, Hoshii?"
+
"O que foi, Hoshii?"
   
"What did you write?"
+
"O que você escreveu?"
   
"Mh? Well, you can only write 'Aya Otonashi', right? I almost forgot to write the last letter, though," Haruaki says while seeming a bit disconsolate for some reason.
+
"? Bem, a única opção é 'Aya Otonashi', não é? Porém quase me esqueci de escrever a última letra." Haruaki diz parecendo um pouco desconsolado por alguma razão.
   
  +
"...verdade, acho que essa é a única escolha..."
"…well yeah, I guess that's the only choice…"
 
   
  +
"Não pensa demais, apenas escreva!"
"Don't vacillate so much—just write it down!"
 
   
  +
"Acha mesmo que ela fez isso tudo só para nos fazer escrever o nome dela?"
"Do you really think she went through all that just to make us write down her name?"
 
   
  +
Se esse for o caso, não consigo entender sua preocupação.
If that were the case, I can't understand why she bothered.<!--libedit-grrarr-->
 
   
Haruaki immediately answers with "Of course not," confirming my doubts.
+
Haruaki imediatamente responde com um "Claro que não," confirmando minhas dúvidas.
   
"Eh? But…you wrote 'Aya Otonashi', didn't you?"
+
"? Mas...você escreveu 'Aya Otonashi', não escreveu?"
   
"Yeah.…listen, Daiyan is so intelligent it's not even funny, right? Well, on the other hand, his personality is so bad it's not funny, either."
+
"Sim....escuta, Daiyan é tão inteligente que nem tem graça, certo? Bem, por outro lado, sua personalidade é tão ruim que nem tem graça também."
   
  +
Por sua súbita mudança de assunto, inclino minha cabeça.
Because he suddenly changed the topic, I incline my head.
 
   
  +
"E ele disse que simplesmente escreveria 'Aya Otonashi'. Então ele não conseguiu pensar em nada mais para escrever. Claro que eu não conseguiria também. O que estou tentando dizer é que, bem, não podemos inventar uma alternativa, então não podemos escrever nada diferente."
"And he said he would simply write 'Aya Otonashi'. So he couldn't think of anything else to write. Of course I'd do no better. What I'm trying to say is, well, we can't come up with an alternative, so we can't write anything else, either."
 
   
  +
"Se não consegue pensar em algo...não conseguirá escrever nada."
"If you can't think of something…you can't write it down."
 
   
  +
"Exato. Em outras palavras, esse exercício não era direcionado para nós."
"Exactly. In other words, this exercise wasn't directed at us."
 
   
I get the feeling that Haruaki just hit the bull's eye. He must be right.
+
Sinto que o Haruaki acertou na mosca. Ele deve ter razão.
   
In other words, Otonashi-san doesn't care about most of her classmates and is only doing this <u>for the person who ''can'' actually think of something else</u>.
+
Resumindo, Otonashi-san não liga para a maioria dos seus colegas e está fazendo isso apenas <u>para a pessoa que ''consegue'' pensar em outra coisa</u>.
   
  +
Entendo porque o Haruaki parecia tão deprimido agora. Digo, foi amor à primeira vista. Sua confissão pode ter sido feita com um tom de brincadeira, mas não conheço ninguém mais à quem ele tenha se confessado. Então ele estava mais ou menos sendo sincero.
I understand why Haruaki seemed so depressed just now. I mean, he fell for her at first sight. His confession might have been half in jest, but I don't know of anyone else he's confessed to. So he was actually more or less sincere.
 
   
  +
Mas ela não retornou seu afeto. Sua existência foi ignorada...como o Daiya tinha dito.
But she didn't return his affections. His existence was being ignored…just like Daiya said.
 
   
  +
"...Haruaki, você é surpreendentemente brilhante."
"…Haruaki, you're surprisingly bright."
 
   
  +
"Não precisa do 'surpreendentemente'!"
"The 'surprisingly' is unnecessary!"
 
   
While I try to hide my rude comment behind a bashful smile, Haruaki reacts by smiling bitterly.
+
Enquanto tento esconder meu comentárioo rude atrás de um sorriso tímido, Haruaki reage sorrindo amargamente.
   
"See you later. If I don't leave now, I'll get killed by my seniors. No, I'm not exaggerating!"
+
"Vejo você depois. Se eu não sair agora, os veteranos vão me matar. Não, não estou exagerando!"
   
"Ah, yeah. Go for it."
+
"Ah, certo. Vai ."
   
  +
Nosso tão falado time de beisebol parece bem exigente.
Our so-so baseball team seems to be pretty demanding.<!--from later volumes, it's clearly a so-so baseball team—grrarr-->
 
   
  +
Olho para minha folha branca. Estou prestes a escrever "Aya Otonashi", mas apenas não consigo.
I look down at my blank sheet of paper. I am about to write 'Aya Otonashi', but just can't do it.<!--libedit-grrarr-->
 
   
I gaze at Otonashi-san. Her expression doesn't change in the slightest as she looks through the papers that were handed to her. I guess 'Aya Otonashi' is written on every single one.
+
Olho para a Otonashi-san. Sua expressão não muda nem um pouquinho enquanto olha as folhas que a entregaram. Acho que em todas está escrito "Aya Otonashi".
   
  +
—<u>alguém que não consegue pensar em nada mais não poderá escrever nada além disso</u>.
—<u>someone who can't think of anything can't write anything</u>.
 
   
 
"——"
 
"——"
   
  +
Então o que eu devo fazer?
Then what am I supposed to do?
 
   
  +
Depois de tudo aquilo, eu finalmente consigo pensar em algo. Por alguma razão, o nome absurdo "Maria" me vem à mente.
After all that, I do manage to think of something. For some reason, the absurd name 'Maria' comes to mind.
 
   
  +
Sei que há algo de errado comigo. "Maria" entre todos os nomes. Não faço de ideia de onde este nome veio. Se entregar minha folha para ela com esse nome, ela simplesmente me desprezará com algumas palavras, algo como "Está brincando comigo?"
I'm aware that something's wrong with me. 'Maria' of all things. I have no idea where this name came from. If I hand my paper to her with this name, she will just roar something at me, like 'You've gotta be kidding me!'
 
   
  +
Mas e se essa, por algum motivo, for a resposta pela qual ela deseja...?
But what if this is, by chance, the answer she's wishing for…?
 
   
  +
Depois de um grave equívoco, começa a escrever no pedaço de papel reciclado 10cm por 10cm.
After some severe equivocation, I start writing on the piece of 10cm by 10cm recycled paper.
 
   
'Maria'
+
"Maria"
   
I stand up and head over to Otonashi-san. There isn't a line anymore. Looks like I am the last person left. I nervously hand her my paper. Otonashi-san accepts it wordlessly.
+
Me levanto e dirijo-me à Otonashi-san. Não mais uma fila. Parece que sou a última pessoa que sobrou. Entrego o papel à ela com nervosismo. Otonashi-san o aceita sem palavras.
   
  +
Então ela olha para o que está escrito ali.
Then she looks at what's written there.
 
   
  +
E sua expressão muda. Massivamente.
And her expression changes. Massively.
 
   
"…eh?"
+
"...hã?"
   
Otonashi-san's eyes are wide open, even though she didn't show the slightest stirrings of unease when facing off against our teacher and Daiya?
+
Os olhos da Otonashi-san estão arregalados, mesmo não tendo mostrado o menor sinal de desconforto quando enfrentou nosso professor e Daiya?
   
  +
"Fufufu..."
"Fufufu…"
 
   
  +
Ela subitamente cai na risada.
She suddenly bursts into laughter.
 
   
 
"Hoshino."
 
"Hoshino."
   
"Oh, you remembered my name."
+
"Oh, lembrou meu nome."
   
  +
Instantaneamente me arrependi de ter dito aquilo. Porque, quando ela para de rir, me encara como se fosse seu aqui-inimigo.
I instantly regret saying that. Because, when she stops laughing, she scowls at me as if I were her arch-enemy.
 
   
"…You…! Are you freaking kidding me?!?"
+
"...Seu...! de brincadeira comigo?!?"
   
  +
Ela parece ter suprimido sua fúria desesperadamente, já que apenas consegue falar em uma voz baixa e pretensiosa. Eu esperava a parte da "brincadeira", mas o tom da sua voz é meio que uma surpresa.
She seems to have frantically suppressed her anger, since she only manages to speak in a low, chesty voice. I expected the 'kidding' part, but the tone of her voice is rather surprising.
 
