Toradora (Portuguese):Volume1 Chapter2

From Baka-Tsuki
Jump to navigation Jump to search

Apesar do começo tumultuoso, a nova vida escolar de Takasu Ryuuji iniciou sem problemas. E isso devido a várias razões.

O rumor de quê “Takasu-kun é um delinquente” foi resolvido muito antes do que Ryuuji havia imaginado. Por sorte, muitos de seus antigos colegas de classe, incluindo Kitamura, estavam na mesma sala que ele este ano. Mais importante ainda, ele foi derrotado pela Tigresa de Bolso em questão de segundos, o que fez com que todos concluíssem rapidamente que ele era “Um cara normal”. (Ryuuji queria inclusive agradecer Aisaka Taiga por isto).

Em segundo lugar, ele evitou ter que fazer qualquer trabalho enjoado no comitê de classe e seu assento foi decidido através de sorteio. O terceiro na parte dianteira da fileira da janela. Um bom lugar em que se pode sentar e relaxar. A professora encarregada da sala foi a mesma que no ano passado (Koigakubo Yuri, 29 anos e solteira). Além de ser solteira nessa idade, Ryuuji não tinha nenhum problema com ela.

Além disso...

“... Se faço isso, a lateral da vasilha endurece! Como se chama isso? Seria assim também na parte de dentro? Bem, ela ainda está mole. Quando como o pudim dessa forma, eu teria que...”

“Ow!”

“Wha, Takasu-kun! Sinto muito...”

A razão mais importante era esta: Seu sol, Kushieda Minori, havia se transformado em sua companheira de sala. Somente esse fato fez com que sua vida diária se transformasse em um forte cor de rosa... Mesmo depois dela acidentalmente acertar seu olho, o sol ainda brilhava forte.

“Ahhh, você está bem? Sinto muito. Não vi que você estava ai atrás! Uwaaa... foi meu dedo que acertou seu olho?”

“Não se desculpe, não é nada.”

“Sinto muito de verdade! Hmmm, onde estávamos? Ah sim, estava falando que tenho que comer o pudim pegando-o dessa forma...”

“Ow!” “Wha...! Eu o acertei novamente! Sinto muito!”

Não tem problema, estou bem, Ryuuji demonstrou com um movimento de sua mão. Mesmo aquilo era como uma bendição para ele. “Realmente sinto muito!” foi o que Minori falou enquanto abaixava a cabeça deixando uma fragrância que nem mesmo uma mosca poderia se queixar. Não importa o motivo, era Minori quem estava se desculpando com ele. Seus olhos não estavam fixados em nenhum outro lugar. Mesmo que ele tenha sido acertado duas vezes nos olhos, aquilo era como um presente.

Aquele pequeno fato não o teria irritado, mesmo que ela não viesse se desculpar diretamente. Ele era feliz somente em vê-la conversando com alguém sentado por perto, já que seria capaz de ouvir sua voz. Em uma tentativa de mostrar a forma que tinha a colher de comer pudim, ela abria os braços fazendo enormes círculos com a mão, esbarrando nele toda hora. Mas, que colher é essa da qual ela estava falando? Notando a expressão de Ryuuji ela explicou.

“Estamos falando de um pudim que fiz usando um balde.”

Minori agarrou fortemente um dedo de sua mão (espero que não acerte nada dessa vez!) enquanto explicava em um tom sério. Mesmo que “explicar” não pareça ser a palavra certa para aquilo...

“Takasu-kun, você gosta de pudim?”

Nós estamos conversando! O coração de Ryuuji começou a bater tão rapidamente que não podia pronunciar nem mesmo uma palavra de maneira decente. Sua ansiedade o estava deixando louco. Depois de esperar tanto tempo por esta oportunidade...

“... Er...”

E isso foi tudo que conseguiu falar. Ela provavelmente estava pensando no quão chato ele era... Talvez tenha pensado em nunca mais voltar a falar com ele... Enquanto Ryuuji tentava pensar no que fazer, Minori continuou falando sobre sua tentativa de fazer pudim em um balde.

“Mas ainda não tive êxito. Talvez fosse porque era muito grande, já que é difícil fazer com que mantenha uma boa consistência... Oh, claro! Eu posso te mostrar Takasu-kun! Pense nisso como uma desculpa por acertar seu olho.”

“Eh?... Me mostrar?”

Poderia ser que ela pediria para eu provar do pudim? Os olhos de Ryuuji se arregalaram mais quando ele notou o lindo sorriso de Minori. Ela assentiu e respondeu, “Claro, eu irei te mostrar. Deixe-me fazê-lo”.

Será que eu dei sorte? Como estou feliz por ela ter me acertado! Ryuuji olhou Minori caminhar emocionada até sua mochila e repentinamente sentiu vontade de fugir dali por alguma razão.

E se ela realmente trouxer um pudim, que expressão deveria fazer quando comê-lo? Ainda não é hora do almoço, portanto seria raro ver um garoto se emocionando demais por causa de um pouco de pudim. Além disso, se ela trouxer pudim, deveria comê-lo imediatamente? Ou deveria guardar para depois?

“Maldição... Eu não sei o que fazer!”

Nervoso, Ryuuji começou a tocar seu rosto. Olhando para sua mesa viu como ela estava suja. Precisava de uma limpeza. Não! Tentando ignorar seu desejo compulsivo, decidiu comer o pudim imediatamente.

Emocionado, o coração de Ryuuji batia ainda mais rápido. Lentamente ele olhou para Minori que havia acabado de retornar, já que era muito deslumbrante para se olhar diretamente. Minori sorriu alegremente, inclinou sua cabeça para frente e então...

“Aqui está Takasu-Kun.”

Através de sua voz terna, Ryuuji podia ver um coração se materializar no ar quando ela dizia “Takasu-kun”. Erguendo as mãos com um pouco de temor, Ryuuji recebeu o objeto que ela estava entregando.

“... Ah, eh. Isso é...”

Era muito menor e leve do que ele havia pensado...

“... é realmente uma bela foto...”

“Mas ficou estranho não é?”

Então ela iria me mostrar fotos e não o pudim. Mesmo que o que esteja na foto seja um pouco estranho, devo estar imaginando coisas. Sobre uma almofada de plástico havia um balde que continha uma espécie de creme amarelo... Não, parecia mais uma pasta. Apesar de que, falar isso seria falta de respeito com Minori, aquilo não parecia com um pudim. Na segunda foto, o balde parecia estar derramando deixando pelo chão algo sólido e pegajoso. Logo na terceira foto...

“Cheirava de forma estranha... Acho que foi porque não lavei o balde direito!”

Minori estava agachada sobre uma perna enquanto comia um pouco de pudim do balde com uma colher enorme. Eu quero essa foto! Era o que Ryuuji estava pensando...

“Obrigado por ver! Ainda tenho que mostrá-las para a Taiga. Ei, aonde ela foi? Estava aqui há alguns minutos.”

Tomando de volta suas fotos, Minori rapidamente deixou Ryuuji para trás e correu para buscar a Tigresa de Bolso, Aisaka Taiga, com quem estava conversando fazia alguns momentos. Assim terminou um momento de felicidade.

... ainda precisava mostrá-las para Taiga não?

Ryuuji suspirou enquanto a via sair da sala de aula.

Era muito sortudo por ser seu companheiro de classe. Podia ver a Minori durante qualquer momento na escola, portanto não era necessário mais passar escondido pela sala dela e olhar pela greta da porta somente para ver seu sorriso. Se isso não era ter sorte, ele não sabia o que era.

