Mimizuku to Yoru no Ou: Capítulo 5

From Baka-Tsuki
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Capítulo 5 – Gentil Lapso[edit]

O barulho das comemorações ecoava alto pelo salão.

Todos os ministros de estado e soldados se curvaram para um brinde.

Observando o salão em seu trono estava o rei de cabelo cinza.

As pessoas parabenizavam a Brigada dos Magos pelo sucesso deles, e ao Cavaleiro Santo por sua bravura. Trovadores animados começaram a cantar odes nos cantos do salão.

Ann Duke apoiou suas costas contra uma parede do salão e observou a cena de longe.

— Sir Cavaleiro Santo! Estão tendo uma competição de bebidas bem ali! Tenho certeza que você beberia tudo que está na mesa! — Um soldado amigável disse, indo ao encontro de Ann Duke.

— Nah, minha esposa ficará irritada se eu beber demais novamente, — Ann Duke respondeu com um sorriso lastimável.

— Você pode dar um ‘oi’ a ela por mim?

— É claro. De qualquer forma, têm várias pessoas do templo aqui hoje. Ela não quis vir porque estava nervosa e disse que odiava esse tipo de coisa.

— Haha! Que pena! — O soldado disse, desaparecendo na multidão novamente.

Eles haviam obtido sucesso na dominação do rei demônio, e a garota capturada foi salva.

As notícias viajaram pela classe camponesa em um instante. Nesse mesmo instante, cidadãos brindavam o sucesso de seu reino. Ann Duke também não resistia a um drinque.

No entanto, a captura do rei havia sido ontem. Ele queria voltar para sua mansão e descansar. Sua esposa estava certamente esperando pela sua volta, e ela não gostava de ir a celebrações como essas onde todo mundo estava parabenizando e cumprimentando aqui e ali.

Ele pensou em se ausentar sob o pretexto de descansar, mas do ponto de vista do reino, ele era o rosto da honra deles, e ele também estava interessado em algo. Ele estava esperando pelo relato após o brinde.

Eventualmente, um servo correu até Ann Duke. Ele sussurrou algo em seu ouvido. Ann Duke acenou com a cabeça ao ouvir e agradeceu ao servo.

E então ele deixou o salão para trás discretamente.

Não teria como o rei pará-lo mesmo se soubesse do porquê de sua saída.

Ann Duke esteve esperando pela notícia de que a garota capturada pelo rei demônio recobrara a consciência.

Passando por um longo corredor, batendo numa porta com uma maçaneta dourada, ele entrou no quarto lentamente.

Havia uma cama de solteiro debaixo de um candelabro claro. Ali, uma garotinha estava deitada de lado.

Ann Duke andou em direção à garota. Na cama de penas, a garota dormia como se estivesse afundada nela. Suas bochechas eram miseravelmente pequenas, e Ann Duke se lembrou de quão surpreso ficara com sua leveza quando a segurou. As chamas mágicas foram feitas para não queimarem a garota, mas ela ainda assim estava cheia de fuligem.

Ele passou seus dedos pelo fino cabelo dela, que dava a impressão de palha. Ele colocou a franja dela para os lados e sua testa ficou a mostra. Havia uma estranha marca nela, e nenhum dos magos fazia ideia do que aquilo representava. No entanto, era definitivamente o trabalho do rei demônio, e parecia não haver dúvidas que ela fora afetada por algum tipo de feitiço.

— Você está bem? Como está se sentindo?

— ...

Ela espiou através de seus olhos levemente abertos, encarando fixamente Ann Duke.

— Ah... um... — Ela sussurrou incompreensivelmente.

— Sim? O que foi? — Ann Duke perguntou gentilmente.

No entanto, a garota não conseguia pronunciar nada mais, e ela tentou de alguma forma sair da cama. Sofrendo com sua falta de força, ela pegou a mão de Ann Duke.

— Você está bem? Está doendo em algum lugar?

— N-... Não.

A voz da garota era suave, como o som de asas de insetos batendo. Os pulsos que Ann Duke estava segurando ficaram marrons. Eles conseguiram derreter as correntes com mágica, mas não puderam remover as marcas, já que ela, aparentemente, usou as correntes por um bom tempo. O coração dele doía ao ver isso. No entanto, Ann Duke estava grato por ela estar bem.

— Muito bem, ótimo.

Ele soltou um suspiro de alívio.

A garota não conseguia usar muito seu cérebro, e tudo que conseguiu pensar foi:

— Onde... estou?

