Toaru Majutsu no Index:Volume3 Capítulo2

From Baka-Tsuki
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Radio Noise. Nível 2 (Modelo de Produção)[edit]

PARTE 1[edit]

No dia seguinte também houve aulas de verão.

Parecia triste, assistir a um aluno sentado no meio de uma sala de aula ao entardecer. Primeiro, Kamijou pensou: “Vamos lá, isso por acaso é uma escola de uma cidade fantasma?” Mas após se passar de três a quatro dias, e depois, mais cinco ou seis dias, o brilho de sua alma havia desaparecido, e só deixou a professora sentir-se enjoada dele.

Mas as aulas de verão acabariam em mais dois dias, incluindo hoje. Kamijou poderia ter sentido a esperança de que “As férias de verão finalmente começariam no dia 22 de agosto!?”, mas ele estava feliz por estar terminando sua aula novamente.

Kamijou olhou para a mesa da professora, a sua frente.

Lá estava uma professora que parecia ter 12 anos de idade, com uma altura de 135 centímetros, Tsukuyomi Komoe, mostrando apenas o rosto. Ea estava falando com o seu papel colocado sobre a mesa, mas Kamijou perguntou o porquê de ela o ter colocado sobre a mesa. Teria sido mais fácil de ler se estivesse em suas próprias mãos.

“Assim, para os cartões de experimento ESP, o material do cartão mudará de resina de vinil para resina ABS, uma condição necessária reinstituída pela América em 1992. Este é um truque em que as impressões digitais no cartão tornam possível descobrir o que o entortou e... Ei! Kamijou-chan, você está me ouvindo?”

“...Sim, Komoe-sensei. Eu estou ouvindo, mas o que isso tem a ver com poderes?”

Kamijou era um Nível 0. Pela verificação de uma máquina sem igual, ele foi informado de que, não importa o quanto de esforço ele venha a colocar, ele não seria capaz de entortar uma única colher, mas não fazia sentido ele ser ensinado sobre isso, pois ele era o ‘mais fraco’. Parecia que Komoe-sensei sabia sobre isso, pois ela disse.

“Você não pode desistir só porque você não tem nenhum poder. Se você desistir, as coisas que você pode conseguir não serão alcançadas. Assim, aprendendo o básico sobre os poderes, eu acho que você pode encontrar uma maneira de conseguir sua própria habilidade.”

“Sensei.”

“Sim?”

“...Bem, você parece estar trabalhando muito duro, mas as coisas que não podem ser alcançadas não serão alcançadas.”

“Kamijou-chan! Eu não posso dizer que o esforça será sempre o caminho do sucesso, mas as pessoas que nunca tentaram nunca tiveram sucesso! Até mesmo a terceira mais forte, Misaka Mikoto do Colégio Tokiwadai, já foi uma Nível 1, mas ela trabalhou duro por todo caminho até se tornar uma Nível 5! Então, Kamijou-chan deve trabalhar duro, também!”

“...Nível 5? Ela? Ela é do tipo de garota que chuta máquinas de vendas!”

“? Kamijou-chan, você a conhece?”

“Na verdade não. Bem, voltando ao assunto, se vendo algum programa de TV e alguém disser: ‘Olha aquele colegial, ele tem a mesma idade que você, mas veja como ele é ativo! Comparado a isso, olhe para você mesmo, você não acha que não vale nada?’. Bem, eu não sou o tipo de pessoa que ficaria motivado com esse tipo de discursos! Arrrgghhhhhhh...”

“Não faça ‘Arrrggghhhhh’ para mim! Isso me incomoda!”

“Tudo bem? Então, por que você parece tão feliz quando está sendo perturbada?”

“Oh, um... Bem, isso é porque... Hm... É porque... Eu... gosto de... você...?”

“Buowahh!”

“... Gosto de ensinar a você.”

Legenda

“...Oh. Ok, ensinar. Ah, isso me assustou... Oh, espere! Vamos lá! Eu tinha acabado de fazer a conversa seguir um caminho diferente, e em seguida, ela imediatamente volta ao caminho original novamente!”

“Ahaha. Você tem que crescer pelo menos 100 anos antes de querer lutar comigo com argumentos. Agora, Kamijou-chan, abra seu livro na página 82 e leia sobre o poder de proteção da mente contra a psicometria usada em investigações criminais.”

Assim, o tempo das aulas de verão foi-se passando.


PARTE 2[edit]

E assim, as aulas de verão do dia terminaram.

Eram 18:40. Kamijou tinha perdido o último trem, que saia no horário em que todos os alunos deveriam deixar a escola, por isso ele foi vagarosamente caminhando pela rua comercial. A fim de evitar que os alunos passem a noite toda fora, os últimos trens e ônibus na Gakuen Toshi saiam todos às 18:30. A ideia era que as pessoas não iriam sair tarde da noite, se o sistema de transportes fosse interrompido. Não tenho certeza se eu deveria estar feliz por ter acabado mais um dia, ou se me queixo por ainda faltar mais um dia. De qualquer forma, esse é um caminho longo. Droga. Uma vez que tudo acabar, eu irei para praia!

Kamijou pensou enquanto voltava para casa naquela noite.

Não parecia que o vento estava soprando, mas as hélices das turbinas eólicas estavam definitivamente girando.

“Mh?”

Kamijou viu um olhar familiar em meio à uma multidão. Ele pertencia a uma menina de cabelos castanhos vestida com o uniforme de verão do Colégio Tokiwadai. Era Misaka Mikoto.

Kamijou não tinha nenhuma razão real para evitá-la, então ele correu um pouco para alcançá-la.

“Hey! Você está voltando para casa de suas aulas de verão, também?”

“Ahn?” Foi a resposta nada feminina de Mikoto. “Oh, é você. Estou muito cansada e quero preservar a força que me resta, por isso não me faça ‘biribirir’[1] você.”

“Não, realmente. Nós só nos encontramos no mesmo caminho, então eu pensei que poderíamos caminhar juntos.”

“Oh?” Os olhos de Mikoto estreitaram um pouco. “Você ‘pensou’ que poderia andar com uma ojou de Tokiwadai? Heh. Você tem alguma ideia de quanto esforço alguns caras colocam para poder tomar esta posição?”

“...É muito ruim estar se referindo a si mesma como uma ‘ojou de Tokiwadai’.”

“Eu estava brincando, seu idiota.” Mikoto mostrou um pouco da língua. “O que você aprende na escola é mais importante do que qual a escola que você frequenta, de qualquer maneira. Tenho certeza que você tem idade suficiente para saber disso.”

“Hmm. Bem, todo mundo tem seu próprio campo de especialização. De todo modo, sua imouto não está com você? Eu queria agradecê-la por me ajudar ontem.”

As sombrancelhas de Mikoto se contraíram ligeiramente.

Foi apenas alguns milímetros, mas esses poucos milímetros pareciam estranhos para Kamijou.

“Minha imouto...? Vocês se encontraram depois?”

“Sim...”

Merda.

Kamijou lembrou que Mikoto tinha agarrado a mão de Misaka-imouto e forçosamente a puxado para longe dele. Ele deveria ter mantido em segredo que haviam se encontrado depois?

Mikoto estreitou os olhos ligeiramente.

“Você está interessado na minha imouto?”

“Não é isso. Eu só queria agradecer pela ajuda que ela me deu ontem...”

“Então você escolhe a imouto, apesar de sermos visualmente indênticas? Ou você não pode escolher e quer a ambas?”

“Eu disse que não é isso! De onde diabos você conseguiu tirar isso!?”

Kamijou e Mikoto caminharam ao longo de uma rua principal, continuando as argumentações.

Muitas turbinas eólicas diferentes existiam ao longo da rua. Kamijou olhou para as hélices giratórias e então notou outro dirigível no céu da noite. A tela de exibição na lateral estava exibindo as notícias do dia. Aparentemente, três centros de pesquisas relacionadas à distrofia muscular haviam sido evacuados ao longo das últimas duas semanas, e não havia preocupação com a onde de frio que atingia a cidade inteira.

A conversa parou porque a atenção de Kamijou foi desviada para o dirigível. Um dirigível pode parecer antiquado, mas é utilizada energia solar para aquecer o dióxido de carbono, com um aquecedor para o elevar e para girar o motor de impulsão, por isso era uma embarcação ecológica que não precisava de combustível.

Por causa do esforço que deve ter tido para o desenvolvimento da coisa, Kamijou se perguntou se a oferta mundial de petróleo estava para acabar. O conceito particularmente não o incomodava.

“Eu odeio esses dirigíveis.” Mikoto murmurou.

“Ahn? Por quê?” Kamijou perguntou enquanto ele olhava para trás em direção ao dirigível. Ele tinha certeza que ele tinha ouvido falar que os dirigíveis foram enviados porque o Conselho de Diretores da Gakuen Toshi disseram que os alunos deveriam ser mais conscientes sobre os acontecimentos atuais.

“...Porque as pessoas estão seguindo os cálculos de uma máquina.” Mikoto disse silenciosamente, em resposta, como se estivesse cuspindo algo que a incomodava muito.

Kamijou voltou seu olhar para Mikoto. Não havia nada de estranho em seu rosto. Não havia nada de estraho em nada. Era como se uma máscara de argila em ruínas fosse refeita, enquanto ele não estava olhando.

“O que há com você? Como é chamada aquela coisa? Um... Tree Diagram, certo? Hah, você é do tipo de pessoa que não aguenta quando uma máquina vence um humano no xadrez?”

Simplificando, Tree Diagram era o mais inteligente supercomputador do mundo. Foi o último simulador criado sob o pretexto de ser um perfeito previsor do tempo.

A previsão do tempo pode até soar familiar, mas é um campo onde as coisas só podiam ser estimadas. Elas não poderiam ser tratadas como fatos. Isso porque os movimentos de cada uma das partículas que criam o ‘clima’ são incrivelmente complexas e entrelaçadas pelo efeito borboleta e a teoria do caos. Poderia-se, por exemplo, dizer que haveria uma chance de 80% de chuver no dia seguinte, mas não se podia especificar o horário exato em que começaria. Isso começava a entrar no reino da Mecânica Quântica.

No entanto, o Tree Diagram tinha transformado a previsão do tempo em determinação do tempo.

Não era nada de complicado. Basicamente, se ele pudesse prever perfeitamente a movimentação de cada uma das partículas no ar ao redor do mundo, só existiria uma única resposta possível.

O Tree Diagram tinha especificações suficientemente ridículas para fazer isso, mas algumas pessoas teorizavam que a sua utilização para determinação do tempo era apenas uma fachada e que ele realmente tinha algum outro uso.

Aliás, houve um aspecto irregular nas previsões do Tree Diagram.

Ele calculou a previsão do tempo para um mês inteiro de uma única vez.

Não havia nenhum problema com isso, porque ainda era preciso, mas ainda parecia um esforço desnecessário. Afinal de contas, calcular o tempo do mês é menos provável que do dia seguinte. Se o objetivo era ter previsões meteorológicas precisas, seria muito mais eficiente refazer os cálculos diariamente.

No entanto, o Tree Diagram utilizava o método mais difícil.

Dizia-se que o tempo restante era utilizado para simulações de pesquisas.

Reações médicas, reações fisiológicas, reações elétricas e todos os tipos de outras coisas que poderiam ser calculados pelo Tree Diagram, e um par de testes que poderiam confirmar a resposta dada. Ser capaz de criar uma nova droga assim quase parecia loucura. De acordo com o rumor, havia pesquisadores que não sabiam nem utilizar tubos de ensaio e não gostavam de tocar ratos de laboratório.

Um supercomputador com tanto poder tinha muitos inimigos. Supremacias humanas que odiavam máquinas poderiam tentar explodí-lo em um ataque terrorista a qualquer momento. Qualquer um que odiasse as pessoas poderia tentar esgueirar-se para o setor de armazenamento, para roubar a tecnologia do Tree Diagram.

A fim de protegê-lo de inimigos, o Tree Diagram estava atualmente guardado em um lugar onde as mãos humanas não poderiam alcança-lo.

Basicamente, o satélite lançado pela Gakuen Toshi era o Tree Diagram.

O fato de a Gakuen Toshi poder usar um tipo de tecnologia próprio para foguetes que normalmente apenas agências nacionais possuíam mostrava o quanto a Gakuen Toshi influenciou o mundo.

Bem, o fato de eles permitirem também mostra o quão importante isso era.

Kamijou olhou fixamente para o céu noturno. O Tree Diagram estava em órbita fora da atmosfera, então assim, era possível que continuasse calculando, mesmo se o mundo acabasse.

“É um cérebro de aço assistindo de cima a humanidade, mas não pode interferir em qualquer coisa. Isso não é um filme barato. É mais como um Caixa eletrônico. Ele opera de acordo com os botões que são pressionados.”

Não importava o quão poderoso este supercomputador fosse, o Tree Diagram só poderia operar com base nos comandos que as pessoas lhe dessem. Era o mesmo com caixas eletrônicos que arruinavam a vida das pessoas por não funcionarem corretamente. Isso ocorreu porque eles não estavam sendo usados corretamente.

“...”

Mikoto não respondeu e olhou para o céu noturno novamente. Kamijou não poderia dizer se ela estrava olhando para o dirigível ou se o seu olhar estava mais distante que isso.

“Tree Diagram... o mais poderoso supercomputador do mundo, que foi lançado a bordo de um satélite da Gakuen Toshi, Orihime I, a fim de analisar os dados meteorológicos. Foi determinado que ninguém mais vai pegá-lo até o completar 25 anos.” Mikoto murmurou quase em voz baixa, como se estivesse lendo um panfleto da Gakuen Toshi. “Eles dizem isso, mas um simulador ridicularmente absoluto assim realmente existe?”

“Huh?”

Kamijou olhou para trás em direção ao rosto de Mikoto, mas...

“Brincadeira! Ah, eu acho que comecei a poetizar ou algo assim. Ah ha ha ha!”

Mikoto repentinamente beliscou Kamijou, sem nenhuma razão.

De pé diante dele estava a realmente animada, língua-afiada, e egoísta Misaka Mikoto.

“Ai! Que diabos foi isso!?”

“Você realmente não tem sonhos, não é? Não tem como um drama entre uma amizade de um supercomputador de alto nível e um humano acabar em algum romance , certo?”

“Ouça, droga...”

“Ou o que me diz de uma batalha de robôs?”

“Eu disse para ouvir! E não há nenhum romance ou drama nesse estilo! E você realmente é uma ‘Ojou’? Eu pensei que uma ‘Ojou’ leria romances com uma xícara de chá na mão!”

“Hahn? Pare com isso, por favor. Que idade possui um ídolo com essa imagem? Eu sou humana também, então eu leio mangás na loja de conveniências toda segunda e quarta.”

“Compre-os! Isso é apenas ser um incômodo!”

“Bem, eu tenho que ir por esse caminho.” Mikoto disse ignorando o grito de Kamijou.

O espírito de Mikoto foi mudando de instante em instante, à medida que ela virava à esquerda. Kamijou inexpressivamente a observou ir com um olhar confuso em seu rosto.

“...Eu não entendo ela. É isso que você chama de ‘puberdade’? Ou será que ela apenas me odeia?”


PARTE 3[edit]

Mas, neste caso, essa cena diante dele não poderia fazer sentido.

...Aquela é Mikoto, não é? O que ela está fazendo?

Depois de descer a estrada um pouco mais de onde se separou de Mikoto, viu Mikoto agachada ao lado da estrada. Ela estava ao lado de uma caixa de papelão sentada na base de uma turbina eólica. Assim, enquanto o cérebro de Kamijou enviava sinais de alerta para a cena familiar, ele viu um gato preto se mostrar acima da caixa de papelão.

Mikoto estava tentando alimentar o gato, levando para perto dele um pão doce, mas o gato assustado pressionava suas orelhas para trás da cabeça e se enrolava como se alguém estivesse o ameaçando.

?? Será que ela me odeia tanto que ela propositalmente desceu aquela outra rua apenas para fugir de mim? Mas, então, por que ela ficaria na minha frente agora? Por que ela veio aqui antes de mim?

A cabeça de Kamijou estava cheia de perguntas, mas, em seguida, ele notou algo. Aos pés de Mikoto havia um par de óculos de visão noturna. Essa não era Mikoto. Essa era a Misaka-imouto, que se parecia com ela.

“...Sem os óculos, você não pode realmente distinguí-las.” Kamijou murmurou.

Misaka-imouto de repente parou de se mover enquanto olhava sem emoção para o gato preto. Sem dizer uma palavra, ela virou a cabeça como se fosse um farol e olhou para Kamijou.

“Hey. Obrigado por me ajudar com os sucos e as pulgas ontem.”

“...Misaka não fez isso para ser agradecida, Misaka responde.”

Um pouco de aborrecimento surgiu enquanto Misaka-imouto colocava os óculos de visão noturna de volta em sua testa. Ela também levantou a mão que segurava o pão doce.

“Misaka só tirou os óculos, porque ela tinha ouvido falar que os gatos odeiam coisas como lentes brilhantes, Misaka explica. Ela deveria pedir desculpas por fazer você confundí-la com a Onee-sama?”

