Toradora (Portuguese):Volume1 Chapter5

From Baka-Tsuki
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"Ei, tira a cabeça da frente! Está tampando a televisão!"

A cabeça que estava tampando metade da vista de Ryuuji contestou sem olhar,

"Fica quieto! Você não pode se mexer um pouco para o lado?"

Falando normalmente, Aisaka respondeu.

"Quê?! Não dá para acreditar que esta televisão é minha!!! Se falar assim outra vez, vou te mandar para casa! Você vive do outro lado daquela janela de qualquer maneira!"

"..."

"PARA DE ME IGNORAR!!!"

O grito de Ryuuji por fim conseguiu fazer com que Aisaka virasse sua cabeça. Seus olhos brilhavam embaixo de suas largas sobrancelhas. Ele fazia um olhar frio,

"Estou vendo televisão agora, então, poderia falar mais baixo? (Suspiro) Um cachorro nunca aprende não é?"

"Por que você..."

‘Vizinha encrenqueira’, era a primeira coisa que veio à cabeça de Ryuuji. Quando ele parou enfrente a mesa de centro e estava a ponto de apontar o dedo para a pessoa que ocupava toda a televisão e se auto intitulava dona de Ryuuji...

"Ryuu-chan... não deveriam brigar agora..."

Yasuko apareceu diante da fusuma aberta e falou,

"Ontem Ya-chan foi chamada pela dona do apartamento. Ela disse que já éramos ruidosos, mas que tínhamos piorado recentemente"

"Bem, a culpa é toda dessa garota... Ei! Por que você não está vestindo nada?!"

A voz de Ryuuji fez com que Aisaka se virasse surpresa, e até mesmo Inko-chan olhou assustado para Yasuko. Três pares de olhos miravam sua pele branca (como neve), porém parecia que ela não se incomodava...

"É claro que não, tontinho. Se usa dessa forma e então coloco isso por cima"

Levando um vestido de peça única quase transparente, e torcendo sua cintura, dava para ver que Yasuko carregava um casaco de pele de leopardo em sua mão.

"Esse vestido parece legal!"

"Hee hee, é legal não é? O que mais você acha Taiga-chan?"

Enquanto Yasuko ria e mostrava seu vestido, Aisaka simplesmente olhava sem mudar a expressão. Ryuuji parou de respirar...

"... Ali!"

Aisaka indicou com o dedo

"Dá para ver sua calcinha."

"Que...! Realmente!"

Inko-chan rapidamente contestou sem esperar,

"Mas é melhor desse jeito!"

Que idiota. Quem neste mundo realmente aceitaria a sugestão de um papagaio?! Enquanto Ryuuji franzia a testa, sua mãe repentinamente ficou mais alegre. Meu Deus! Ela realmente aceitou?!

Yasuko subiu a aba do vestido e deu uma volta completa com sua calcinha exposta.

"Então, usarei isso! Estou saindo para o trabalho!"

Ela sorriu feliz enquanto movia seus seios volumosos, e então rapidamente pegou uma sacola de pães que havia comprado com o dinheiro que tinha juntado e cumprimentou inocentemente com a mão,

"Bem, Ryuu-chan, Taiga-chan, Ya-chan já está indo"

"Sim, se cuide. Não beba muito, e lembre-se de ligar para meu celular se caso encontrar alguém estranho!"

"OK! Taiga-chan, não volte para casa muito tarde!"

"Tudo bem, se cuida."

Ao fechar a porta antiga, a residência dos Takasu foi mais uma vez isolada do mundo exterior.

O que importa, nesse exato momento, colocando de forma simples...

"Haaaa, vou fazer um pouco de chá."

"Faz um pouco para mim também, e traga sobremesa."

"Sobremesa? Nós temos? Para você tudo que importa é comer? Ao menos traga algo útil de vez em quando!"

"..."

"Poderia parar de me ignorar?!"

Caso não tenha notado, Takasu Ryuuji e Aisaka Taiga agora haviam se acostumado completamente da presença um do outro... assim como o resto da família de Ryuuji. Não dava para evitar, já que os dois estavam praticamente morando juntos agora.

Para ter certeza de que Aisaka iria se levantar a tempo, toda manhã Ryuuji ia até sua casa acordá-la.

Trazendo os obentos que ele fazia de antemão, também fazia um café da manhã simples enquanto ela terminava de se arrumar.

Quando caminhavam juntos até a escola, mantinham certa distância um do outro justo antes de encontrar Minori, e então conservavam essa distância até chegar à escola.

Na escola, frequentemente discutiam várias estratégias para ganhar o coração de Kitamura e as colocavam em ação... Apesar de todas até agora terem falhado.

Depois da escola, iam ao supermercado fazer compras... No começo usaram a cozinha da casa de Aisaka, porém rapidamente surgiu um problema: Estava bem se somente eles estivessem comendo, mas fazer aquilo estava deixando Yasuko sozinha. Se Ryuuji cozinhava na casa de Aisaka, teria que cozinhar novamente quando chegasse em casa, ou seja, teria que trabalhar dobrado, o que era molesto. Poderia simplesmente cozinhar tudo no apartamento de Aisaka e trazer a porção de sua família, mas isso também era incômodo.

Então decidiu que iria cozinhar em sua própria casa, e que os três comeriam juntos, o que estavam fazendo nesse exato momento. Pensando nisso, realmente dava bastante trabalho fazer coisas em dois lugares. Mesmo que a cozinha de Aisaka tinha sido limpa até brilhar, era inesperadamente difícil de usar. As facas não estavam afiadas direito e não tinha pratos para todos, aquilo tudo incomodava Ryuuji.

Não esperava que fosse assim, mas Yasuko estava bem aberta a ideia de aceitar Aisaka, e esta, por sua vez, não era muito curiosa ou tinha estranhado Yasuko. Ela simplesmente tinha vindo para comer. E quando era hora de Yasuko trabalhar, ela e Ryuuji se despediam.

No começo Aisaka voltava para casa justo depois de Yasuko ir trabalhar, mas depois começou a assistir televisão, ler mangá, e acabou cochilando, pensando em como estavam Kitamura e Kushieda... E com o tempo acabava ficando cada vez mais na casa dos Takasu...

“... Ah!"

Quando Ryuuji percebeu, as coisas já tinham chegado a esse ponto,

Limpando a baba da boca, chamou a outra pessoa ao lado da mesa,

"Ei! Aisaka! Se levanta!"

“... hmmm...?"

Enquanto eles olhavam para a televisão, tinham dormido sem se dar conta. Ryuuji estava usando sua roupa de corrida, e Aisaka levava seu vestido de laços de uma só peça enquanto dormia sobre o tatame... Já eram três horas da manhã.

"Mais importante, não está bem que você durma na minha casa não é? Então se apresse e vá dormir na sua própria cama!"

“... humm..."

Ele não tinha certeza se ela havia escutado, como tinha posto a cara no tapete de se sentar, o usando como almofada. Aisaka enfiou a mão dentro do vestido e começou a acariciar a barriga...

"Ei, você!...” Ryuuji rapidamente puxou o tapete debaixo da cabeça dela,

"Ugh!... ummm..."

Ao sentir sua cabeça tocando o tatame, momentaneamente Aisaka abriu seus olhos. Então se mexeu um pouquinho, como se estivesse se acostumando à textura do tatame, se moveu para uma posição mais cômoda e então começou a roncar novamente.

Ryuuji se agachou ao lado dela e inclinou o corpo vara ver aquela cara dormente... Levamos uma relação tão íntima! Talvez tenha chegado à idade em que posso andar naturalmente com garota... Não! Não era isso! Ela não é uma garota normal, é a Tigresa de Bolso. Mas, essa garota diante dos seus olhos era realmente a Tigresa de Bolso que rugia ferozmente?