Com o objetivo de se aproximar mais dela, existe um obstáculo que se tem que atravessar... e essa era Aisaka Taiga, que estava sempre perto da Minori.

Desde a cerimônia de abertura, Ryuuji havia tentado certa distância de Aisaka. Ela parecia ser do tipo de pessoa que é difícil manter uma relação, mas se ele continuava evitando isso, não poderia se aproximar da Minori e isso iria ser o fim. Esse não era o único motivo o qual ele não podia conversar com Minori a qualquer hora.

Aisaka parecia não ter encontrado Ryuuji em seu radar e o mesmo evitava qualquer situação que pudesse gerar o encontro direto dos dois.

Sua meta principal seria tentar afastar a Tigresa de Bolso e falar com Minori sozinho. Se ele pudesse aumentar as vezes que isso ocorria, estaria com sorte. E assim, a vida agridoce de Ryuuji estava passando sem problemas.

... Ao menos até o dia de hoje, assim que terminaram as aulas.

* * *

“Whoa...!”

Assim que abriu a porta da sala, ele ficou mudo pela visão do que estava lá dentro...

Havia duas, não, três cadeiras sendo jogadas para o ar.

Tudo isso seguido pela aterrissagem no piso. No meio desse forte ruído, só era possível ver uma pequena figura.

O que está acontecendo? Ryuuji se perguntava enquanto observava com seus ferozes olhos. A verdade era que estava tão aterrorizado que podia somente prender a respiração. Devido a seu dever como estudante encarregado, ele teve que deixar a sala para atender alguns assuntos, assim que ele nunca voltava até certo tempo depois das aulas terem terminado. Normalmente não tinha ninguém ali naquela hora, mas o que ele viu foi...

Não restavam dúvidas de que ele havia visto uma garota com o uniforme da escola. Depois de notar a entrada de Ryuuji, ela se escondeu no armário na parte escura da sala ao mesmo tempo em que ele via as cadeiras serem chutadas e caírem fortemente contra o solo. Mesmo depois de se esconder, ele ainda conseguia ver perfeitamente aquela garota, já que havia um espelho na parede que refletia tudo que estava naquele lado da sala.

Incrivelmente, sua companheira não muito inteligente, tratou de ocultar seus braços e pernas se ajoelhando tranquilamente no armário. Aparentemente ela não havia se dado conta do espelho já que até mesmo girava a cabeça procurando a localização de Ryuuji. Ele andou sem olhar para baixo, isso devido a sua pequena companheira. Aquela com o apelido de Tigresa de Bolso. Somente vendo suas costas e seu cabelo refletidos no espelho, ele sem dúvidas podia saber quem era. Além do mais, com aquele tamanho, não podia ser ninguém mais. Ela provavelmente estaria grunhindo agora, “Por que ele tinha que aparecer nesse momento?”

Devido a isso, Ryuuji decidiu que não havia visto ou ouvido nada.

Tomando essa decisão, ele entrou na sala. Mesmo que não desejasse entrar em algum lugar no qual (por qualquer motivo) a Tigresa de Bolso estava se escondendo, ele tinha deixado sua mochila ali e não podia voltar sem ela.

O sol enchia a sala silenciosa. Era como se Aisaka tivesse posto sua teia ou algum campo de força poderoso que fazia com que todos que entrassem sentissem uma forte tensão em todos os ossos.

Com cuidado, Ryuuji caminhou lentamente, tentando fingir que nada havia acontecido. Tentando não alertar Aisaka e principalmente, tentando fazer com que ela pensasse que ele não estava ali...

“Ah...” Um momento de descuido e todo o salão se encheu de nervosismo.

Algo caiu e jogou todos os esforços de Ryuuji pela janela. Aisaka Taiga tinha perdido o equilíbrio e havia rolado para fora de seu esconderijo. Desafortunadamente, ela tinha parado justo em frente à Ryuuji.

“...”

“...”

Aisaka olhou para cima, enquanto Ryuuji olhava para baixo. Não havia mais distância para fingir que nada tinha acontecido. Ambos trocaram olhares por alguns segundos...

“Você está... bem?”

Ryuuji fez sua garganta pronunciar essas palavras. Ele esticou seu braço para Aisaka, que estava se levantando, mas tudo que ouviu foi uma inaudível resposta, como “Não preciso da sua ajuda” ou “Cuide do que é da sua conta”. Ela lançou um olhar penetrante em Ryuuji.

Ele não podia ajudá-la, porém deu a Aisaka espaço para se levantar sozinha. Ela abaixou sua cabeça, sacudiu o pó que havia sujado seu uniforme e manteve distância de Ryuuji, mantendo seu olhar fixo na presa. Não parecia ter a intenção de deixar a sala. Não estava se sentindo envergonhada? Talvez esse tipo de pensamento não se aplica a Tigresa de Bolso. Se Aisaka pretende ficar mais tempo ali, Ryuuji sentia que devia abandonar aquele lugar o mais rápido possível.

“Ah sim, minha mochila...”

Como se houvesse deliberadamente deixado Aisaka escutar essas palavras, Ryuuji se apressou para pegar sua mochila.

Aisaka Taiga continuou olhando Ryuuji silenciosamente. Ele não tinha nem ideia de que expressão devia fazer já que tinha medo de encarar aquela garota de forma direta. Ele caminhou da forma mais silenciosa possível, tentando reduzir sua presença. Dessa forma ele atravessou toda a sala.

Não devo mostrar reação. Não devo provocá-la. Só preciso caminhar de forma calma e casual...

Sua mochila não estava na mesa. Por um momento se perguntou onde a havia deixado, mas se lembrou que antes de sair tinha falado com Kitamura e colocado sua mochila na cadeira dele. Agora que havia se lembrado disso, tudo que tinha de fazer era pegar a mochila. Suprimindo sua ansiedade ele se aproximou lentamente. 20 cm restantes, 10 cm... “AH!” ... ele deu um salto.

O que estava acontecendo?

Aisaka Taiga estava tentando detê-lo? Ryuuji girou sua cabeça e olhou a pequena boneca parada em frente à janela.

“O que... O que foi?”

“O quê... o quê você está fazendo?”

Algo incrível estava acontecendo aqui. A Tigresa de Bolso olhava de forma angustiada, prestes a desmaiar.

“Eu só vim aqui pegar minha mochila e... Ai... Aisaka? O que foi? Você parece um pouco estranha.”

Ela abriu e fechou seus pequenos lábios roseados enquanto balançava para frente e para trás como uma bailarina em alguma dança estranha. Seus dedos tremiam.

“Sua, sua, sua, sua, sua... mochila? Mas seu lugar não é o de lá? Po, po... por que está a, a, a, aqui?”

Ela gaguejava enquanto questionava Ryuuji.

“... Por que ela está aqui?”

“Porque estava falando com Kitamura quando o professor me chamou... então... eu só a deixei ai... WHOA!”

Aisaka que estava de pé a poucos metros havia encurtado a distância entre nós em alguns instantes e apareceu em minha frente. Em que momento ela havia desenvolvido essa incrível mobilidade com um corpo tão pequeno?

“...! ...! ...!”

“Espera! Solte-a! Ai... Aisaka!?”

Com uma força descomunal, ela tomou a mochila de Ryuuji e pressionou contra o peito tentando fazer com que ele soltasse a alça.

“Só, só me dê ela! Solta!”

Nessa pequena distância, Ryuuji podia ver que o rosto de Aisaka estava mais vermelho que os raios do sol lá fora. Seu lindo rosto tinha se transformado na face de um demônio aterrador.