   
  +
Ela me agarra pelo colarinho com toda sua força.
She seizes me by the collar with all her strength.
 
   
"Wa! I-I'm sorry! I-It's not like I was messing with you…"
+
"Ah! D-Desculpa! N-Não é como se eu quisesse implicar com você..."
   
  +
"Então está me dizendo que consegue escrever uma resposta dessas sem ser um tipo de piada?"
"So you're telling me that you can write such an answer without it being some kind of joke?"
 
   
  +
"...err, bem. Você...pode estar certa. Talvez eu esteja brincando."
"…err, well. You…might be right. I might have been kidding around."
 
   
  +
Isso deve ter sido a gota d'água.
This may have been the finishing blow.
 
   
  +
Sem largar meu colarinho, ela me arrasta pelo seu rastro, até a parte de trás da escola.
Without ever letting go of my collar, she drags me in her wake, all the way to the back of the school building.
 
   
   
Line 311: Line 310:
   
   
"Hoshino. Are you making fun of me?"
+
"Hoshino. Está tirando sarro de mim?"
   
Otonashi-san shoves me against the wall of the school building and glares at me.
+
Otonashi-san me empurra contra a parede do prédio escolar e me encara.
   
  +
"Não sou tão bom em criar planos. Sei disso. Então tive um plano insano que praticamente grita 'Culpado, mostre-se!' Não, não pode nem ser considerado um plano. E ainda assim...Por que diabos você mordeu a isca!? E essa já é a segunda vez que faço isso! Da primeira vez você ignorou completamente!"
"I'm not that good at coming up with plans. I'm aware of that. So I came up with an insane plan that's on the level of saying 'Culprit, turn yourself in!' No, you can't even call it a plan. And yet…Why the heck are you taking the bait!? And this is already the second time I've done this! The first time you completely ignored it!"
 
   
  +
Ela tira a mão do meu colarinho, mas a pressão do seu olhar furioso é mais que o bastante para me manter no lugar.
She removes her hand from my collar, but the pressure of her furious gaze is more than enough to hold me in place.
 
   
Otonashi-san continues to glare at me while chewing on her lips, and then sighs.
+
Otonashi-san continua a me encarar enquanto morde seus lábios, e então suspira.
   
  +
"...não, perdi minha compostura porque finalmente obtive uma resposta usando um método tão ridículo. Mas isso significa que a situação está mesmo melhorando, então acho que deveria ficar feliz."
"…no, I lost my composure because I finally got a response by using such a ridiculous method. But that means the situation is definitely improving,<!--mildawk-grrarr--> so I guess I should actually be happy."
 
   
"…yeah, I guess. You should be happy! Hahaha."
+
"...é, eu acho. Você devia ficar feliz! Hahaha."
   
Otonashi-san scowls again at my forced smile. I should probably just stay silent.
+
Otonashi-san fecha a cara de novo para o meu riso forçado. É melhor eu apenas ficar quieto.
   
  +
"...Não entendo. Na verdade, estava pensando que talvez você tenha sido derrotado por minha persistência...mas que cara ignorante e relaxada é essa?!"
"…I don't get it. Actually, I was thinking you might have been defeated by my persistence…but what's with this ignorant, relaxed face of yours!"
 
   
  +
Não sou ignorante, é que não faço ideia do que você está falando!
I'm not ignorant, I have no clue what you're talking about!
 
   
  +
"Você ficou me ignorando por 2,600 iterações. Eu recuso me render, não importando quantas vezes essa recorrência sem fim continuar. Porém, ainda sinto o cansaço. Você também deve sentir, então como consegue manter essa compostura?!"
"You kept ignoring me for 2,600 iterations. I refuse to surrender, however many times this endless recurrence shall continue. However, I still feel fatigue. You should feel the same, so how can you maintain such composure?!"
 
   
  +
O que eu deveria...Não faço ideia do que está falando.
What should I…I have no idea what you're talking about.
 
   
  +
Aparentemente ela finalmente nota meu desnorteamento e me olha suspeitosamente.
Apparently she finally notices my bewilderment and looks at me suspiciously.
 
   
  +
"......será que você não sabe?"
"……are you perhaps not self-aware?"
 
   
"Self-aware? Of what?"
+
"Saber? Saber o quê?"
   
  +
"...muito bem. Se está fingindo ou não, uma explicação não machucará ninguém. Hum, certo. Para simplificar—Eu já me 'transferi' 2,601 vezes."
"…very well. Whether you're acting or not, an explanation shouldn't do much harm. Hm, right. To put it simply—I've already 'transferred' 2,601 times."
 
   
  +
Tudo que consigo fazer é ficar inexpressivamente espantado.
All I can do is be blankly amazed.
 
   
  +
"Se está apenas fingindo então você é mesmo incrível. Mas se não 'não sabe' mesmo, seria certamente natural estar com essa cara. Que seja. Explicarei o que sei. Hum, certo—hoje é 2 de Março, não é?"
"If you're just acting then you're quite amazing. But if you really 'didn't know', it'd certainly be natural for you to have such a dull look. Whatever. I'll explain what I know. Mh, right—today's March 2<sup>nd</sup>, right?"
 
   
  +
Confirmo com a cabeça.
I nodded.
 
   
  +
"Seria mais fácil dizer que eu repeti este 2 de Março 2,601 vezes, mas não estaria exatamente correto. Por isso eu uso a expressão <em>transferência escolar</em>, mesmo isso não sendo bem apropriado também."
"It would be easier to say that I've repeated this March 2<sup>nd</sup> 2,601 times, but that isn't quite right. For that reason I use the expression <em>school transfer</em>, although that's not really appropriate either."
 
   
 
"Haa…"
 
"Haa…"
   
"I've been sent back to March 2<sup>nd</sup>, 6:27 A.M. 2,601 times."
+
"Eu fui mandada de volta para 2 de Março, 6:27 A.M. 2,601 vezes."
   
 
"……"
 
"……"
   
  +
"'Mandada de volta' é a expressão correta pela minha perspectiva, mas não é universalmente correta. Por isso uso a expressão <em>transferência escolar</em>, já que é o mais perto do que acontece—"
"'Sent back' is the correct expression from my own perspective, but it's not universally correct. So I'm using the expression <em>school transfer</em> here, since it's closer to what actually happens—"
 
   
Otonashi-san sees that my jaw has dropped and scratches her head.
+
Otonashi-san que estou boquiaberto e coça sua cabeça.
   
"Aah, geez! Just how dumb are you! If there's anything you disapprove of around 06:27 A.M., you simply declare it 'void', don't you!" She shouts at me, practically boiling over inside. No, no…no one in my position would be able to follow her line of reasoning, right?
+
"Aah, francamente! O quão burro você é?! Se algo que você não aprova perto das 06:27 A.M., você simplesmente o chama 'vazio', não é?!" Ela grita comigo, praticamente fervendo por dentro. Não, não...ninguém na minha posição seria capaz de seguir sua linha de raciocínio, certo?
   
  +
"...Eu não entendi direito, mas você está repetindo o mesmo dia de novo e de novo?"
"…I don't really understand, but you've been repeating the same day over and over?"
 
   
  +
Acontece no mesmo instante que digo isso.
It happens at the very instant I say that.
 
   
 
"Ah—"
 
"Ah—"
   
  +
O quê? O que foi isso?
What? What's this?
 
   
  +
Aperto meu peito, onde uma sensação intensa e estranho me ataca. Me sinto desconfortável...não, "desconfortável" nem chega perto. É uma sensação profundamente estranha, como se sua cidade natal fosse subitamente substituída por uma cidade toalmente diferente e você é a única pessoa que notou.
I press my chest, where an intense, strange sensation is attacking me. I feel uneasy…no, 'uneasy' is an understatement. It's a deeply eerie sensation, as if your hometown were suddenly replaced by a totally different town and you're the only person who noticed.
 
   
  +
Não é como se minhas lembranças tivessem voltado. Não me lembrei de nada novo.
It's not like my memories have returned. I haven't recalled anything new.
 
   
  +
Mas por alguma razão consigo sentir que algo ''estava'' ali.
But for some reason I can feel that something ''was'' there.
 
   
Otonashi-san is telling the truth.
+
Otonashi-san está dizendo a verdade.
   