Sua bochecha corada fez uma marca no tapete, e um pouco de leite que havia tomado antes de dormir ainda marcava os lábios. O longo cabelo estava descansando sobre o tatame, e não havia preocupação nenhuma naquela cara pacifica e dormente.

“... Ei... Aisaka... Aisaka... acorda!"

Silêncio. Só se escutava o motor da geladeira no apartamento silencioso de dois quartos e uma cozinha. Faltava pouco tempo para amanhecer e Yasuko voltar do trabalho. Inko-chan continuava dormindo profundamente embaixo do pano.

"Aisaka... Taiga!"

Enquanto o corpo de Ryuuji fez cair uma larga sombra sobre sua cara, ele podia ver seu pulso vibrando. Ele planejava se aproximar da orelha de Aisaka e gritar, por isso se inclinou para frente, mas nesse momento seu corpo ficou tenso. Havia um cheiro estranho vindo de Aisaka.

"Se não acordar... V, vou te atacar!"

...É claro que estou falando sério. Não, não era possível. É que, por que eu iria querer fazer algo a Aisaka? Além disso, já tenho alguém que gosto (Minori...)... Por isso não havia realmente pensado em fazer nada com ela... Realmente!... Eu juro!

Mas ele tinha a pele grossa, ou seja, não era tão sensível. Como não quer acordar, vou assustá-la... Só algo para assustar, isso era tudo.

Mas ele não conseguia se mover. Olhando ele notou um fiapo pequeno de tatame em sua bochecha... isso poderia incomodá-la, Ryuuji pensou... Nada maldoso... Só removerei para ela... Ryuuji respirou fundo e lentamente estirou a mão...

"UMPH!"

Ele foi atirando voando até o fim do quarto.

“... Hmmm? O que... está fazendo?"

“... N, nada..."

Se não fosse coincidência, não teria sido tão perfeito. Quando Aisaka virou seu corpo, ela também moveu seu braço ao mesmo tempo. Seu soco poderoso então, sem intenção, acertou o queixo de Ryuuji.

Aisaka despertou e coçou a cabeça, então fez uma cara irritada enquanto olhava suspeitosamente Ryuuji, que havia aterrissado mais ao longe.

“... estranho... por que estava fazendo tanto barulho? Já está bem de noite. A última coisa que eu queria é que a dona do apartamento viesse brigar conosco novamente!"

"M, me deixa quieto!"

Se Aisaka acordasse completamente naquela maneira, Ryuuji já estaria morto. Ela é um terror mesmo quando está dormindo...

Aisaka era realmente a Tigresa de Bolso. Seus genes selvagens saturaram seu sangue. Ela era o tipo de garota da escola que iria morder qualquer oponente sem piedade.

Mesmo que ele já a conhecesse, Takasu Ryuuji sentia que esse tipo de situação era necessário para confirmar esse feito.

* * *

Testemunho 1

"Esse é Haruta Koji da sala 2-C reportando: Eu realmente vi. Aconteceu enquanto estava comprando algo para comer no caminho de casa depois das atividades do clube, em um supermercado perto da estação... Esses dois definitivamente eram Takasu e a Tigresa de Bolso! Takasu estava levando uma cesta de compras e decidindo qual peixe comprar quando a Tigresa de Bolso colocou um pedaço de carne na cesta. Takasu rapidamente gritou para ela, "Pensava que iríamos ter peixe a vapor essa noite!". E colocou a carne de volta. Então compraram umas cebolas e rabanetes. Quando chegaram ao caixa, Takasu disse "Pega 1000 yenes na nossa carteira compartilhada". Isso foi seguido pela Tigresa de Bolso obedientemente pegando a carteira. Ele disse 'carteira compartilhada'. Como pode dizer isso? Parecia que eles eram um casal."

Testemunho 2

"Esta é Kihara Maya, também da sala 2-C reportando: Eu vi acontecer em uma manhã, no caminho para escola... Normalmente uso uma bicicleta... Conhecem esses novos apartamentos de luxo? Cada vez que passava nesse lugar, pensava no quão maravilhoso seria viver ali. Foi então que eu vi Takasu-kun saindo de lá. Pensei 'Não pode ser!', ele vivia ali?! Então vi Aisaka correndo atrás dele e murmurando, 'Ainda estou com sono! Você devia me acordar mais cedo!'. Não consegui acreditar no que estava vendo! Não pude resistir à tentação de continuar olhando, e vi Takasu se virar e gritar, 'Eu te chamei um punhado de vezes!'... Será que...? Eles estão...?"

Testemunho 3

"Um, esse é Noto Hisamitsu da sala 2-C: Antes era companheiro de sala de Takasu, para ser mais exato. Durante nosso primeiro ano no colégio, nos encontrávamos frequentemente. Mas ultimamente Takasu sempre desaparece quando quero voltar para casa com ele. Não posso evitar pensar no que está acontecendo. Mas ontem, como minha banda favorita havia lançado um novo álbum, pensei em ir à discoteca com ele, então fui chamá-lo durante o almoço... No fim... É muito estranho, mas me disse, 'Espere um momento', e se virou para o outro lado falando, 'Aisaka, não posso voltar para casa com você hoje, está tudo bem?... Chegarei lá pelas oito. ‘... Isso me fez ficar curioso. Voltar? Para casa? E o que ele estava fazendo lá? Então, quando estávamos na discoteca, perguntei o que era tudo aquilo, e ele simplesmente respondeu, 'Não se preocupe por isso'... Definitivamente está acontecendo alguma coisa!"

Testemunho 4

"Essa é Kushieda Minori da sala 2-C: Suponho que poderia me chamar de uma boa amiga da Taiga, mas ultimamente... ela parece como se estivesse escondendo algo de mim. Cada manhã, eu a encontro no mesmo lugar antes de caminharmos juntas para a escola, mas, como deveria dizer?... Takasu-kun sempre vem com ela... Sempre parece estar um pouco atrás, caminhando como se não soubesse de nada. Isso quer dizer que eles são um casal? Ou que prometeram nunca se separar? Mas Taiga sempre diz que 'nos encontramos no caminho', ou, 'sério? Nem notei'. Hummm, estou feliz por Taiga ter deixado seu mau hábito de dormir demais e chegar tarde à escola a cada três dias, mas... Que? Esse é o sentimento chamado ciúmes? O que acontecerá com Rosa Chinensis e Rosa Gigantea? O que acontecerá no próximo episódio?... E o que demônios estou falando!? Ahhhh, não sei o que estou dizendo..."

... Ryuuji apesar de tudo era Ryuuji. Seus olhos ferozes frequentemente conduziam mal entendidos e rumores. Mas ele já estava acostumado, ou melhor, para não sofrer, tinha aprendido a não prestar atenção no que os demais diziam.

... Aisaka apesar de tudo era Aisaka. Ela era o tipo de garota a qual não importavam os rumores. Basicamente, a ela, não interessava ninguém além de si mesma (com exceção de Minorin e Kitamura).

Porque estes dois, já assunto velho na escola, não se deram conta de nada que as pessoas comentavam ao redor deles.

Em sua sala sempre inquieta, os outros estudantes murmuravam entre si, olhando rapidamente para eles e indicando, "... Eu vi mesmo, os dois saíram do mesmo edifício...", "Eu realmente vi os dois no supermercado outro dia...", "Ai estão! Conversando em sussurros novamente...", "Ah! Os dois desapareceram!", "A Tigresa de Bolso chamou Takasu pelo seu primeiro nome", "Takasu realmente tem coragem para chamá-la de idiota sem mais nem menos." , "E também não apanhar dela...", "E ainda seus obentos são iguaizinhos!".