“Entregá-la para você? Está tentando me roubar?!”

“Umph...”

Ele não podia empurrá-la, então decidiu se manter firme, já que se ele soltasse a mochila naquele momento, Aisaka com seu pequeno corpo poderia sair voando e caindo muito violentamente.

Ele estava sendo muito compreensivo com ela naquela a situação.

“Uuuuuuummmmmph!”

Aisaka torceu o quadril e puxou a mochila mais ainda. Seus olhos estavam fechados pela força e as veias da testa estavam se acentuando. Estava tentando ganhar com força bruta. Dedo a dedo, Ryuuji estava perdendo lentamente a pegada na alça. Mesmo seus pés que estavam firmes no solo começaram a arrastar. Falando de forma clara, estava prestes a perder.

“E... Ei! Isso é perigoso! Vamos, solta agora!”

“Uuuuuummmmmph... Ah? Ahhhhh...”

Não irei conseguir! Justo quando Ryuuji pensava isso, ele viu Aisaka cair de costas e sem ar, com suas pequenas mãos abertas no solo. Ela havia se rendido?

“... AHHHH!!!”

“ATCHIM!!!”

“Crash!”

O “... AHHHH!!!” havia sido de Ryuuji e o “ATCHIM!!!” foi de Aisaka, enquanto o ruído de “Crash!” foi Ryuuji novamente. Respectivamente, isso era o grito de terror de Ryuuji, um espirro de Aisaka e novamente Ryuuji golpeando sua cabeça em algo.

Já que Aisaka tinha soltado a mochila quando espirrou, Ryuuji naturalmente tinha perdido o equilíbrio e caiu acertando a cabeça na mesa do professor.

“Owwww... Isso dói! Vo... Você... O que diabos está fazendo? Isso dói sabia? Você podia ter morrido se eu houvesse soltado!”

Ele protestou com os olhos cheios de lágrimas.

Aisaka tinha feito um ruído estranho ao espirrar, e ignorava o que passava a seu redor. Depois de causar a queda de Ryuuji, ela respirou um pouco de ar e rolou pelo chão entre as mesas.

“Ugh...”

“Aisaka? Você está bem?”

Seu cabelo longo se arrastava pelo solo. Seu corpo estava curvado e ela gemia silenciosamente. Ela poderia estar passando mal? Ryuuji massageava sua nuca que tinha sofrido o impacto enquanto se aproximava. O rosto que antes tinha sido vermelho brilhante, agora parecia desprovido de calor e seus lábios estavam tão brancos quanto uma folha de papel. Ela parecia estar suando.

“Whoa... Você está muito pálida! Por acaso você tem anemia? Segura minha mão.”

Ela fez o mesmo que Yasuko teria feito. Sem duvidar, estendeu sua mão também e...

“...!”

A mão de Ryuuji tinha sido empurrada pela pequena e fria mão de Aisaka. Mesmo tremendo muito, deu um jeito de se levantar sem ajuda enquanto se apoiava em algumas mesas. “Aisaka! Você está bem?”

Ainda sem resposta. Cada passo que ela dava fazia com que a mesa que estava apoiada tremesse. Seu cabelo se movia de forma suave. Ela parecia querer escapar o mais rápido possível dali. Como ela estava sentada até alguns momentos atrás, a saia do uniforme estava um pouco enrolada, revelando parte de suas pernas. “Espera, não é melhor você ir para a enfermaria da escola?”

Ryuuji podia parecer intrometido, mas ele não podia simplesmente deixar ela sozinha. Quando estava a ponto de segui-la... “Se afaste... Tonto!”

Ela falou em um tom tão feroz que parecia uma fera rugindo. Ryuuji deteve seus passos. Se ela ainda tem forças para gritar, significa que está bem não é? “Ahhhh, que desastre...”

Ryuuji agora sozinho suspirou profundamente.

Os passos de Aisaka no corredor se escutavam cada vez mais distantes enquanto somente a pessoa chamada de ‘Tonta’ ficava sozinha na sala.

Sua cabeça ainda doía devido ao tombo. Ele observou sua mochila, que igual ao bebê do famoso caso de Ooka Tadasuke, foi quase rasgada ao meio e estava coberta de arranhões e marcas das unhas de Aisaka. As cadeiras e mesas antes organizadas se encontravam em um caos total e isso era completamente inaceitável.

Que desastre...

As mesas, Aisaka, tudo aquilo era um desastre. Que companheira tão problemática.

Sendo sensível a coisas como essas, Ryuuji começou a colocar todo o lugar em ordem, enquanto tentava dar sentido a tudo que tinha ocorrido. Em uma sala supostamente vazia, uma hora depois do fim das aulas, Aisaka Taiga tinha tentado roubar sua mochila. Ele havia acabado de sofrer uma tentativa de roubo. Os espirros dela, o golpe em sua cabeça, a anemia da garota... não. Ele simplesmente não podia entender o que estava acontecendo.

“Não sou bom com esse tipo de coisa...”

Ryuuji suspirou e murmurou para si mesmo.

Somente três horas mais tarde é que Ryuuji entenderia o que havia acontecido.

* * *

Para Kitamura Yuusaku-kun, de Aisaka Taiga.

“Bem, isso é... bem...” 7pm.

Como Yasuko tinha ido encontrar com suas colegas antes do trabalho, ela havia saído antes do usual. Depois de fazer a janta, Ryuuji finalmente entendeu o que tinha acontecido.

Foi quando ele voltou para seu quarto de quatro tatames e meio e ia começar a fazer a tarefa. Ele abriu sua mochila para pegar os livros e encontrou algo inusual...

Era um envelope rosa brilhante. Era esse tipo de papel que todos chamavam “papel washi”? Havia várias flores de sakura prateadas impressas por todo o papel semitransparente.

Na parte da frente do envelope dava para ler a frase “Para Kitamura-kun”.

E na parte de trás vinha escrito “De Aisaka Taiga”. “Passei muito tempo fazendo isso, mas se for muita moléstia para você, pode somente rasgar o envelope!” Isso havia sido escrito com tinta azul claro.

Não parecia um convite de duelo, nem um memorando do comitê de classe e sem dúvida não era uma nota I.O.U.

“Po, poderia ser isso... uma carta de amor?”

Aquilo tinha sido bastante inesperado.

Sentindo curiosidade, Ryuuji olhou fixamente o envelope. Ele não estava com raiva nem nada do gênero. Só sentia pena.

Para dizer de forma clara, a Tigresa de Bolso havia colocado o envelope na mochila errada. Pensando que era a mochila de Kitamura, simplesmente pôs o envelope dentro. Isso também explicava o porquê dela ter tentado pegar a mochila mais cedo.

“... Bem, você pegou minha mochila por engano não é? Eu não li nada do que estava dentro, então não sei o conteúdo. Pode pegar de volta o envelope...”

Ryuuji começou a praticar como fingir ignorância quando fosse devolver a carta.

“Isso é simplesmente impossível.”

Não posso fazer isso. É muito difícil. Não posso simplesmente continuar dizendo que não sei nada! Mas não consigo pensar em nada melhor que uma desculpa. Não tem jeito. A única coisa que tenho que fazer é devolver o envelope para Aisaka como se não soubesse de nada. Mesmo que seja praticamente impossível, não tem outra forma de sair dessa. Com o objetivo de não envergonhar Aisaka, ferir seu orgulho e fazer com que ela se odeie, aquela era a única forma.

Ryuuji se esforçou para aceitar esse pensamento e se preparou para colocar o envelope novamente na mochila quando algo inesperado aconteceu...