  +
Verdade nua e crua.
Just the bare truth.
 
   
  +
"Finalmente entendeu?"
"Do you finally understand?"
 
   
"…w-wait a sec."
+
"...e-espera ."
   
She's experienced March 2<sup>nd</sup> 2,601 times. That alone would be more than enough to throw me off my stride, but basically Otonashi-san is stating:
+
Ela viveu o 2 de Março 2,601 vezes. isso seria mais do que necessário para me fazer delirar, mas a Otonashi-san está basicamente afirmando:
   
"<u>I am responsible for this</u>?"
+
"...<u>sou o responsável por isso</u>?"
   
"Yeah," Otonashi-san answers on the spot.
+
"É," Otonashi-san responde na hora.
   
"W-Why would I do that?"
+
"P-Por que eu faria isso?"
   
  +
"Como se eu entendesse seus motivos."
"How could I possibly understand your motives."
 
   
"I'm not the one doing this!"
+
"Não sou eu quem está fazendo isso!"
   
  +
"Como pode dizer isso se nem mesmo sabia de nada?"
"How can you say that when you're not even self-aware?"
 
   
  +
Estava prestes a dizer, "Por que eu?" mas realizo que há apenas uma coisa que me destacou.
I was about to say, 'Why me?' but I realize there's only one thing that made me stand out.<!--libedit-grrarr-->
 
   
  +
Escrevi "Maria" naquela folha.
I wrote 'Maria' on that sheet of paper.
 
   
  +
"Assim como não sabia dessas recorrências até agora, outras pessoas que foram arrastadas à essa situação não têm como lembrar das iterações que se tornaram 'vazio.' Em outras palavras: além de mim, apenas o culpado seria capaz de escrever o nome 'Maria', o qual mencionei apenas em iterações passadas."
"Just as you were unaware of these recurrences until now, other people who were dragged into this situation have no means to remember the iterations that were rendered 'void.' In other words: besides me, only the culprit should be able to write down the name 'Maria', which I've only mentioned in previous iterations."
 
   
  +
Mas eu lembrei desse nome. Tenho que admitir que é inpensável um nome como "Maria" aparecer espontaneamente em minha cabeça.
But I remembered this name. I have to admit that it's unthinkable for a name like 'Maria' to spontaneously pop up in my head.
 
   
  +
"Não sei se é efetivo, mas sempre tendo me comportar de um jeito que me faça destacar-me nas lembranças de todos. Estive esperando o culpado, que deveria também lembrar das iterações passadas que tornaram-se 'vazio', cometer um erro. Bem, não esperava muito dessa estratégia..."
"I don't know whether it's effective, but I always try to behave so that I stand out in the memories of everyone else. I've been waiting for the culprit, who must also remember the past iterations that were rendered 'void', to make a mistake. Well, I wasn't really expecting much from this strategy...<!--libedit-grrarr-->"
 
   
  +
"...quando começou a suspeitar de mim? Digo, você especificamente mencionou esse nome—'Maria'—para mim em uma iteração passada, certo?"
"…when did you start suspecting me? I mean, you specifically mentioned this name-'Maria'-to me in a previous iteration, right?"
 
   
  +
"Na verdade, você parecia basicamente inofensivo, por isso não suspeitei especificamente de você."
"Actually, you seemed basically harmless, so I didn't specifically suspect you."
 
   
"So…?"
+
"Então...?"
   
  +
"Hunf, claro que testei uma pessoa por vez mencionando esse nome. Afinal, meu tempo é basicamente ilimitado."
"Hmph, of course I tested each person one at a time by mentioning this name. After all, my time is basically unlimited."
 
   
  +
Seu tempo é ilimitado.
Her time is unlimited.
 
   
  +
O tempo que Otonashi-san gastou. Uma quantidade de tempo tão grande, "ilimitado" não pode nem ser chamado de figura de linguagem nesse ponto.
The time Otonashi-san has spent. A length of time so great, "unlimited" can't even be called a figure of speech anymore.<!--libedit-grrarr-->
 
   
  +
Entendo. Seu tempo é basicamente ilimitado, por isso ela elaborou esse plano aleatório de fazer a turma escrever seu nome—na pequena esperança de que alguém escreveria "Maria". Mesmo que ela não tivesse nenhuma chance real de sucesso. Todos seus melhores planos se exauriram muito antes da 2,601ª transferência, então provavelmente era apenas um jeito de matar tempo até ela elaborar um novo plano. Para continuar sã, tentar um plano com chances de sucesso quase impossíveis ainda é melhor do que não fazer nada. Afinal, o tempo que ela passa dentro dessas "Transferências Escolares" possivelmente poderia durar para sempre.
I understand. Her time is basically unlimited, so that's why she came up with this random plan of making the class write down her name–in the slight hope that someone would write 'Maria'. Even if she didn't have any real chance of success. All her best plans had been exhausted long before the 2,601st <em>school transfer</em>, so it was probably just a way to kill time until she came up with a new plan. In order to stay sane, trying a nearly hopeless plan is still better than doing nothing at all. After all, the time she spends within these 'School Transfers' could possibly last forever.
 
   
  +
Por isso Otonashi-san ficou tão irritada quando eu caí nesse truque. É como quando não importa o quão duro você tente, você não consegue derrotar um inimigo em um RPG e então treina e sobe de nível desesperadamente—mas na verdade, você poderia ter o derrotado facilmente apenas usando um item que pode ser obtido sem esforços. Você alcançou seu objetivo no fim, mas ressente desesperadamente ter perdido todo aquele tempo e esforço.
That's why Otonashi-san got so angry when I fell for this trick. It's like when no matter how hard you try, you can't beat an enemy in an RPG and thus train and level up desperately–but in actuality, you could have easily beaten him just by using a certain easily obtained item. You reached your goal in the end, but you desperately resent wasting all that time and effort<!--vlibedit-grrarr-->.
 
 
"Well, let's cut short this idle chatter. After all, nothing's been resolved."
 
   
  +
"Bem, vamos parar com essa conversa fiada. Afinal, nada foi resolvido."
"Is that so?"
 
   
  +
"Tem certeza?"
"Of course. Or does the situation seem settled to you? Does this consecutive nightmare, the Rejecting Classroom, look like it has ended to you?"
 
   
  +
"Claro. Ou talvez a situação parece estável para você? Esse pesadelo sem fim, a Sala da Rejeião, parece ter acabado para você?"
The Rejecting Classroom? I guess that's what she calls her repeating hell.
 
 
At any rate, there is just one point that still bugs me.
 
   
  +
A Sala da Rejeição? Acho que é assim que ela chama esse inferno de repetições.
"You know, I can understand why you treat me as the culprit because I've written 'Maria'. But listen, to begin with, why are you not affected by this Rejecting Classroom?"
 
   
  +
De qualquer maneira, há apenas uma coisa que ainda me incomoda.
"It's not like I'm unaffected; actually, I'm just as affected by the Rejecting Classroom as anyone else. If I surrendered and stopped trying to preserve my memories, the 'Classroom' would capture me right away. I would live meaninglessly within this endless recurrence. Giving in would be as easy as spilling a cup of water that you're precariously balancing on top of your head. We would forever continue experiencing this one day that you're rejecting."
 
   
  +
"Sabe, entendo porque você me trata como o culpado por eu ter escrito 'Maria'. Mas escute, para começar, por que você não é afetada por essa Sala da Rejeição?"
"All that would happen if you just forgot?"
 
   
  +
"Não é como se eu não fosse afetada; na verdade, sou afetada pela Sala da Rejeição como todo mundo. Se eu desistisse e parasse de tentar preservar minhas lembranças, a 'Sala' me capturaria na hora. Eu viveria sem sentido algum dentro dessa recorrência sem fim. Desistir seria tão fácil quanto derramar um copo de água que você está precariamente balançando no topo da sua cabeça. Nós continuaríamos vivendo esse dia que você está rejeitando."
"Think about it. Is there any other person who could possibly notice this recurrence? After all, even you weren't aware of the recurrence, and you're the one who set it up…"
 
   
  +
"Tudo isso aconteceria se você apenas esquecesse?"
…she might be right. After all, she already has repeated 2,601 iterations.
 