Será que Takasu Ryuuji e Aisaka Taiga eram...?

"Oh, maldição!"

A Tigresa de Bolso rugiu, fazendo com que todos se estremecessem. O que tinha acontecido? Ela tinha perdido sua presa? Sua expressão não tinha mudado.

"Ei Ryuuji! Esqueci de te dizer algo..."

Aisaka caminhou diretamente a cadeira de Ryuuji, perto da janela, não dando atenção ao fato de todos os outros estudantes terem se inclinado para perto deles tentando escutar.

"O que foi agora?"

"Ontem..."

A voz de Aisaka estava ficando mais suave... Não consigo escutar! Disseram os paparazzi enquanto se inclinavam mais.

"... esqueci-me de te dizer..."

Ryuuji fez um barulho e se levantou enquanto escutava a voz suave de Aisaka. Ela estava falando em sussurros que somente ele podia escutar, enquanto as orelhas ao redor tentavam captar alguma coisa.

“... Não estarei voltando para casa esta noite..."

QUÊ?! Os garotos sentados atrás de Ryuuji se congelaram ao escutar isso. O que acabava de dizer? Eles começaram a passar notas e transmitir a todos o que tinham escutado. Ela disse que não ia voltar para casa esta noite! Todos ficaram mudos. Não fazendo caso dos olhares ao redor, Ryuuji respondeu,

"... passar a noite?"

“... Sim."

"Então... já está preparada...”.

“... Sim."

Não tem como! Nunca! Aquilo era a realidade?! Os sussurros voaram por toda a sala. Eu, espera, eles poderiam estar... ele disse passar a noite... e disse que já está preparada...

"Então quer dizer que a Tigresa de Bolso está dormindo na casa de Takasu?"

Engolindo a saliva, Haruta (cabelo longo) disse sussurrando,

"Ele disse que está preparada... e isso quer dizer... a cama? Caramba... acho que devo estar enganado..."

Parado justo atrás de Haruta, Noto (de óculos) contestou suavemente, Uwaa! Algumas garotas começaram a conversar suavemente. Essa podia ser a primeira experiência sexual conhecida da sala!... Kihara Maya ficou corada e proclamou, 'Eu não acho que essa seja a primeira!' Alguns garotos murmuraram em agonia, 'Na verdade eu sempre achei a Tigresa de Bolso simpática... E estive esperando que ninguém houvesse se declarado...' Outros também completaram, 'Eu também. Quando me confessei para ela no ano passado, a resposta que recebi foi, se fosse o caso, todos os garotos deveriam ir ao inferno..." Vários outros alunos expressaram suas opiniões.

A sala inteira se dirigiu completamente até Ryuuji e Aisaka, vendo-os fazer trocas de palavras sobre seu futuro. Aisaka estava olhando pela janela, e por isso ninguém pode ver sua expressão, enquanto Ryuuji franziu a testa, como se estivesse prestes a fazer um desafio a alguém... provavelmente ao pai de Aisaka.

"Ku, Kushieda, parece que algo grande está para acontecer com sua amiga esta noite!"

Minori ficou calada.

"Kushieda?"

Não importava quantas vezes as garotas tocassem seu ombro e a empurrassem, ela estava imóvel, simplesmente olhando os dois.

Mesmo que não seja necessário, vou relatar aqui o que eles realmente estavam dizendo:

"Sua mãe não saiu sem comer nada ontem? Ela pediu para te dizer que 'Esqueci de te dizer, eu não estarei voltando para casa essa noite'. Como será o aniversário do dono do bar, a festa vai durar até de manhã."

"Yasuko vai ficar no bar? Ela vai passar a noite?"

"Sim, foi isso que ela falou."

"Então ela deve estar preparada para ter que aguentar esse velho Inage se queixando a noite inteira, de como ele acaba de se divorciar ano passado."

"Ela disse isso também, algo como um 'Sim, Inage-san é muito... ' AHHHH! Maldição! Pare de me usar como mensageira pessoal da sua família!"

"Se você não gosta, então para de dormir e comer na minha casa!"

"..."

"Quantas vezes vou ter que falar para você não me ignorar?!"

* * *

Era um tempo normal de descanso para a sala 2-C. Takasu Ryuuji lia mangá em sua mesa bem iluminada pelo sol, enquanto Aisaka Taiga tranquilamente bebia leite em caixinha com cara entediada e um aspecto que parecia dizer, "Me deixa sozinha."

Naquele tempo, uma pessoa bem valente veio e bateu nas costas de Aisaka,

"Ei Taiga... Você tem tempo agora?"

Era nada mais nada menos que Kushieda Minori. Então por fim você vai fazer não?... A classe inteira estava olhando as costas da Tigresa de Bolso.

"Por que está com uma cara tão séria...? Ei! Minorin!"

Levando uma cara séria distinta das suas antigas expressões do passado, Minori puxou Taiga pela alça do vestido e a levantou de seu acento. A pequena Aisaka exclamou,

"E, eu posso me mover por mim mesma sem que ninguém me ajude! Vou cair!"

"Siga-me sem perguntar nada!"

Aparentemente Minori era a única pessoa neste mundo capaz de fazer aquilo com a Tigresa de Bolso. Se fosse outra pessoa, ela teria mordido em menos de três segundos. Enquanto todos prenderam a respiração, Minori puxou Aisaka pelo solo como se fosse uma maleta, e disse a pessoa diante dela,

“... Você. Venha também!"

“... Quê?... E, eu?!"

A pessoa a quem ela indicou era nada mais nada menos que Takasu Ryuuji. Ele se assustou por ter sido chamado para fora da sala... Mesmo que ela tenha simplesmente o chamado 'você'... Seus olhos careceram um pouco de pensamento, e nada podia dizer que ele estivesse franzindo a testa naquela hora.

O terraço da escola estava carregado com uma atmosfera tensa... mesmo que não desse para ver tal coisa, dava para sentir.

Era um bom dia. As nuvens lentamente flutuavam no céu de maneira preguiçosa.

"M, Minorin...?"

"Kushieda?"

Depois de trazer Ryuuji e Aisaka aqui, Kushieda Minori virou suas costas para eles... Whoosh... Nessa situação anormal, a jaqueta da equipe de corrida que ela levava sobre o uniforme se movia com o vento.

Ryuuji de repente baixou a voz e falou em sussurros para Aisaka, que estava parada trinta centímetros abaixo dele,

"Ei... O que está acontecendo?"

"Como vou saber?... Essa é a primeira vez que vejo Minorin dessa forma... será que ela esta com raiva de algo?"

Aisaka parecia um pouco entediada inclinando sua cabeça para o lado incomodamente, mas decidiu falar primeiro...

"U, ummmm... M, Minorin...?"

Enquanto estendia a mão, sua voz parou. O mundo inteiro parecia ter parado. Se virando, os olhos de Minori pareciam brilhar por alguns momentos enquanto ela repentinamente saltou na frente de Aisaka.

"Quê?!" gritou Aisaka, se protegendo com os braços. O que estava passando? Minori em silêncio passou pelo local onde Aisaka estava e então...

"TAKASU----KUUUUUNNNN!!!"

"WHOA?!"

Minori se inclinou no chão alguns metros de Ryuuji e elegantemente fez uma reverência diante dele.

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Entre o pó que voava, e a jaqueta de corrida se movendo...

"Agora estou confiando minha Taiga a você! POR FAVOR! Cuide bem dela!"

Ela gritou com uma voz que abriu os céus.

“... Huh?! O quê? EHHHH?!"