Enquanto ela falava, por algum motivo sem expressão, Misaka-imouto escondeu o pão doce atrás das costas.

Apesar de ter se assustado antes, o gato preto estava miando insatisfeito.

Kamijou olhou intrigado.

“Se eu precisasse de um pedido de desculpas por algo assim, eu acho que eu ia acabar pedindo para todos um pedido de desculpas.” Kamijou suspirou. “Mas, se o gato odeia lentes, por que você as colocou de volta? Você quer manter um senso de individualidade? ” Era difícil dizer por causa da sua falta de expressão e a calma com que ela agia, mas por alguma razão Kamijou sentiu como se ela tivesse freneticamente colocado os óculos de volta por saber que tinha alguém observando.

“...Não, não realmente, Misaka responde.”

Ela respondeu imediatamente, mas suas palavras eram de algum modo, vagas.

Kamijou parecia confuso mais uma vez. Era verdade que tirando os óculos para não assustar o gato e, segurar um pão doce para que ele se alimentasse pareciam coisas fora do personagem inexpressivo e sem emoção da Misaka-imouto, mas não havia nenhuma razão real para escondê-lo.

“Depois, é só dar o pão para o gato. Ele gosta disso, certo?”

“Não... Não é isso.” Misaka-imouto congelou. “De todo modo, é impossível para Misaka alimentar este gato, Misaka conclui. Misaka tem um defeito fatal, Misaka diz em uma explicação adicional.”

“Um defeito? Não diga isso assim.”

“Não, é o termo apropriado. O corpo de Misaka está constantemente formando um campo magnético fraco, Misaka explica. O corpo humano não pode detectá-lo, mas outros animais parecem percebê-lo.”

“??”

“Diz-se que os movimentos estranhos dos animais que atuam como presságios de um terremoto são as reações dos animais às mudanças no campo magnético da Terra causados por alterações na crosta terrestre, Misaka diz dando um exemplo fácil de entender.”

“...Hm. Os animais não gostam disso e fojem, certo? O mesmo acontece com o seu campo magnético que faz com que os animais te odeiem, Misaka-imouto?”

Misaka-imouto parecia ligeiramente irritada.

“Eles não odeiam Misaka. Eles simplesmente têm uma ligeira antipatia dela, Misaka corrige.”

“...”

Kamijou sentia-se um pouco triste por ela, então decidiu não brincar mais. Animais não gostavam da Misaka-imouto apenas por causa do campo magnético emitido pelo seu corpo, e ela olhara para o gato assustado com olhos inexpressivos. Kamijou se sentiu mal por interromper ela, então decidiu sair.

“Espere, Misaka diz solicitando que você pare.”

“Oh! Você percebeu a minha presença!”

“Ouça. Há um gato preto aqui, Misaka diz enquanto aponta para caixa de papelão. Como você pode ir sem dar nada para este gato faminto? Misaka pergunta.”

“...Por que eu tenho que alimentar o gato só porque você se apaixonou por ele? E o único com comida aqui é você!”

“Não, isso não. Há um gato abamdonado aqui, então por que não pensa em levá-lo? Misaka pede uma segunda vez. Você sabe como os animais são tratados quando levados pelos centros de saúde? Misaka pergunta como exemplo. Primeiro eles colocam o animal dentro de uma caixa de policarbonato transparente e injetam 20 milímetros de uma gás chamado ASD10 dentro...”

“Wahhh!” Kamijou gritou cortando as palavras de Misaka-imouto.

Ouvindo isso, enquanto o gato preto assustado olhava nos olhos dele era incrivelmente estranho.

“Você o leva! Você o encontrou e é a única que o estava alimentando!”

“...É impossível para Misaka levar este gato, Misaka responde honestamente. Misaka vive em um abiente que é um pouco diferente do seu, Misaka diz ao dar uma razão.”

Kamijou imaginou que as regras de seu dormitório deveriam ser muito rigorosas, mas, em seguida, ele lembrou que as regras do seu próprio dormitório proibiam animais de estimação. Kamijou era do tipo que não seguia as regras as quais não podia entender os motivos, por isso parecia estranho para ele que Misaka-imouto desistisse do gato por um motivo destes.

Misaka-imouto se agachou e simplesmente olhou nos olhos o gato preto.

Seus olhos inexpressivos seguiam o gato preto, apesar de saber que ele nunca se apegaria a ela.

“Ahh...”

Kamijou parou.

Ele havia se preocupado com isso quando tinha aceitado o primeiro gato. Ele estava preocupado que um gato iria levar ao segundo e assim por diante. Claro, as finanças de Kamijou não estavam boas o suficiente para criar um reino animal.

Kamijou quis recusar o gato preto, mas ele tinha a sensação de que Misaka-imouto iria ficar lá a noite inteira olhando o gato e, em seguida, entraria em uma briga com as pessoas do centro de saúde, se ele deixasse o gato ali.

“Po-Porcaria! Ele é apenas como o Sphinx!”

“Misaka não entende o que você está dizendo, mas você está intencionado a levar este gato preto? Misaka pergunta. Se você não levá-lo, os trabalhadores do centro de saúde...”

“Sim, eu entendo, eu entendo. Pare de olhar para mim com estes olhos sem expressão falando sobre o centro de saúde!” Você e eu certamente fazemos um show de infortúnios, não é?

Legenda

Enquanto Kamijou tinha o gato assustado em sua mente, ele pegou-o da caixa de papelão.

“É isso mesmo! Um nome! Este é o seu gato, então assuma a responsabilidade e lhe dê um nome!”

“...É da Misaka?”

“Sim, ele é seu.”

Kamijou olhou para o gato em seus braços e o gato olhou timidamente de volta. Misaka-imouto olhou para o céu noturno durante um tempo com o rosto inexpressivo de costume.

“Inu.”[2]

“Huh?”

“Misaka quer nomear este gato preto de Inu. Inu... mesmo ele sendo um gato. Heh heh.”

A expressão de Misaka-imouto era a de alguém que se lembrava de uma piada engraçada, mas parecia um pouco assustadora.

“...Não, um... Por favor, dê um nome mais sério e digno que se encaixe no perfil do animal.”

“Então, Tokugawa Ieyasu[3] , Misaka reconsidera.”

“Isso já é muito digno! Espere, você é o tipo de personagem que finge pensar sobre as coisas, mas não pensa em nada!?”

“Então, o que me diz de Schrödinger[4] ?”

“Claro que não! Mesmo que fosse apenas um exemplo, um professor que ficaria feliz em ser marcado na história sobre pulverizar gás venenoso sobre um gato preso definitivamente não poderia gostar de gatos!”

No final, eles decidiram deixar para nomear o gato mais tarde. No entanto, Kamijou tinha um mau pressentimento de que eles não seriam capazes de chegar a um acordo sobre o nome ou pior, ele poderia, literalmente, receber o apelido de ‘Atode’[5] .


PARTE 4[edit]

O céu alaranjado se tornou completamente roxo.

Kamijou caminhava ao longo de uma avenida, enquanto olhava para o gato preto em seus braços.

Se eles fossem realmente cuidar de um animal, eles precisavam saber como.

Bem, eu sei o suficiente. Index, por outro lado...

Kamijou suspirou, após escurecer mais, enquanto caminhava pela rua. Se fosse apenas uma brincadeira cruel, você só teria que lidar com a maldade, mas Index agia com completa bondade em seu coração, o que rendia um efeito inverso. Enquanto ela estava fazendo isso com completa bondade em seu coração, ela sentia como se fosse a coisa certa a fazer e a continuava sem hesitar. Se ele não se apressasse e comprasse um livro sobre cuidar de gatos, aquela sorridente freira vestida de branco poderia ser apelidada de Morte Final.

“Esta é uma rota diferente da de ontem, Misaka aponta.” Misaka-imouto disse enquanto caminhava ao lado dele.

Toda vez que ela olhava para o gato preto nos braços de Kamijou, ela parecia se sentir mal por se manter afastada. Parecia que ela realmente queria acariciar o gato, mas ela estava deixando seus sentimentos de simpatia serem impedidos pela prioridade de manter seu campo magnético longe dele.

“Oh, eu estou apenas passando por um certo lugar no caminho de casa. Há um livro que eu quero.”

“Você está indo para uma livraria? Misaka pergunta. Geograficamente, virado a direita na última esquina seria o caminho mais curto, Misaka diz enquanto aponta.”

“Não, eu não quero um livro novo. Estou indo a uma livraria de livros usados à frente. Como você deve criar um gato não muda. Apenas 100 ienes por livro é o ideal.”

Kamijou não tinha como saber, mas o conhecimento e informações relacionados com os seres vivos mudavam de tempos em tempos. Vamos usar o treinamento de baseball como exemplo. Uma criança de dez anos iria dizer para alguém jogar e jogar com coragem e suportar a dor, para lançar mais rápido. No entanto, essa pessoa iria apenas destruir o próprio ombro caso fizesse isso.

“Você quer um livro de como criar gatos? Misaka pergunta para ter certeza.”

“Não é pelo livro em si, mas pelo seu conteúdo. Você viu aquela menina vestida de freira, certo?”

“...” Misaka-imouto olhou para o rosto de Kamijou com seus olhos sem emoção. “Para repetir, lidar sem o devido cuidado da vida de um gato é um crime de danos à propriedade, Misaka adverte.”

“Ah... Eh? O que, você está zangada?”

“Misaka não está zangada. Esta não é uma situação de todo bom, desde que você não esteja diretamente envolvido, Misaka adverte. Se você as deixar em paz, elas não saberão o que fazer. Você é muito responsável, Misaka da sua opinião objetiva.”

“...Desculpe. Você está zangada, Misaka-imouto?”

“Misaka não está zangada. E não está tudo bem só porque isso não é legalemente proibido, Misaka adverte você. Só acho que usar o bom senso é...”

“Ah, eu já tive o suficiente disso.” Disse Kamijou como se fosse um tipo de magia. “Mas não se preocupe. Index e Himegami só estavam fazendo aquilo porque pensaram que seria bom para o gato. Elas não vão fazer nada que seja ruim para o gato, como bater ou abusar dele.”

“Pelo que Misaka viu ontem, essa afirmação tem aproximadamente zero de credibilidade, Misaka responde. E como você pretende lidar com a situação, se o livro contiver informações incorretas? Misaka sabe como lidar com gatos, então você deveria obter o seu conselho sobre a forma de...”

“Ahhhh!” Kamijou não a deixou continuar. “Eu disse para não se preocupar! Index e Himegami só estavam fazendo o que achavam melhor para o gato! Elas não farão nada de ruim para ele! Como bater nele! Ou abusar dele!”

“... Misaka pensa que você está dizendo a mesma coisa de novo, apenas mais energicamente, Misaka expressa seus sentimentos. Isso não é o ponto principal de Misaka. Ela está dizendo que você deve levá-la a...”

“Ahhhh!” Kamijou ficou completamente sem sentidos. “‘Beu’ disse ‘bara’ não se ‘breocupar’! ‘Bindex’ e ‘Bimegami’ não ‘bestavam’ ‘bazendo’ nada de mal ‘bara’ o ‘bato’! ‘Bada’ ‘besmo’! Como bater ‘bele’! ‘Bou’ abusar ‘bele’!”

“... (Raiva)”

“Pant, Pant...! Ah, aqui está a livraria.”

Eles estavam de pé em frente a uma grande livraria de livros usados que pertencia a uma rede. Kamijou olhou para o gato preto em seus braços e pensou um pouco.

“Mh. Parando para pensar nisso, eu provavelmente não poderei entrar na loja segurando um gato.”

“... Foi uma declaração extremamente expositiva, mas por favor, não deixe-o com Misaka, Misaka diz em uma negação.”

“...Porque o seu campo magnético fará o gato não gostar de você? Bem, se você conseguir superar este obstáculo, a verdadeira amizade nascerá. Tome isso! Bomda de gato!”

Kamijou atirou levemente o gato para Misaka-imouto que estava de pé ao seu lado (supondo que ela iria pegá-lo). Claro, os reflexos do gato lhe permitiriam pousar bem mesmo se ela não o pegasse. No entanto, Misaka-imouto o pegou instintivamente (assim como Kamijou havia previsto). Foi o triste hábito de quem amava os animais.

Misaka-imouto estava prestes a reclamar, mas Kamijou já tinha entrado na livraria.

“...Realmente. o que há de errado com ele para achar que é bom lançar um gatinho? Misaka pergunta murmurando para si mesma.”

Misaka-imouto agora estava sozinha na rua escurecida da Gakuen Toshi.

O gato preto reagia às ondas eletromagnéticas emitidas por seu corpo e olhou para ela com olhos trêmulos. Ela pensou em colocar o gato no chão, pois ele não havia ainda reconhecido Kamijou ou ela mesma como seus donos. Se ela deixasse ele lá, ela tinha a sensação de que ele iria simplesmente fugir.

Mesmo que fosse só um gatinho, não havia nenhuma maneira de um ser humano pegar um gato que estava fugindo. A primeira coisa que um dono teria que fazer ela alimentar o gato e lhe dar um lugar para dormir, de modo que o gato iria se sentir seguro e não sentiria necessidade de fugir.

“...E ainda assim ele o jogou, Misaka diz em um suspiro.”

Ela falou com o rosto completamente inexpressivo. Felizmente, o gato que estava segurando não colocou suas garras de fora. Isso foi mais devido à covardia de que a obediência. Era verdade que ela queria tocar o gato, mas ela suspirou novamente resistindo, pois era melhor isso do que ver o animal assustado.

E então ela percebeu algo.

Eram férias de verão, por isso, nessa noite na Gakuen Toshi, a rua estava cheia de estudantes vestindo roupas casuais. Como Misaka-imouto estava vestindo uniformes escolares, ela se destacava um pouco.

No entanto, ela não se destacava tanto quanto o menino que ela tinha visto.

Os cabelos e pele do garoto eram terrivelmente brancos. Eles eram brancos, mas eram o oposto da imagem de pureza que a cor nos dava. Este branco era um branco maligno. E este branco podre era ainda mais acentuado pelo fato de suas roupas serem totalmente pretas.

E havia os olhos.

Aqueles olhos eram vermelhos como sangue fresco, carmesins como chamas ardentes, e escarlates como as profundezas do inferno.

Ele estava em meio a uma multidão distante, mas a presença do garoto era simplesmente muito vívida. O menino especial não estava fazendo nada em particular. O menino excepcional realmente não estava fazendo muita coisa.

No entanto, o simples fato do menino infernal estar naquela rua era anormal.

Ele era Accelerator.

Ele era o mais forte Nível 5 da Gakuen Toshi... Não, provavelmente de todo o mundo.

Ele olhou para Misaka-imouto e silenciosamente sorriu.

“...”

Misaka-imouto silenciosamente colocou o gato preto no chão.

Ele seria morto. Se ele ficasse com ela, o gato preto seria pego no conflito e seria morto. Ela sabia disso, mas o gato se recusou a sair do seu lado. Enquanto tremia, ele apenas olhou para ela e começou a miar.

Accelerator continuou a olhar para Misaka-imouto e sorriu. Aquele sorriso branco distante estava deformado, torcido e pervertido. O branco era incandescente, sujo, e insano.

Uma única imagem passou pela mente de Misaka-imouto.

Era a imagem do braço direito de uma menina que estava sendo arrancado, no tarde da noite, pelo seu Metal Eater explodido.

Neste instante, a vida cotidiana de Misaka-imouto terminou.

Neste instante, seu inferno começou.


PARTE 5[edit]

Um grande número de pessoas invadiram a loja, atrás de ficar no ar condicionado.

A rede de livrarias anunciara que os seus preços eram baratos e que se poderia ler na loja. A maioria das pessoas que estavam lá procuravam um certo mangá, mas não o queriam comprar.

“...”

Kamijou ficou sem expressão em meio a tudo isso.

Havia de fato um livro chamado ‘Como criar gatos’ na estante da frente. A capa do livro estava desbotada, e por isso estava mais barato, então ele não tinha do que reclamar.

Mas Kamijou não conseguia superar o fato de que um livro intitulado ‘Como cozinhar deliciosas carnes’ estava ao lado do ‘Como criar gatos’.

“...Bem, é verdade que ambos os livros são sobre animais, eu acho.”

Quando virou seu olhar para o lado, ele viu um livro chamado ‘News! As vacas científicas dos edifícios agrícolas’.

Havia alguns edifícios na Gakuen Toshi que não tinham janelas. Eles eram chamados de ‘edifícios agrícolas’ e eram utilizados para cultivar vegetais hidropônicos e criar animais para fornecer carne.

No interior dos edifícios, vegetais eram banhados em luz ultravioleta, respiravam dióxido de carbono injetado por purificadores, e espalhavam suas raízes em águas que tinham todos os tipos de nutrientes misturados. Aparentemente as pessoas de fora da Gakuen Toshi achariam isso ‘assustador’. Eles pareciam pensar que comer coisas que foram criadas por cientistas seriam ruins para você.

...É o oposto. Como você pode comer legumes que foram cultivados em terras que poderiam ter resíduos industriais e que poderiam estar misturados?

Essa diferença de valores era uma das paredes entre aqueles dentro e fora da Gakuen Toshi, mas Kamijou apenas pegou o ‘Como criar gatos’ da prateleira sem pensar mais.