   
  +
"Pense nisso. Há alguma outra pessoa que possivelmente poderia notar essa recorrência? Afinal, nem mesmo você sabia da recorrência, e foi você quem a criou..."
"It would be infinitely easier for me to abandon my efforts to remember. But that will absolutely never happen."
 
   
  +
...ela deve estar certa. Afinal, ela já passou por 2,601 iterações.
"…never?"
 
   
  +
"Seria infinitamente mais fácil para mim abandonar meus esforços para lembrar. Mas isso nunca acontecerá."
"Yeah, never. It's not possible that I give up. I don't care if have to repeat this day 2,000 times, 20,000 times or a bajillion times, I will overcome this recurrence and achieve my goal."
 
   
  +
"...nunca?"
2,000 times. We often come across '2,000' as a unit in our daily lives. But if we have to really pile it up piece by piece…for example, there are 365 days in a year, 1,825 days equals five years…and that still wouldn't be enough yet to hit 2,000 days.
 
   
  +
"Sim, nunca. Não é possível que eu desista. Não ligo se terei que repetir este dia 2,000 vezes, 20,000 vezes ou um gazilhão de vezes, eu superarei estas recorrências e alcançarei meu objetivo."
Otonashi-san has already spent more time than that in the Rejecting Classroom.
 
   
  +
2,000 vezes. Comunmente topamos com "2,000" como uma unidade na nossa vida diária. Mas se formos mesmo contar um por um...por exemplo, há 365 dias num ano, 1,825 dias seriam cinco anos...e isso ainda não seria o bastante para alcançar 2,000 dias.
"Hoshino. Are you also unaware of why you created this Rejecting Classroom?"
 
   
  +
Otonashi-san já passou mais tempo do que isso na Sala da Rejeição.
"Eh?…yeah."
 
   
  +
"Hoshino. Você também não sabe por que criou essa Sala da Rejeição?"
"Fufu, I see. Assuming that you're playing dumb just to dodge this question, there's certainly some meaning behind all this. If so, your acting is quite solid."
 
   
  +
"Hum?...não."
"I-I'm not acting!"
 
   
  +
"Fufu, entendo. Digamos que você esteja se fazendo de bobo apenas para evitar essa pergunta, com certeza há um significado por trás disso tudo. Se está, você finge muito bem."
"Well, then I'll ask you—"
 
   
  +
"N-Não estou fingindo!"
Otonashi-san smiles faintly.
 
   
  +
"Bem, então lhe pergunto—"
"Hoshino, you have met—<u>him</u>, haven't you?"
 
   
  +
Otonashi-san ri fracamente.
—who?
 
   
  +
"Hoshino, você econtrou—<u>ele</u>, não é?"
…Is not the question I ask myself right now, for whatever reason. Who have I met? I don't know. I can't remember.
 
   
  +
—quem?
Still, I understand.
 
   
  +
...Não é a pergunta que faço para mim mesmo agora, por alguma razão. Quem eu encontrei? Não sei. Não consigo lembrar.
I have met '*'.
 
   
  +
Ainda assim, entendo.
When? Where? Of course I couldn't know such a thing. That isn't part of my memories. Even so, <u>I can feel that we've met.</u>
 
   
  +
Encontrei '*'.
I try to remember. But the information is blocked off, as if by a shutter coming down at extreme speed. Attention! You may not enter. Authorized personnel only.
 
   
  +
Quando? Onde? Claro que eu não saberia algo assim. Isso não faz parte das minhas lembranças. Mesmo assim, <u>consigo sentir que nos encontramos.</u>
"Fufu, so you met him," she chuckles.
 
   
  +
Tento lembrar. Mas a informação é bloqueada, como se uma persiana fechasse extremamente rápido. Atenção! Você não pode entrar. Apenas pessoas autorizadas.
Otonashi-san is now convinced. And I am convinced as well.
 
   
  +
"Fufu, então você o encontrou," ela ri.
I, Kazuki Hoshino, am the person responsible for this situation.
 
   
  +
Agora Otonashi-san está convencida. E estou convencido também.
"He should have handed it over to you. The <em>box</em> that grants you a single <em>wish</em>."
 
   
  +
Eu, Kazuki Hoshino, sou a pessoa responsável por esta situação.
She suddenly uses the word <span>box</span>. Based on what she's said thus far, that <span>box</span> seems to be the tool that produced this Rejecting Classroom.
 
   
  +
"Ele deve ter a entregado para você. A <em>caixa</em> que garante um único <em>desejo</em>."
"Ah, I didn't tell you my goal yet," Otonashi-san tells me while chuckling.
 
 
"My goal is—to obtain the <span>box</span>."
 
   
  +
Ela subitamente usa a palavra <span>caixa</span>. Baseado no que ela disse até agora, essa <span>caixa</span> parece ser a ferramenta que produziu a Sala da Rejeição.
Then her laughter disappears without a trace<!--libedit-grrarr-->. Otonashi-san, who is convinced that I own the <span>box</span>, scowls at me coldly and issues a command:
 
   
  +
"Ah, ainda não lhe disse meu objetivo," Otonashi-san me diz enquanto ri.
"Now hand over the <span>box</span>."
 
   
I definitely have the <span>box</span>. There's no alternative, right?
+
"Meu objetivo é—obter a <span>caixa</span>."
   
  +
Então sua risada desaparece sem deixar vestígios. Otonashi-san, que está certa de que eu possuo a <span>caixa</span>, me encara friamente e dita uma ordem:
But is it really alright to hand over this <span>box</span> that grants any <span>wish</span> to her?
 
   
  +
"Me entrege a <span>caixa</span>."
I mean, Otonashi-san has endured 2,601 repetitions just for the sake of obtaining this <span>box</span>. So she has a <span>wish</span> that justifies such an enormous effort. She wants to grant her own <span>wish</span>; even if it means making light of my <span>wish</span> by stealing my <span>box</span>.
 
   
  +
Eu definitivamente tenho a <span>caixa</span>. Não há alternativa, certo?
—She is driven by a determination that borders on abnormality.
 
   
  +
Mas é mesmo certo entregar esta <span>caixa</span> que garante qualquer <span>desejo</span> para ela?
Right, that's abnormal. Aya Otonashi is abnormal.
 
   
  +
Digo, Otonashi-san aguentou 2,601 repetições apenas a fim de obter essa <span>caixa</span>. Então ela tem um <span>desejo</span> que justifica esse esforço enorme. Ela quer realizar seu próprio <span>desejo</span>; mesmo que isso signifique desprezar meu <span>desejo</span> roubando minha <span>caixa</span>.
"…I don't know how."
 
   
  +
—Ela é movida por uma deterinação que beira a anormalidade.
I'm not lying. But I'm also trying to show some resistance<!--libedit-grrarr-->.
 
   
  +
Isso, isso é anormal. Aya Otonashi é anormal.
"I see. So you'll hand it over to me once you figure out how to do it<!--libedit-grrarr-->?"
 
   
  +
"...Não sei como."
"Well…"
 
   
  +
Não estou mentindo. Mas também estou tentando mostrar um pouco de resistência.
"Forgetting how to give it up<!--libedit-grrarr--> is common. But you haven't forgotten permanently; somewhere, deep down, you still know how to do it. Just like you never forget how to ride a bicycle: you may not be able to teach other people to ride it, but you still instinctively understand how to do it. You're just bewildered because you can't convert that understanding into words."
 
   
  +
"Entendo. Então você a entregará à mim assim que descobrir como?"
"…is there no way to end the Rejecting Classroom without removing the <span>box</span>?"
 
   
  +
"Bem..."
Otonashi-san shoots a cold glance at me.
 
   
  +
"Esquecer como entregá-la é comum. Mas você não se esqueceu permanentemente; em algum lugar, bem no fundo, você ainda sabe como entregá-la. Do mesmo jeito que você nunca esquece como andar de bicicleta: você pode não ser capaz de ensinar os outros a andar, mas você ainda sabe instintivamente como andar. Você apenas está desnorteado porque não consegue converter esse entendimento em palavras."
"So you don't plan to hand it over to me. Is that what you're trying to say?"
 
   
  +
"...não há como acabar com a Sala da Rejeição sem ser removendo a <span>caixa</span>?"
"I-It's not like that…"
 
   
Sensing my obvious panic, Otonashi-san lets out a quiet sigh.
+
Otonashi-san me um olhar frio.
   