Minori dobrou a coluna colocando as mãos no solo que tocava sua testa. Ryuuji ficou completamente atônito por tudo aquilo, assim como também estava Aisaka, que se esforçou para manter a boca fechada.

"Takasu-kun, esta garota... a Taiga, ela é uma amiga muito importante para mim. Às vezes tem um péssimo temperamento, mas ela uma ótima garota!... Por favor! Faça-a feliz!!!"

Chorando... Tudo que Aisaka podia ver era Minori chorando. Passou um segundo... dez segundos... trinta segundos...

A primeira pessoa a recobrar a razão foi Ryuuji.

"Kushieda, es... espera um pouco... D, do que esta falando...?"

"Por favor, pare de dizer isso!"

Minori levantou a cabeça e direcionou seu olhar a Ryuuji.

"Pare de fingir que não sabe de nada Takasu-kun! Já chega! Já sei de tudo! E vou apoiar vocês por todo o caminho!"

Minori exclamou com expressão clara e determinada, enquanto olhava diretamente para Ryuuji... o mesmo, por sua parte, estava hipnotizado e não podia falar.

“... Acha que eu nunca notei? Não caminhavam juntos para escola todo o dia? E eu sempre estou no caminho de vocês. Estive tanto tempo esperando para ouvir vocês dizendo que tinham se tornado um casal... Mas! Não importava o quanto esperasse, simplesmente não me disseram! É por isso!"

"N, não! N... não é nada disso! I, isso, Kushieda, você está completamente enganada..."

"Só queria dizer para vocês que não precisam ficar andando juntos escondidos! Takasu-kun! Taiga! Já sei que vocês estão se vendo fora da escola! Sempre quis dizer isso para vocês!"

Minori indicou Ryuuji com o dedo enquanto continuava ajoelhada, então sorriu e se inclinou outra vez,

"É verdade! Não tem erro! Takasu-kun, você é a única pessoa perfeita para Taiga! Definitivamente não deixarei que mais ninguém bloqueie o caminho de vocês! Então podem ficar tranquilo juntos OK?!"

Mesmo que me implorasse, eu... Como se fosse acertado por uma grande força, Ryuuji se ajoelhou cansado, como se sua alma o estivesse abandonando.

O choque havia deixado-o sem fala... apesar de querer negar tudo. Tenho que negar isso!!!

"Não! V, você está completamente equivocada Minorin! Não temos esse tipo de relação!!! Ao menos pode nos escutar primeiro. Então, por favor, se levante!"

Aisaka saltou diante de Ryuuji e começou a explicar. Ele foi levado ao ponto das lágrimas... Ainda bem que Aisaka estava ali, ela poderia ajudar meu pobre eu a explicar todo esse mal entendido. Ryuuji caiu no chão de concreto e transmitiu uma mensagem sem voz.

Mas...

"Ho ho ho, não tem necessidade de vocês serem tão tímidos. Felicidades para os dois!"

Minori pegou sua saia elegantemente como uma cavaleira e olhou para Ryuuji caído atrás de Aisaka...

“... Takasu-kun, se você fizer Taiga chorar, eu nunca o perdoarei!"

Ela mostrava uma cara bem solene.

“Isso não importa! Espera um momento! Não é o que você está pensando! Realmente!!!, gritou Ryuuji com o fundo de seu coração, lutando para dizer algo, estirando a mão, para explicar a Minori que por sua vez estava se virando e preparando para sair... Mas seu corpo, sua mão e tudo mais foram paralisados pelo choque, ele não pôde explicar nada.

Diante de Ryuuji, que estava imóvel, a última esperança de explicar tudo, Aisaka, também ficava inconsciente como se fosse cortada por uma espada. O corpinho sem vida agora caía para trás, logo diante de seus olhos, e ficava sem se mover, sangue saiu e tingiu seu corpo de vermelho.

"Então é assim... Hmmm, estive pensando que os dois estavam saindo juntos! Takasu, vim ver o que estava acontecendo... Mas suponho que não importa. Felicidades para os dois! Apesar de não entender o porquê nunca me disse nada antes.”

Isso foi Kitamura, que tinha acabado de chegar...

Ele viu tudo da entrada das escadas. E depois de escutar as palavras de Minori, o mal entendido acabou pegando-o.

Aproximou-se do pequeno cadáver caído ao solo, e deu a ele o golpe final,

"Aisaka, deixo Takasu a seus cuidados. Tenha certeza de amar um ao outro. Pensando bem, os dois fazem um ótimo casal!"

E então os dois corpos ficaram sozinhos no solo, incapazes de se levantar...

  • * *

"Ummmm, poderiam, por favor, fazer o pedido..."

"..."

"..."

“... P, perdão, mas não vão pedir nada?..."

“... Só um pouco de suco para mim..."

"Dois, o meu igual ao dele..."

“... Bebidas não? Bem, os copos estão aqui, podem se servir."

Depois de terminar com suas frases perfeitas, a moça voltou e saiu. Mas ninguém na mesa se levantou para pegar as bebidas.

Era mais ou menos dez horas da noite, em um restaurante familiar ao lado da rua principal. Sentados da seção de não fumantes havia dois cadáveres...

Mesmo que ainda fosse Abril, o cadáver maior vestia uma camiseta larga, e pedaços do pano que tinha usado para lavar a cara, ainda estavam em seu cabelo. A pequena levava uma blusa vermelha de quadradinhos e uma saia verde também de quadradinhos. Sobre sua cabeça estava uma massa de cabelo desordenado.

Os dois pareciam absolutamente miseráveis e chocados. Incapazes de dizer nem mesmo uma palavra, nem de abrir ou fechar os olhos, eles simplesmente deixaram que o tempo passasse lentamente.

"Como... pôde... acabar... assim...?"

A primeira pessoa a falar era o cadáver maior, Ryuuji. Colocando os cotovelos na mesa, agarrou a cabeça e falou suavemente.

"O, o que aconteceu de errado? Como Minori chegou a essa conclusão equivocada...?"

Ryuuji por fim viu um lado de Minori que ainda não conhecia. Uma garota bem individualista, incapaz de escutar outras pessoas. Em outras palavras, era bem egocêntrica. Mas, como era a amiga mais próxima de Aisaka, fazia sentido que ambas tivessem algo em comum.

"Para Kushieda, entre todos... entender errado..."

E para ter seu amor por um ano inteiro de repente se ajoelhando em sua frente... Igualmente importante, Aisaka também havia sofrido o mesmo golpe.

"..."

Aisaka movia seu olhar vazio enquanto se sentava solta na borda do sofá. Ela vai cair se continuar sentada assim. Aquela era realmente a Tigresa de Bolso? Era realmente a Tigresa de Bolso da sala 2-C que podia chutar um garoto a milhas de distância somente com um olhar? A Tigresa que rugia com tamanha ferocidade? Ryuuji começou a sentir pena...

"A, Aisaka... cuidado..."

Ryuuji estirou o braço sobre a mesa e sacudiu o pequeno ombro de Aisaka, mas...

"..."

Usando o que restava de sua energia, ele caiu exausto sobre a mesa. Realmente... Como aquilo foi acontecer?!

Ele já deveria estar acostumado a sentir-se ferido.

Se fosse sobre ser mal entendido ou dar a impressão incorreta, ele já deveria estar acostumado desde o jardim de infância.

“... Ahhh, isso é..."

Ryuuji então se deu conta do porquê estava tão chocado. Não era por ser mal entendido, era porque mesmo depois de ser mal entendido, o que recebeu foram sorrisos bons e palavras sérias de aprovação... como resultado, não pôde se explicar devidamente e por isso estava tão frustrado.