                                                                   ...


Uma menina correu por uma beco próximo da livraria.

Um de seus sapatos saiu.

A menina sentiu que correr com apenas um sapato seria difícil, então ela tirou o outro e continuou a correr.

Com os cabelos que chegavam até o ombro em tom castanho claro, blusa branca de manga curta, uniforme de verão, e saia plissada, ela lembrava uma estudante do Colégio Tokiwadai, à primeira vista. E alguém familiarizado com os alunos de Tokiwadai se lembraria do nome Misaka Mikoto.

No entanto, havia duas coisas que não se encaixavam com esta estudante do ensino médio.

O primeiro era os óculos militar em sua testa.

O segundo era o rifle que segurava em sua mão direita.

O rifle foi feito laminado em plástico em vez de aço. Como ele foi moldado em um tipo de estética funcional similar em algo que se veria em aviões de caça, parecia mais como uma arma de brinquedo. E essa aparência não estava necessariamente errada.

O rifle, Toy Soldier F2000R, detectava o alvo com raios infravermelhos e usava um controle eletrônico para ajustar a trajetória em tempo real, dando as melhores chances de a bala acertar o alvo. O atirador não tem que pensar sobre a direção do vento ou dos padrões esperados de evasão do alvo. Se um objeto como esses tivesse a habilidade de ‘pensar’, qualquer um poderia se tornar um exímio atirador. Além disso, possuía uma borracha especial em torno para absorver impactos e o dióxido de carbono para reduzir o ricochete do disparo, tanto quanto possível. Enquanto o rifle antitanque como o Metal Eater era um monstro que só um grande adulto poderia usar, o F2000R com seu baixo ricochete que não quebraria nem um ovo também era um monstro na medida em que poderia ser facilmente utilizado por qualquer pessoa.

No entanto, a menina não tinha maneira de lidar com a situação atual, mesmo com aquele monstro em mãos.

Seu pulso furioso, respiração extremamente irregular, seus pensamentos caóticos, tudo mostrava claramente que ela era a pessoa a ser caçada.

Uma forma se aproximou por trás.

Um menino branco se dirigia até ela estando a nem mesmo 10 metros de distância.

“Ha ha! O que há com essa fuga? Por que você está balançando a bunda assim!? Você está apenas pedindo por isso!”

Esse beco era estreito e reto e sem qualquer cobertura para se abrigar de tiros, no entanto, o ‘caçador’ desarmado estava transbordando de uma paixão enlouquecida.

Sem parar sua fuga, a menina torceu seu corpo para olhar atrás de si.

Apontou o cano do F2000R para o menino branco chamado Accelerator que parecia congelado no calor do verão.

Ela não hesitou e puxou o gatilho.

O rifle silenciosamente absorveu tanto o choque quanto o som do tiro, portanto, apenas o mais ínfimo ruído explosivo foi ouvido como fogos de artifício baratos. No entanto, balas de 5,56 milímetros com precisão absoluta iam em direção aos pontos vitais do menino.

Ou assim ela pensava.

“...?”

O corpo da menina congelou devido a um choque. As balas de 5,56 milímetros que possuíam força destrutiva suficiente para capotar um veículo, caso atingissem a lateral deste, foram todas repelidas no instante em que atingiram o corpo do menino. Era como se ela tivesse disparado uma arma barata na frente de um tanque.

Com o som de carne sendo esmagada, um buraco vermelho tinha sido aberto no ombro direito da garota.

Uma das balas repelidas tinha perfurado seu ombro.

“...E...Gh!”

A menina cambaleou. Ela imediatamente estendeu a mão para parede, mas as suas pernas se enroscaram e sua cabeça bateu na parede suja. Daí, ela caiu no chão.

“Vamos lá, que tal uma charada para matar o tempo? Eis a pergunta: O que o poder do Accelerator faz?”

A menina ouviu uma risada enlouquecida. Quando olhou para cima, viu a perna do menino descendo com todo o peso do corpo para esmagar seu crânio.

“!”

Ela imediatamente rolou pelo chão sujo e fugiu cambaleando. Ela, então, levantou o F2000R e puxou o gatilho.

Ela disparou do que quase poderia ser considerado queima-roupa. A bala parecia ser absorvida pelos olhos do menino branco, mas no instante em que tocou seu mole globo ocular, ela foi repelida para o lado.

O menino branco nem sequer piscou.

Sua expressão mudou para um sorriso que fez seu rosto branco ter um olhar terrível.

Ele balançou a mão branca. A balançada da mão teve um efeito desconhecido.

“...!”

A menina imediatamente jogou o F2000R no rosto do menino, pois o rifle agora se encontrava sem munição. Ela não achava que isso seria um golpe fatal, mas não esperava também que iria fornecer uma abertura instantânea para que pudesse fugir.

No entanto, o garoto nem sequer se moveu. No instante em que o rifle atingiu seu rosto, o F2000R quebrou em pedaços. Ela virou a mão esquerda, enquanto ainda podia movê-la, e começou a reunir poder lá.

Ela lançou um raio nele.

A lança de eletricidade roxa avançou na velocidade da luz e tinha força suficiente para derrubar inconsciente uma pessoa.

Ela não achou que pudesse ser um golpe fatal.

Contanto que o distraísse tempo suficiente para ela fugir, era suficiente.

No entanto, a lança de raios que ela tinha disparado contra o menino atingiu seu próprio peito.

“Gah...!?”

A menina foi lançada de volta ao chão com um choque como o de um martelo sendo batido em seu peito. Sua respiração parou e todos os seus músculos se moviam de forma irregular.

Os trêmulos lábios da menina conseguiram pronunciar uma única palavra.

“Re...flexão...?”

“Desculpe, isso não está inteiramente certo, mas ainda não é a essência do que eu posso fazer!”

A menina de alguma forma tentou distanciar-se do menino, mas seu corpo não faria o que ela dissesse devido às consequências do choque elétrico que recebera.

“A resposta é ‘transformação de vetores’! Movimento, calor, eletricidade. Passo alterar qualquer tipo de vetor que toque minha pele. Eu o tenho ajustado para refletir automaticamente, no entanto!”

A garota olhou chocada para o rosto do menino.

Os 2,3 milhões de espers na Gakuen Toshi eram de fato seres humanos especiais, mas muitos deles não poderiam derrotar nem mesmo uma pistola com seus poderes. E se eles pudessem derrotar uma pistola, você poderia usar uma metralhadora. Se eles pudessem derrotar uma metralhadora, você poderia usar um tanque, um avião de caça, um frota de guerra, ou como último recurso, um míssil nuclear.

Não havia espers que poderiam derrotar algo parecido. Na verdade, seria muito mais fácil apenas comprar uma arma, ao invés de controlar o cérebro e alterar o arranjo dos genes de modo a criar uma força que poderia lutar contra uma arma. Parece um absurdo criar uma enorme instituição de desenvolvimento para poderes psíquicos como já houve no passado, a fim de criar algo no nível de umar arma barata, quando se pode comprar em mercados americanos por cerca de 30000 ienes.

Foi por isso que o objetivo da Gakuen Toshi não era criar espers. Os espers não eram mais do que um tipo de papel de tornassol[6] . Parecia que era verdadeiramente importante que fossem trazidos aqui aqueles que já nasceram espers.

No entanto, o rapaz diante de seus olhos era diferente.

Aquele menino poderia alterar todos os vetores, sejam eles de movimento, calor ou eletricidade, para que não fosse ferido, mesmo que ele fosse diretamente atingido por um míssel nuclear. Ele simplesmente refletiria a onde de choque que iria explodir tudo, o calor que queimaria tudo, e os neutrôns e a radiação que mataria tudo.

Ele era Accelerator, o mais forte Nível 5 da Gakuen Toshi.

A palavra ‘monstro’ veio à mente da menina. A criatura diante de seus olhos, que tinha uma forma humana, tinha o poder de, sozinho, fazer de todo o mundo o seu inimigo e ainda sobreviver.

O menino se agachou ao lado da menina.

“Meu poder me permite controlar todo o tipo de vetor.” Aquele menino parecia tão diferente, mas ele falou como se não fosse nada. “Se eu usá-lo, posso até fazer isso.”

O menino enfiou o dedo indicador delgado no buraco vermelho-escuro no ombro direito da garota. Era como a ação de uma criança esmagando um inseto na rua.

“...!”

Houve um som como uma fruta vermelha sendo esmagada e o corpo da menina foi tomado por uma intensa dor.

“Agora, é tempo para a rodada da pergunta de consolo.” Accelerator disse ironicamente. “Estou tocando seu sangue. Estou tocando seu fluxo sanguíneo. Agora, se eu inverter esse vetor... Se eu inverter o vetor do seu sangue, o que acontecerá com seu corpo? A resposta correta você recebe com um som de BOOM!”

Uma expressão indescritível surgiu no rosto da garota, como se ela não entendesse o que estava acontecendo.

Um instante depois, a dor inimaginável atingiu seu corpo inteiro.


                                                                ...


“Huh?” Kamijou disse ao sair da livraria com um saco de papel na mão.

Misaka-imouto não estava à vista.

Talvez ela ficou com raiva por eu a ter obrigado a ficar com o gato, então ela foi embora.

O gato estava sozinho ali no chão.

Kamijou pegou o gato enquanto ele colocava as orelhas para trás, tremendo um pouco. Ele olhou ao redor do local, mas tudo sobre a rua de cores noturnas parecia normal. Um monte de meninos e meninas vestindo roupas casuais estavam andando na rua como se voltassem para seus dormitórios após um exaustivo dia de diversões.

...?

Enquanto Kamijou casualmente olhava ao redor, ele sentiu algo naquele cenário normal. Ele girou e olhou para o beco entre a livraria e um edifício de apartamentos ao lado. Algo nisso chamou sua atenção.

O que é isso? O que há algo de errado naquele beco?

Kamijou olhou mais de perto. Uma passarela de telhas ficava na entrada do beco e uma turbina eólica girava nas proximidades. A entrada não devia ter sido limpa muitas vezes porque algumas folhas e um único sapato feminino estavam lá. O piso da via terminava logo na entrada do beco e o chão do beco era de asfalto incrivelmente improvisado.

Um único... sapato feminino?

“...?”

Ainda segurando o gato preto, Kamijou se aproximou da entrada do beco. Um sentimento ruim se arrastou até dentro dele como uma centopeia. Havia definitivamente um sapato feminino lá. Era uma pequena ‘loafer’ marrom que parecia algo que seria exigido em uma escola. O sapato estava limpo e não tinha nenhuma sujeira sobre ele, por isso não poderia ter estado lá por muito tempo.

Kamijou olhou para o beco.

O sol já se punha no horizonte, pelo que a sua luz não mais atingia os edifícios. A escuridão fez parecer que ali era a entrada de uma caverna, e ele não conseguia ver nada dentro, apenas olhando.

“...”

Kamijou deu um passo dentro do beco.

Com esse passo, era como se a temperatura tivesse caído 2 ou 3 graus. A sensação de ter pisado em algum lugar desconhecido lentamente se levantou por todo seu corpo.

Kamijou continuou. Lá ele encontrou o outro sapato no chão sujo do beco. Ele continuou mais adiante. O sentimento ruim cresceu. Ele tentou manter o seu ritmo lento, mas as pernas começaram a acelerar. Kamijou nem sabia por que estava correndo, mas sua respiração e pulso estavam pegando ritmo, como se estivesse caindo de uma colina.

Então Kamijou percebeu que havia marcas similares a ranhuras nas paredes. Era como se alguém tivesse raspado ao longo do concreto com uma estaca de metal. E não foi apenas uma ou duas marcas. Ambas as paredes estavam cobertas com essas marcas, como ser alguém tivesse sido imprudente e balançado loucamente uma vara de metal.

Kamijou pisou em alguma coisa.

Foi um metal de cor semelhante ao ouro... ou mais precisamente, de cobre. Era um cilindro de metal do tamanho de uma pilha. Kamijou achou que parecia com cartuchos vazios de munição que ele só tivera visto em filmes. Havia um leve cheiro de fumaça restante como se alguém tivesse disparado fogos de artifício.

O quê...?

Kamijou quase falou subconscientemente, mas ele reprimiu. Por alguma razão, ele tentou caminhar em silêncio enquanto se dirigia mais para dentro. A cada passo, ele se sentia como se o ar estivesse ficando mais e mais sujo.

Enquanto ele continuava, ele viu algo no chão mais à frente, na escuridão. Não, era alguém caído no chão. Ele podia ver as pernas de onde estava. Ele podia ver duas pernas, mas não podia ver a metade superior do corpo, como se tivesse sido comido pela escuridão. Algo estava espalhado por sobre as pernas. Eram cacos e molas de plástico. Era quase como se os restos de um brinquedo.

“Misaka...?”

Kamijou não sabia por que o nome dela veio. Se aproximou, como se estivesse cortando a escuridão que obscurecia sua visão.

E lá estava ela.

O cadáver da Misaka-imouto estava deitado no chão.


PARTE 6[edit]

Ela estava deitada de costas, como se estivesse olhando para a parte visível retangular do céu escuro.

Havia um mar de sangue. O mar de sangue era tão grande que era intrigante que tudo aquilo tivesse vindo de um único corpo humano. Não era apenas o chão. Ambas as paredes estavam pinadas de vermelho até a altura dos olhos. Parecia que alguém tinha torcido um corpo humano para obter até a última gota de sangue.

No centro dessa explosão de vermelho jazia uma menina.

Os braços e as pernas que se estendiam, desde as curtas mangas e a saia foram rasgados. Era provavelmente o mesmo em sua pele dentro de suas roupas, onde não se podia ver. Seu uniforme escolar tinha sido tingido de vermelho a tal ponto que suas cores originais não podiam ser vistas, mas as próprias roupas não estavam em todo rasgadas.

Seu corpo parecia ter sido dilacerado por dentro ao longo de onde passavam os vasos sanguíneos, como se alguém tivesse passado fios estreitos por todos eles e, em seguida, à força, puxado os fios para fora. Seus braços rasgados eram uma reminiscência de um diagrama de um sapo dissecado. A menina dilacerada não tinha nada que realmente pudesse ser chamada de ‘face’. Em vez disso, ela tinha o que parecia uma flor aberta ou um ovo cozido descascado. Era uma cavidade vermelha-escura com músculos rosas e gordura amarela macia por dentro.

“Uuh...Ahhh...”

Ao ver a cena vermelha e roxa diante dele, Kamijou deu um passo para trás. Ele deve ter começado a apertar os braços, porque o gato preto começou a miar como se não pudesse respirar.

“Ahh... Ghh...”

Kamijou tinha visto um tipo de inferno dentro do Colégio Misawa Cram, mas os cadáveres que tinha visto não tinham a sensação de serem ‘reais’, porque eles estavam envoltos na armadura ou foram transformados em ouro derretido.

Mas isso era diferente.

Ele sentiu vontade de vomitar, como se tivesse colocado o dedo no fundo da gargana. Ele gritou em seu coração para não vomitar. Ele usou a lógica para pensar que estava olhando para Misaka-imouto e não deveria vomitar ao vê-la, mas de repente ele percebeu a saia no extremo de sua visão.

Alguma coisa estava saindo de dentro da saia dela, entre suas pernas.

Um objeto macio e mole, com uma superfíocie cor de rosa e roxa...

“Ughhhhh!”

Naquele instante, Kamijou não conseguia mais segurar e seu corpo dobrou. Um sabor azedo encheu sua boca e, em seguida, o conteúdo do seu estômago atingiu sua boca.

Kamijou vomitou.

Ele estava olhando para a pessoa com quem estava sorrindo há apenas 10 minutos antes. Essa estranha verdade parecia que estava indo para afastar seus pensamentos em sua mente.

Com um som nojento, o vômito caiu no chão. Espalhou-se com a mancha de sangue, criando um padrão de cor de mármore.

Sangue.

Finalmente, Kamijou percebeu que o sangue não tinha secado. Sangue leva cerca de 15 minutos para coagular, então a pessoa que fez isso com ela ainda estaria nas proximidades.

A pessoa que tinha feito isso com ela.

Kamijou empalideceu com seus próprios pensamentos. Era evidente que não parecia um acidente ou um suicídio. Ela começou a ser torturada. A única outra possibilidade era algo que não queria nem pensar.

E então ele ouviu um barulho ainda mais ao fundo do beco.

“?”

Normalmente, seria de se supor que fosse um gato de rua, mas o mar de sangue já tinha tornado a situação além do normal. As pernas de Kamijou recuaram sozinhas. Algo assustador estava à frente na escuridão, mas ainda mais, ele simplesmente nem conseguia pensar em passar por cima da Misaka-imouto.

Kamijou deu alguns passos para trás e, em seguida, notou algo duro em seu bolso. Era seu telefone celular. Ele pensou em pedir ajuda, mas também pensou que o perigo viria antes da ajuda chegar. Mesmo que pedisse ajuda, ele deveria sair dali primeiro, então ele deu as costas para Misaka-imouto e correu de volta pelo beco.