  +
"Então você planeja não entregá-la para mim. É isso que está tentando dizer?"
"Let's see. I guess the Rejecting Classroom would also end if we crushed the <span>box</span> along with its <em>owner</em>."
 
   
  +
"N-Não é bem isso..."
"Crush it along with its <span>owner</span>…?"
 
   
  +
Sentindo meu pânico óbvio, Otonashi-san solta um suspiro silencioso.
'Owner' probably refers to the culprit holding the <span>box</span>—in other words, me. Crush it along with me? In short—
 
   
  +
"Vejamos. Acho que a Sala da Rejeição também acabaria se destruíssemos a <span>caixa</span> juntamente com seu <em>proprietário</em>."
Otonashi-san represses her feelings and says coldly: "The Rejecting Classroom will end if you die."
 
  +
  +
"Destruí-la juntamente com seu <span>proprietário</span>...?"
  +
  +
"Proprietário" provavelmente refere-se ao culpado carregando a <span>caixa</span>—em outras palavras, eu. Destruí-la junto comigo? Em resumo—
  +
  +
Otonashi-san reprimi seus sentimentos e diz friamente: "A Sala da Rejeição acabará se você morrer."
   
   
Line 542: Line 541:
   
   
Is this reason enough to prepare a '******'?
+
Esta razão é o bastante para cometer um "***********"?
   
  +
Está me dizendo que você planeja fazer isso à mim se necessário? Nesse caso, por favor seja rápida; assim seria mais fácil de aguentar.
Are you telling me that you plan to do this to me as well if necessary? In that case, please do it quickly; that'd be easier to bear.
 
   
  +
Na manhã de 3 de Março. Num cruzamento chuvoso com pouca visibilidade.
The morning of March 3<sup>rd</sup>. At a rainy crossroads with poor visibility.
 
   
  +
Joguei meu guarda-chuva para o lado e olhei o "*******". Nada mais é registrado. O caminhão que bateu na parede e a Otonashi-san, que está apenas parada ali, nenhum dos dois está sendo processado pelo meu cérebro. Um líquido vermelho está jorrando continuamente; há tanto dele que a chuva nem consegue lavá-lo.
I have thrown aside my umbrella and look at the '******'. Nothing else really registers. The truck that has crashed into the wall and Otonashi-san, who is just standing there, neither is being processed by my brain. A red liquid is flowing continuously; there's so much of it that the rain can't even wash it away.
 
   
  +
Um cadá***, sem metade da cabeça, cujo o ceré*** se espalhou por tudo. ****ver. Cadáver, Cadáver, CADÁver. CadáverCadáverCADÁVER. cadáVER. CadávercadáverCADÁVER. Cadáver. Cadáver. Cadáver!
A cor***, missing half of its head, whose bra** have splashed everywhere. ***pse. Corpse. Corpse. CORpse. CorpseCorpseCORPSE. corPSE. CorpsecorpseCORPSE. Corpse. Corpse. Corpse!
 
   
  +
O "Cadáver" de Haruaki.
Haruaki's 'Corpse'.
 
   
 
"—ah"
 
"—ah"
   
  +
Quando finalmente reconheço a coisa perante meus olhos, começo a vomitar.
Once I finally recognize the thing before my eyes, I start to vomit.
 
   
I look at Aya Otonashi. She is staring expressionlessly at me.
+
Olho para Aya Otonashi. Ela está olhando inexpressivamente para mim.
   
 
"……Haruaki"
 
"……Haruaki"
   
But don't worry, Haruaki!
+
Mas não se preocupe, Haruaki!
  +
  +
Sabe, isso será desfeito mesmo.
   
  +
Isso será convenientemente declarado "vazio".
You know, this will be undone anyway.
 
   
  +
......Oh? Será que...
This will be conveniently declared 'void'.
 
   
  +
Será que essa é a razão pela qual desejei pela Sala da Rejeição...? Porque estou rejeitando uma situação dessas?
……Oh? Could it be…
 
   
Could this be the reason I wished for the Rejecting Classroom…? Because I'm rejecting a situation like this?
 
   
   

Latest revision as of 03:20, 28 December 2014

"Sou Aya Otonashi."

A aluna transferida murmura apenas estas palavras e nada mais.



"Meu Deus! Que demais!"

Meu amigo Haruaki Usui, que está sentando perto de mim, diz isso em uma voz bem alta. Faz isso mesmo com a aula sendo dada, e vigorosamente me dá um tapa nas costas.

Haruaki? Sabe, isso machuca mesmo, e os olhares que nossos colegas estão nos dando também são bem constrangedores...

O olhar de Haruaki já está virado para a parte de trás da sala, onde a aluna transferida, Aya Otonashi, está sentada.

"Nossos olhos se encontraram! Que demais!"

"Bem, quando você se vira desse jeito para olhá-la, é mais que natural que seus olhos se encontrem."

"Hoshii, é o DESTINO!"

Espera aí, o quê? Destino?

"De qualquer jeito, ela é tão linda! Ela com certeza seria aceita como uma obra de arte no mercado mundial...e então seria reconhecida como tesouro nacional. Oh, é tarde demais para mim, meu coração já foi roubado...Vou me confessar à ela."

Que rápido!!

O sinal toca. Depois de ficarmos de pé e reverenciarmos nosso professor, Haruaki segue diretamente até Otonashi-san sem se preocupar em sentar primeiro.

"Aya Otonashi-san! Me apaixonei por você à primeira vista. Eu te amo!"

Nossa, ele está mesmo fazendo isso...

Não consigo ouvir a resposta da Otonashi-san, mas a cara do Haruaki é uma pista inegável. Ah, não...não é preciso nem olhar para seu rosto.

Haruaki volta e para na frente da minha classe.

"Que absurdo... Eu fui rejeitado?"

Ele achou que sua confissão daria certo...? É assustador porque ele parece mesmo sério.

"Não é óbvio? Se confessar para ela do nada apenas irá irritá-la!"

"Hum, entendo seu ponto de vista. Pois então, eu me confessarei de novo. Mas da próxima vez, não será tão subitamente! Meus sentimentos estão destinados a alcançá-la algum dia!"

Por um lado sua mente positiva é quase invejável, por outro lado, preferiria apenas evitá-la totalmente.

"Se divertindo? Vocês estão me proporcionando um entretenimento muito bom, mas as garotas estão olhando para vocês com bastante desdenho."

Daiya se junta a nós com estas palavras.

"Hã?! Não é apenas o Haruaki que está sendo desprezado?!"

"Não, você tabém. As garotas consideram vocês como farinha do mesmo saco."

"Hoho, imagina se fizessem um bolo conosco? Seria uma honra! Não acha, Hoshii?"

O-O que eu fiz para merecer...

"Deixando isso de lado, Daiyan, até mesmo você quer dar encima dela, certo?"

Haruaki dá uma cotovelada em Daiya. Ele é capaz de fazer isso ao Daiya sem medo, provavelmente porque são amigos de infância. Ou talvez porque ele aja impulsivamente sem se preocupar com as consequências...

Daiya suspira e logo responde.

"Nem um pouco."

"Impossível! Nesse caso, Daiyan, quem poderia possivelmente tocar seu coração?"

"Não importa se meu coração bate mais rápido ou não por culpa da aparência dela. Posso até reconhecer sua beleza, mas mesmo assim não desejo dar em cima dela."

"Hããã...?"

"Haruaki, você não compreende mesmo, não é? Bem, claro que esses sentimentos não podem ser compreendidos por um primata como você, que vive seguindo seus instintos e que pegaria qualquer garota contanto que tivesse um rostinho bonito."

"O quê?! Para começar, o que instinto tem a ver com ligar para aparências?!"

"É instinto humano ser atraído por alguém bonito porque ter um herdeiro bonito aumentará as chances da sua linhagem sobreviver."

"Ooh", "Ooh" Haruaki e eu soltamos suspiros de admiração simultaneamente. Daiya parece espantado, como se estivesse chocado por ver que não sabíamos algo tão básico.

"Ah, entendi, Daiyan! Então você está dizendo que a beleza dela está tão além do nosso alcance que até mesmo você não consegue dar em cima dela! Não teria chance alguma! É isso, não é? Como aquela história da raposa que fez ela mesma pensar que a uva estava azeda quando não conseguiu alcançá-la. Seu comportamento é chamado de racionalização. Que sem graça, Daiyan!"