“... Eh...”

Seu coração se deteve por um momento.

Com a finalidade de não amassar o envelope, ele estava segurando-o com a palma da mão, mas de repente ele se abriu por vontade própria. NÃO! Não se abra! Apesar de ter gritado com todo seu coração, o selo que fechava o envelope já estava bastante frouxo devido à pressão de seu próprio peso e aquilo fez Ryuuji deter a respiração por alguns instantes. E foi dessa forma. Um criminoso que egoistamente abre as cartas dos outros havia acabado de nascer.

“Não, não... NÃO! Mas não tem nada dentro! É isso ai! Irei fechá-lo novamente e ninguém vai perceber que foi aberto!”

É isso ai! Respondeu Inko-chan que estava na sala de estar. Ryuuji buscou rapidamente a cola em seu estojo e estava concentrado no serviço de voltar cuidadosamente o envelope a seu estado original quando...

“Ehhh...?”

Ryuuji estava tão surpreendido que parou o que estava fazendo.

Não havia nada dentro do largo envelope. Depois de vacilar por algum tempo, ele o abriu novamente, voltou a olhar dentro e teve certeza ao ver a luz que brilhava através do pacote semitransparente... Não tinha nada dentro.

“... Que... Mas que droga...?!”

Ryuuji deixou a carta cair sobre a mesa. O inferno? Sério, deixem já de brincar comigo! Isso não tem graça! “Aisaka Taiga, você é realmente uma idiota!”

Escondendo-se em um lugar aonde podiam vê-la, rodar para minha frente, colocar coisas na mochila errada, desperdiçar energia tentando recuperar a mochila, espirrar, desmaiar... Tudo isso só para recuperar um envelope que estava vazio... Existe um limite da quão estúpida uma pessoa pode ser! Depois de recuperar os sentidos, Ryuuji deixou a insensatez de fechar novamente o envelope vazio, já que aquele fato o tinha desanimado. Me pergunto se ainda posso fingir que não aconteceu nada quando eu devolvê-lo amanhã. Quando ela se der conta do quanto foi estúpida, espero não rir em voz alta, já que a Tigresa de Bolso pode acabar me comendo vivo.

Em qualquer caso, esse assunto havia acabado de ser resolvido.

Como essa noite incrível tinha se tornado complicada.

2am.

Ryuuji despertou de repente e abriu os olhos sonolentos.

Parecia que tinha sonhado com alguma coisa... Depois de olhar para o relógio, pôs a mão no estômago e se perguntou: ‘Serei capaz de voltar a dormir até o dia seguinte? Por que me despertei no meio da noite?’ Ryuuji não fazia nem ideia.

Podia ser devido à roupa que usava? Uma camiseta e um short curto? Ele tremia apesar de já serem meados de Abril... Talvez fosse por que a janela estava aberta? Devido ao luxuoso apartamento do outro, a segurança da casa tinha caído bastante. Mesmo que não houvesse algo que valesse a pena roubar, Ryuuji sempre fechava a janela antes de dormir. Depois de levantar-se da cama (que ele mesmo tinha comprado) com uma sensação incômoda, Ryuuji deu um pequeno bocejo. Havia sido um mal entendido? Seu coração estava palpitando... como se alguém estivesse observando-o... Ele sentiu uma estranha atmosfera que não conseguia distinguir.

“... Calma...”

Caminhando silenciosamente sobre o tatame, ele se perguntava se tinha ocorrido alguma coisa no lugar onde Yasuko trabalhava. Olhando para o visor do telefone não viu nenhuma chamada do bar. Talvez esteja me preocupando muito. Ryuuji suspirou. Já que me levantei, devo ir ao banheiro. Assim ele começou a andar descalço sobre o piso de madeira da cozinha e foi em direção ao banheiro.

Nesse momento,

“... WHOA!”

Sentiu o som de algo cortando rapidamente o ar perto de seu pescoço. Instintivamente ele tentou se virar. Um de seus pés estava sobre um jornal antigo que se encontrava no chão e aquilo fez com que ele tropeçasse caindo de costas. ‘Thud!’ Ryuuji havia caído sentado no chão, provocando uma dor que atravessou todo seu corpo até a cabeça fazendo com que perdesse o ar.

“...”

Devido a isso, não pôde soltar nem mesmo um grito.

Com um grande ruído, algo havia cortado o ar justo onde a cabeça de Ryuuji estava alguns segundos antes. Errando o alvo, seja o que fosse havia acertado o que estava do seu lado, causando um forte e assustador barulho.

“... Uuuuu...”

Na escuridão do apartamento de dois quartos e uma cozinha se encontrava uma sombra suspeitosa. Essa pessoa, mais uma vez, levantou o objeto que parecia um pedaço de pau e veio correndo até aonde Ryuuji se encontrava...

Ele estava sendo atacado!

Mas, por quê?! Isso era um sonho? Alguém me ajude!

Ryuuji rolou silenciosamente pelo solo. Deveria acender as luzes? Ou talvez chamar a polícia? Ou a síndica? Sua mente estava em branco. Ele não conseguia pensar no que fazer e seu corpo estava tão rígido que mal conseguia se esquivar dos ataques...

“UWAAA!”

Ele esteve a ponto de ser golpeado mais uma vez! A arma estava apontada diretamente para sua cabeça. Utilizando seus reflexos, Ryuuji levantou as mãos e tentou deter um dos golpes... “Ah... Eu, Eu... realmente consegui segurá-lo...”

Ele não conseguia acreditar que fosse capaz de parar o golpe, mesmo que fosse somente questão de sorte.

“... Ugh...”

Toradora vol01 067.jpg

Como ele havia pegado sua arma, o intruso tentou recuperá-la usando somente a força bruta. Ryuuji também usou toda a força sem vacilar. As duas forças lutaram silenciosamente entre si, e suas sombras pareciam se tornar uma na escuridão. Então, ele conseguiu identificar uma pequena figura, e o que parecia ser um longo cabelo... Não pode ser! Ryuuji parecia reconhecer a identidade do intruso. Na verdade, ele já sabia quem era desde o princípio.

Mordendo os lábios enquanto retrocedia, Ryuuji chegou a uma conclusão. Só pode ser! Quem mais além dela poderia ter causado essa confusão?!

Mas justamente quando ia verificar a identidade do intruso... Ahh! Não acredito que consegui! Seus braços tremiam e estavam a ponto de ceder. Inclusive sua coluna estava perto do limite. Vou morrer...

“... Eeh... Ahhhh...”

“Aaaa TCHIN!”

O equilíbrio se rompeu instantaneamente!

Com esse estranho ruído de espirro, aquela tensão insuportável desapareceu de repente. Cedendo a força de Ryuuji, o intruso foi empurrado para trás enquanto chorava suavemente. “Ah. Wah!”. Ela havia sido empurrada para trás e tinha caído na cama. Ryuuji rapidamente se colocou em pé e acendeu as luzes...

“Aisaka!”

“...”

“Use um lenço droga!”

Ryuuji jogou uma caixa de lenços até a Tigresa de Bolso, Aisaka Taiga, enquanto a mesma tentava assoar o nariz com o vestido que usava, como se não fosse nada.

* * *

Seu longo cabelo balançava com o vento que entrava pela janela. Ela estava usando um vestido solto de peça única que se dividia em várias camadas, unidas por sua vez através de vários laços. Essa roupa de boneca era definitivamente a mais apropriada para sua pequena figura...

"Dê-me esta espada de madeira..."

Ryuuji se lamentou por não ter pegado a arma de Aisaka Taiga quando teve a oportunidade...