‘Sou um idiota!’ Ryuuji mal disse a si mesmo. Só espero... Mesmo que ela nunca tenha me querido, e nunca tenha feito nada para ganhar seu coração. O que estive esperando?! Talvez eu nem tenha o direito de me sentir deprimido...

Depois de ficar nesse estado por algum tempo, levantou a cabeça notando algo...

"Ah..."

O som de dois copos sendo postos na mesa.

"... Esse é o seu. Não sabia o sabor, então de todos os modos... é do tipo 'West Indies', tem bastante vitamina C..."

Aisaka havia se levantado de sua cadeira silenciosamente e trazido os grandes copos de suco vermelho. Depois de colocá-los na mesa voltou para seu assento.

“... Aisaka..."

Quando você começou a respirar novamente? Ela deixou sair um grande suspiro diante de Ryuuji. Sentando-se direito, Aisaka levantou a cabeça e disse,

"Sinto muito, era porque sempre estávamos tão apegados um ao outro... É porque quis fazer tudo da minha maneira que acabou assim... Sempre fazendo o Ryuuji se meter... Sendo uma dona como eu fui, não tenho o direito de te chamar cachorro estúpido..."

Somente seus olhos se moviam de forma normal. Durante disso, ela parecia esgotada, e o brilho de seu olhar perdia o lustre habitual.

Uma pedra caiu no fundo do coração de Ryuuji.

Aisaka parecia normal. Era porque sempre estávamos juntos que nos entenderam mal e chegamos a ser feridos! Fosse Aisaka ou fosse eu, nós dois acabamos nos metendo por completo. E por causa disso, sempre estivemos lado a lado, sempre juntos...

Mas...

“... Bem... não me incomoda de verdade... que estejamos... juntos..."

Ryuuji quis dizer algo, mas decidiu se render. Aisaka também sentia a dor daquela situação! Isso era porque... eu simplesmente não podia falar de uma maneira que parecesse confiável... Então foi Aisaka quem falou.

"Eu... decidi."

Brincando com o gelo no copo usando o canudinho, ela levantou a cabeça e olhou Ryuuji de frente com um par de olhos determinados,

"Amanhã, eu simplesmente irei e me confessarei ao Kitamura-kun. Não vou dar espaço para todos esses erros tontos. Vou usar a maneira mais direta... e normal... para me confessar."

Ainda que seus olhos revelassem inseguridade, ela também disse, "Eu decidi" O que estava de boca aberta ali era Ryuuji.

“... Aisaka... Por que... tão repentino... Não, justamente agora que estávamos fazendo algum progresso..."

"Na verdade, não fizemos progresso nenhum, sem mencionar..."

"Ele nos entendeu mal, e acabei te metendo nessa situação também..." Ela disse isso com uma voz muito suave,

“... E é por isso que eu quero pôr um fim nessa situação."

"Um fim? O que quer dizer..."

"Colocar um fim a nós dois 'estando juntos todo o tempo'"

Ela terminou.

Depois de terminar, os olhos de Aisaka ficaram transparentes, ainda que sua expressão parecesse fria como se acabasse de cair em uma piscina de água gelada. Ryuuji ficou sem palavras.

"Está livre de agora em diante! Nesse caso, pode fazer o que quiser... Eu não direi nada. Se quiser se confessar para Minori, ou o que seja, então faça!... Não importa como vai acabar minha confissão amanhã, já não tem que se preocupar por mim."

"...!"

"Seu trabalho como cachorro acaba hoje. De amanhã em diante, voltaremos a ser como éramos antes... antes da carta de amor!"

Uma declaração de emancipação.

Ele já não tinha que escutá-la mais.

Era suposto que deveria de estar feliz por isso!

Ryuuji não conseguiu dizer nada.

Ele poderia ter dito "Obrigado pela companhia" ou "Finalmente, é hora da festa" ou algo nesse estilo. Mas ficou calado. Nem mesmo um "será solitário agora"... absolutamente nada. O cérebro de Ryuuji não pôde pensar em nada. Tudo que pôde fazer foi agarrar o copo gelado... Mesmo que seus dedos estivessem se congelando devido ao frio do gelo, seu coração também parecia estar tão frio como o inverno.

Por alguma razão Aisaka sorriu... Sorriu caladamente. Olhando Ryuuji, ela afastou os olhos dele com vergonha e cobriu sua boca com as mãos enquanto abaixava a cabeça,

"... É muito estranho, como chegamos a estar juntos assim? Não tivemos nenhum encontro ou algo do tipo! Dois cadáveres ambulantes que naturalmente se reuniram aqui... Comendo juntos todos os dias... Constantemente matando o tempo discutindo juntos..."

Um pequeno riso saiu de suas pequenas mãos, enquanto os olhos se fecharam até formar duas meias luas. Aisaka estava realmente rindo, a primeira vez que Ryuuji a via rindo de verdade.

"Eu... não quero ir para casa, não quero ir para esse lugar onde sempre estou sozinha, então sempre acabava me metendo em sua casa e comia lá, isso e realmente... hummm, muito..."

Aisaka parou o que estava tentando dizer e encolheu os ombros silenciosamente. O que ela estava tentando dizer exatamente? Ela mudou o olhar casualmente, e então fechou os olhos, como se estivesse cuidadosamente jogando fora tudo que seus olhos haviam visto, bem suavemente, sem fazer um só ruído.

"É que... hehe, como devo dizer isso? Mas... hummm, na verdade, ao menos eu não morri de fome. Huum, realmente sou um pouco lerda não é? Reparou que vivo sozinha não?"

Aisaka provavelmente não viu Ryuuji indicar com a cabeça.

"É um uma história ruim. Não me levava bem com meus pais, e sempre estávamos discutindo. Um dia falei 'Vou sair dessa casa', e simplesmente disseram 'Pode ir, mas não volte. ' E então me deram esse apartamento... Antes que me desse conta, já estava pensando em voltar, mas meu orgulho falou mais alto.... E quando me mudei para cá, descobri que não podia fazer as tarefas domésticas... era uma droga! Não veio nem mesmo uma pessoa me ver... O que realmente era tonto, e que mesmo que soubesse que meus pais eram esse tipo de gente, ainda os esperava. Estúpido não? Então pode rir! Eu não vou ficar com raiva."

Aisaka abriu os olhos.

Depois de dizer tudo aquilo de uma só vez, Ryuuji sabia que seus ombros deveriam estar cansados.

Que demônios é isso?! Essa história simples que Aisaka contou... Não era um desses contos trágicos de abandono? Não era como a história da boneca que foi deixada sozinha no castelo depois de ser abandonada pelo rei e sua família?

Mas Aisaka estava rindo, e parecia estar esperando que Ryuuji risse também.

Então...

"Heh... haha!"

E foi por isso que...

"Heh heh heh! Hahaha! Sim, isso é realmente tonto..."

"Eu te falei!"

Ryuuji riu, mesmo enquanto seu coração parecia feito em pedaços, ele ainda deu seu melhor para rir feliz e gentilmente... Porque ninguém tinha desejado tão fortemente que ele risse antes.

Tudo terminava hoje. Tudo voltaria a ser como era antes a partir da manhã seguinte. Nem mesmo cumprimentando – a Tigresa de Bolso que ninguém atrevia se aproximar –, voltaria a ter uma companheira de sala conhecida como a Tigresa de Bolso.

Se esse fosse o caso, então deveria rir o máximo que pudesse agora, e com cuidado observar o último sorriso de Aisaka nesse restaurante familiar com decoração tão simples.

Então está bem que eu mostre! Estou seguro que de vai rir como uma louca ao ver.

"Haha, deixa eu te mostrar algo interessante. Sabe quem é esse?"