"Você ouviu alguma coisa do que eu falei? Francamente...bem, a primeira metade da sua afirmação não está verdadeiramente errada. Mas sobre a outra metade—vou te matar!"

"Hoho, então você não consegue mesmo dar em cima dela."

Haruaki está com um olhar triunfante em seu rosto. Daiya finalmente soca Haruaki. Wow, é como se toda a frustração do Daiya estivesse focada naquele soco...

"Não se trata de 'eu não conseguir dar em cima dela.' Se trata de 'ela não vai dar em cima de mim.'"

"Que arrogante...ei, Hoshii, esse cara não está se achando demais só por culpa da sua aparência?" Haruaki diz sem demonstrar qualquer traço de remorso.

"Não é como se ela não fosse dar em cima de mim por eu estar fora do seu alcance, isso pode ser verdade também, mas no caso dela isso nem se aplica."

"Nossa, ele está soltando esse papo estranho sem nem hesitar."

"Ela não me considera fora do seu alcance, não, ela nem entra nesse tipo de classificação. Não está interessada em nós para início de conversa. Não está nem nos desprezando. Assim como consideramos insetos somente como insetos, ela considera pessoas somente como pessoas. Isso é tudo. Ela não liga para pequenas diferenças entre as pessoas, como meu rosto bonito ou a horrorosa cara do Haruaki. Assim como o sexo de uma barata nem passa pela nossa mente. Como alguém conseguiria dar em cima de uma garota assim?"

Até mesmo Haruaki parece sobrecarregado com essa declaração impiedosa sobre Otonashi-san, e fica em silêncio.

"...Daiya."

Abri minha boca no lugar de Haruaki.

"Parece que você está surpreendentemente interessado na Otonashi-san."

Daiya fica sem palavras. Ah, essa é uma reação extremamente rara. Mas não estou certo? Deixando de lado se sua opinião é correta ou não, ele deve ter a observado por uma quantia considerável de tempo para fazer essa análise.

"...tch, não estou interessado!"

"Oh, está corado!"

"...ei Kazu. Você vai pisar em uma mina se continuar seguindo esse caminho. Quer que eu lhe mostre como usar um alho de um jeito que nem imagina? Você vai ficar com um caso tão grave de TEPT que só avistar alhos fará você explodir de agonia!" [1]

Precebo que Daiya está bem irritado, então tento mudar o assunto rindo desajeitadamente.

De qualquer forma, Daiya parece entender que ele e Otonashi-san são totalmente incompatíveis.

"Tirando a porcaria do seu senso de intuição que se compara ao de um inseto, até mesmo você logo irá perceber a anormalidade dela."

Soou meio que como uma desculpa esfarrapada.

Mas não era nada disso.

Sabe, ele estava certíssimo.



Logo após a aula acabar, Otonashi-san levanta sua mão subitamente. Nosso professor, Hokubo-sensei, a nota, mas Otonashi-san nem se importa se ele dá a permissão para perguntar. Ela se levanta e começa a falar antes que ele confirmasse.

"Quero que todos da turma 1-6 façam algo agora."

Otonashi-san ignora nossas reações pasmas e continua.

"Levará cinco minutos. Vocês podem gastar esse tempinho, certo?"

Ninguém responde, mas ela se dirije à plataforma mesmo assim. Ela calmamente conduz Hokubo-sensei para fora da sala, e então toma seu lugar na plataforma. Mesmo que essa seja definitivamente uma situação anormal, ela, de algum jeito, a faz parecer totalmente natural. A julgar pelas reações de meus colegas, eles pensam o mesmo.

Há um silêncio mortal na sala.

Parada na plataforma, Otonashi-san fala enquanto olha diretamente à frente.

"Vocês irão escrever 'uma certa coisa' para mim."

Otonashi-san desce da plataforma e entrega alguns papéis para os alunos na fileira da frente. Cada aluno pega uma folha e passa o resto para os alunos atrás dele; assim como são feitos com folhetos que precisam ser distribuídos à toda turma.

Eu finalmente recebo uma folha. É uma folha comum de papel reciclado medindo mais ou menos 10cm de cada lado.

"Quando acabarem, por favor entreguem para mim."

"Mas que 'certa coisa' é essa?"

Assim que Kokone faz a pergunta que está soando na cabeça de todos, Otonashi-san responde planamente:

"Meu nome."

Com esse comentário, a turma antes silenciosa começa a ficar barulhenta. Justo, eu também não entendi. Seu nome? Todos sabem seu nome. Ela recém se apresentou como "Aya Otonashi" essa manhã.

"Que idiotice!" alguém grita. Só há uma única pessoa que poderia dizer tal coisa à Otonashi-san.

Daiya Oomine.

Todos meus colegas seguram a respiração. Todos sabem que Daiya fará um inimigo terrível.

"Seu nome é Aya Otonashi. Por que quer que escrevamos isso? Quer tanto assim que gravemos seu nome?"

Otonashi-san continua calma apesar do discurso agressivo de Daiya.

"Eu escreveria 'Aya Otonashi'. Mas acabei de contar isso. Então não preciso mais escrever, certo?"

"Sim, não me importo."

Aparentemente ele não esperava uma afirmação tão simples e fica desolado de palavras.

Ele range os dentes, rasga o papel fazendo o máximo de barulho possível e deixa a sala.

"Qual é o problema? Por que não começam a escrever?"

Ninguém foi capaz de começar a escrever. Pode não ser óbvio, mas todos estão surpresos e sobrecarregados pelo comportamento dela. Ela simplesmente retrucou Daiya. Como colegas do Daiya, sabemos o quão impressionante isso é.

Todos congelam por um tempo. Mas assim que o ruído do lápis de alguém quebra o silêncio, o som de rabiscos começa a ecoar pela sala.

Aposto que ninguém entende as intenções da Otonashi-san. Mas não importa. No fim, há apenas uma coisa que podemos escrever.

Há apenas o nome "Aya Otonashi".

A primeira pessoa a entregar sua folha para Otonashi-san é o Haruaki. Assim que ele se levanta, vários colegas seguem o exemplo. A expressão de Otonashi-san não muda quando ela recebe a folha de Haruaki.

Provavelmente... a resposta estava errada.

"Haruaki."

Eu o chamo enquanto ele volta ao seu lugar depois de trocar uma ou duas palavras com Mogi-san.

"O que foi, Hoshii?"

"O que você escreveu?"

"Hã? Bem, a única opção é 'Aya Otonashi', não é? Porém quase me esqueci de escrever a última letra." Haruaki diz parecendo um pouco desconsolado por alguma razão.

"...verdade, acho que essa é a única escolha..."

"Não pensa demais, apenas escreva!"

"Acha mesmo que ela fez isso tudo só para nos fazer escrever o nome dela?"

Se esse for o caso, não consigo entender sua preocupação.

Haruaki imediatamente responde com um "Claro que não," confirmando minhas dúvidas.

"Hã? Mas...você escreveu 'Aya Otonashi', não escreveu?"

"Sim....escuta, Daiyan é tão inteligente que nem tem graça, certo? Bem, por outro lado, sua personalidade é tão ruim que nem tem graça também."

Por sua súbita mudança de assunto, inclino minha cabeça.

"E ele disse que simplesmente escreveria 'Aya Otonashi'. Então ele não conseguiu pensar em nada mais para escrever. Claro que eu não conseguiria também. O que estou tentando dizer é que, bem, não podemos inventar uma alternativa, então não podemos escrever nada diferente."

"Se não consegue pensar em algo...não conseguirá escrever nada."

"Exato. Em outras palavras, esse exercício não era direcionado para nós."

Sinto que o Haruaki acertou na mosca. Ele deve ter razão.

Resumindo, Otonashi-san não liga para a maioria dos seus colegas e está fazendo isso apenas para a pessoa que consegue pensar em outra coisa.

Entendo porque o Haruaki parecia tão deprimido agora. Digo, foi amor à primeira vista. Sua confissão pode ter sido feita com um tom de brincadeira, mas não conheço ninguém mais à quem ele tenha se confessado. Então ele estava mais ou menos sendo sincero.

Mas ela não retornou seu afeto. Sua existência foi ignorada...como o Daiya tinha dito.

"...Haruaki, você é surpreendentemente brilhante."

"Não precisa do 'surpreendentemente'!"

Enquanto tento esconder meu comentárioo rude atrás de um sorriso tímido, Haruaki reage sorrindo amargamente.