— Esse é o castelo da Arca Vermelha. Você não precisa se preocupar mais. Não há nada a temer.

— Nada... a... temer, — ela repetiu como um papagaio.

— Sim, correto. Eu sou Ann Duke. Ann Duke MacValen. Qual o seu nome?

— Meu... nome?

A garota fechou seus olhos gentilmente.

Seus cílios vibraram como se ela estivesse tremendo.

Então ela abriu seus olhos.

— Eu esqueci meu nome, — ela sussurrou.

Ao ouvir isso, Ann Duke a encarou surpreso. A garota olhou para o rosto de Ann Duke com olhos puros e inocentes.

Ann Duke mordeu seu lábio, olhou para baixo e sacudiu a cabeça várias vezes.

E então abraçou gentilmente a cabeça da garota.

— Coitadinha... — Ele disse discretamente, com uma voz profunda.

A garota pareceu ter inclinado sua cabeça levemente como se fosse engolida pelo peito de Ann Duke.

Ela não conseguia entender por que ele dizia essas coisas para ela.


Os rumores de que o Rei da Noite fora destruído e que a garota capturada foi resgatada atravessaram a região num piscar de olhos. As pessoas elogiavam a Brigada dos Magos e o Cavaleiro Santo, e expressavam sua simpatia e pena pela garota.

Os poetas punham seus elogios em músicas acompanhadas de suas harpas. Eles cantaram sobre a garota com uma estranha marca em sua testa, de sua desgraça, e de seu destino cruel. Eles cantaram em um belo ritmo melancólico. Eles também elogiaram os feitos heroicos do Cavaleiro Santo.

Mas eles nunca cantaram sobre uma coisa.

Eles nunca falaram do demoníaco Rei da Noite, e ninguém sabia sobre seu paradeiro.


— Seu nome é Mimizuku.

Um dia, uma bela mulher com cabelo preto entrou em seu quarto no castelo e a disse isso com uma voz gentil. Fizeram duas-três tranças em seu cabelo e seus olhos, que eram da mesma cor do seu cabelo, liberavam uma luz brilhante e gentil.

— Seu nome é Mimizuku. O caçador que você salvou antes, aquele que se perdeu na floresta me disse.

— Mimizu… ku?

Mimizuku, sentada em sua grande cama de forma descuidada, repetiu o nome. Ela usava um vestido leve e fino, e um pouco de cor voltou para suas bochechas esqueléticas.

— Sim. Você se lembra?

— Eu… Eu não entendo. Mas, quando você diz isso… Sinto que pode estar certa. É, meu nome é Mimizuku, — Mimizuku disse baixinho, fechando suas pálpebras. Como se estivesse selando algo importante em seu coração, ela colocou suas mãos sobre seu peito.

— Eu sou Orietta. Orietta MacValen. Eu sou a esposa daquele preguiçoso Cavaleiro Santo. Você conhece o Ann Duke, certo?

— Sim, eu conheço Andy.

Desde que Mimizuku acordara vários dias atrás, Ann Duke veio visitá-la todo dia. Mimizuku geralmente dormia, e ele conversava com os atendentes que cuidavam das necessidades de Mimizuku enquanto acariciava a cabeça dela.

— Sim, eu sou a esposa daquele cavaleiro dono de casa. É um prazer em conhecê-la, Senhorita Mimizuku.

Mimizuku apertou sua mão estendida. Ela sorriu. Sua mão era como um peixe branco vibrante, diferente da mão de Mimizuku, que era como uma folha murcha.

Orietta franziu o cenho um pouco, após o cumprimento com a mão.

— É um prazer em conhecê-la, uh…

— Orietta.

— É, é um prazer em conhecê-la, esposa do... Andy?

— Sim, infelizmente, essa sou eu.

Diferente das palavras dela, o rosto de Orietta estava alegre.

— Mimizuku… Tudo bem se eu chamá-la de Mimizuku?

— U-hum!

Os olhos de Mimizuku brilharam com a pergunta de Orietta. Mesmo eles tendo contado a ela que esse era mesmo seu nome, ela se sentia incrivelmente preciosa sendo chamada por ele.

— Mimizuku, você gosta de viver aqui?

Ao ouvir a pergunta, Mimizuku inclinou o pescoço. No entanto, ela apenas disse o que achava.

— Bom, hm… Tem muita comida deliciosa. Eu ganho várias coisas para vestir e todo mundo é muito gentil!

— Não tem nada faltando?