Essa foto velha que ele tinha posto em sua carteira.

"Quê? Ah... será que... seu pai?!"

"Sim! Acertou!"

"Pft! Wahahahahaha!" Uma risada ruidosa atraiu os olhares de todos ao redor,

"Qu, quem é esse? É igualzinho a você! Ahahaha! Cara, isso é tão engraçado!"

"Olha ao redor dos olhos... somos iguais não é? Eu e este idiota!"

"Já chega! Pare de me mostrar isso! Ahahahahaha!!!"

Se contorcendo e contendo as lágrimas, Aisaka debruçou sobre a mesa rindo, segurando-a com suas mãos, chutando loucamente com suas pernas. Continuava rindo mesmo depois de ter ficado rouca. A cara de mafioso, perfeitamente herdada, parecia puxar algo de dentro de Aisaka. Se a característica herdada que tanto o desagradava tinha o poder de deixá-la feliz, então valia a pena ter aquilo no final das contas.


“... Nunca mostrei isso para ninguém."

"Ha, haha, cara...! Não acho que tenha rido tanto antes... Como conseguiu receber esses genes?!"

"É divertido não?"

"Sim, tem razão! Aahaha! Como mostra de gratidão por ter me mostrado seu segredo, então vou te contar algo interessante como recompensa... vou te contar meu segredo."

"Sabe..." disse as escondidas, e cobrindo a boca para prevenir que seu riso saísse, as bochechas de Aisaka estavam escarlates enquanto seus olhos brilhavam. Indicou para Ryuuji se aproximar e falou em sussurros em sua orelha.

“... Aquelas migalhas de chocolates eram salgadas não é?"

"Quê?!"

Sua voz suave fez Ryuuji gritar. Como? Como ela sabia o sabor...?

"He he! Na verdade eu peguei os chocolates e comi um de frustração! Sabe o que? O sabor era horrível! Mas você não me ouviu, e comeu todos... e depois contou uma mentira..."

Saiu assim, como uma revelação.

Enquanto Aisaka guardava o ar, enquanto seu sorriso ficava triste e buscava palavras que pareciam perdidas, ela abaixou a cabeça e cobriu sua expressão,

"Você... Ryuuji, como um cachorro, é um cachorro bem estúpido. Mas como humano... você é ótimo! Isso é porque... é porque eu sou... então devemos terminar com isso... Você não é chato, nossa relação, como devo dizer... não é uma de dono e servente, mas uma de iguais..."

"Provavelmente não entende o que estou dizendo!" completou.

Deixou de falar, e quando levantou a cabeça novamente, Aisaka havia voltado a sua expressão normal e fria...

"Me sindo com fome outa vez." disse enquanto abria o menu. Ryuuji fez o mesmo. Ambos pediram um jantar de bisteca de hamburgue. "As bistecas é que realmente te fazem sentir melhor!"

Então tiveram uma conversa normal, discutiram sobre quem iria ao bar pegar as bebidas, e é claro, Ryuuji acabou indo. E então... seu tempo limitado juntos foi desaparecendo minuto a minuto, segundo a segundo...

O tempo fluía igual para todos, sem nunca parar.

Depois de pagar a conta, os dois caminharam pela escuridão até seus apartamentos.

Havia algo mágico na temperatura de uma noite de primavera. O vento soprava sobre a pele. Ryuuji não conseguiu parar de falar, e a própria Aisaka também.

Ao longo da caminhada de vinte minutos, Aisaka constantemente chorava... sobre quando e como sua mãe estava em uma cidade distante, e sobre o quão horrível sua madrasta era, e como ela era parte do motivo que fez Aisaka escolher mudar de casa.

Ryuuji falava sobre viver junto de sua mãe, de como eram pobres, e de como eram menosprezados constantemente, também do estranho que perseguia Yasuko. Também mencionou o quanto ele foi mal entendido devido a seu aspecto intimidante, ainda falou de coisas diárias e vergonhosas que tinha experimentado por causa da pobreza.

Ryuuji nunca tinha contado a ninguém sobre esses problemas pessoais, talvez seja por isso que Aisaka também tenha contado seus problemas. Estarei certo? Ele não podia fazer esta pergunta, era muito íntima, mas achava que sim. Aqueles foram dias felizes, e ele lamentou como haviam passado rápido.

Infelizmente, ninguém podia parar o tempo que fluía lento e constantemente, e por fim...

“... Ahhhh, maldição!"

Embaixo de um poste de eletricidade na esquina da rua.

O poste mal afortunado havia se transformado em um alvo para frustração de Aisaka. ‘Whack! Pong!’ O ataque destruído seguia sem parar. Ela parecia que estava bêbada!

"Isso não é justo!... Como o mundo pode ser tão cruel conosco? Quem pode entender a frustração que estamos sentindo?!"

Sua voz aumentava e ecoava por toda a zona residencial, a essa hora coberta pela escuridão. Ryuuji não a detinha, ficou simplesmente parado ao lado de Aisaka aprovando sua ação.

"Tem razão! Assim são as coisas! Ninguém entende pessoas como nós!"

"Ahhh, isso me incomoda muito... estou irritada! Irritada, irritada, muito irritada!!!"

Ela deu uma série de chutes que uma pessoa normal não poderia fazer, então se cansou e virou sua cabeça,

“... Ei Ryuuji! Se sente inquieto quando pensa em Minorin não é? Pensando em como não houve progresso entre vocês, e o que deveria fazer para ficarem juntos? Você fica frustrado ao pensar nisso?"

"Sim, acho que sim!"

Ele só havia começado a pensar de verdade na pergunta que tinha lhe sido feita depois de ter respondido. Parando para pensar, sempre esteve preocupado de como passar cada dia tranquilamente com Aisaka, que estava muito esgotado para pensar em seu próprio coração...

"Então, você já chorou alguma vez... Ryuuji?"

"... você chora?"

"Sim."

O silêncio rapidamente os envolveu.

Aisaka levantou sua cabeça e olhou o céu noturno, ela se afastava do poste. Moveu o cabelo desordenado, revelando sua pele branca como a neve, limpa e delicada.

"Estive pensando em todas essas coisas hoje... Se eu chegarei a estar perto dele, ou se ele já tem até mesmo uma namorada... E, eu penso em outras coisas... justo como uma idiota, pensando em muitas, muitas coisas... Provavelmente ninguém vai saber... Ninguém vai entender... ninguém..."

Sua voz estava tão suave como um mosquito, e ainda que Ryuuji não pudesse lhe escutar devidamente, ele sentia como se o céu nublado noturno tivesse sido envolvido por essa voz solitária e silenciosa.

“... Se alguém soubesse o tipo de pessoa que você é, todos certamente se surpreenderiam!"

Ryuuji também olhou para o céu buscando a lua antes de continuar,

"Quem teria imaginado que você poderia chorar por uma coisa assim?... Somente eu, só eu sei disso."

"Que sem vergonha." comentou Aisaka. Ela suspirou enquanto mexia os olhos.

“... Ryuuji, você é igual a mim! Ninguém te entende, a não ser eu, e eu sei de muitas coisas."

"Do quê está falando?!... Como o quê?"

“...Ainda que Ryuuji possa parecer malvado, nem mesmo se atreveu a falar com a garota que gosta; ainda que pareça malvado, não é o tipo de pessoa que faria dano a ninguém; ainda que pareça malvado, é realmente um bom cozinheiro... E ainda que seu olhos dão as pessoas tanto medo que ninguém se atreva a aproximar, na realidade é uma pessoa muito sensível e considerada... tenho razão?"

"Nunca tinha pensado que sou tão sem esperança assim."

