Wazamonogatari ~Brazilian Portuguese~/Bom Apetite, Acerola 010
010[edit]
Eu posso dizer, sem nenhum temor por mal-entendidos, que eu não tinha nenhum plano.
Nenhuma ação a tomar, nenhum plano a fazer.
Eu não tinha ideia do que fazer quanto a minha refeição.
Naquele tempo, eu racharia minha cabeça para tentar parar a partida da princesa a qualquer custo; embora eu tivesse eloquentemente a persuadido dizendo que ela não devia impensadamente seguir para outro país, eu fui quase tão impensável quanto ela era, nem mesmo isso; eu fui ainda mais irreflexivo que ela.
Eu dissera que nós arranjaríamos um jeito de desfazer a maldição da bruxa juntos, mas não é como se eu tivesse uma ideia específica de como fazer isso.
Eu não tive nenhuma ideia.
Certamente não era uma mentira dizer que eu tinha algum conhecimento de feitiçaria, porém ele realmente estava no nível de “algum”; não havia como eu ser capaz de desfazer a maldição da bruxa ou equipará-la com uma maldição diferente ou algo do tipo.
Eu havia tornado uma prioridade armazenar “Princesa Beleza” em um lugar frio e escuro como o Castelo Cadáver para fazer preparações para comê-la, mas eu não tinha a mais vaga ideia de como proceder daqui em diante.
Embora, como um vampiro, eu naturalmente sabia de uma ou duas coisas sobre transformações e névoa...
Veremos.
— Então, eu quero pegar sua sabedoria emprestado, Tropicalesque. Como me recordo, quando tu eras um humano, tu veios de uma linhagem de feiticeiros, correto?
— Isso foi há muito tempo.
Tropicalesque deu uma resposta cortês e imediata à questão de seu mestre — não era de mal temperamento (bem, pode ter sido), mas parece que esse homem dignificado odiava do fundo do seu coração lembrar-se de seu tempo como um humano.
Bem, existe todo tipo de feiticeiros, e não parece que esse homem era tratado muito bem naquela época, então não é como se eu não fosse capaz de entender os seus sentimentos (embora eu não ache que ele possa dizer que está sendo tratado muito bem agora também).
Mas esta não é a hora de considerar toda e qualquer de nossas delicadas sensitividades — eu não sou uma pessoa tão compreensiva quanto Princesa Beleza.
Tudo que compreendo é a dificuldade da tarefa atual.[1]
— Basicamente, a ‘beleza’ dela parece-se com o ‘charme’ de um vampiro, não parece?
Ostentando a fachada de um vampiro que era absolutamente indiferente aos sentimentos de Tropicalesque, eu arrisquei minha própria interpretação.
Charme.
Uma das típicas “habilidades” vampíricas, com o qual ambos Tropicalesque e eu somos dotados, como o primeiro passo na criação de criados, ele interfere com a mente de um humano, quase como um hipnotismo; tem alguma semelhança com o encantamento de Princesa Beleza, no sentido de que ambos envolvem enfeitiçar pessoas.
Sua efetividade depende na força mental do alvo, mas, em qualquer caso, nós podemos controlá-lo, podemos ligá-lo e desligá-lo.
Então, mesmo que Princesa Beleza não parecesse ser capaz de controlar seu encantamento, eu pensei que talvez ele pudesse ser controlado da mesma maneira que o nosso, e que ele pudesse ser ligado ou desligado dependendo de como ele for usado, mas Tropicalesque rejeitou essa ideia sem rodeios.
— Não, os dois são completamente diferentes.
Ele não hesita mais em apontar os meus erros.
Ótimo, ótimo.
— Em primeiro lugar, o que a Princesa Beleza sofre de não é uma maldição.
— Não é uma maldição?
— Se qualquer coisa, não seria um dom? Ela foi abençoada.
Tropicalesque falou como se tivesse visto isso ele mesmo, não importa o quanto ele desgoste de suas memórias como um humano, pau que nasce torto nunca se endireita, como dizem.[2]
Parece que ele tem uma opinião pessoal neste assunto.