— Andy sempre pergunta isso! Não, não tem nada faltando.

Mimizuku balançou sua cabeça como resposta. Realmente, seu o estilo atual de vida era mais do que suficiente. Ela sempre se perguntava por que faziam tanto por ela.


Provavelmente eles simplesmente faziam tanto por ela porque podiam. Orietta sorria para ela.

— Se lembrou de alguma coisa? — Ela perguntou baixinho.

Ela falava dos dias que Mimizuku passou na floresta, antes de acordar.

Mimizuku não tinha uma resposta. Ela sacudiu sua cabeça novamente, mas lentamente, e com uma sensação bem diferente.

Orietta se ajoelhou no tapete próximo a cama e seus olhos se encontraram com os de Mimizuku.

— Sabe, Mimizuku. Você esteve na floresta até agora. Você foi aprisionada por monstros, e tinha olhos assustados... Deve ser por isso que você perdeu sua memória… para proteger a si mesma. Não se force a tentar lembrar. Mimzuku, talvez seja melhor esquecer. Daqui em diante, você terá uma nova vida a sua frente!

A Floresta da Noite.

Monstros.

Olhos assustados.

As palavras giravam no fundo da mente de Mimizuku.

Mesmo?

Talvez seja melhor esquecer.

Me-Mesmo?

— Tenho… Uma nova vida a minha frente?

— Isso mesmo, — veio a afirmação.

Isso mesmo, é realmente isso mesmo.

Mesmo?

Por quê?

Alguém perguntava no fundo de seu coração.

Ela ouviu um barulho estridente em algum lugar distante.


Junto com um velho caminho de pedras, o cheiro de mofo estava no ar. O teto era alto, mas sem janelas. Com o poder da magia, ele queimava brilhantemente, mudando de vermelho para azul. O rei avançou, com seus passos ecoando pela sala. Os mágicos ao lado dele não disseram uma única palavra. As únicas coisas que podiam ser ouvidas eram passos atingindo o chão e algo parecido com um gemido profundo.

No outro lado do salão, uma sombra escura estava crucificada na parede. Quando o rei parou, seu último passo foi o mais distinto de todos.

— Rei dos monstros.

Uma voz rouca, mas digna, veio do rei.

Preso no lugar por um fio transparente, Fukurou estava crucificado na parede com seu corpo suspenso. Seus olhos estavam fechados, e suas asas não faziam o menor movimento.

— Ele está consciente? — Um mago ao lado do rei perguntou.

— Vejamos se ele pode nos ouvir, — Riveil respondeu debaixo de sua sombria túnica.

— Rei demônio.

O rei falou com força. Respondendo à sua voz, ou talvez por outro motivo, Fukurou levantou suas pesadas pálpebras.

Uma luz prateada e fraca fluiu deles. Eles estavam ofuscados graças à influência do poder mágico, mas a força da luz deixava claro que ele era o governante dos monstros.

O rei respirou fundo, e se virou para observá-lo, inabalado.

— Rei demônio. Como se sente ao ser capturado por humanos?

Ele falou em provocação. No entanto, o rei demônio ignorou sua pergunta.

— …O rei dos humanos...?

Sua voz era profunda o suficiente para ser sentida no chão.

— De fato. Sou o rei deste país, Arca Vermelha.

Por um momento, um meneio de emoção pareceu surgir nos olhos de Fukurou. Era algo próximo de desprezo ou desgosto.

O rei pensou que ele parecia bem humano.

Ele não pensou que algo beligerante, com uma intenção puramente maligna, poderia ter sentimentos como desprezo ou ódio.

— …Você odeia os humanos? Você parece com um humano, rei dos monstros. Parece que você escravizou uma garota humana, estou certo?

Sem matar ou usar suas habilidades… Planejava se vingar?

Fukurou respondeu a questão com uma silenciosa rejeição, sem fazer a menor contração. O rei rangeu os dentes. Mesmo se fosse capturado, ele não imaginava poder manter sua dignidade por tanto tempo igual Fukurou.

Não havia saída. Seu inimigo era um monstro no fim das contas.

— …Que seja. A garota está recebendo cuidados diligentes no castelo. Ela perdeu suas memórias, mas isso é conveniente para ela, considerando o novo estilo de vida abastado que terá de agora em diante. Rei demônio. Suas expectativas estavam completamente erradas.

Fukurou não respondeu. Ele simplesmente fechou os olhos novamente, como se tivesse perdido o interesse. O rei trocou olhares com os magos, e então estendeu reverentemente um grande globo de cristal.