Ele podia tê-la pegado quando acendeu as luzes, ou quando segurava Aisaka que estava sem forças. No fim, a confusão ainda não havia sido resolvida. Os olhos de Aisaka brilhavam como os de um tigre que rodeia sua presa. Começou a circular pelo quarto estreito. É claro que Ryuuji também começou a andar para manter a devida distância da garota. Mas isso não pode continuar assim para sempre. Enquanto ele pensava nisso...

"Aisaka... sei o que você está pensando. Você quer que eu devolva essa carta de... amor, não é? Aquela carta que você colocou sem querer na minha mochila."

"!!!"

Justo depois que Ryuuji havia reunido a coragem para falar, Aisaka, que ainda rodava pelo cômodo silenciosamente, deu a impressão de que ficava cada vez maior. Era sem dúvidas uma bomba prestes a explodir... e o contador estava ativado.

"Eu irei devolver! Por favor, fique tranquila! Eu não li o que estava escrito!"

"Você está pensando que eu o deixarei ir só por que me devolveu?!"

Ela falou em um tom profundo, como se estivesse a ponto de atacar.

"Não seja ridículo... Já que você conhece a existência dessa carta..."

‘Whooosh!’ Ela agitou elegantemente a espada de madeira sobre a cabeça de Ryuuji.

"PREPARE-SE PARA MORRER!"

"WHOAAA!"

Ela saltou na direção de Ryuuji com a espada mirando diretamente a cabeça. Como podia ser tão rápida? Momentos atrás estava no mínimo dois a metros de distância e agora se encontrava logo na frente de Ryuuji. Ela balançou novamente a espada e acertou a parede (Eu tinha acabado de trocar o papel de parede!). Ryuuji ia ser assassinado!

"Maldição!"

"Raios!"

Com lágrimas nos olhos, Ryuuji tentou escapar daquele cômodo enquanto gritava com todo o ar que possuía. "Que tipo de pessoa tenta matar seu próprio companheiro?!"

"Cale-se! Já que você sabe sobre essa carta, como espera que eu continue aparecendo em sua frente como se nada houvesse acontecido? Somente a morte pode me salvar de algo tão vergonhoso!"

Ela apontou a ponta da espada em direção à garganta de Ryuuji.

"Ei! Se a morte e a única escapatória, por que sou eu quem tem que morrer?!"

Ryuuji milagrosamente e instintivamente esquivou o ataque, mas a força de Aisaka era muito grande e a ponta da espada acabou atravessando o fusuma (eu tinha acabado de trocá-lo!). Sem nenhum sinal de hesitação, era possível ler em seus olhos. Irei te matar usando todas as minhas forças!

"Eu não quero morrer ainda, então irei matar você no meu lugar! Sinto muito por isso, somente morra logo! Se não for assim, me deixe pelo menos acertar sua cabeça e apagar sua memória!"

"Isso é impossível!"

"É claro que é possível, enquanto eu tiver isso..."

Ela olhou para a longa lâmina de madeira.

"Tudo que tenho que fazer é acertar sua cabeça com isso. Não vai ser o suficiente para te matar, mas vai fazê-lo esquecer de tudo!"

"Não pode simplesmente apagar minha memória da forma que achar melhor!"

Como ela podia pensar somente nela? Era inútil discutir. O senso comum, a ética, a consideração alheia, nada disso se aplicava àquela garota.

Ahhh! É por isso que eu não queria ter nenhuma relação com ela!

Em contraste a Ryuuji, que estava quase tossindo sangue, Aisaka estava ocupada causando estragos por todo o lugar. Tentando acertar Ryuuji que continuava fugindo, ela acertou a cesta que estava sobre o armário, deixou um buraco no fusuma e chutou a mesa de centro enquanto gritava, "Irei apagar minha carta de amor das suas recordações!"

Ela havia acabado de admitir que tinha escrito! Sua Tigresa de Bolso! Ninguém iria descobrir que era uma carta de amor se você não houvesse dito nada (já que podíamos fingir que eu não havia descoberto!). Ótimo! Agora ela tinha admitido abertamente e complicado mais as coisas. Não! Desde o momento em que eu acabei me relacionando com Aisaka, tudo havia sido um desastre, sem mencionar que...

"Você a viu não é? Você viu! Deve pensar que sou uma idiota... uma idiota... sniff, sniff, eu..."

"Ehhh!? Ei! Espera... por acaso... você está chorando?"

"Não! Não estou!"

Do seu rugido feroz, era possível identificar um suspiro reprimido. Os olhos que miravam Ryuuji estavam inchados e úmidos. Parecia que Aisaka realmente estava chorando. Deveria ser eu quem estava chorando... Seria ótimo se eu pudesse simplesmente chorar sem ter que me mover, mas essa era uma questão de vida ou morte...

Argh, maldição. O que estava acontecendo ali? Por que estou sendo atacado? Até parece que eu fiz algo ruim.

Ryuuji já tinha visto o suficiente, e decidiu deixar sua sorte nas mãos do destino. Ele esquivou mais alguns golpes e quando viu a oportunidade, segurou o pulso de Aisaka. Nesse momento, Ryuuji sentiu que as mãos dela eram tão pequenas, que podia facilmente quebrá-las.

"Me solta!"

Era hora de mostrar seu trunfo. Nesse ponto ele começou a respirar tranquilamente. Sinto muito vizinhos! Perdoe-me síndica! Sem pensar duas vezes ele gritou com todas as forças. "Não te deixarei ir! Me escuta Aisaka! Você cometeu um grande erro! O envelope que você colocou na..." "Me... deixa... ir..."

Ela tinha rodado o braço e Ryuuji com medo de machucá-la, soltou sua mão. Agora ela podia atacá-lo a curta distância! Os olhos de Aisaka brilhavam com intenções assassinas. Era melhor continuar antes que ela tentasse alguma coisa! "Estava vazio!"

O grito de Ryuuji tinha chegado a ela justo a tempo.

A espada de madeira se deteve logo acima do alvo, provavelmente a alguns milímetros do cabelo de Ryuuji. Depois daquilo, ocorreu um silêncio incômodo. Alguns segundos se passaram e ela finalmente pronunciou algumas palavras...

"Estava... vazio?"

Ela perguntou com a voz que parecia pertencer a uma garotinha pequena. Ryuuji concordou vigorosamente. "Sim... Estava vazio... foi por isso que eu te disse que não havia visto nada. Além disso, você teve sorte de não entregá-lo para o Kitamura. Tem ideia do quão perto você estava de se transformar em motivo de riso para ele?"

Os olhos chorosos de Aisaka se abriram completamente e ela deixou de se mexer. Aproveitando a oportunidade, Ryuuji rapidamente se arrastou para longe dela e entrou no quarto ao lado.

Suas mãos tremiam enquanto buscava freneticamente o envelope em sua mochila.

"Ai está! Você vê?"

Ryuuji colocou o envelope nas pequenas mãos de Aisaka. A espada de madeira bateu no chão fazendo um ruído surdo. Ela começou a tremer e abriu mais as pernas para conseguir se manter de pé. Levantando o envelope, o colocou sobre a luz somente para ver sua transparência.

"... Ah..."

Abriu ligeiramente os lábios.

"Ah, ah... Ahhhhh... Ahhh! UWAAAA!"

Com seu cabelo feito um desastre, Aisaka abriu o envelope e o sacudiu de cabeça para baixo. Depois de confirmar que não havia nada dentro, ela se virou em direção a Ryuuji e o observou com uma expressão triste.