"Vejo você depois. Se eu não sair agora, os veteranos vão me matar. Não, não estou exagerando!"

"Ah, certo. Vai lá."

Nosso tão falado time de beisebol parece bem exigente.

Olho para minha folha branca. Estou prestes a escrever "Aya Otonashi", mas apenas não consigo.

Olho para a Otonashi-san. Sua expressão não muda nem um pouquinho enquanto olha as folhas que a entregaram. Acho que em todas está escrito "Aya Otonashi".

alguém que não consegue pensar em nada mais não poderá escrever nada além disso.

"——"

Então o que eu devo fazer?

Depois de tudo aquilo, eu finalmente consigo pensar em algo. Por alguma razão, o nome absurdo "Maria" me vem à mente.

Sei que há algo de errado comigo. "Maria" entre todos os nomes. Não faço de ideia de onde este nome veio. Se entregar minha folha para ela com esse nome, ela simplesmente me desprezará com algumas palavras, algo como "Está brincando comigo?"

Mas e se essa, por algum motivo, for a resposta pela qual ela deseja...?

Depois de um grave equívoco, começa a escrever no pedaço de papel reciclado 10cm por 10cm.

"Maria"

Me levanto e dirijo-me à Otonashi-san. Não há mais uma fila. Parece que sou a última pessoa que sobrou. Entrego o papel à ela com nervosismo. Otonashi-san o aceita sem palavras.

Então ela olha para o que está escrito ali.

E sua expressão muda. Massivamente.

"...hã?"

Os olhos da Otonashi-san estão arregalados, mesmo não tendo mostrado o menor sinal de desconforto quando enfrentou nosso professor e Daiya?

"Fufufu..."

Ela subitamente cai na risada.

"Hoshino."

"Oh, lembrou meu nome."

Instantaneamente me arrependi de ter dito aquilo. Porque, quando ela para de rir, me encara como se fosse seu aqui-inimigo.

"...Seu...! Tá de brincadeira comigo?!?"

Ela parece ter suprimido sua fúria desesperadamente, já que apenas consegue falar em uma voz baixa e pretensiosa. Eu esperava a parte da "brincadeira", mas o tom da sua voz é meio que uma surpresa.

Ela me agarra pelo colarinho com toda sua força.

"Ah! D-Desculpa! N-Não é como se eu quisesse implicar com você..."

"Então está me dizendo que consegue escrever uma resposta dessas sem ser um tipo de piada?"

"...err, bem. Você...pode estar certa. Talvez eu esteja brincando."

Isso deve ter sido a gota d'água.

Sem largar meu colarinho, ela me arrasta pelo seu rastro, até a parte de trás da escola.



"Hoshino. Está tirando sarro de mim?"

Otonashi-san me empurra contra a parede do prédio escolar e me encara.

"Não sou tão bom em criar planos. Sei disso. Então tive um plano insano que praticamente grita 'Culpado, mostre-se!' Não, não pode nem ser considerado um plano. E ainda assim...Por que diabos você mordeu a isca!? E essa já é a segunda vez que faço isso! Da primeira vez você ignorou completamente!"

Ela tira a mão do meu colarinho, mas a pressão do seu olhar furioso é mais que o bastante para me manter no lugar.

Otonashi-san continua a me encarar enquanto morde seus lábios, e então suspira.

"...não, perdi minha compostura porque finalmente obtive uma resposta usando um método tão ridículo. Mas isso significa que a situação está mesmo melhorando, então acho que deveria ficar feliz."

"...é, eu acho. Você devia ficar feliz! Hahaha."

Otonashi-san fecha a cara de novo para o meu riso forçado. É melhor eu apenas ficar quieto.

"...Não entendo. Na verdade, estava pensando que talvez você tenha sido derrotado por minha persistência...mas que cara ignorante e relaxada é essa?!"

Não sou ignorante, é que não faço ideia do que você está falando!

"Você ficou me ignorando por 2,600 iterações. Eu recuso me render, não importando quantas vezes essa recorrência sem fim continuar. Porém, ainda sinto o cansaço. Você também deve sentir, então como consegue manter essa compostura?!"

O que eu deveria...Não faço ideia do que está falando.

Aparentemente ela finalmente nota meu desnorteamento e me olha suspeitosamente.

"......será que você não sabe?"

"Saber? Saber o quê?"

"...muito bem. Se está fingindo ou não, uma explicação não machucará ninguém. Hum, certo. Para simplificar—Eu já me 'transferi' 2,601 vezes."

Tudo que consigo fazer é ficar inexpressivamente espantado.

"Se está apenas fingindo então você é mesmo incrível. Mas se não 'não sabe' mesmo, seria certamente natural estar com essa cara. Que seja. Explicarei o que sei. Hum, certo—hoje é 2 de Março, não é?"

Confirmo com a cabeça.

"Seria mais fácil dizer que eu repeti este 2 de Março 2,601 vezes, mas não estaria exatamente correto. Por isso eu uso a expressão transferência escolar, mesmo isso não sendo bem apropriado também."

"Haa…"

"Eu fui mandada de volta para 2 de Março, 6:27 A.M. 2,601 vezes."

"……"

"'Mandada de volta' é a expressão correta pela minha perspectiva, mas não é universalmente correta. Por isso uso a expressão transferência escolar, já que é o mais perto do que acontece—"

Otonashi-san vê que estou boquiaberto e coça sua cabeça.

"Aah, francamente! O quão burro você é?! Se há algo que você não aprova perto das 06:27 A.M., você simplesmente o chama 'vazio', não é?!" Ela grita comigo, praticamente fervendo por dentro. Não, não...ninguém na minha posição seria capaz de seguir sua linha de raciocínio, certo?

"...Eu não entendi direito, mas você está repetindo o mesmo dia de novo e de novo?"

Acontece no mesmo instante que digo isso.

"Ah—"

O quê? O que foi isso?

Aperto meu peito, onde uma sensação intensa e estranho me ataca. Me sinto desconfortável...não, "desconfortável" nem chega perto. É uma sensação profundamente estranha, como se sua cidade natal fosse subitamente substituída por uma cidade toalmente diferente e você é a única pessoa que notou.

Não é como se minhas lembranças tivessem voltado. Não me lembrei de nada novo.

Mas por alguma razão consigo sentir que algo estava ali.

Otonashi-san está dizendo a verdade.

Verdade nua e crua.

"Finalmente entendeu?"

"...e-espera aí."

Ela viveu o 2 de Março 2,601 vezes. Só isso seria mais do que necessário para me fazer delirar, mas a Otonashi-san está basicamente afirmando:

"...sou o responsável por isso?"

"É," Otonashi-san responde na hora.

"P-Por que eu faria isso?"

"Como se eu entendesse seus motivos."

"Não sou eu quem está fazendo isso!"

"Como pode dizer isso se nem mesmo sabia de nada?"

Estava prestes a dizer, "Por que eu?" mas realizo que há apenas uma coisa que me destacou.

Escrevi "Maria" naquela folha.

"Assim como não sabia dessas recorrências até agora, outras pessoas que foram arrastadas à essa situação não têm como lembrar das iterações que se tornaram 'vazio.' Em outras palavras: além de mim, apenas o culpado seria capaz de escrever o nome 'Maria', o qual mencionei apenas em iterações passadas."

Mas eu lembrei desse nome. Tenho que admitir que é inpensável um nome como "Maria" aparecer espontaneamente em minha cabeça.

"Não sei se é efetivo, mas sempre tendo me comportar de um jeito que me faça destacar-me nas lembranças de todos. Estive esperando o culpado, que deveria também lembrar das iterações passadas que tornaram-se 'vazio', cometer um erro. Bem, não esperava muito dessa estratégia..."

"...quando começou a suspeitar de mim? Digo, você especificamente mencionou esse nome—'Maria'—para mim em uma iteração passada, certo?"

"Na verdade, você parecia basicamente inofensivo, por isso não suspeitei especificamente de você."

"Então...?"

"Hunf, claro que testei uma pessoa por vez mencionando esse nome. Afinal, meu tempo é basicamente ilimitado."

Seu tempo é ilimitado.

O tempo que Otonashi-san gastou. Uma quantidade de tempo tão grande, "ilimitado" não pode nem ser chamado de figura de linguagem nesse ponto.