O beco era completamente reto, mas o chão parecia que estava tremendo, e ele continuou a correr, apoiado nas paredes. Enquanto corria, ele bateu nos botões do celular, mas seus dedos tremiam tanto que ele não sabia o que estava apertando. Poderia ter sido 110, ou talvez 119, ou 117, ou 177. De todo modo, ele apertou-los. Ele ouviu o telefone chamar algumas vezes e, em seguida, ouviu um clique.

Finalemente atenderam!

Apenas quando Kamijou ficou animado, ele começou a ouvir o som da discagem eletrônica.

Kamijou retirou o celular de sua orelha e olhou a tela.

Nela dizia que não havia sinal. Sentia-se como se fosse atirar o celular contra a parede.

Os celulares são surpreendentemente inconvenientes.

Ele tentou usar o celular para pedir ajuda, mas não recebia nenhum sinal naquele beco estreito. Ele não tinha escolha, então saiu do beco e discou 119 novamente em frente a livraria.

E não tinha certeza do que disse.

Ele tinha apenas gritado algo que não explicou a situação toda e o número 119 foi armazenado no seu histórico de chamadas.

A vida normal continuou naquela rua principal e Kamijou duvidara que alguém acreditaria se ele contasse que havia um cadáver de uma menina destroçada naquele beco.

“...”

Kamijou baixou o olhar para o celular em suas mãos.

Ele provavelmente devia deixar Mikoto saber o que havia acontecido, mas ele não tinha o número dela. Mesmo se o tivesse, não seria capaz de dizer, o que deixou Kamijou se sentindo incrivelmente impotente.


                                                                ...


O gato nas mãos de Kamijou bocejou.

Ele havia chamado o 119, mas foi a polícia que havia chegado.

Seu relógio interno não estava funcionando corretamente, então ele não tinha ideia de quanto tempo havia se passado desde a ligação. Ele tinha a sensação de que tinha sido mais do que uma hora, mas ele também achava que não tinham nem passado 10 segundos.

Olhando para a seu celular, aparentemente havia se passado meia hora.

Primeiramente, Kamijou pensou que seu telefone tinha quebrado, mas ao olhar para cima, viu que o púrpura tinha mudado em um azul da noite. Ele olhou fixamente as estrelas brilhantes.

“...”

Kamijou silenciosamente assistiu a polícia chegar.

No entanto, eles eram tecnicamente da Anti-Skill e não da polícia. Eles não eram espers. Eles eram algo como soldados armados com armas de última geração. Eles devem ter pensado que era possível que o assassinato tivesse sido cometido por um esper fora de controle, pois 10 membros desceram do veículo. Eles usavam capacetes e trajes feitos de fibras especiais que os faziam parecer um pouco com robôs negros. Eles também possuíam um estranho rifle em suas mãos. Seu equipamento parecia indicar que eles colocavam prioridade na captura dos criminosos, em vez da proteção dos civis.

“...Hey! Ei, você!”

Enquanto Kamijou olhou para eles sem expressão, um dos membros da Anti-Skill gritou para ele. Ele estava confuso no início. Ele só tinha chamado, então não deveriam saber quem era. Mas então percebeu que eles estavam chamando todos que estavam na área.

“Oh, foi eu quem os chamou. Mas eu chamei uma ambulância e não a polícia.”

“Entendo. A polícia foi contactada por uma questão de segurança. Nós provavelmente chegamos primeiro.” O homem da Anti-Skill olhou para Kamijou. “É esse o beco? Seria bom se você pudesse explicar o que viu lá.”

Kamijou fechou os olhos.

Parecia que a cena que tinha presenciado naquele beco estava preso em sua mente por baixo de suas pálpebras.

“...Uma pessoa foi morta.” Ele disse.

Irritava-lhe que sua própria voz foi surpreendentemente calma.

“Era como se seu corpo tivesse sido rasgado... Eu não sei que tipo de arma foi usada. Pode até ter sido algum poder.”

Algo inchou dentro dele com cada palavra que ele dizia.

Foi uma sensação desagradável, enquanto todos os seus sentidos paralisados começavam a retornar.

“Ela era uma conhecida minha. Eu há conheci há dois dias, mas eu sei muito bem como ela se parecia para identifica-la por fotos. Ah, não. Por que estou tão calmo? Meus pensamentos esavam dispersos, então por que eu estou assim...!?”

“Isso é o suficiente.” O homem disse balançando a cabeça. “Tenho certeza que você fez a melhor escolha. É por isso que estamos aqui. Você foi capaz de fazer algo.”

“...Mas eu fugi.”

“Você ainda fez algo para ajudar.” Disse o homem da Anti-Skill.

Kamijou sabia que o homem estava apenas falando aquilo para consolá-lo, mas ele ainda não conseguia convencê-lo. Kamijou apenas mal conseguiu parar antes de acabar se destruindo.

“Nós normalmente gostamos de levar a testemunha conosco até a cena, mas, o que você vai fazer? Não iremos forçá-lo.”

Um arrepio percorreu as costas de Kamijou. Essa cena de sangue, carne e vísceras estava presa abaixo de suas pálpebras e as pontas de seus dedos pareciam dormentes.

Ainda assim...

“...Eu vou.” Kamijou disse lentamente enquanto segurava o gato.

Ele não sabia por que, mas ele não queria fugir mais.


                                                                ...


Quando pensou em vê-la novamente, o corpo de Kamijou começou a tremer. Ele tremia, mas ele tinha que retornar ao beco. O que tinha acontecido na escuridão de lá? Ele tinha que descobrir isso.

Kamijou liderou o caminho pelo beco enquanto o grupo da Anti-Skill cervia de escudo para ele.

...Hein?

No entanto, algo parecia estranho de quando ele entrara antes.

O sapato não estava mais lá.

Quando ele entrou no beco, ele tinha visto um sapato feminino caído na entrada. E havia outro mais para dentro do beco.

Kamijou virou.

O sapato na entrada definitivamente estava lá.

No entanto, o outro sapato que deveria estar mais para dentro havia sumido.

...?

Kamijou sentiu algo pesado dentro de seu intestino, mas o grupo da Anti-Skill continuou. Em seguida, eles deveriam ter se deparado com os arranhões nas paredes e os cartuchos vazios. Sim, eles deveriam ter se deparado. No entanto, os cartuchos haviam sumido. Como se alguém tivesse limpado o beco, nem um único cartucho foi encontrado no chão sujo. Os arranhões na parede haviam sido raspados. Os próprios arranhões não podiam ser apagados, mas parecia que alguém tentou desesperadamente ocultá-los, fazendo a sua fonte impossível de identificar.

... Espere um segundo.

Kamijou tinha um mau pressentimento. Ele sentiu uma pressão em seu estômago. Ele queria parar e pensar por um segundo, mas o grupo da Anti-Skill continuou. Ele sentiu como se os ‘erros’ fossem rastejando por sua pele. O sapato faltando, os cartuchos ausentes, os arranhões raspados na parede. Aquelas coisas pareciam estar em todo lugar, mas pareciam levar à uma única direção, como uma combinação criada por reação química.

Kamijou queria ficar parado, mas não podia. Como se estivesse sendo arrastado por uma corda invisível ligada ao grupo da Anti-Skill, ele prosseguiu em frente.

E finalmente chegou.

A respiração de Kamijou parou.

Eles chegaram na cena do crime onde a Misaka-imouto tinha sido morta em uma poça de sangue.

No entanto, o cadáver estava longe de ser encontrado.


PARTE 7[edit]

Não era só o corpo.

As manchas do sangue vermelho que estava cobrindo o solo, bem como ambas as paredes foram tão limpas como uma mancha retirada de um vidro. Nenhuma carne ou cabelo que havia sido espalhado permanecia. A área nem sequer cheirava a sangue. O cheiro de carne também havia desvanecido. Era como se nunca tivesse havido um corpo lá e, portanto, nada havia ocorrido ali.

“Eh!?”

De início, Kamijou só soltou uma voz surpresa.

Ele ficou no local e o grupo da Anti-Skill virou-se em sua frente.

“O que houve? Você notou algo?”

“Não, não é isso.” Kamijou apontou para o chão. “Era aqui. Este é o local onde o corpo estava. E onde ele ainda deveria estar.”

“O quê?”

Os membros da Anti-Skill olharam para o chão, mas não havia uma única gota de sangue, muito menos um corpo. Não havia nenhum sinal de umidade ou de algo para retirar os restos.

Os membros da Anti-Skill trocaram olhares. Uma atmosfera desagradável pairou no ar. Alguns de seus ombros relaxaram e alguns encararam claramente Kamijou.

“Espere um segundo! Realmente tinha um corpo aqui!”

“Tudo bem.” Disse um deles, enquanto olhava para Kamijou. “Mesmo se você realmente tiver visto um corpo, tem certeza de que foi aqui? Suas memórias podem estar um pouco confusas com o local exato.”

Suas palavras foram gentis, mas não tinham a seriedade deles, como um refrigerante sem gás. Kamijou ouviu as palavras como aquelas usadas para acalmar um bêbado incontrolável.

Ele estava em uma perda de palavras, porque não conseguia descobrir o que havia acontecido.

Se tivesse realmente sido tudo uma ilusão? Se tivesse sido uma ilusão, então por que Misaka-imouto desapareceu da frente da livraria? Kamijou pegou seu celular. A maneira mais rápida de descobrir se tinha sido uma ilusão era entrar em contato com Misaka-imouto. Se o telefone fosse atendido, ele saberia que ela estava viva.

No entanto, Kamijou não sabia o número do telefone da Misaka-imouto.

Como ele não poderia fazer um simples telefonema, a única coisa que restava tentar era descobrir por conta própria.

“...”

Kamijou ficou congelado no lugar que estava.

A cena diante de seus olhos parecia tão comum, que ele começou a duvidar de suas próprias memórias. E Kamijou estava realmente feliz por duvidar de suas memórias. Se ele tivesse visto algum tipo de ilusão, então o seu relatório para a polícia nada mais seria do que um absurdo. Misaka-imouto estaria andando por aí em algum lugar completamente diferente e iria acabar aparecendo diante dele mais tarde ao se lembrar do gato. Esse futuro era claramente o mais desejável.

... Droga! O que diabos está acontecendo!?

Ele preferiria que a Misaka-imouto não estivesse morta, mas ele hesitou em acreditar que o que tinha visto fosse uma ilusão. Esta contradição estranha corroía seu coração.

“O que diabos está acontecendo!?”

Kamijou não podia mais aguentar, então ele empurrou o grupo da Anti-Skill e correu mais adentro no beco. Ele ouviu uma voz chamando, o dizendo para parar, mas ele duvidava que viriam atrás dele. Os membros da Anti-Skill provavelmente estavam pensando que ele tinha passado um trote.

O gato preto em seus braços miou.

Kamijou correu ao longo do beco estreito, mas ele não tinha ideia do que ele estava procurando. Ele sabia que estava procurando algo, mas não sabia o que era. Ele poderia estar apenas correndo para se livrar da tristeza estranha que o acometera pela situação. Enquanto ele continuou a percorrer o beco escuro e podre, ele se aproximou de uma interseção em ‘T’. O caminho se separava para direita e esquerda. O caminho da direita era estreito e continuava na escuridão, mas pelo caminho da esquerda ele podia ver o brilho de luzes da rua. O mais provável, é que fosse conectada a uma rua principal. Ele olhou um pouco para a saída do beco.

Emocionalmente, Kamijou queria, em sua cabeça, sair do beco.

No entanto, se saísse, seria o mesmo que desistir, por isso, Kamijou dirigiu-se para a escuridão da direita.

Essa parte do beco era um pouco mais largo que antes, então a palavra ‘pátio’ se ajustaria melhor do que ‘beco’. Por causa do espaço extra, baldes de polietileno, bicicletas não utilizáveis, e outros itens estavam espalhados. Uma caixa de cervejas tombada, uma caixa de papelão que parecia úmida pela água e outras fontes de líquidos que se misturavam no chão, formando um líquido pegajoso. Pegadas podiam ser vistas no líquido pegajoso levando mais para dentro do pátio.

Kamijou seguiu as pegadas com os olhos e observou a escuridão. Ouviu algo se movendo lá.

Alguém estava lá.

Ele pensou que seu coração seria esmagado pelo choque.

O gato lutou com dor. Kamijou podia estar novamente o apertando com suas mãos.

“Quem está aí!?” Kamijou gritou.

A pessoa na escuridão virou em resposta a sua voz.

Surpreendentemente, a pessoa era mais baixa que Kamijou e parecia ser uma menina. No entanto, carregava uma sacola sinistra em seus ombros. Sim, era um saco de corpos, um saco utilizado para conter um corpo humano que estivesse, pelo menos, inconsciente. O saco estava dobrado em um arco em formato de ‘V’ de cabeça para baixo e, Kamijou sentiu que podia ver a silhueta de uma menina mole dentro dele.

O que é isso...?

Essa silhueta deixou Kamijou sem palavras. Parecia menos como um ser humano vivo que estava lá dentro, e mais com um manequim desmontado, cujas partes foram apenas jogadas no saco. Enquanto a silhueta total estava recolhida, o que eram claramente pulsos, tornozelos e outras partes podiam ser vistas pressionando o tecido na parte inferior.

E então Kamijou viu.

Ele viu a pessoa que não tinha visto claramente, devido à escuridão. Ele viu a pessoa que segurava o saco que possuia um corpo dentro. Kamijou viu.

Com a escuridão varrida, ele viu a pessoa que estava lá.

Era Misaka-imouto.

“O-O q...!?”

Kamijou congelou diante daquela visão ridícula. O amigável ‘miau’ do gato preto em seus braços parecia estranho.

Era claramente Misaka-imouto.

Ela tinha o cabelo castanho na altura dos ombros e os óculos militar em sua testa. Ela usava a blusa branca de mangas curtas, uniforme de verão, e saia plissada. Ela estava ali, como se tivesse sido refeita em um molde.

Kamijou não entendia. Ele simplesmente não entendia, mas...

“Misaka pede desculpas. Ela pretendia voltar lá depois que o trabalho estivesse concluído, Misaka começa se desculpando.”

Esse olhar, esse comportamento, essa atmosfera, essa maneira de falar... Era claramente ela.

“Ei, espere um pouco! Você é a Misaka-imouto, certo?”

Então, o que ele havia visto era uma ilusão, afinal de contas? Kamijou sentiu-se insatisfeito de alguma forma, mas Misaka-imouto estava de pé diante dele como antes.

Ele perdeu as forças nas pernas e caiu no chão.

“Droga. O que diabos está acontecendo?” Ele falou. “Oh, desculpe. Isto pode parecer estranho para você, mas eu realmente pensei que algo de ruim tinha acontecido com você. Mas parece que está tudo bem. Estou feliz.”

“Há algumas partes do que você disse que Misaka está tendo dificuldades para entender...”

Bem, eu não tenho certeza de como exatamente ela deveria entender isso.

Kamijou não sabia por que ele tinha tido aquela ilusão, mas ele particularmente não se importava, desde que Misaka-imouto estivesse bem.

“...Mas Misaka realmente está morta, Misaka relata.”

A respiração de Kamijou congelou.

Misaka-imouto estava bem na sua frente, mas Kamijou tardiamente começou a se perguntar o que era aquele saco que estava carregando em seus ombros. A silhueta dentro era como um manequim quebrado. O corpo dilacerado e as articulações apontando em direções estranhas.

Ele olhou em direção a ela perguntando o que havia ali dentro. Enquanto o fazia, algo saltou para o centro de sua visão. Era um zíper do saco. Um objeto marrom foi saindo pelo espaço como uma erva daninha enquanto o zíper lentamente abria.

Era cabelo.

Kamijou estava completamente chocado. Um estranho arrepio percorreu todo seu corpo.

Ela está transportanto uma boneca realista de tamanho real ou algo assim?

Mas esse tom castanho de cabelo era muito familiar. A cor, o brilho, e tudo mais sobre isso era exatamente como o cabelo da menina que segurava o saco.

“Espere, espere. O que você está carregando? O que há dentro deste saco?”

“...? Você não sabe? Misaka pergunta de volta. Como você entrou neste local de testes, Misaka assumiu que você estava relacionado com o experimento, mas... Sim, é verdade que você não se parece com alguém relacionado ao experimento, Misaka responde baseada em sua intuição.” Experimento...?

Kamijou ficou em silêncio enquanto não fazia ideia do que Misaka-imouto estava falando.

“Só para ter certeza, Misaka irá verificar o código de acesso, Misaka diz. ‘ZXC741ASD852QWE963’, Misaka diz testando você.”

“O quê? O que você está falando?”

“Como você não foi capaz de decodificar a senha, você não parece estar envolvido com o experimento, Misaka diz ao receber a prova da sua suposição.”

As palavras de Misaka-imouto soaram como uma espécie de língua estrangeira para Kamijou.

Ele olhou para ela com ar de dúvida.

“Este saco contém uma ‘Sister’, Misaka responde.”

A voz que havia respondido a pergunta de Kamijou claramente era da Misaka-imouto.

No entanto, a voz, bem como os passos, vinham de trás da Misaka-imouto.

A voz soava como se viesse formando ecos.