"... como eu pude ser tão inútil..."

Depois de dizer isso, ela se sentou no solo. Seus olhos que estavam completamente abertos ao ponto de parecerem graciosos, e se fecharam lentamente. Seus lábios começaram a tremer enquanto ela parecia querer soluçar...

"Ai... Aisaka?"

Era melhor deixá-la descansar?

Sentando-se a sua frente, ele observou como seu pequeno corpo era completamente envolto no vestido de peça única. Quem teria imaginado que uma cena como aquela iria se passar naquela sala... O rosto de Aisaka estava pálido e ela lentamente parecia perder a consciência.

"Ei! Aisaka! Você está bem?"

Tudo aconteceu tão repentinamente. Ryuuji se levantou e segurou aquela boneca inconsciente nos seus braços e enquanto fazia isso...

‘Groun-Groun...’

"Aisaka... por acaso... isso foi seu estômago?"

* * *

Na casa dos Takasu, não importa a hora, sempre havia comida pronta.

O alho e as cebolas sempre estavam cortados de antemão. Basta adicionar um pouco de nabo, bacon e por fim ovos. Para garantir que nunca faltasse tempero, a cozinha sempre tinha diversas especiarias, como tempero para sopa de diversos sabores, dentre eles o de galinha – o preferido de Ryuuji.

Um pouco de óleo para um copo e meio de arroz. Juntando o nabo picado para dar um sabor melhor, o ovo para dar um pouco de cor e tudo o que faltava era colocar a cebola para dar tempero e o bacon para complementar. Depois de incluir mais algumas coisas, pimenta, sal e salsa, e o prato estava decorado e pronto para ser servido. Junto com a sopa, que era de preparo instantâneo (bastava adicionar água e tempero para sopa no macarrão), a comida estava pronta em menos de quinze minutos. Ainda havia sobrado tempo para limpar os prantos enquanto a comida era feita.

Mesmo que fossem três horas da manhã, não faltava nada na cozinha de Ryuuji.

“A... lho...”

Rosnados... Ryuuji podia ouvi-la falar e rosnar enquanto dormia. Eu devo acordá-la? Ele pensou por algum tempo.

“Ai... Aisaka... acorda! Se você gosta de alho, prova um pouco com azeite e tempero.”

Ryuuji suavemente sacudiu a pequena figura dormida sobre a cama.

“Frito... frito...”

“Sim! É o cheiro é de arroz frito!”

A baba estava começando a cair por seus lábios que a essa altura começaram a recobrar sua cor natural. Como ele tinha visto, não podia deixar daquela forma. Ryuuji não conseguiu deixar de limpar aquela pequena boca com um pedaço de pano.

“Levanta ou o arroz vai esfriar!”

As sobrancelhas de Aisaka tremeram um pouco. Para evitar tocá-la, Ryuuji puxou suavemente as costas dela para cima usando a gola do vestido. Ela tremeu um pouco enquanto se sentava sem a mínima vontade de levantar.

“... Ah... Eh?”

Parece que finalmente ela havia despertado. Com uma cara feia empurrou a mão de Ryuuji para longe. De forma suspeita, ela segurou a toalha molhada que estava em sua boca e mexeu o nariz dizendo:

“... O que é isso? Esse cheiro... é cheiro de alho...”

Seus olhos giravam descontrolados enquanto procuravam por todo o lugar.

“Não te falei que é arroz frito? Se apresse e coma. Isso vai levantar o nível de glicose em seu sangue! Se você continuar assim, vai acabar desmaiando novamente.”

Ryuuji indicou o prato de arroz que tinha posto sobre a mesa de centro. Os olhos de Aisaka brilharam por um momento mas...

“... O que você está tramando?”

Rapidamente colocou seus olhos retos e fez uma cara feia, olhando fixamente para Ryuuji, que agora estava usando suas roupas de correr.

“Por que eu estaria tramando algo? Suponho que a única coisa aqui que seria capaz de fazer você se levantar é o arroz frito não? Seu estômago estava grunhindo de forma bastante ruidosa sabia? Você teve os mesmo sintomas de anemia na escola também... Ei, não me diga que você nunca come nada!”

“Isso não é assunto seu! Me deixa em paz! ... Esse apartamento. Você vive sozinho aqui?”

“Bem, tem minha mãe, mas ela está trabalhando. Quando você quiser atacar alguém, ao menos investigue sobre quem você vai encontrar! Se fosse outra pessoa, já teriam chamado a polícia para você.”

“Cale-se... Você não fez nada estranho não é?”

Aisaka mirava seriamente enquanto cobria seu corpo com os braços. Seus olhos semicerrados examinavam Ryuuji. Você é a única estranha aqui! Ele se esforçava para não dizer aquelas palavras em voz alta.

“... Você é a pessoa menos qualificada para dizer tal coisa, já que foi você quem invadiu meu apartamento, me atacou, e ainda desmaiou de fome! Agora, se apresse e coma!”

Apesar de tudo aquilo, era somente três da madrugada. Eles não deviam incomodar os vizinhos.

“Eu não... mmmmmmmmmm!”

Ryuuji pegou uma grande colher de arroz e enfiou a força na boca de Aisaka quando ela se preparava para falar. Isso havia requisitado um pouco de coragem, mas Ryuuji já havia aceitado seu destino, então supôs que deveria enfrentar qualquer coisa que viesse agora. Por um curto período de tempo, ele se sentia um homem completo.

“O quê... o quê está fazendo?”

Aisaka empurrou a colher para fora da boca enquanto seus olhos brilhavam. Ela ao menos não cuspiu o arroz para fora. Sua cara pequena mastigava sem parar, e isso a fazia parecer um pequeno esquilo.

“Mmm... mmm... não... não pense que vai poder escapar fazendo isso...”

‘Glup’. Ela havia engolido todo o arroz.

“... Eu ainda não terminei com você!”

Ela agarrou a colher que Ryuuji havia lhe dado e continuou falando.

“Mais importante, como você sabia que estava vazio?”

Ela ajeitou o vestido enquanto se levantava lentamente.

“Deve ter aberto e olhado não é? Você é o pior! Curioso pervertido!”

Hmph! Ela ficou de costas para Ryuuji e sentou-se à mesa de centro.

“... não é bem assim! Eu... bem... descobri pela luz.”

Mesmo que isso não fosse inteiramente verdade, Ryuuji teve que se contentar em dar essa resposta. Ela não parecia escutar. Sentada, ela encheu a colher de arroz e lentamente levou até sua pequena boca.

Coma, coma, coma, coma, Taiga... Então ela finalmente enfiou a colher na boca. Ah... E soltou um suspiro de alívio entes de pegar outra colher. Enfrentando Aisaka, Ryuuji fez surgir o tema que o havia afligido durante todo o tempo que cozinhava.

“Oi, Aisaka, me escute. É que...”

Come... come... come... ruge...

“Sua carta... digo, o envelope, não precisa ficar envergonhada, mesmo que eu houvesse visto o que estava dentro.”

Come... come... come... come... come... Ruge!

“Eu acho…”

Morde… morde… morde… morde… morde… morde...!

“Ei! Me escuta!”

“Mais!”

“OK” Grande coisa que estou fazendo, Ryuuji falou para si mesmo enquanto pegava mais arroz e servia para Aisaka.

“Como disse... me escuta pelo menos!”

Não parecia estar escutando ainda. Não era isso que as pessoas chamavam de atenção dividida? Onde toda aquela comida ia parar em um corpo tão pequeno? Aisaka estava alheia a tudo que não fosse arroz frito, arroz frito e mais arroz frito... Era um festival pessoal de arroz frito.