— O que você quer dizer com ‘abençoada’?
— A beleza que encanta aqueles ao redor dela é puramente dela mesma; não há mágica ou feitiçaria nisso — no máximo, a bruxa simplesmente tornou essa beleza visível aos outros.
— Hm. Tornou visível, hein.
Eu concordei da maneira que eu normalmente o faço, porém não tinha realmente entendido.
Tornar a beleza visível.
Beleza interior — deve ser isso.
Em termos de cozinha, isso seria o sabor, certo?
Não arranjo ou decoração.
— Nesse caso, não podemos usar magia para fazer sua beleza invisível, então?
Cancelando a maldição.
Olho por olho, dente por dente.
Maldição por maldição.
Se é um dom realmente, então usar uma maldição é ainda mais apropriado.
— Isso seria difícil, creio eu. Pode ter sido possível muito tempo atrás, mas agora qualquer magia que nós usemos que leve uma maldição seria visto como um ‘ataque’, e muito provavelmente seria refletida de volta para o feiticeiro — em nove de dez vezes, eu diria. Defesas perfeitas. Mesmo que nós tentássemos ‘encantar’ Princesa Beleza, nós mesmos iríamos, é claro, sermos encantados.
— ... O que significa que, se eu tentasse matá-la e comê-la, seria eu a ser morto e comido? Eu? Deahtopia Virtuoso Suicide-Master?
Eu tentei perguntar de maneira brincalhona.
— Isso é muito provável. — A resposta de Tropicalesque foi séria como sempre. — Nós podemos conjecturar que esta situação é somente possível porque tu fizestes parecer que tu e Princesa Beleza têm um interesse mútuo, Suicide-Master.
Tropicalesque enfatizou a palavra “parecer” como se quisesse dizer que eu estava a enganando.
— Tu estás enganando-a.
Ele disse!
— Eu estou completamente pasmo com a ideia do meu mestre de convidar Princesa Beleza para o nosso castelo com a pretensão de aninhar-se próximo aos desejos dela, porém se tu falhares ao menos uma vez daqui em diante, tua má intenção para Princesa Beleza começará a retornar de volta para ti.
— Bem, eu estou preparado para isso.
Eu já morri três vezes.
É tarde demais para pensar em evitar a morte.
Contudo, não é má intenção que foi refletida de volta nessas três vezes, é apetite.
— Eu não dissentirei mais, Suicide-Master, mas tu hás de se preparar apropriadamente antes de agir. Preparar, quero dizer, sua condição física... Eu não penso que essa é uma pessoa com a qual se lide de estômago vazio.
— Eu já decidi. A primeira coisa que eu colocarei em meu estômago vazio é aquela mulher.
Eu não preciso de aperitivos.
Falando estritamente, eu já comi o meu próprio coração, mas isso não conta neste caso.
— ... Eu entendo. Eu também começarei a pesquisar se existe uma maneira — Eu gostaria de tentar investigar além do domínio da feitiçaria. Como tal, Mestre, eu te peço, por favor, não sejas apressado e tenhas cautela em suas preparações.
— Ah, claro. Não precisas me pedir. Meu nome pode ser Suicide-Master, mas não é como se eu tivesse algum desejo particular de morrer.
Apesar de reassegurar Tropicalesque, eu apressadamente me atirei a Princesa Beleza mais duas vezes após isso e, portanto, perdi minha vida mais duas vezes.
Eu não sujo o nome de Suicide-Master.
Notas do Tradutor[edit]
- ↑ O japonês inclui um trocadilho com a expressão先が思いやられる (saki ga omoiyarareru), que significa algo como “será uma ação dura” e 思いやり (omoiyari), “irreflexão/consideração”.
- ↑ A tradução original em inglês utilizou de um ditado inglês que significa que a personalidade dos adultos é formada quando eles são crianças, tentei usar um ditado em português que tivesse uma conotação parecida.
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