Este não foi um engano nos sentidos de Kamijou. Com o som de mais passos, alguém se aproximava por trás da Misaka-imouto.

“Misaka pede desculpas por ter deixado o gato preto para trás, Misaka afirma.”

A pessoa que apareceu na escuridão era uma menina que se parecia exatamente com a Misaka-imouto.

O quê? Ela se parece com a Misaka-imouto... Então é a Mikoto?

“No entanto, ela não queria que o animal se envolvesse em conflitos desnecessários, Misaka diz explicando suas ações.”

No entanto, os passos da outra menina não eram os únicos.

“Misaka deseja pedir-lhe desculpas pela mesma razão, Misaka diz enquanto ela abaixa a cabeça.”

Havia duas, três, quantro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez... Um número aparentemente interminável de passos.

“Parece que o experimento lhe causou preocupação desnecessária, Misaka comen-...”

“Mas você não precisa se preocupar...”

“Então, foi você que chamou a polícia...”

“Essa foi a decisão apropriada...”

“É esse o gato? Misaka pergun-...”

“Cada Misaka aqui é Misaka, Misaka...”

“Mas o que você teria feito se Misaka fosse a assassina?”

“Os detalhes são confidenciais, por isso Misaka não pode explicar, mas não havia nenhum problema aqui, Misaka responde.”

“...Ah?”

Kamijou naturalmente recuou quando Misakas aparecerem atrás da Misaka-imouto. Suas costas encostaram-se a algo. Ele se virou e viu mais Misakas com rostos inexpressivamente idênticos.

Legenda

“O quê...?”

Kamijou ficou sem fala e tentou ver através de tudo que tinha acontecido.

O que tinha visto não fora uma ilusão, mas, na verdade, o cadáver de uma das idênticas Misakas? O fato de que a Misaka-imouto estava carregando um corpo, parecia que queiram esconder isso.

Era verdade que o sangue poderia ter sido seco em cerca de um minuto, com um coagulante e um secador. Então poderiam limpar facilmente com óleo de tempura que fosse previamente preparado com produtos químicos. E as impressões digitais poderiam ser facilmente apagadas.

Mas Kamijou achou algo estranho.

Desde o início, era estranho que houvesse tantas pessoas exatamente iguais.

Gêmeos monozigóticos, muitas vezes conhecidos como gêmeos idênticos, eram irmãos com a mesma estrutura a nível genético, mas ele não eram realmente tão idênticos quanto eles eram muitas vezes representados em dramas e romances.

Vamos tomar um homem hipotético chamado Tanaka-san. Tanaka-san teria claramente muitas diferenças em proporção aos músculos e gordura, dependendo de seu treino diário, a fim de se tornar um jogador de baseball ou se ele passasse o dia comendo doces sem nada para fazer. Com diferenças de sono, exercícios físicos, hábitos alimentares e estresse, os padrões de vida das pessoas iriam mudar sua compleição física, mesmo se eles fossem iguais no nascimento. E não era normal para duas pessoas manterem o mesmo tempo de sono, exercícios e hábitos alimentares depois de viver 10 ou 15 anos.

As meninas diante de seus olhos eram muito idênticas.

Elas pareciam exatamente com a menina chamada Misaka Mikoto.

Era como se o tempo de sono fosse cronometrado, suas quantidades de exercícios medidas com aparelhos precisos, e suas porções de alimentos fossem medidas com escalas.

Sim, era como se tudo tivesse sido medido com precisão, a fim de coincidir com a Misaka Mikoto.

Era como se tivessem sido criadas por alguém.

“...”

Kamijou olhou em volta e, em seguida, olhou para o saco.

Parecia que elas o conheciam. Parecia que elas sabiam do gato preto. Mas, então, Kamijou tinha que saber qual a garota que ele pensara ser a Misaka-imouto. Ela estava com elas ou ainda com outras Misakas? Ou fora a Misaka-imouto que estivera com ele que estava agora no saco?

“Não se preocupe, Misaka responde.”

A Misaka segurando o saco falou para Kamijou que estava em estado de choque.

“A Misaka que você passou o dia com era a de serial 10032. Em outras palavras, esta Misaka, Misaka responde.” Ela apontou para si mesma com a mão livre. “As Misakas usam seu poder de eletricidade para conectar suas ondas cerebrais. As outras Misakas apenas compartinham das memórias da #10032, Misaka explica.”

Ligar as ondas cerebrais parecia inacreditável no início, mas era possível se fossem gêmeas. As ondas cerebrais diferem de pessoa para pessoa, como impressões digitais e impressões de voz. Tendo as ondas cerebrais de outra pessoa fuindo em seu cérebro simplesmente destruiria as células do cérebro, mas se duas pessoas idênticas ao nível genético fizessem isso...

Mas Kamijou particularmente não se importava com isso.

“Quem é você?” Questionou.

“As Misakas são as ‘Sisters’, clones celulares criados como modelos militares produzidas em massa da original, uma dos sete Nível 5 da Gakuen Toshi, Misaka responde.”

“O que você está fazendo?” Questionou.

“Apenas um experimento, Misaka responde. Misaka pede desculpas novamente por você ter se envolvido nesta experiência particular, Misaka diz enquanto abaixa a cabeça.”

“O que-...” Ele começou a perguntar, mas então fechou a boca.

As meninas que estavam diante dele eram simplesmente muito diferentes e distantes.


                                                             ...


Kamijou estava sozinho quando se encostou à parede do pátio, segurando o gato preto.

O grupo de Misakas tinha desaparecido como se estivesse derretendo na escuridão. Elas foram embora, tendo consigo o cadáver para eliminar todas as provas. E o experimento irá continuar. Ele não sabia o que eram , mas essas Misakas estavam sendo mortas e, em seguidas, levada para algum lugar sem ele saber.

O termo ‘clone celular’ trouxe a vontade de vomitar de voltar para ele. A capa do livro que ele tinha visto na livraria lhe veio à mente. ‘New! As vacas científicas dos Edifícios Agrícolas’. Lembrou-se daqueles seres vivos que viviam dento dos edifícios sem janelas, respiravam ar-condicionado, bebiam nutrientes, e foram criados apenas para serem comidos. Ele os imaginou tendo suas entranhas cortadas, suas entranhas arrancadas, sua carne em fatias e, em seguida, sendo embalada e distribuída para os supermercados e açougues em toda cidade. Ele provou o ácido azedo do seu estômago vindo do fundo da garganta. Ele duvidou que fosse capaz de comer carne por um tempo. No entanto, havia pragmáticos que não se preocupam com coisas desse tipo. As pessoas por trás do experimento estavam matando as pessoas da mesma forma que vacas; esviscerando, picando e embalando, de modo a continuar o experimento. Kamijou não sabia exatamente o que o experimento envolvia e ele duvidava que fosse entender algo tão repulsivo mesmo que explicado para ele. No entanto, ele podia dizer uma coisa com certeza. Permitir este experimento faria mais pessoas a serem mortas.

...Um experimento?

Esse termo fixou-se na mente de Kamijou.

Misaka-imouto tinha chamado de experimento, então haveria um centro de pesquisas por trás disso? Se fosse assim, o uso do termo ‘clone celular’ faria sentido. Um clone celular não poderia ser feito como um bebê normal. Eles eram criados a partir do DNA extraído a partir de um fio de cabelo ou uma gota de sangue.

De repente, Kamijou congelou.

Um fio de cabelo.

Para criar um clone celular, era necessário o mapa completo do DNA. Poderia ser um único fio de cabelo ou uma gota de sangue, mas era necessário uma matéria-prima assim.

Misaka-imouto tinha dito que elas eram modelos militares produzidos em massa da Misaka Mikoto.

Não poderia ser...

Kamijou parou de respirar. Ele olhou para o retângulo de céu que podia ver enquanto um pensamento de desespero entrava em sua mente.

Será que Misaka Mikoto sabe sobre isso?


PARTE 8[edit]

O jantar daquela noite foi yakiniku[7] .

Komoe-sensei, que parecia ter 12 anos, estava na cozinha olhando para um luxuoso conjunto de yakiniku que ela havia comprado em uma liquidação no supermercado por 12000 ienes. Ela tinha comprado, em parte, porque teria mais pessoas para o jantar e, em parte, porque era maior que o conjunto Wonderful Yakiniku de 8000 ienes que havia comprado anteriormente.

Não era incomum para Komoe-sensei estar servindo várias pessoas para o jantar. Ela era uma educadora, então tinha o hábito de levar as meninas que fugiam de casa um lugar para ficar até que encontrassem o que queriam fazer.

Já se foi um mês desde que a Izanami-chan viajou para se tornar uma padeira. A paz tem sido boa, mas isso é muito tempo para se ficar só...

Komoe-sensei tirou várias latas de cerveja da geladeira, a fim de comparar seus sabores.

Ela não tinha certeza de qual a estação que lembrava yakiniku. Afinal, ela viveu em uma época em que qualquer tipo de comida podia ser obtida durante o ano todo.

No entanto, esta professora que parecia ter 12 anos podia sentir as diferenças entre as cervejas sempre que comia yakiniku no verão. Ela também decidiu deixar o cozimento da carne para a pessoa que estava morando de graça com ela. Seu papel naquela noite era só beber e comer, por isso, ela estava se sentindo como uma realeza.

Sua colega de quarto temporária, Himegami Aisa, tinha terminado a configuração da chapa de ferro na mesa de chá no centro da sala e sentou-se na posição de lótus, a fim de matar o desejo mundano, que atendia pelo nome de fome. A posição de lótus pode parecer ostentação, mas ela estava realmente apenas sentada com as pernas cruzadas e se perguntando quanto tempo esperaria até comer.

Komoe-sensei era o tipo de pessoa que temperava a carne antes de cozinhá-la.

O gosto das pessoas varia, mas Komoe-sensei adorava colocar tarê[8] sobre a carne antes de cozinhá-la e, em seguida, colocar mais tarê depois de preparada.

É claro, a carne cozinhada com tarê enchia a sala de fumaça, mas ela não se importava. Aquele quarto (por alguma razão) já tinha rabiscos estranhos desenhados em todos os tatames e nas paredes, teve o tatame cortado por algo como uma espada, havia manchas de sangue por todo lugar, havia marcas de queimaduras nas paredes, e, finalmente, teve suas paredes e teto destruídos pelo que parecia ser uma arma de raios. O teto havia sido remendado com madeira compensada, mas ela poderia muito bem dar adeus às suas economias.

...Uuh. Amanhã eu vou ter certeza de fazer o Kamijou-chan me dizer o que aconteceu.

Komoe-sensei suspirou, mas ela trouxe um grande prato de carne para a mesa de chá para recuperar seu ânimo. Himegami foi quem colocou uma grande quantidade de tarê sobre a carne e a comeu com arroz, porque já tinha uma panela de arroz ao seu lado.

“Ok, agora aquecer a chapa de ferro. Você perdeu o jogo de Janken[9] , Himegami-chan, então você precisa pegar esse saibashi[10] e começar a trabalhar. Agora, cozinhe um pouco de yakiniku para mim!”

“Tudo bem. Mas, primeiro, vou lhe dizer uma história assustadora da Gakuen Toshi.”

“...Eu não sou do tipo de que choraria ao ouvir dos sete mistérios da Gakuen Toshi. Na verdade, eu tenho a desgraça de ser considerada uma deles.”

No entanto, as lendas urbanas da Gakuen Toshi não eram o tipo mais ocultista envolvendo fantasmas. Elas tendiam a ser mais coligadas a ciência, como OVNIs.

Muitas das lendas urbanas na Gakuen Toshi tinha a ver com o ‘Setor dos Números Imaginários – Instituto dos 5 Elementos’, também conhecido como Conhecimento Primário.

Por exemplo, havia a lenda urbana de que a Gakuen Toshi começou como um único laboratório. Essa lenda dizia que o laboratório foi estendido para acomodar as casas dos funcionários, os serviços de saúde e outros laboratórios envolvidos, até que se tornou uma grande cidade.

No entanto, niguém sabia onde esse suposto ‘primeiro laboratório’ ficava.

Havia, claro, uma abundância de rumores a respeito desse primeiro laboratório. Alguns diziam que ele tinha sido destruído há décadas, sem que ninguém soubesse o que era. Alguns diziam que ele estava escondido no subterrâneo. Alguns diziam que ele era visto todos os dias, despercebido, por ter sido disfarçado de um colégio comum. Alguns diziam que um poder especial ou tecnologia imaginária tinha sido usado para entortar o espaço ao seu redor, a fim de escondê-lo.

Podem até ser referidos como ‘os sete mistérios’, mas havia centenas de variações sobre os rumores, e não havia nenhuma única prova fundamentada.

Era algo que supostamente existia, mas ninguém percebia.

O ‘Setor dos Números Imaginários – Instituto dos 5 Elementos’ era dito o distrito que não se adaptara a qualquer dos números para os 23 distritos da Gakuen Toshi.

E muitos rumores diferentes de tecnologia imaginária eram provenientes deste laboratório invisível conhecido como ‘Setor dos Números Imaginários’.

Lá estaria o suposto AI[11] que controlava todas as éticas, militares e economias do mundo por meio da internet.

Houve a suposta ‘Projeto de Clonagem Dolly’ que armazenou o DNA de grandes homens e santos de todo o mundo e havia analisado sua genética, a ponto de que eles poderiam criar tantos gênios quanto quisessem com o apertar de um botão.

Havia a ideia de que as sinapses ‘silicorundum’[12] usados no motor de processamento do Tree Diagram só poderia ser feito com tecnologia imaginária do ‘Setor dos Números Imaginários’ e, portanto, não poderia ser refeito.

Houve a suposta unidade Hound Dog, que trabalhava secretamente para procurar o ‘Setor dos Números Imaginários’ e iria raptar qualquer um que chegasse perto de resolver o mistério, a fim de torturá-los para conseguir informações.

Há também a ideia de que a pesquisa sobre a juventude eterna fora concluída no ‘Setor dos Números Imaginários’ e que eu sou uma das cobaias... Só em dizer isso é ir longe demais. É uma violação aos meus direitos humanos.

Komoe-sensei suspirou enquanto ela segurava uma cerveja com uma das mãos.

Do outro lado da mesa de chá de Komoe-sensei estava Himegami que agitava as duas mãos ao redor.

“Tudo bem. Agora, minha história assustadora.”

“Oh, vamos lá. Apenas apresse-se, apresse-se.”

“Tudo bem. Aqui está. As partes chamuscadas do yakiniku contém carbonos aromáticos[13] polinucleares. Isso é uma substância cancerígena.”

“Espere, esse tipo de história não é apenas assustadora no verão, mas em qualquer momento!”

“Você não precisa se preocupar com isso agora. Tenho certeza que você já comeu muito disso sem saber.”

“Isso é demais para mim! Este é o seu plano para arruinar meu apetite de forma que você possa comer toda a carne, Himegami-chan?” Enquanto Komoe-sensei estava bincando com esse ataque psicológico, a campainha tocou.

“Mh. Parece que temos um convidado. Provavelmente é só um vendendor, vá educadamente lidar com isso, Himegami-chan. Enquanto isso, eu cozinharei e comerei a carne.”

Himegami silenciosamente levantou-se enquanto olhava para Komoe-sensei, claramente de mau humor. Ela se dirigiu até a porta, mas, de repente, virou-se.

“As latas de cerveja são feitas de alumínio, que é um metal tóxico. Se você beber muito, a toxina vai acumular em seu corpo. Essa é uma das razões para o colapso do Império Romano. Eles usavam utensílios metálicos demais em suas mesas. Heh heh.”

Komoe-sensei perdera completamente o apetite e parecia que estava prestes a chorar.

“Além disso...”

“...Há mais?”

“Eu sou a responsável por cozinhar hoje. Você só precisa comer a carne, Komoe-sensei.”

Himegami ficou na frente da porta e inclinou-se para olhar pelo olho mágico. Solicitadores de jornais da área eram um pouco exagerados, por isso, na pior das hipóteses, não haveria escolha além de abrir um pouco a porta e bloquear o solicitador com a ‘varinha mágica’, conhecida também como arma de gás eletrônico, que ficava do lado da porta e era colocado através da abertura para provocar uma explosão[14].

No entanto, ninguém podia ser visto do outro lado da porta.

“?”

Himegami pegou a arma de gás apenas por segurança e lentamente abriu a porta para ver se não era alguém fazendo alguma brincadeira. Quando a porta se abriu, ouviu-se um barulho de algo sendo atingido e então parou.

Himegami olhou para baixo para ver se alguém tinha deixado algo no chão.

Uma freira vestida de puro branco estava lá. A porta tinha batido na cabeça. Um gato malhado estava enrolado ao lado dela, e abanando feliz a sua cauda.

“Eu... estou com fome...”

A pessoa entrou em colapso em uma residência desconhecida, disse alguma coisa, mas Himegami fechou a porta.

“Huh? Quem era?” Komoe-sensei perguntou.

“Ninguém.” Himegami respondeu com completa calma.

No entanto, alguém começou a bater na porta com suas últimas forças. Como ela não tinha escolha, Himegami abriu novamente a porta. A freira de branco estendeu Sphinx em seus braços como se quisesse dizer ‘ao menos o leve com você’. Himegami sentiu-se muito triste por ela, e então deixou Index entrar na sala.