Isso não está indo a nenhum lugar, e o arroz frito logo vai acabar. Ryuuji decidiu esperar e trazer a jaula de pássaro que se encontrava no canto da sala.

“Ei, Aisaka, vem aqui e olha isso... é delicioso!”

“Delicioso?”

Agora que ele tinha sua atenção... Whooosh! Ryuuji removeu o pano que cobria a jaula e mostrou seu conteúdo.

“WAH!!!”

“Bem? Você parece não gostar dele não é?”

Experimentos passados haviam comprovado que somente um terremoto de magnitude 4 ou mais poderiam despertar Inko-chan enquanto o mesmo dormia... Uma cara fechada, olhos brancos que giravam, um bico bem aberto e uma língua estranha para fora... A cara feia adormecida havia assumido seu estado usual e Aisaka deu um salto para trás.

“É horrível! Por que você me mostrou algo como isso?!”

Aparentemente ela finalmente estava prestando atenção no que ele falava.

“... sinto muito por isso, Inko-chan, pode voltar a dormir... de qualquer forma, Aisaka!”

Depois de cobrir Inko-chan com o pano, Ryuuji se sentou diretamente ao lado de Aisaka, que por fim havia recobrado os sentidos. O que você quer?! Disseram seus olhos enquanto olhava Ryuuji. Ela pegou a vasilha nos braços e se continuou com o festival de arroz frito.

“Simplesmente come e escuta. O que estou tentando dizer é... não tem motivo para você estar envergonhada. Somos estudantes do segundo ano e é natural para pessoas como nós, que tenhamos interesse no sexo oposto. Então não tem nada de mal escrever uma carta de amor. Não são todos os casais que tem de fazer essas coisas chatas para chegarem a ficar juntos?”

“...”

Ela mastigava enquanto cobria a cara com um pano. Parecia envergonhada.

“Mas por outro lado, quem foi que colocou a carta na mochila errada?... Sem mencionar o fato de não colocar a carta no envelope.” Assim que Ryuuji tinha acabado.

“É tudo culpa sua!”

Aisaka de repente golpeou a mesa com o punho. Ela olhou para cima e apontou a colher para Ryuuji.

“... até agora foi só você quem falou. Me deixa esclarecer um pouco as coisas. Eu ainda estava decidindo sobre colocar ou não a carta na bolsa quando você apareceu. Eu entrei em pânico e quis esconder a carta, colocando ela ali por acidente... Nunca imaginei que seria sua bolsa...”

“Ei, Aisaka... tem um pouco de arroz grudado na sua bochecha.”

“Você... é enjoado.”

“Ugh...”

Seus olhos brilhavam terrorificamente como uma faca. Sob um olhar como aquele, Ryuuji calou e deixou que ela falasse.

Ela parecia estar completamente recarregada e de estômago cheio. ‘Hmph’. Ela fixou Ryuuji com os olhos mortais. A Tigresa de Bolso, agora completamente satisfeita, deu um grunhido baixo e selvagem.

“Takasu Ryuuji... isso não teria acontecido se você tivesse me dado obedientemente sua bolsa... Agora... Como eu deveria te castigar? Como devo remover suas memórias? Depois de fazer algo tão vergonhoso, como espera que eu continue vivendo?”

Estamos conversando em círculos. Ryuuji passou a mão na cabeça por um momento e então...

“Não te falei que não há do que ter vergonha?! Olha, espera aqui e não se mexa!” Ryuuji decidiu acabar com aquilo naquele exato momento. Saindo da sala, ele entrou no quarto e voltou carregando um montão de coisas. Colocou tudo diante da Aisaka. Havia muitos cadernos, várias notas em papel, CDs, livros de desenho, um tocador de MP3 usado e mais. Como chegou nesse ponto, ele ia mostrar tudo. Tudo. “O que é isto?” “Simplesmente dê uma olhada. Sinta-se livre de mexer em qualquer coisa.”

‘Tch!’ Aisaka irritada pegou um caderno que estava mais próximo a ela e abriu. Seus dedos então pararam de se mexer, enquanto ela revezava seu olhar entre o caderno e Ryuuji. “Sério, o que é isto? O que está fazendo?”

“É um catálogo. Provavelmente você nunca viu um. É uma lista de canções que eu juntei para uma garota que gostava. Posso dizer as músicas que ela gosta segundo as diferentes estações do ano, todas de cor e também fiz gravações em MD.”

“E isto é...” Ryuuji pegou o tocador de MD e enfiou os fones de ouvido nas orelhas hesitantes de Aisaka. Da música suave que saia dos fones, Ryuuji pode distinguir que era a primeira música do MD de verão.

“Este é um poema que eu escrevi. Nessa altura estava pensando: Que presente de natal deveria dar para ela quando formos um casal? Enquanto escrevia me perguntei: Qual perfume seria bom o bastante? É claro que tinha que ser ‘Eau de Toilette’! Eu tenho todos os melhores perfumes em uma lista classificados por preço e época de uso... O que acha? Antes, esse era o tipo de coisa que eu fazia.”

“É ridículo!”

Aisaka puxou o fone de ouvido da orelha e o jogou de volta para Ryuuji como se fosse algo sujo. Mesmo que tenha sido surpreendido pelos fones, Ryuuji não mudou de assunto. “Se é ridículo, então que seja. Mas o motivo para eu estar te falando isso é porque não tenho vergonha do assunto! O que tem de errado em gostar de uma garota?! Admito que perdi todas as esperanças por não ter coragem de confessar meus sentimentos e acabei somente com minhas fantasias, porém ainda assim, não vejo motivo para ficar com vergonha!” Bem, talvez eu estivesse sim com um pouco de vergonha, mas... Justo nesse momento, Ryuuji perdeu o equilíbrio ao girar o corpo muito rápido e a coisa que ele não queria mostrar para Aisaka caiu bem em seus pés.

“Ah! Não, isso...”

“... O que é isto? Um envelope?”

Ele tentou desesperadamente pegar o envelope, mas estava um passo atrás das pequenas mãos de Aisaka que agora deslizava habilmente pelo chão.

“De Takasu Ryuuji... para Kushieda Minori-san... Kushieda Minori-san???!!!”

“É, isto é... não, eu, espera, eu não...”

“Uma carta de amor?! E... para Minorin?! Você?! Isto também era para ela? Todas estas coisas?”

Não havia como negar. Todas aquelas cartas de amor tinham sido escritas somente para fazê-lo se sentir melhor e nunca haviam sido devidamente entregues. Agora todas elas estavam embaixo da luz brilhante que iluminava a sala.

“Uwaaa... você? Gosta da Minorim... Eh?! É brincadeira não? Você deve estar com um pouco de vergonha agora...”

“Você não é nada melhor, não é? O que tem esse ‘eh’? Você também não gosta do meu amigo, Kitamura...!”

“... Cal... cale-se! Não te mandei esquecer isso?... e em vez de ficar aqui nervoso, se apresse e vá se confessar agora!”

“Eu poderia dizer o mesmo para você!”

“Quer sacar sua espada de madeira? Ou quer simplesmente desistir de tudo?!” “Você quer arrumar briga!?” Depois de discutir entre si por um tempo...

“AH!”

Ryuuji repentinamente se deu conta de que com toda a confusão, o céu fora da janela havia começado a ficar azul claro. O sol estava para se levantar.

“Maldição! Já são quatro horas da manhã!”