“... você diz sem esperança?... não penso dessa forma..."

Sob o vento suave de primavera, o cabelo de Aisaka se movia suavemente. Ela agarrou-os com os dedos enquanto dizia algo suavemente com os lábios:

"Você é realmente uma pessoa gentil."

"Aisaka..."

Será que sou somente um garoto bom e cansativo? Quis perguntar originalmente, mas não pôde dizer nada, porque o rosto de Aisaka parecia torcido de dor.

“... Eu sou somente o oposto exato de você. Sou uma pessoal normal e inútil, não sou gentil com ninguém, e têm muitas coisas que não sei... Ou talvez deva dizer, não têm muitas coisas que eu seja boa em fazer! Qualquer coisa que esteja em meu caminho deve simplesmente se afastar! Todos eles! Todos! Sem exceção! Todos!..."

Ela levantou a beirada a saia, estirou suas pernas brancas e começou a chutar novamente...

“... EU... ESTOU... TÃO... CHATEADA!!!"

Ela deu ao poste um chute para terminar. Ryuuji se assustou pela emoção repentina que ela expressava e retrocedeu.

Caramba!, murmurava e pensava que além de proteger essa Tigre feroz, não sobrava muito mais para ele fazer.

"Maldição, maldição, maldição! Tigresa de Bolso?! Eles pensam... seriamente... que eu não me importo???!!! POR QUÊ?! Por que ninguém entende???!!!"

A lua amarela apareceu em cima deles, como se fosse chamada pelos rugidos do tigre.

A sombra de Aisaka abusando do poste elétrico se estirava pela rua fria. Ryuuji simplesmente ficava parado e olhava, e então se aproximou um pouco para reduzir a distância entre eles, sua sombra também se alargou.

As sombras se tocaram, mesmo que em realidade, não chegaram a estar em contato um com o outro.

"Todos... todos eles... me dão nojo! ... Essa idiota da Minorin!... Por que não podia me escutar?! O mesmo para Kitamura-kun! Por que eles não nos ouvem?! Por que ninguém tenta me entender?! Minorin, Kitamura-kun, todos!... Todos eles, até mesmo meus pais, todos. Eu... eu nunca os perdoarei! Porque ninguém, ninguém me entende!... Ninguém! Me! Entende!"

Aisaka envolveu o poste com seus braços e seguia chutando até que não conseguia falar mais. Ela deve ter sido realmente atormentada ao ponto de chorar por várias vezes antes, e por tanto reprimí-las, durante todo esse tempo, estava se afogando...

"Ugh, Ugghhh...!"

"Ei! Pare, idiota!"

Ela se inclinou para trás preparando para usar toda a força em uma cabeçada... Ryuuji conseguiu parar Aisaka justo a tempo. Não tem como uma cabeçada vencer um poste elétrico!

"Mas estou com muita raiva!"

Chorou, essa vez saíram lágrimas de seus olhos.

Aisaka agora havia chegado a se tornar uma criança inocente que não conseguia parar de chorar. Já sei! Ryuuji decidiu o que fazer... mais ou menos. Ainda que ele não fosse capaz de fazer nada incrível, ao menos podia fazer algo mais útil que usar palavras vazias como, "eu sei o que está sentindo". E isso era...

“... Deixa-me ajudar!"

Ele tomou ar e com toda sua força,

"ISSO TAMBÉM ME FAZ FICAR COM RAIVA!!!"

Uma pessoa que não estava acostumada a chutar coisas havia entrado na confusa briga entre Poste-Aisaka. Usando técnicas que tinha visto no torneio de K-1, os chutes de Ryuuji sacudiram o poste elétrico que balançava inseguro.

Ele e Aisaka provavelmente pareciam horríveis agora, atacando o poste juntos. Isso foi porque Ryuuji já teve um inimigo, e esse inimigo era como uma pedra bloqueando o caminho de sua vida, e Ryuuji sabia muito bem o que Aisaka sentia. Ela também teve um inimigo... mais ou menos. O inimigo que estava entre ela e sua vida realmente existia. Quando ela queria estar com alguém, ou até mesmo gostava de alguém, esse inimigo aparecia. Talvez ele pudesse ser chamado de "baixa estima" ou até mesmo "destino, "genéticas", ou "envolvimento", Ryuuji achava que provavelmente se chamava "Algo que não se pode fazer sozinho." Ele podia assumir vários nomes.

Não importava como, e impossível tentar vencer esse inimigo, e eles não tinham ideia de quantas vezes teriam de enfrentar aquela batalha no futuro. Se não chutasse fortemente o poste elétrico agora, provavelmente nunca mais poderia deixar a raiva se libertar. Poderia ter escolhido atacar uma parede, uma caixa... mas parecia que aquele dia desafortunado seria do poste.

Ryuuji decidiu ajudar por essa razão, nada mais. Não importava o quão estúpido fossem, o quão tontos, o quão ridículos estavam sendo, eles agora tinham se transformado em bestas selvagens atacando ferozmente na noite de primavera.

O inimigo de Aisaka parecia maior e pesado que o de Ryuuji... Ao menos assim ele pensava. Agora entendo. Você se transformou em um tigre para poder se proteger desse inimigo invisível. O poste agora parecia ficar maior, pesado e duro, mais difícil de vencer. Aisaka sempre esperava ter o poder de lutar contra esse inimigo, e por isso virou um tigre.

Aquilo a assombrava. Mesmo que eles fossem jovens, tinham uma coisa em comum. Isso era o fato deles se entenderem. Quando ele a via esgotada ou morrendo de fome, não podia deixá-la sozinha.

Não importava o quão irritado, ou até mesmo enraivecido ele ficasse, simplesmente não podia abandoná-la.

"Ryuuji, saia da frente!"

"Por que você pegou esse pedaço de madeira... Whoa!"

Ele foi assustado por Aisaka repentinamente levantando a cabeça, e todo pensamento desapareceu de sua mente ao ver a cara que ela fazia.

Ela estava rindo, rindo amargamente. Um olhar venenoso, a Tigresa de Bolso olhava para sua presa procurando morte...

"Toma isso!"

Esse tipo de atitude.

Ela soltou o pedaço de madeira e caminhou mais para longe. Se virando, falou,

"Espere por mim Kitamura-kun. Vou me confessar para você!!!"

A audiência (Ryuuji) ficou de boca aberta. Depois de vir correndo, ela deu um chute voador perfeito. Seu pequeno corpo voou elegantemente, e sob a iluminação da lua, esticou a perna direita em direção ao poste.

"...!"

Ryuuji não pôde evitar fechar os olhos para a cena exagerada, e não os abriu até que escutou o golpe forte de algo caindo no chão. Ele correu até Aisaka, que havia caído de bunda ao lado do poste.

"Idiota! Sua perda...!

“... Ryuuji! Olha!"

"Hmmm?"

Aisaka apontou para o poste, parado ao lado dela. O que foi? Ele olhou novamente para Aisaka e a viu sorrindo de triunfo.

"Não acha que está quebrado?"

"Quê?! Isso é impossível! Como poderia se inclinar somente por alguém ter dado um chute?"

Ele olhou para o poste e viu arames que se projetavam para fora da estrutura em uma parte que havia trincado e perdido cimento.

“... Caramba, está realmente quebrado!"

"Eu te falei!"

Sim! Ganhei! Aisaka sorriu para si mesma. É claro que o poste podia estar trincado desde o início e eles não haviam reparado. Ou talvez realmente Aisaka houvesse quebrado o poste, ele não duvidada.

Ele acreditou que o poste realmente tinha sido quebrado pela Aisaka, a Tigresa de Bolso.

Porque ela estava sorrindo depois de tudo.