Entendo. Seu tempo é basicamente ilimitado, por isso ela elaborou esse plano aleatório de fazer a turma escrever seu nome—na pequena esperança de que alguém escreveria "Maria". Mesmo que ela não tivesse nenhuma chance real de sucesso. Todos seus melhores planos se exauriram muito antes da 2,601ª transferência, então provavelmente era apenas um jeito de matar tempo até ela elaborar um novo plano. Para continuar sã, tentar um plano com chances de sucesso quase impossíveis ainda é melhor do que não fazer nada. Afinal, o tempo que ela passa dentro dessas "Transferências Escolares" possivelmente poderia durar para sempre.

Por isso Otonashi-san ficou tão irritada quando eu caí nesse truque. É como quando não importa o quão duro você tente, você não consegue derrotar um inimigo em um RPG e então treina e sobe de nível desesperadamente—mas na verdade, você poderia ter o derrotado facilmente apenas usando um item que pode ser obtido sem esforços. Você alcançou seu objetivo no fim, mas ressente desesperadamente ter perdido todo aquele tempo e esforço.

"Bem, vamos parar com essa conversa fiada. Afinal, nada foi resolvido."

"Tem certeza?"

"Claro. Ou talvez a situação parece estável para você? Esse pesadelo sem fim, a Sala da Rejeião, parece ter acabado para você?"

A Sala da Rejeição? Acho que é assim que ela chama esse inferno de repetições.

De qualquer maneira, há apenas uma coisa que ainda me incomoda.

"Sabe, entendo porque você me trata como o culpado por eu ter escrito 'Maria'. Mas escute, para começar, por que você não é afetada por essa Sala da Rejeição?"

"Não é como se eu não fosse afetada; na verdade, sou afetada pela Sala da Rejeição como todo mundo. Se eu desistisse e parasse de tentar preservar minhas lembranças, a 'Sala' me capturaria na hora. Eu viveria sem sentido algum dentro dessa recorrência sem fim. Desistir seria tão fácil quanto derramar um copo de água que você está precariamente balançando no topo da sua cabeça. Nós continuaríamos vivendo esse dia que você está rejeitando."

"Tudo isso aconteceria se você apenas esquecesse?"

"Pense nisso. Há alguma outra pessoa que possivelmente poderia notar essa recorrência? Afinal, nem mesmo você sabia da recorrência, e foi você quem a criou..."

...ela deve estar certa. Afinal, ela já passou por 2,601 iterações.

"Seria infinitamente mais fácil para mim abandonar meus esforços para lembrar. Mas isso nunca acontecerá."

"...nunca?"

"Sim, nunca. Não é possível que eu desista. Não ligo se terei que repetir este dia 2,000 vezes, 20,000 vezes ou um gazilhão de vezes, eu superarei estas recorrências e alcançarei meu objetivo."

2,000 vezes. Comunmente topamos com "2,000" como uma unidade na nossa vida diária. Mas se formos mesmo contar um por um...por exemplo, há 365 dias num ano, 1,825 dias seriam cinco anos...e isso ainda não seria o bastante para alcançar 2,000 dias.

Otonashi-san já passou mais tempo do que isso na Sala da Rejeição.

"Hoshino. Você também não sabe por que criou essa Sala da Rejeição?"

"Hum?...não."

"Fufu, entendo. Digamos que você esteja se fazendo de bobo apenas para evitar essa pergunta, com certeza há um significado por trás disso tudo. Se está, você finge muito bem."

"N-Não estou fingindo!"

"Bem, então lhe pergunto—"

Otonashi-san ri fracamente.

"Hoshino, você econtrou—ele, não é?"

—quem?

...Não é a pergunta que faço para mim mesmo agora, por alguma razão. Quem eu encontrei? Não sei. Não consigo lembrar.

Ainda assim, entendo.

Encontrei '*'.

Quando? Onde? Claro que eu não saberia algo assim. Isso não faz parte das minhas lembranças. Mesmo assim, consigo sentir que nos encontramos.

Tento lembrar. Mas a informação é bloqueada, como se uma persiana fechasse extremamente rápido. Atenção! Você não pode entrar. Apenas pessoas autorizadas.

"Fufu, então você o encontrou," ela ri.

Agora Otonashi-san está convencida. E estou convencido também.

Eu, Kazuki Hoshino, sou a pessoa responsável por esta situação.

"Ele deve ter a entregado para você. A caixa que garante um único desejo."

Ela subitamente usa a palavra caixa. Baseado no que ela disse até agora, essa caixa parece ser a ferramenta que produziu a Sala da Rejeição.

"Ah, ainda não lhe disse meu objetivo," Otonashi-san me diz enquanto ri.

"Meu objetivo é—obter a caixa."

Então sua risada desaparece sem deixar vestígios. Otonashi-san, que está certa de que eu possuo a caixa, me encara friamente e dita uma ordem:

"Me entrege a caixa."

Eu definitivamente tenho a caixa. Não há alternativa, certo?

Mas é mesmo certo entregar esta caixa que garante qualquer desejo para ela?

Digo, Otonashi-san aguentou 2,601 repetições apenas a fim de obter essa caixa. Então ela tem um desejo que justifica esse esforço enorme. Ela quer realizar seu próprio desejo; mesmo que isso signifique desprezar meu desejo roubando minha caixa.

—Ela é movida por uma deterinação que beira a anormalidade.

Isso, isso é anormal. Aya Otonashi é anormal.

"...Não sei como."

Não estou mentindo. Mas também estou tentando mostrar um pouco de resistência.

"Entendo. Então você a entregará à mim assim que descobrir como?"

"Bem..."

"Esquecer como entregá-la é comum. Mas você não se esqueceu permanentemente; em algum lugar, bem no fundo, você ainda sabe como entregá-la. Do mesmo jeito que você nunca esquece como andar de bicicleta: você pode não ser capaz de ensinar os outros a andar, mas você ainda sabe instintivamente como andar. Você apenas está desnorteado porque não consegue converter esse entendimento em palavras."

"...não há como acabar com a Sala da Rejeição sem ser removendo a caixa?"

Otonashi-san me dá um olhar frio.

"Então você planeja não entregá-la para mim. É isso que está tentando dizer?"

"N-Não é bem isso..."

Sentindo meu pânico óbvio, Otonashi-san solta um suspiro silencioso.

"Vejamos. Acho que a Sala da Rejeição também acabaria se destruíssemos a caixa juntamente com seu proprietário."

"Destruí-la juntamente com seu proprietário...?"

"Proprietário" provavelmente refere-se ao culpado carregando a caixa—em outras palavras, eu. Destruí-la junto comigo? Em resumo—

Otonashi-san reprimi seus sentimentos e diz friamente: "A Sala da Rejeição acabará se você morrer."



Esta razão é o bastante para cometer um "***********"?

Está me dizendo que você planeja fazer isso à mim se necessário? Nesse caso, por favor seja rápida; assim seria mais fácil de aguentar.

Na manhã de 3 de Março. Num cruzamento chuvoso com pouca visibilidade.

Joguei meu guarda-chuva para o lado e olhei o "*******". Nada mais é registrado. O caminhão que bateu na parede e a Otonashi-san, que está apenas parada ali, nenhum dos dois está sendo processado pelo meu cérebro. Um líquido vermelho está jorrando continuamente; há tanto dele que a chuva nem consegue lavá-lo.

Um cadá***, sem metade da cabeça, cujo o ceré*** se espalhou por tudo. ****ver. Cadáver, Cadáver, CADÁver. CadáverCadáverCADÁVER. cadáVER. CadávercadáverCADÁVER. Cadáver. Cadáver. Cadáver!

O "Cadáver" de Haruaki.

"—ah"

Quando finalmente reconheço a coisa perante meus olhos, começo a vomitar.

Olho para Aya Otonashi. Ela está olhando inexpressivamente para mim.

"……Haruaki"

Mas não se preocupe, Haruaki!

Sabe, isso será desfeito mesmo.

Isso será convenientemente declarado "vazio".

......Oh? Será que...

Será que essa é a razão pela qual desejei pela Sala da Rejeição...? Porque estou rejeitando uma situação dessas?


  1. uma referência a um remédio caseiro feito de alho usado como supósitorio para curar infecções fúngicas. http://centrodeartigo.com/remedio-caseiro/artigo-1816.html
Voltar à 8,946ª vez Retornar à Página Principal Seguir à 2,602ª vez