“Eeeeuuu esperei e esperei, mas Touma não voltou ainda para casa. Eu pensei que fosse morrer de fome.” A freira de branco disse. Ela já estava sentada à mesa de chá e tinha agarrado um par de saibashi em seu punho. Himegami sentiu que aquele era um tipo de talento onde ela encontraria uma casa onde seria alimentada. O gato estava sentado no colo de Index com a boca aberta e virada para o teto. Parecia ser uma tática para pegar os pedaços de comida que Index deixasse cair.

Apesar do convidado repentino, o luxuoso conjunto de yakiniku de 12000 ienes cabia muito. Index nem sabia como segurar os pauzinhos corretamente e Komoe-sensei gostava de ajudar os outros, de modo que a professora tomou a iniciativa para cozinhar a carne.

“Você está perguntando o que são os poderes psíquicos?” Komoe-sensei respondeu enquanto virava a carne na chapa de ferro. Index assentiu levemente, enquanto olhando para a carne cozida pela metade.

“Simplesmente, eles são baseados nas teorias de Schrödinger, mas você pode não estar familiarizada com eles.”

Komoe-sensei tentou usar o saibashi para fazer com que as outras duas comessem algumas cenouras e não apenas carne, mas parou.

“Schrödinger?”

“Sim. Schrödinger é o nome de um professor de mecânica quântica. Ele deixou para trás a história do ‘gato de Schrödinger’. A história pode soar um pouco cruel para aqueles que amam animais, então acho melhor mudar de assunto.”

Komoe-sensei colocou os vegetais sobre a carne que tinha acabado de cozinhar e colocou-os no pequeno prato de Index. Index imediatamente jogou os legumes para o gato, mas este os rejeitou com socos.

“Há uma caixa aqui.” Komoe-sensei disse enquanto pegava uma caixa de chocolates no chão com a outra mão. “Agora, o que você acha que tem dentro, Sister-chan?”

“Hmm. Chocolates, é claro. Touma tem o mesmo tipo em casa.”

“Mas esta caixa tem balas dentro.”

“Por que você colocaria isso aí dentro...?”

“Agora, então, Sister-chan. O que tem dentro da caixa?”

“Você acabou de dizer que tem balas aí dentro!”

“Sim, mas você não vai saber até abrir a caixa. Eu poderia ter mentido.”

“...”

“Portanto, há agora duas possibilidades: a possibilidade de que tenha chocolates dentro, e a possibilidade de ter balas dentro. Naturalmente, apenas uma delas pode ser verdade. No entanto, quando estamos falando apenas em possibilidades, ambas as possibilidades estão presentes.”

Komoe-sensei levemente levantou a caixa de chocolates.

“Essas duas possibilidades aparecem como um único resultado uma vez que a caixa for aberta e se verifique o conteúdo. Originalmente, temos 50% de chances de ser chocolate e 50% de serem balas, mas quando você olhar dentro, você verá que teremos 100% de chances de serem chocolates.”

Komoe-sensei abriu a caixa e pequenos chocolates caíram de lá.

“Agora, então...” Ela continuou após fechar a caixa novamente. “Supondo que as duas possibilidades eram 50% chocolates e 50% balas, o que você acha que tem dentro da caixa, Sister-chan?”

“?? Eu realmente não entendi, mas eu vi chocolates lá agora.”

“Sim. Uma pessoa normal vai escolher os 50% de chances de chocolates neste momento.” Komoe-sensei abaixou a caixa novamente. “Mas o que aconteceria se houvesse uma pessoa que escolhesse os 50% de chance de balas?”

“Mhh? Em seguida, o conteúdo da caixa se transformaria em ba...” Index parou e parecia ter percebido algo.

Um estranho fenômeno fora do normal aconteceria.

“Essa é a verdadeira identidade dos poderes psíquicos. Existem muitas possibilidades nesta realidade. Entre elas estão a possibilidade de que o fogo pode sair de sua mão e a de ler mentes. Por estas possibilidades terem 1% ou menos de chances de acontecer contra 99% ou mais das coisas naturais acontecerem, que eles são chamados de poderes sobrenaturais.” Komoe-sensei virou o saibashi. “No entanto, é também por isso que os poderes sobrenaturais não são onipotentes. Por exemplo, no nosso exemplo, havia a possibilidade de 50% chocolates e 50% balas, de modo que havia 0% de ter chicletes dentro. Estas forças não podem ser utilizadas em lugares ou condições que não tem possibilidades de acontecer, em primeiro lugar.”

“??”

“Quando nos referimos a espers, nos referimos a uma pessoa cuja capacidade de visualizar a realidade dos 50% chocolates e 50% balas difere de pessoas normais. Síndrome RPSK, comumente referido como poltergeist, é causada por crianças que já não são capazes de vizualisar corretamente a realidade devido a traumas ou estresse excessivo. O experimento Ganzfeld, utilizado no desenvolvimento de poderes, propositadamente veda os sentidos, a fim de extrair a realidade adequada.” Komoe-sensei continuou a girar o saibashi. “Espers que são cortados da própria realidade ganham uma ‘realidade pessoal’ que difere da nossa. Como resultado, eles podem distorcer um mundo microscópico usando leis diferentes. Em outras palavras, eles ganham o poder de destruir as coisas sem tocá-las ou o poder de ver o futuro, fechando seus olhos.”

As palavras de Komoe-sensei pareciam uma língua de outro mundo, de modo que Index não entendera.

“O desenvolvimento que realizamos é criar artificialmente estas ‘realidades pessoais’. Simplificando, podemos usar coisas como drogas e sugestões para ajudar a fazer com que ocorram certos tipos de ‘danos’ no cérebro.”

Index sentiu uma dor em seu peito ao ouvir a palavra ‘dano’.

Um certo rapaz estava sempre a dizer que não tinha poder. E o dizia casualmente, como se fosse de se esperar. Mas todo esse esforço fora colocado para trás há algum tempo.

Index sentiu que não podia salvá-lo a partir daí.

Não era o fato de que o menino tivesse ganhado algo depois daquilo. Foi o fato de que eu não tinha ganhado nada, mas aceitado isso com um sorriso como se ele sempre esperasse aceitar. Ela simplesmente não podia salvá-lo a partir daí.

“Na verdade, o tipo do Kamijou-chan é muito importante.”

“...? Você sabe sobre o poder do Touma?”

“Bem, Kamijou-chan tem sido bastante impertinente desde que ele veio para a escola. Muita coisa aconteceu. Sim, muita coisa. Hee hee. Hee hee hee hee.”

Enquanto Komoe-sensei colocava as mãos em suas bochechas e mexia seu corpor de um lado para o outro, Index e Himegami congelaram. Em seus corações elas tinham um pensamento: ‘Mais uma vez, seu bastardo?’

“Mas eu pessoalmente acho que Kamijou-chan e todos os outros Nível 0 precisam ser pesquisados também.” Komoe-sensei não percebera que a atmosfera da sala havia mudado. “Com o desenvolvimento de poderes, um único currículo deve ser capaz de despertar o poder de alguém. No entanto, há pessoas nas quais poderes não despertam. Isso deve significar que ainda há um conjunto de leis por aí que não entendemos e que podem ser a chave do System.”

“‘System’?”

“Esse é o termo para ‘alguém que não é um deus, mas que ainda alcança a vontade divina’ . Nosso objetivo é algo além do Nível 5. Nós, seres humanos, não entendemos a verdade deste mundo. No entanto, isso tornaria as coisas simples. Se alguém com um status superior ao de um humano aparecesse, essa pessoa poderia ser capaz de entender a vontade divina.”

“...”

Os movimentos de Index pararam.

Ela reconheceu o que tinha acabado de ouvir. Kabbalah tinha o conceito da árvore Sephirot. Era um diagrama com 10 níveis que dividiam as posições dos humanos, anjos e Deus. E nessa árvore Sephirot, a posição fundamental de Deus estava longe de ser encontrada.

Ain Soph Aur Ain Soph e Ain.

000,00,0.

Como o território de Deus não poderia ser compreendido por seres humanos e o conceito não poderia ser expresso por seres humanos, não foi mostrado na árvore Sephirot.

No entanto, um sistema religioso apareceu para tirar proveito disso.

Sua doutrina afirma que, se os seres humanos não conseguiam entender, eles simplesmente tinham que ganhar corpos que ultrapassavam o dos humanos.

Eles alegaram que os seres humanos eram deuses em processo de purificação, para que eles pudessem obter os corpos dos deuses e livremente utilizar as técnicas divinas através de si mesmos. Eles foram os primeiros dissidentes da Igreja Cristã e foram considerados perigosos pelo Apóstolo John.

Era conhecido como ‘Gnosticismo’.

“Ars Magna”, Index murmurou enquanto Himegami tocava a grande cruz em seu peito.

O homem que já tinha usado a alquimia para chegar a Ars Magna provavelmente pertencia a essa ideologia. Afinal, Ars Magna da alquimia era uma técnica para transformas chumbo em ouro. Foi a técnica de sublimar uma alma humana que tinha sido entorpecida como chumbo na alma de um anjo que era como ouro.

Gnosticismo era popular entre aqueles que se desviaram do caminho correto no oculto porque queriam usurpar o poder de Deus. Independentemente das diferenças na forma como eles pensavam, os seres humanos queriam chegar ao mesmo lugar.

Ou...


                                                            ...


O céu estava completamente azul da noite.

...Oh, eu me pergunto se Index está bem.

Kamijou lembrou da freira de branco que estava (supostamente) à espera de sua volta ao dormitório.

Eu não posso exatamente esperar que ela tenha habilidades culinárias, então ela deve estar rolando no chão, de tanta fome, agora mesmo.

Pensou em ligar para ela, mas ele rapidamente mudou de ideia.

Ele lembrou que Index acabou se envolvendo na batalha no Colégio Misawa Cram na semana anterior, porque ele havia telefonado.

“...”

Kamijou parou de pensar em Index e focou na tarefa em suas mãos.

Ele estava indo para o dormitório do Colégio Tokiwadai, a fim de encontrar Misaka Mikoto.

Os pontos de ônibus na Gakuen Toshi, muitas vezes usavam os nomes de colégios, tais como ‘Universidade Takasaki do 12º Distrito’ ou ‘Colégio Piscina Shizuna do 22º Distrito’. Isso não era muito surpreendente quanto todos os ônibus da cidade serem ônibus escolares. Felizmente, havia um ponto de ônibus chamado ‘Dormitório do Colégio Tokiwadai do 7º Distrito’. Normalmente, todos os ônibus teriam parado sua circulação naquele horário, mas havia a linha de ônibus especiais que funcionavam à noite para os alunos que faziam cursinho ou aulas de verão. Essa era uma das muitas vantagens de um colégio particular.

“Então, é este o lugar.”

Kamijou desceu do ônibus com o gato preto em uma mão e olhou o prédio. Edifícios de concreto normais se alinhavam em torno dele, mas o edifício de três andares era feito completamente de pedra. O edifício de aparência ocidental estava preso no meio de tudo e parecia um estranho senso como se ele tivesse sido movido do seu país de origem até ali. Não tinha nenhum jardim ou gramado. Assim como os demais edifícios, estava logo após a calçada.

Com uma construção tão impressionante, Kamijou viu roupas penduradas pelas janelas, exatamente como um dormitório normal. O gato dete ter avistado a roupa balançando ao vento, pois moveu a cabeça juntamente com Kamijou.

Kamijou dirigiu-se para a entrada principal, mas a segurança do local era mais forte que o esperado. À primeira vista, pareciam ser portas duplas de madeira, mas era feita provavelmente de um material especial de fibra de carbono. Provavelmente não se moveria nem se um caminhão se chocasse contra.

A maçaneta da porta parecia ser um sensor, pois podia ver a luz vermelha pela fechadura. Kamijou adivinhou que ela detectaria a impressão digital, verificaria o padrão bioelétrico corporal e o pulso, e talvez, até mesmo, o DNA a partir da oleosidade cutânea.

Um número de caixas de correio estavam alinhadas ao lado da porta. Eles não eram muito diferentes de caixas de correio de um bom apartamento. Pelos nomes nas caixas de correio, Mikoto parecia ser a dona do quarto 208.

Ele não tinha outra opção, então usou o interfone. Assim como um belo apartamento, que fora criado como botões de calculadora, poderia ser usado para digitar o número do quarto e ligar diretamente para lá.

Entrando em contato com o quarto de Mikoto era muito fácil. Ele só tinha que digitar 208 no interfone.

Mas Kamijou hesitou em fazê-lo.

Era quase impossível que Mikoto não tivesse nada a ver com o experimento. Afinal de contas, seria necessário suas células para criar esses clones celulares conhecidos como Sisters.

O que ele deveria dizer ao vê-la?

Ele estava com medo de ouvir Mikoto dizer que este experimento repulsivo que matava pessoas não tinha nenhum problema. Ele estava com medo de ver o rosto de Mikoto enquanto ela falava da verdade escondida.

O gato miou, inquieto.

Kamijou recordou o rosto de Mikoto, a garota que ele conhecera na frente da máquina de vendas, e que certamente não era tímida. Se isso fosse uma encenação, a fim de esconder a verdade?

Ou ela era realmente tão confusa que poderia estar cooperando com o repugnante experimento e sabia que as Sisters estavam morrendo, mas ainda era capaz de sorrir daquele modo?

De qualquer maneira, isso não era a imagem de Misaka Mikoto que Kamijou tinha construído em sua mente.

No instante em que ele apertou os botões do interfone, aquela imagem seria abalada.

Kamijou percebeu que ele estava com medo de ter aquela imagem destruída.

Ele não tinha nenhum motivo real.

Foi só porque voltar da escola com Mikoto fora tão agradável.

“...”

O dedo de Kamijou tremia enquanto ele pensava sobre pressionar os botões. Uma vez que ele apertasse os botões, não havia como voltar atrás. Ele não podia apagar o fato de que ele lhes havia pressionado. Depois disso, Kamijou não sabia se viria sobre ele uma avalanche como uma montanha russa que tinha subido até seu ponto mais alto.

Kamijou não sabia o que fazer.

Ele ainda não sabia qual a melhor opção quando apertou os botões do interfone.

Ele ouviu o leve clique dos botões de plástico sendo pressionados.

Com um pouco de estática sobre o alto-falante, uma entrada para um mundo anormal fora aberto.

“Oh, um...”

Ele não sabia o que dizer.

No entanto, ele tinha que falar algo.

“... Aqui é o Kamijou. Misaka, é você?”

As palavras que saíram de sua boca soavam horrivelmente banais.

Os poucos segundos de silêncio, enquanto esperava por uma resposta pareceram extremamente cansativos para Kamijou. Ele ouviu um barulho pelo interfone. Era o som da respiração de alguém do outro lado. Muito provavelmente, Mikoto estava do outro lado do interfone. Ela estaria relaxada por pensar que Kamijou não sabia nada do experimento.

Depois de uma ligeira pausa...

“Oh, Kamijou-san, O que você disse?” Respondeu claramente uma lenta voz que não era de Mikoto.

“Oh, merda. Eu errei o número do quarto?”

“Não, não, você não errou. Você tem negócios com a Onee-sama? Sou a colega de quarto dela.”

A voz soava familiar, e Kamijou lembrou o porquê depois de pensar por um momento. Ela era a garota Shirai Kuroko que havia chamado Mikoto de ‘Onee-sama’ no dia anterior.

“Oh, entendo. Bem, pela maneira que você falou, suponho que a Misaka ainda não voltou...”

“Correto. Mas ela deve voltar em breve. Pois aqui nós temos um sistema de toque de recolher muito rigoroso.” A voz disse lentamente pelo interfone. “Se você tem negócios com a Onee-sama, eu sugiro que entre. Caso contrário, você pode apenas sentir a falta dela.” Ele ouviu o som do interfone desligando e logo após, o som do desbloqueio da entrada. A partir de vários ruídos metálicos, parecia que eram usadas várias fechaduras. O gato pareceu surpreso com o brutal barulho.

Realmente... devo ir lá?

Kamijou parecia incerto, mas ele realmente precisava falar com Mikoto, então ele aceitou a oferta da colega de quarto dela. Ele passou pela entrada principal para encontrar um salão gigante. O interior parecia um lugar onde nobres viveriam. As paredes e o teto eram em sua maioria brancos e um tapete vermelho cobria todo o chão. Ele achava que só poderia ter sentido o gosto de como ser rico, mas ele também tinha a sensação de que um intruso se destacaria facilmente.

Ele não tinha certeza se os moradores eram apenas bem-comportados ou se o edifício possuía uma boa insonorização[15], mas a área estava envolta em um calmo silêncio como o de um santuário ou templo. Kamijou ignorou os corredores que se estendiam para a esquerda e para direita do hall de entrada e seguiu para as escadas do centro do corredor que levava aos andares superiores. De acordo com o número na caixa de correio, onde o quarto de Mikoto era o 208, Kamijou adivinhou que ele deveria ser em algum lugar do segundo andar.

Ele subiu as escadas e foi até o segundo andar.