“... Ei, isso foi a polícia?"

Talvez porque estavam fazendo muito barulho, eles não viram uma silhueta montada em uma bicicleta se mover na direção em que estavam. Era realmente um policial uniformizado. Ryuuji rapidamente se virou para Aisaka.

"Isso é ruim, vamos sair daqui! Huh... O que foi? Você está bem?"

Ele olhava a tonta que simplesmente se sentava sem se mover.

"Está doendo..."

"Mas é claro!"

Aisaka parecia bem animada quando atacou o poste. Agora estava se sentada com a saia levantada e segurando seu calcanhar esquerdo com a mão pequena. Ela olhava Ryuuji com uma cara sem esperança,

"Acho que me machuquei durante esse chute... Ow!"

Sua boca virou um V invertido. O que farei? Ryuuji coçou a cabeça.

"Não é obvio?! Caramba... parece que isso inchou..."

Ryuuji se ajoelhou para poder olhar cuidadosamente, e franziu a testa. Sob a luz fraca da rua, ele podia ver claramente na perna uma mancha roxa que destoava da pele branca.

“... O poste deve ser muito duro... Ow!"

"É claro que sim! Realmente..."

Ele suspirou profundamente. Era uma sem esperança. Então virou as costas para ela... Suponho que era isso que chamavam cortesia. Ele gostava daquele sentimento.

"Vem, vou te levar. Ei, espera... UMPH!"

Ele estava esperando ela subir, mas havia se esquecido de uma coisa: apesar de tudo, era a Tigresa de Bolso. Ainda com a dor na perna, ela conseguiu saltar com bastante força e chegar às costas de Ryuuji. Ela agarrou fortemente o pescoço, quase o enforcando.

"Não... não posso... respirar..."

Ryuuji freneticamente batia na mão de Aisaka que estava apertando sua traquéia e artéria, tentando dizer que ele corria perigo de vida.

"Ei Ryuuji! Não é um policial? Vamos correr!"

Não tinha te falado isso há alguns momentos?!... Como sua garganta estava estrangulada, ele não falou corretamente, e então não teve outra possibilidade senão correr.

Pegando um caminho mais longo por uma rua quieta, ele corria silenciosamente pela escuridão. Chegaram a uma rua que faltava iluminação. O silêncio era irreal, não disseram nada entre eles. Sentindo o calor um do outro, não podiam se comunicar.

Ele realmente estava carregando Aisaka em suas costas.

Ela apoiava o queixo na cabeça de Ryuuji. Sem falar simplesmente indicou mais a frente em direção a um semáforo.

"OW!"

Clang! Um estrondo ocorreu e Aisaka gritou.

"O quê? O que aconteceu?!"

Ryuuji rapidamente parou e se virou para olhar para Aisaka em suas costas. Sentindo a respiração um do outro, se olharam na escuridão.

"P, parece que havia um letreiro no meio do caminho... e me choquei com ele."

"Por que você não desviou?"

"Foi muito repentino! E não consigo ver nada na escuridão! Você que está correndo também não viu?!... Ouch, maldição..."

“Onde te acertou? Aqui?"

Ele estirou sua mão e tocou a testa quente de Aisaka, não fazia sentido olhar na escuridão.

“... Não parece que está sangrando, e não tem nenhuma marca... Acho que vai ficar bem."

"Que má sorte."

"Isso não tem nada a ver com sua sorte, é porque você é muito estúpida."

"O que você falou?!" Ryuuji rapidamente correu com Aisaka, que estava protestando e apertando mais sua garganta. Uma vez que haviam chegado à rua principal, não estavam longe de casa.

“... Foi bom que você não se machucou com a pancada."

Com o som de um apito de polícia soprando um pouco atrás, a pessoa nas costas de Ryuuji provavelmente não estava escutando o que ele dizia.

"Amanhã você vai se confessar para o Kitamura. E não está bem que você acabe aparecendo na frente dele com um galo na testa."

Aisaka ficou calada.

“Está bem...”

Ele sentia a pele suave dela tocando a sua... Estava segura em suas costas sem nenhum dano grave. Isso estava bem... Contando que ficasse assim, estaria tudo bem.

Depois de assegurar que a bicicleta da polícia não estava perseguindo-os, saíram do beco em que estavam e voltaram para as luzes brilhantes. Enquanto caminhavam, cruzaram com várias pessoas que voltavam para casa depois de um dia cansativo de trabalho. Havia também algumas mulheres mais velhas caminhando com seus cachorros. Todos estavam ocupados da sua própria maneira, e não se incomodaram em olhar para Ryuuji e Aisaka. Sejam empregados, médicos, tios ou tias, todos tinham seus próprios inimigos para enfrentar, e provavelmente todos queriam ter uma noite como a que tiveram, descontando tudo no poste elétrico. A razão deles não fazerem isso, é porque provavelmente já eram crescidos e maduros.

De repente a imagem de todas essas pessoas aliviando suas frustrações sobre um poste elétrico veio à cabeça de Ryuuji, e ele não pôde evitar rir, o que Aisaka notou e perguntou,

"De quê está rindo?"

Ela esticou a cabeça, sua respiração tocava as bochechas de Ryuuji.

"Nada... só algo inútil."

"Eh?! O que é? Agora! Fala!"

"UGH!"

Ela estava o estrangulando novamente.

"P, por que você..."

"Porque estou curiosa! Do que estava rindo?"

“... Como falei, nada importante, então não vai ficar se preocupando por isso o resto de sua vida."

Seriamente... como pessoas como aquela podem existir? Ele pensava enquanto mantia sua traquéia livre para falar. Como uma ‘tigre tirânica’, ela é forte, violenta, egoísta e desagradável. Quantas vezes sofri por passar meu tempo com ela. Tem essa vez, e esta, e também aquela...

Pensando bem... estas dores pareciam diminuir com o passar do tempo. Provavelmente não havia emoção embaixo desse corpo quente que ele carregava nas costas. Eles estavam se aproximando do apartamento de luxo, e ainda assim ela provavelmente não teria nenhuma mudança de emoção, como sempre... Mas...

Os braços que agarravam sua garganta de repente se soltaram.

"Pode me deixar aqui." disse Aisaka, tocando o ombro de Ryuuji.

Diante a entrada do apartamento, Aisaka elegantemente saltou das costas de Ryuuji. Ao soltar seu pescoço, ele sentiu algo desaparecer, aquele calor. Enquanto tudo desaparecia, Ryuuji se virou para olhar Aisaka parada diante da porta de vidro.

Ele sentiu seu coração doer como se algo houvesse o acertado...

"É isso ai Ryuuji. Chegamos justo a tempo, olha só!"

Ela levantou a mão e mostrou seu relógio. Os ponteiros indicavam 11h59min.

"Ahhh, estou cansada... Ao menos chegamos em casa tranquilos. Tudo termina hoje, agora. Depois disso, já não vai ser meu cachorro. Somente trinta segundos.... Não tem nada a dizer sobre isso?"

“... Algo a dizer... o que?"

"Tem alguma última palavra para dizer como meu cachorro estúpido ou não?"

“... Bem... pedindo-me repentinamente para dizer algo..."

Parada dois metros diante dele, Aisaka sorriu, ao menos parecia estar sorrindo.

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Inclinou seu pescoço como se estivesse esperando Ryuuji falar. Mas, o que poderia dizer? O que iria dizer...?

"... Dez segundos... cinco segundos..."

Não pôde dizer nada.

Uma brisa soprou entre eles. Aisaka abaixou sua mão e disse, "Adeus."

"Sim, te verei amanhã! E, boa sorte!"

Isso foi tudo que disse.

"Adeus, Takasu-kun."


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