Já estava quase na hora de Yasuko voltar do trabalho. As coisas vão ficar problemáticas se ela encontrar Aisaka aqui. Yasuko provavelmente faria um monte de perguntas, e, além disso, não quero que ninguém veja a cara de Yasuko chegando em casa e se queixando, “Ryuu-chan, é a Ya-chan... Estou com sede, mmmm” e tudo o mais.

Para piorar tudo, a síndica do apartamento também iria se levantar logo a espera do correio. A primeira coisa que ela vai fazer é vim se queixar do ruído... Ela provavelmente já estava levantando naquela hora... Ryuuji empalideceu pela possibilidade. Se a síndica nos expulsar agora, não teremos dinheiro para procurar outro lugar para viver. Todas as economias haviam sido usadas no mês passado (egoistamente por Yasuko) para comprar uma TV nova de tela que nem cabia no apartamento.

“De todos os modos, não quero que ninguém saiba disso, e não vejo você como uma idiota Aisaka, então vamos por um fim nessa briga OK?”

“... não posso fazer isso.”

“Por quê? Ao menos por enquanto, simplesmente suma daqui... quero dizer, por favor, volte para sua casa agora! Minha mãe está doente e está para chegar em casa...”

De certa forma, ela realmente estava doente, então não era uma mentira de verdade...

“Não! Não confio em você, além disso... além disso...”

Como uma garotinha, Aisaka se ajoelhou no meio da sala enquanto olhava os próprios pés. Ela estava fazendo círculos no tatame com o dedo.

“... Um, esta... carta de amor, o que eu devo fazer...? Não sinto que deva entregá-la de qualquer forma...”

Maravilhoso! Aisaka escolheu justamente agora para me pedir conselhos amorosos! “AHHHH!” Ryuuji se despenteou enquanto respondia.

“Eu te ajudarei um outro dia! Por favor, agora basta você voltar para sua casa... eu te imploro!”

“... tem certeza que vai me ajudar então?”

“Sim! Definitivamente! Vou te ajudar em qualquer coisa que você queira, e irei te ouvir sempre que você quiser conversar, eu juro!”

“... vai me ouvir, não importa o que aconteça?”

“Sim, não importa o quê!”

“... vai me ajudar como um cachorro? E vai fazer tudo que eu pedir como meu cachorro?”

“Sim, sim! Trabalharei duro como um cachorro, eu juro! Seja como um cachorro ou como qualquer outra coisa, eu irei te ajudar!... Então, terminamos por hoje não é? OK?”

“OK... então estou voltando para casa.”

Finalmente ela parecia ter aceitado. Aisaka pegou sua espada de madeira e se levantou. Olhou para janela, aonde havia um par de sapatos pequenos jogados na base. Então ela realmente tinha entrado pela janela... Aisaka dirigiu seu olhar para Ryuuji, que estava murmurando algo de forma inaudível, recolheu os sapatos e caminhou em direção à porta da frente. De repente ela se virou,

“Ei!”

O que será agora?! Ryuuji se preparou defensivamente, mas...

“Tem... mais arroz frito?”

“O que? Ah, não... você comeu tudo.”

“Tudo? Então está bem.”

“Você ainda não está cheia? Eram quatro porções de arroz. Você realmente estava com fome não é?”

Ele não recebeu nenhuma resposta. Aisaka virou as costas para Ryuuji e calçou um sapato.

“... a fusuma...”

Ela disse suavemente e se virou sem aviso prévio.

“Caramba, Aisaka. Você gosta de conversar.”

“Tem um buraco na fusuma... Vai ser caro consertar?”

Ela perguntou enquanto olhava para cima, mirando Ryuuji. Seus olhos grandes se abriram e fecharam duas ou três vezes antes dele responder. Ele sentia o coração batendo como louco. Não era por que estava com medo, mas por que se sentia confuso. Essa provavelmente era a primeira vez que olhava para Aisaka e ela não parecia com raiva.

“Whaa... um... eu posso reparar sem ajuda. Não vai sustar nada. O buraco não é grande, então vai estar bem se eu só colar um pouco de Washi de boa qualidade por cima. Apesar de que, só é possível conseguir Washi de qualidade média por esses lados da cidade.”

“Hmm...”

Não pude adivinhar o que ela estava pensando com essa cara sem expressão.

“Washi... Se for possível, você pode usar isso!”

Aisaka estendeu algo. Ela queria que eu usasse isso?... Ryuuji parecia confuso pelo objeto que ela estava o entregando. Como eu usaria aquilo? Ela estava pedindo que eu repare a fusuma usando o envelope sem carta de amor...

“Se você conseguir, então pode usar! Se precisar comprar alguma coisa, então eu pago.”

“Ah... er... um!”

Sem dizer mais nenhuma palavra, Aisaka começou a amarrar o calçado com cara feia. Olhando as costas dela, Ryuuji simplesmente disse...

“... Ei, espera um pouco!”

Ele simplesmente havia sentido necessidade de falar com ela,

“O que foi agora?!”

“... faz algum tempo que você não come?”

“Por que se importa? Não é como se eu não comesse... É que eu me cansei de comer coisas das lojas de conveniência... não consigo nem colocar aquela comida na boca mais...” “Loja de conveniência? Comida enlatada? Isso não é ruim para sua saúde?”

“Tinha um restaurante em frente a estação, mas ele fechou mês passado, então só comia enlatados. A comida do supermercado... como eu posso dizer... eu não sei comprar no supermercado...”

“Não sabe comprar? Basta escolher o que você quer e colocar na caixa transparente. Leva no caixa para que eles cobrem e pronto... Onde estão seus pais?”

Depois de amarrar os sapatos, Aisaka parou de se mexer. Ryuuji a viu sacudir a cabeça de um modo confuso. Meu Deus! Cada família tinha seu segredo, especialmente a família enigmática (ou assim parecia) de Aisaka. Mesmo que algo inimaginável tivesse acontecido dentro dessa família, ele não teria se surpreendido. Minha herança familiar também era bastante complicada... Como eu podia ter feito uma pergunta tão desconsiderada? Não havia pensado antes de perguntar. Se sentindo envergonhado, Ryuuji ficou calado e simplesmente ficou parado enquanto a pequena figura de cabelos longos abriu a porta e saiu.

“Ah, espera! Deixa-me te acompanhar até sua casa! É um pouco perigoso caminhar sozinha a essa hora da noite...”

“Relaxa, eu moro aqui perto... Também tenho minha espada de madeira.”

“Não... Isso não torna as coisas ainda mais perigosas?”

“É realmente perto! Até mais Ryuuji, te vejo amanhã.”

Ela se virou e saiu correndo. Ryuuji rapidamente colocou seus sapatos e sem passar a chave na porta, a seguiu. Assim que virou a esquina, procurou sinais de Aisaka, mas ela não estava visível em nenhum lugar... Era realmente rápida com aquelas pernas curtas...

“No fim acabei deixando-a voltar sozinha. Mas...”


Ela não tinha me chamado pelo meu primeiro nome? Ryuuji olhou com a cara franzida na direção que Aisaka havia desaparecido... Não estava com raiva, somente um pouco confuso.

Antes do sol se levantar, pouco antes de Yasuko voltar para casa, Ryuuji já tinha limpado toda a confusão. Ele havia adquirido muita experiência para aquilo graças a seu hábito de manter as coisas limpas e arrumadas.

Desse dia em diante, sobre a fusuma da casa dos Takasu, estava fixado um pequeno desenho de pétalas Sakura cor rosa claro.


Voltar para Capitulo 1 Retornar para Toradora! Ir para Capitulo 3