Ele encontrou o quarto 208 quase de imediato. O número era exibido em ouro na porta. O gato olhou para seu reflexo na porta polida e Kamijou sentia que era como a porta de um quarto de hotel. No entanto, não havia um intercomunicador na porta como teria em um hotel. Kamijou bateu levemente na porta e uma voz respondeu.

“Entre. Não está trancada, então você pode abrir por você mesmo.”

Ele abriu a porta e o interior do quarto era realmente como o de um hotel. Havia uma porta ao que provavelmente levaria para um banheiro, e havia duas camas, uma mesa lateral e um pequeno frigorífico ainda. Não havia nada como um armário, assim parecia que todos os itens pessoais eram mantidos nas malas gigantes próximas das camas.

Apesar de estar em seu quarto, Shirai Kuroko ainda tinha o cabelo em tranças. Ela ainda estava usando roupas de verão, então ela parecia um pouco não natural em sua cama.

Shirai não deveria ter muito interesse em animais, porque ela não olhou para o gato preto nos braços de Kamijou.

Mas você sabe...

Kamijou olhou ao redor novamente. Mesmo que sua companheira de quarto lhe dera permissão, ele ainda se sentia estranho no quarto de uma menina, quando ela não estava lá. Vendo como ele agia, Shirai Kuroko riu um pouco.

“Desculpe. Este dormitório é realmente feito para dormir, e não para entreter convidados. Por favor, sente-se na outra cama, enquanto você epera pela Onee-sama.”

“...Não. Eu não posso sentar na cama dela sem que ela permita.”

“Não se preocupe. É a minha cama.”

“Então o que diabos você está fazendo rolando na cama de outra pessoa? Você é algum tipo de pervertida?”

“Mh. Você não pode simplesmente chamar as pessoas de pervertidos assim. Todo mundo tem coisas que nunca poderiam dizer às pessoas sobre, mas que eles consideram perfeitamente normais em seus corações. Você sabe, como gravar a voz da garota que você gosta ou roubar a sela de sua bicicleta.”

“Eu não faço coisas como essas! Como você pode perverter esses sentimentos puros? Primeiro a Mikoto, e agora você! É esta a verdadeira face de uma ‘ojou’!?”

Apesar da exclamação de Kamijou, Kuroko apenas estufou as bochechas como se recusasse a aceitar o que ele falara.

Wow. A vida escolar de Mikoto deve ser como um campo de batalhas.

Kamijou inclinou-se contra a parede.

“Eu achei que você fosse kouhai dela por chamá-la de ‘Onee-sama’, mas na verdade devem ter a mesma idade, pois são colegas de quarto.”

O gato começou a lutar, pois queria verificar o pequeno espaço abaixo das camas, mas Kamijou não lhe permitia escapar de seus braços.

“Não, não. Eu sou certamente uma kouhai da Onee-sama. Eu apenas me livrei da companheira de quarto anterior... de uma maneira completamente legal, é claro.”

O rosto de Kamijou endureceu no susto e Kuroko continuou a falar.

“...Onee-sama tem muitos inimigos. Suponho que seja o destino das pessoas com muito poder, mas você não acha que seria muito difícil para ela ter um sono tranquilo com um traidor perto dela?”

“...”

Kamijou se calou e o gato parou de lutar e olhou para o rosto dele.

“Então.” Kuroko disse enquanto olhava para Kamijou. “É o senhor que tem tido frequentes disputas com a Onee-sama?”

“?”

Como Kamijou não tinha memórias, ele não estava realmente certo. Parecia que Mikoto era uma espécie de conhecida sua antes, mas ele não sabia que tipo de relacionamento eles tinham.

Kuroko olhou para o olhar curioso de Kamijou e suspirou.

“... Se não, tudo bem, mas eu estava apenas esperando conhecer a pessoa que tem apoiado a Onee-sama.”

“Apoiado?”

“Sim. Ela pode não estar ciente disso, mas todo mundo pode dizer que ela menciona alegremente este cavalheiro nas refeições, durante banhos, e mesmo quando vai dormir.” Kuroko suspirou novamente. “...E ainda assim ela tem alguém que quer seu seu aliado. Seu rosto faz com que pareça que é o único lugar para ela neste mundo. Quem quer que seja, tem deixado uma forte impressão sobre ela.” Kamijou olhava com uma expressão confusa enquanto Kuroko começara a se virar.

“...? Mas isso é realmente o tipo de pessoa que ela é? Pareceu-me como se ela sempre fosse do tipo de ser a líder.”

“É exatamente por isso. Onee-sama geralmente atua como líder, para que possa ficar no centro de todos, mas ela não pode se misturar com todos. Ela fica no topo e derrota seus inimigos, mas ela não pode evitar fazer inimigos ao mesmo tempo. O que é mais importante para a Onee-sama é alguém com quem ela possa se sentir no mesmo nível. É assim que eu vejo isso, pelo menos.”

“...”

Kamijou recordou a Mikoto que ela havia conhecido no dia anterior. Ela tinha sido egoísta e temperamental, ela não tinha ecutado o que ele tentou dizer, e ela tinha começado a biribirir no momento em que algo aconteceu. No entanto, ele tinha a sensação que ela estava bastante descontraída. Era como se estivesse esticando as articulações após retirar um enorme peso das costas.

A caminhada após as aulas com Kamijou tinha sido uma zona segura para Mikoto.

Seu sorriso tinha sido honesto e quase demasiado indefeso.

Mas...

Isso foi realmente verdade? Foi ao lado de Kamijou a única vez que Mikoto sorriu? Não havia possibilidade de que ela era simplesmente uma pessoa anormal que poderia facilmente sorrir e falar casualmente com Kamijou apesar de ver as Sisters sendo mortas diante de seus olhos? Kamijou pensou nisso e por pouco não sentiu vontade de vomitar. Por que não posso simplesmente confiar nela?

“Tenho certeza de que a Onee-sama acabou agindo assim sem perceber.” Shirai Kuroko disse enquanto estreitava ligeiramente os olhos. Sua voz soava como se ela estivesse sonhando com uma posição que ela mesma nunca poderia alcançar.

“Quando ela perceber, ela provavelmente ficará envergonhada e se tornará mais agressiva do que o necessário.” A respiração de Kamijou parou por um instante.

Legenda

Ele havia acabado de pensar em uma Mikoto assustadora e então ele sentiu-se patético por pensar nela dessa forma. No entanto, ele ainda não conseguia parar de se sentir assim em relação a ela. Se seus palpites estivessem corretos, então Mikoto sabia do experimento e tinha conhecimento de que as Sisters estavam sendo cruelmente mortas e ainda assim ela estava cooperando.

E ela caminhou ao lado dele sorrindo apesar de saber de tudo isso.

Uma estranha metáfora apareceu no fundo de sua mente. Ele imaginou sua comida preferida como sendo órgãos esmagados.

Kamijou não queria pensar em Mikoto como sendo este tipo de pessoa.

Ele hesitou em perguntar a ela sobre o experimento.

No entanto, ele não podia simplesmente deixar Misaka-imouto nesta situação também.

Por causa de tudo isso, Kamijou não sabia mais o que fazer.

E assim como ele estava pensando em tudo isso, ele ouviu passos vindo pelo corredor do lado de fora da porta. O gato preto olhou para cima.

Um suor pegajoso apareceu na palma da mão de Kamijou.

Mikoto retornou?

Isso era para ser o que Kamijou queria, mas por alguma razão ele foi agredido por um nervosismo intenso e mal-estar. Seu coração batia com força e irregularidade ímpar.

Kuroko escutou por um instante e, em seguida, levantou-se da cama.

“Oh, não. Isso soa como a surpervisora dos dormitórios fazendo sua ronda!”

“...Hein?”

Kamijou foi pego de surpresa por esse comentário inesperado e Kuroko balançou os braços.

“O-O que vamos fazer? Isso ficará muito ruim se a surpervisora descobrir sobre você.”

“Você parece muito certa. Você pode dizer quem é pelos passos?”

“Ela é perigosa o suficiente para que você precise ser capaz de reconhecer seus passos. Enfim, ela é uma existência do mal que verifica os quartos, sem aviso, para que você precise se esconder debaixo das camas.”

Kuroko de repente começou a empurrar a cabeça de Kamijou para forçá-lo a entrar debaixo da cama de Mikoto. O gatou miou de insatisfação.

“Ai! Espere, caramba! Eu não vou caber neste espaço!”

“Não é normal para um cavalheiro vir ao dormitório de Tokiwadai! Ahh, isso é uma dor, então eu vou teleportá-lo... hein? Por que meu poder não afeta você?”

“Oh, isso é provavelmente pela minha mão direita (o meu Imagine Breaker). O...Ow! Ouça, maldita!”

Eventualmente, Kamijou e o gato foram expremidos debaixo da cama como uma bagagem sendo enfiada no porta-malas de um carro. Surpreendentemente, a área abaixo da cama estava muito bem limpa, de forma que não havia poeira.

Mas elas usam seus sapatos aqui dentro, então não há realmente nada de diferente sobre isso do que pressionar meu rosto contra o chão lá de fora.

Não só o espaço era apertado, mas algo já estava lá. Kamijou estava sendo empurrado em um grande urso de pelúcia quase tão grande quanto ele.

Assim quando Kamijou estava considerando empurrar o urso para fora, ele ouviu a porta ser aberta, emsmo sem uma única batida. Ele ouviu uma voz feminina baixa.

“Shirai. É hora do jantar, de modo que você deve ir para a sala de jantar. Misaka... Onde ela está? Eu não recebi nenhuma notificação de ela estar fora e companheiros também são responsáveis quando alguém quebra o toque de recolher, então eu espero que você não se importe em receber um desmérito.”

Aparentemente, ela realmente era a surpervisora do dormitório.

Ele estava em uma situação bastante desesperada, mas ele estava de alguma forma aliviado. Ele ficou aliviado de que não era a Misaka Mikoto que tinha entrado no quarto.

Em seguida, ele ouviu Kuroko falar.

“Oh, eu acredito que ela tinha negócios bastante urgentes, para ela não ter tido tempo de enviar uma notificação. Eu acredito na Onee-sama, por isso não posso aceitar um desmérito.”

Parecia que a surpervisora do dormitório tinha levado Kuroko para fora do quarto. Kamijou esperou tenso embaixo da cama por mais um pouco. Ele não podia dizer o que estava acontecendo, enquanto debaixo da cama, e não seria muito surpreendente se a surpervisora voltasse, então ele não poderia apenas sair casualmente de debaixo da cama.

Hoo... Provavelmente será difícil eu sair do dormitório com as coisas como estão.

Kamijou suspirou e, em seguida, olhou para o urso de pelúcia debaixo da cama de Mikoto.

A princípio, pensou que parecia mais extravagante do que ele pensaria que Mikoto gostasse, mas quando olhou de perto, ele viu que um dos olhos estava coberto com um tapa-olho, ele tinha fitas coladas por todo corpo, e tinha alguns pontos como o Frankenstein. Era mais badalado do que fantasiado. O gato preto olhou para ele de seus braços.

De repente, o gato começou a perfurar o urso com suas patas dianteiras.

Apesar de estar em uma situação desesperada debaixo da cama de uma menina, Kamijou não podia deixar de achar os socos do gato bonitos. De repente, ele ouviu um barulho terrível de um rasgão.

“Owaahh! Não use suas garras, seu idiota!”

“Funyahh!” O gato gritou quando Kamijou o puxou para longe. Ele então passou a mão sobre o tecido rasgado. Ele sentiu algo duro dentro do urso de pelúcia. Era como se algo estivesse dentro do urso.

Olhando mais de perto, ele podia ver que alguns dos pontos eram na verdade zíperes. Tinha alguma coisa como uma pequena bolsa. Ele acariciou o urso para verificar e sentiu algo como uma pequena garrafa dentro. Não poderia ter sido perfume escondido dentro, pois o gato teria sido incapaz de suportar o cheiro. Parecia que Mikoto usava o urso para esconder objetos que eram contra as regras do colégio. Era quase como alguém que vendia drogas.

Dado o tamanho do urso de pelúcia, Mikoto deveria ter tido um monte de coisas que não queria que as pessoas encontrassem. Kamijou suspirou e tirou a mão do urso.

“Huh?”

Ele então notou algo.

O urso tinha um colar de espessura em volta de seu pescoço, que parecia um cinto e nele estava escrito ‘Killbear’. Isso era provavelmente o nome do urso, mas isso não importava.

Olhando de cima, um zíper em volta do pescoço podia ser visto escondido pela gola. Ela foi feita de modo que não pudesse ser aberto com o colarinho apertado no caminho. Além disso, o colar tinha um grande cadeado que parecia parte da decoração. Esse zíper foi claramente usado de maneira diferente dos outros.

Muito provavelmente, o que estava lá dentro era a coisa que Mikoto menos queria que alguém soubesse. Kamijou não queria se intrometer, mas o zíper estava meio aberto. Parecia que havia papel dentro. O canto de um pedaço de papel estava saindo da metade do zíper aberto. Isso foi tudo. Não havia mais nada a ele. Kamijou sentia que poderia facilmente ignorá-lo. Não era certo vasculhar os segredos dos outros. Não era certo, mas o trabalho teve o seguinte escrito em letras digitadas.

‘TESTE NÚMERO 07-15-2005071112-A. USANDO A SISTERS RADIO NOISE PARA MUDAR O NÍVEL 5 DE ACCELERATOR PARA...’

Kamijou estava em choque total. Somente o canto do papel estava para fora do zíper, de forma que não dava para ler o resto. Ele fechou os olhos. Muito provavelmente, não haveria mais volta se ele lêsse isso. Ele estava em sua última chance de voltar atrás.

O gato soltou um silvo ameaçador para expressar seu desagrado do perfume.

“...”

Kamijou pensou por um instante e, em seguida, abriu os olhos.

Se ele pudesse fingir que não tinha visto nada, ele não teria ido lá em primeiro lugar.

Para obter o documento, ele teria que abrir completamente o zíper. No entanto, a gola espessa com cadeado estava por cima. Normalmente, isso seria um grande problema, mas este era um bicho de pelúcia. Kamijou meramente espremeu bem o pescoço do urso. O recheio macio facilmente mudou de forma e abriu um espaço entre ele e o colarinho. Kamijou enfiou os dedos naquele espaço e abriu o zíper.

Ele encontrou um relatório de quase 20 páginas. A partir da data e nome do arquivo, parecia se tratar de uma cópia impressa.

“Utilizar a Sisters Radio Noise para mudar do Nível 5 para o Nível 6 o esper Accelerator.”

Esse era o nome do relatório.

Nível...6?

Kamijou estava confuso. Ele tinha pensado que o Nível mais alto era o 5.

Ele se arratou para fora da cama e começou a olhar o relatório.

O relatório nunca mencionava os nomes dos laboratórios ou pessoas envolvidas. Era como se tivesse sido feito de forma que nenhuma evidência real vazasse nem que por engano.

O relatório foi escrito muito tecnicamente, então havia um monte de palavras que não eram em japonês. Kamijou usou seu conhecimento para entender o que estava escrito, de forma a transformá-lo em algo que fizesse sentido.

“A Gakuen Toshi possui sete espers Nível 5. No entanto, os cálculos de previsão do Tree Diagram estabeleceram que há um único deles que é capaz de atingir o ainda não visto Nível 6. Os demais Nível 5 ou estão crescendo de maneira distinta ou o seu equilíbrio corporal não aguentaria o aumento de poder.”

Havia uma lista de sete nomes espers com vários tipos de gráficos, mas Kamijou ignorou eles.

“A única pessoa que é capaz de atingir o Nível 6 é conhecido como Acclerator.”

Accelerator.

Kamijou franziu a testa para aquela palavra desconhecida.

Havia uma explicação suplementar em uma língua estrangeira, mas Kamijou ignorou, por não conseguir entender.

“Accelerator é o mais forte esper na Gakuen Toshi. Segundo os cálculos do Tree Diagram, ele atingiria o Nível 6, após 250 anos de treinos pelo currículo regular.”

Kamijou leu a linha em estado de choque.

Como dados de referência, ele afirmara que algumas maneiras de fazer uma pessoa permanecer viva por 250 anos estavam em um relatório diferente.

“Procuramos por um método que não requer uso destes 250 anos. Como resultado, o Tree Diagram nos levou a um método diferente do currículo habitual. Ele é baseado no fato de que o uso de poderes em batalhas reais acelera o processo de amadurecimento do mesmo. Houve muitos relatos de pessoas com Telekinesis ou Pyrokinesis ganhando maior precisão, por isso decidimos aproveitar esse método. Ao preparar campos de batalhas epeciais e ter batalhas procedendo com os cenários específicos, podemos controlar a direção do crescimento ganhado em batalha.”

A mão de Kamijou congelou.

Batalhas. Sentia-se como que aquela palavra estivesse ligada ao cadáver da Sister deixada naquele beco.

“De acordo com os cálculos realizados pelo simulador do Tree Diagram, determinou-se que a preparação de 128 tipos de campos de batalha e matando 128 vezes a Railgun permitiria Accelerator mudar para o Nível 6.” Kamijou reconheceu a palavra ‘Railgun’.

‘Você deveria estar mais orgulhoso pelo fato de ter derrotado a mim, Misaka Mikoto, a Railgun.’

Kamijou sentiu que se referia a ela, mas sentia-se como a forma que a mencionaram não era a de alguém que estava colaborando com o experimento.

Matar.

As mãos de Kamijou começaram a tremer. Sua respiração tornou-se irregular e ele se inclinou contra a parede, pois sentiu o chão desandar .

“No entanto, naturalmente não podemos preparar 128 Railguns de Nível 5. Ou seja, quando a nossa atenção voltou-se para o projeto Sisters destinado a produzir Nível 5 em massa que vinhamos realizando ao mesmo tempo.”

Seu coração batia de uma forma estranha. Ele poderia dizer que sua temperatura corporal tinha deixado nas pontas de seus dedos. O miado do gato sacudiu a sua cabeça como um sino de igreja.

“É claro que há diferença nas especificações entre a Railgun original e as Sisters produzidas em massa. O poder do modelo produzido é largamente estimado como Nível 3.”

O coração de Kamijou disse-lhe que havia algo definitivamente errado sobre o que estava escrito ali.

“De acordo com o recálculo do Tree Diagram com base nestes critérios, determinou-se que a preparação de 20000 campos de batalhas e 20000 Sisters produzidas teriam o mesmo resultado descrito acima.”

No entanto, eles estavam indo em frente e fazendo as coisas que estavam erradas com base neta incorreção.

“Os 20 mil tipos de campos de batalhas e cenários são explicados em outro relatório.”

Kamijou perguntou o que estaria escrito neste outro relatório.

20 mil maneiras de morrer. Ao ir para baixo na lista de Sisters, você poderia ver, quando e onde, e como iriam morrer. Foi simplesmente muito repulsivo. O que Kamijou encontrou de mais repulsivo não era porque realizavam a matança. Foi o fato de que as que ainda não morreram estarem seguindo conforme o determinado.

‘...É impossível para Misaka ficar com este gato, Misaka responde honestamente. Misaka vive em um ambiente um pouco diferente do seu, Misaka dá uma razão.’

O que ela estava pensando, então?

O que ela estava pensando quando ela olhou para o gato e o que ela tinha sentido quando o deu para Kamijou?

“O método de criação das Sisters for realizado como no projeto inicial. Um zigoto é preparado a partir de células retiradas do cabelo da Railgun e o crescimento é acelerado por meio da administração de Bouzid-02, Riz-13, e Hel-03.”

Ela estava em uma situação tão desesperadora.

O que aquela garota estava pensando que a levou a não pedir ajuda?

“Como resultado, obtêm fisicamente corpos de 14 anos de idade, o mesmo que a Railgun em cerca de 14 dias. Como os clones foram criados a partir de células já deterioradas e que tiveram seus crescimentos acelerados, é altamente provável que sua expectativa de vida seja mais curta que a da Railgun. No entanto, estima-se que não seja extremo o suficiente para afetar suas funcionalidades durante o experimento.” Teria estado a menina em desespero?

Se ela tivesse estado em desespero, porque ela havia determinado que não poderia ser salva, não importando o que ela escolhesse ou como as coias procedecem?

“O verdadeiro problema não reside no hardware em seus corpos. Encontra-se no software de suas personalidades. A informação básica no cérebro, tais como linguagem, movimento e ética tomam forma a partir da idade mental de 0-6. No entanto, as irmãs recebem apenas 144 horas, devido à sua taxa de crescimento anormal. É difícil de ensinar por métodos convencionais. Como tal, temos usado o Testament para instalar toda essa informação básica.”

Ou...

Se ela acreditava que sua morte em mãos de outra pessoa fazia parte da vida cotidiana?

Se ela não tivesse estado em desespero, não desistira, e apenas acreditava que era o ambiente normal para ela?

“Os primeiros 9802 experimentos serão realizados no interior, mas os restantes 10198 experimentos devem ser realizados ao ar livre, devido aos requisitos para os campos de batalha. Devido a questões relativas à eliminação dos corpos, estreitamos os campos de batalha para um único distrito da Gakuen Toshi.”

Foda-se.

Kamijou esmagou o relatório com as mãos.

“Malditos sejam...”

Kamijou não aguentava. Ele cerrou os dentes. Não importava o quão duro você procurasse para sacrificar 20 mil pessoas para ter um esper de elite, você não encontraria.

No entanto, este relatório insano ainda existia dentro das mãos de Kamijou.

A realidade diante de seus olhos era tão cruel que ele não teria sido capaz de suportá-la, mesmo que fosse ficção.

“...Deus amaldiçoe-os!”

Uma certa garota tinha sido criada apenas para que pudesse ser morta.

Ela era uma massa de carne que havia nascido, tendo um núcleo de uma célula de alguém e implantada em um óvulo ileso que foi então misturado com algumas substâncias químicas em um tubo de ensaio.

Aquela garota que parecia ter 14 anos passou toda a vida presa em um laboratório frio, onde foi referida por um número em vez de um nome.

Então o quê?

Mesmo Misaka-imouto só tinha sido criada para ser morta, mesmo se tivesse sido criada a partir de uma célula de alguém e implantada em um óvulo, e mesmo que ela vivera em um laboratório frio referida com um número em vez de um nome...

Ela ainda era a pessoa que estendera a mão para pegar as bebidas que Kamijou havia deixado cair.

Ela ainda era a pessoa que tinha retirado as pulgas do gato malhado.

Não tinha aparecido em seu rosto, mas Misaka-imouto parecia de alguma forma feliz com o gato preto.

Essas coisas não podem ter parecido muito especiais. Para as pessoas normais, essas coisas não seriam nada. Eles fizeram-los sem realmente pensar sobre se isso não parecia ser mais do que era.

No entanto, isso também significava que Misaka-imouto era um ser humano que podia fazer coisas normais, como pessoas normais fazem.

Ela não era algo que poderia ser chamada de cobaia.

“...Por que você não percebe isso?”

Kamijou rangeu os dentes.

O gato miou e ressoou por toda a sala que mantinha o silêncio de um cemitério.

Desde que o relatório tinha sido escondido lá e desde que Misaka-imouto era um clone das células de Mikoto, Mikoto definitivamente tinha algo a ver com esse experimento. Kamijou não conseguia entender como alguém poderia ir junto com esse experimento sangrento que só poderia ser realizado, matando-se 20 mil pessoas. Ele cerrou o punho firmemente, sem perceber.

“Huh?”

Ele, então, percebeu outra coisa.

O relatório era a impressão de um arquivo. Na parte superior esquerdo do papel, a data e nome do arquivo estavam escritos.

Em si, isso não era o problema.

No entanto, havia dois códigos de barras, juntamente com essas coisas. Eles eram como os códigos de barras na parte de trás de um livro e não havia um, direito sobre o outro.

“...”

A Gakuen Toshi teve vários tipos de terminais de rede e todos tinham diferentes graus de segurança. Por exemplo, um telefone celular era Rank D, um computador em uma biblioteca ou em casa era Rank C, os terminais de informação para professores eram Rank B, os terminais de instalações de pesquisas eram Rank A, e os terminais secretos usados pelo Conselho de Diretores eram Rank S.

Mesmo conectados a mesma rede, um terminal Rank D não poderia acessar informações de um Rank C.

Isso não criava uma espécie de classe dominante, nem nada. Era simplesmente para que se evitasse que os estudantes não fossem capazes de conseguir informações sobre as provas ou exames de saúde.

Espere um pouco. Estes códigos de barras são...

Kamijou olhou para o código de barras na parte superior esquerdo do relatório. Ele tinha certeza de que o topo do código era o ID do terminal e do código de barras menor era o ID dos dados. Similar aos códigos de barras em uma caixa de doces, eram um monte de listras pretas e brancas com números alinhados abaixo.

O de cima, a identificação do terminal, era 415872-C.

O de baixo, menor, a identificação dos dados, era 385671-A.

Isso é estranho.

O Rank do terminal era C, mas o dos dados era A. Isso deveria ser impossível. Se Mikoto tinha obtido o relatório através de uma rota adequada, ela poderia ter usado apenas um terminal Rank A no laboratório. Isso significava que ela não tinha a informação de maneira adequada.

Hacking. Não, ele pensou que era realmente chamado de craking quando a informação estava sendo espionada em vez de destruída. Ele realmente não sabia muita coisa sobre isso, mas isso não importava. O que importava era que Mikoto não tinha obtido as informações pela maneira adequada.

Em outras palavras, Mikoto pode não ter cooperado com o experimento.

“...”

Kamijou olhou por sobre o relatório.

Enquanto folheava as páginas, de repente sentiu um pedaço de papel que era mais grosso que os demais. Para saber a razão disso, Kamijou o puxou para fora do relatório.

Era um mapa.

O mapa apresentada toda Gakuen Toshi. Estava dobrado, mas quase sem espalhar nada para fora de tão grande quanto uma estante. Ela tinha sido recheada no meio do relatório e era de um papel extremamente fino, então Kamijou não tinha notado até então.

O mapa incluía a localização dos becos e edifícios, tornando-se bastante detalhado. E havia ‘X’ escrito em marcador vermelho em vários lugares do mapa.

“...?”

Essas marcas pareciam bastante sinistras, mas o mapa não dava o nome dos edifícios. Kamijou pegou seu celular. Ele tinha a funcionalidade GPS como um dispositivo de navegação. Kamijou olhou para o ‘X’ no mapa e olhou para as coordenadas em seu celular. Quano ele deu zoom, o nome dos edifícios surgiram no mapa do celular.

“Instituto de Pesquisa de Distrofia Muscular da Universidade Kanasaki.”

Distrofia Muscular?

Kamijou estava confuso. A distrofia muscular é um tipo de doença incurável. Simplificando, era uma doença que o deixava incapaz de enviar sinais para os músculos e os músculos cresciam cada vez mais fracos à medida que não eram movidos.

Mas o que tinha de ligação uma instituição de pesquisas de distrofia muscular e este relatório? Ainda confuso, Kamijou verificou os outros prédios marcados.

“Laboratório de Análise Patológica da Organização Mizuho.”

“Sétimo Centro de Pesquisa Farmacêutica, Pharmaceutical Higuchi.”

Kamijou não estava familiarizado com os nomes dos laboratórios, mas então se lembrou de algo. Ele lembrou a notícia em exibição no dirigível. Ele havia dito que três instituições de pesquisa tinham sido evacuadas ao longo das últimas duas semanas. O gato miou em insatisfação. O que foi que Mikoto tinha dito ao ver a notícia?

‘Eu odeio estes dirigíveis.’

A respiração de Kamijou ficou presa na garganta. Havia o mapa preso no meio do relatório, os ‘X’ marcados, os laboratórios que pesquisavam a mesma doença. Se você juntar o relatório, o experimento, e o mapa, parecia que ele mostrava os laboratórios que estava envolvidos no experimento. No entanto, o que a palavra ‘evacuar’ significava? E o que os ‘X’ no mapa significavam?

Kamijou se sentiu tonto. Ele não sabia por quê. No entanto, de repente ele te uma única pergunta em mente.

Era bastante tarde da noite, então por que Misaka Mikoto não havia retornado ao dormitório ainda?

Onde ela estava e o que estaria fazendo?

Poderia não ser nada. Ela poderia estar jogando loucamente em algum arcade. No entando, algo parecia ameaçador. Os laboratórios tinham sido evacuados e havia ‘X’ marcados no mapa onde eles ficavam. Era quase como se os edifícios tivessem sido esmagados por estes ‘X’. e as marcas não eram em negro, nem em azul, nem eram círculos, nem quadrados. Eram ‘X’ vermelhos. O que isso significava?

Kamijou havia determinado que o relatório não tinha sido obtido pela maneira adequada.

Devido a isso, ele tinha adivinhado que Mikoto não estava cooperando com o experimento.

E se Mikoto se recusou a cooperar com os cientistas?

E se o experimento tivesse continuado assim mesmo contra sua vontade e ela só descobriu depois?

Que medidas tomaria?

E se ela estivesse a tomar medidas para interromper o experimento...

“Entendo...”

Se ela estivesse tomando medidas em prol de Misaka-imouto... Não, de todas as Sisters...

“Então é isso.”

Misaka Mikoto não achava que o experimento não fosse nada.

Ele não sabia o motivo pelo qual ela teve de colocar um sorriso para esconder a verdade, mas Misaka Mikoto não achava que o experimento não fosse nada.

Kamijou Touma certamente poderia se aliar a Misaka Mikoto.

Ele tinha a sensação de que esperá-la ali não daria certo. Ele então não pensou na possibilidade de ser descoberto. Não se importando se alguém o viu ou não, ele saiu correndo pelo corredor, descendo as escadas, e saindo pela entrada principal.


PARTE 9[edit]

Deve ter levado um bom tempo para ler o relatório, pois o céu já estava completamente negro da escuridão da noite.

Kamijou passava através de um centro comercial à noite.

O gato em seus braços soltava um miado sonoramente doente por ter sido sacudido até ali.

Atualmente, Kamijou não tinha base para suas ações. Ele não tinha ideia do que Mikoto estava fazendo, ele não tinha ideia de onde Mikoto estava, e ele não tinha ideia de onde procurar por ela. No entanto, a sensação vaga de que lhe faltava informações era o que o fazia se sentir mais desconfortável. Ele corria sem saber de nada. Era como se estivesse mergulhando na ação de livrar-se desse mal-estar.

Ele não tinha nenhum objetivo em particular, mas ele teve que se preocupar. Esta contradição levou-o a se apressar ainda mais. Ele não tinha escolha a não ser correr cegamente à procura de Mikoto.

Mas ele também estava aliviado.

Ele estava aliviado de que ele poderia novamente se preocupar com Mikoto.

Kamijou correu no meio de uma multidão. As pás das turbinas eólicas distantes moviam-se lentamente. Assim, enquanto ele percebera que não tinha nenhum vento, ele parou.

As lâminas giravam apesar de não haver vento.

Uma única turbina girava lentamente a quase 100 metros de distância. Ele achou estranho e, em seguida, uma explicação provável lhe veio à mente.

O gerador de energia era de fato um motor. O motor tinha uma propriedade interessante. A bobina central que deveria girar quando utilizada eletricidade criaria eletricidade ao ser girada manualmente. E os motores girariam alimentados com ondas eletromagnéticas específicas. Era assim que os geradores de micro-ondas da Gakuen Toshi funcionavam.

Se as lâminas e, portanto, o motor, giravam sem qualquer vento, então estariam reagindo a ondas eletromagnéticas.

Se eu pensar nisso...

Kamijou ajustou o controle sobre o gato e correu por através da multidão. Os meninos e meninas na plateia focavam Kamijou, que interrompia o fluxo da multidão, mas ele não se importou. Ele não tinha tempo a perder.

A princípio, a turbina eólica estava ligeiramente tremendo o que tornava difícil dizer se estava ou não girando. No entanto, enquanto Kamijou corria ao longo da rua, a fim de se aproximar da turbina, os movimentos das lâminas cresciam pouco a pouco. E em pouco tempo, o movimento lento da turbina tornou-se um pouco mais rápido. E, além disso, havia alguns movimentos mais rápidos, às vezes.

Era como se ele estivesse se aproximando do centro de uma explosão invisível.

Kamijou continuou a correr.

Ele correu para a periferia sem luz da cidade, como se atraído por aquela turbina girando no meio da noite sem ventos.


Referências[edit]

  1. Verbo inventado para o ato de ‘soltar faíscas’ (biri biri). Sugestão do nosso amigo Kouma, da Bessatsu Scanlator.
  2. Literalmente, ‘Cão’
  3. Tokugawa Ieyasu foi o fundador do primeiro xogum do Xogunato Tokugawa, que perdurou desde a Batalha de Sekigahara em 1600 até a Restauração Meiji em 1868.
  4. Erwin Schrödinger foi um físico teórico austríaco famoso por suas contribuições à Mecânica Quântica. Neste caso, Misaka-imouto o cita devido ao conhecido “Gato de Schrödinger”, que é um experimento mental, do problema da interpretação de Copenhague. Neste experimento, um gato, junto com um frasco de um determinado veneno, são postos em uma caixa lacrada protegida contra a incoerência quântica. Se tiver radiação no sistema, o frasco é quebrado liberando o veneno. A Mecânica Quântica sugere que após um tempo, o gato estará simultaneamente vivo e morto. Mas quando olhar-se dentro da caixa, o gato estará vivo OU morto.
  5. Literalmente, ‘Mais tarde’.
  6. Bônus
  7. Churrasco
  8. Molho Agri-Doce
  9. Pedra-papel-tesoura
  10. Um tipo de hashi utilizado não para comer, mas para preparar a comida.
  11. Chefe, cabeça de uma empresa, laboratório ou afim.
  12. Centro de cálculos aritméticos.
  13. Não significa que possui algum cheiro. Esta nomenclatura é usada na física para descrever cadeias cíclicas de carbonos, como por exemplo, o ciclo-fenol ou o benzeno.
  14. Nota: Eles foram proibidos de venda, em 1993, devido a ter muita força destrutiva. Também são conhecidos como Head Crusher.
  15. Isolamento Acústico.
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