O cristal brilhava com poder mágico, e uma chama vermelha se agitava dentro dele. Aqueles que olhavam para o globo eram surpreendidos por sua atmosfera misteriosa única, com seu belo trabalho manual e o poder mágico.

— Essa chama representa seu poder mágico. Quando a chama mudar de vermelho para azul, seu poder se acabará, seu corpo secará e você se tornará uma múmia representando o poder da magia desse país.

O rei explicou tudo de forma casual, e mesmo quando dava uma sentença de morte a Fukurou, este não deu nenhuma resposta e continuou silencioso.

Ficando sem nada a dizer, o rei se virou sobre seu calcanhar e voltou por onde veio. Ao som de seus passos desaparecendo à distância, uma voz surgiu repentinamente.

— Rei humano.

O rei parou. Mantendo sua majestade da melhor forma que podia, se virou lentamente. Ele se encontrou com os olhos prateados de Fukurou novamente.

— Rei humano. O que valorizas mais: Você ou seu país?

Foi a primeira questão feita pelo rei dos monstros ao rei dos humanos. O rei dos humanos fez uma careta e respondeu sem hesitar.

— Essa questão não tem sentido, rei demônio. São duas coisas incomparáveis. Escolherei, a qualquer momento, meu país. Contanto que eu ainda seja eu mesmo, escolherei meu país.

Enquanto ele tivesse vontade, ele não os colocaria nem no mesmo patamar.

Fukurou fechou seus olhos para a resposta do rei, e ficou em silêncio, como se estivesse dormindo.


O céu azul, marcado com apenas algumas finas nuvens, envolvia o agitado mercado da cidade do castelo.

— U-uwah…!

Parada na entrada do mercado, os olhos estreitos de Mimizuku estavam arregalados.

— Tem tantas pessoas!

— É a primeira vez que vê tantas pessoas assim em um lugar? — Ann Duke perguntou ao lado dela, sorrindo.

— É definitivamente a primeira vez! — Mimizuku respondeu.

— Muito bem, segure minha mão para não se perder, ok? — Orietta disse. Ela estava do lado oposto de Ann Duke. Ela pegou a pequena mão de Mimizuku. Mimizuku piscou várias vezes, mas então sorriu alegremente.

Hoje era a primeira vez que Mimizuku deixara o castelo.

Ela vestia roupas não muito chamativas, mas, sem dúvida, bem feitas, junto com um chapéu para combinar. Ann Duke e Orietta acompanhavam ela.

— Ei, Orietta! Todos estão carregando várias coisas!

— Sim, isso é uma distrito comercial no fim das contas, — disse Orietta, imaginando se Mimizuku entendia.

Mimizuku inclinou o pescoço, achando isso difícil de compreender.

— Você compra o que quiser em troca de dinheiro. Aqui, Mimizuku, abra sua mão.

Orietta colocou três moedas na mão vazia de Mimizuku.

Pombas estavam estampadas nelas, e se pareciam com tesouros para Mimizuku.

— Use-as.

— Pagar? Com dinheiro? Por algo que eu quero?

— Correto, algo que você queira.

— Algo que eu queira…

Mimizuku pensou um pouco.

Ann Duke riu.

— Vá olhar em volta primeiro! — Ele disse, empurrando as costas de Mimizuku. Nos estandes do mercado havia frutas frescas, vegetais, belos tecidos e objetos finos que Mimizuku nunca vira antes.

Mimizuku olhou em volta, a maior parte das coisas que viu era nova para ela.

— Oh puxa, olá, senhora Orietta!

De repente, uma voz veio de um estande ao lado. Uma mulher que tinha vindo vender farinha de trigo apareceu perante Orietta.

— Você também está com o Senhor Cavaleiro Santo? Tenho inveja de como vocês dois conseguem se dar bem…

Dizendo isso, a mulher soltou uma risada calorosa.

— Ele está me acompanhando hoje, quer nos demos bem ou não. Seja lá o que eu compre, não preciso me preocupar em trazer para casa enquanto ele estiver aqui! — Orietta disse, mostrando seu melhor sorriso.

— Ahaha, não há dúvidas nisso! Me diga, Orietta, quem é essa criança?

A mulher olhou para baixo na direção de Mimizuku. Mimizuku olhou para Orietta, imaginando o que deveria fazer.

— Senhora Orietta, você já tinha uma criança deste tamanho?

— Ela não é bonitinha? — Orietta respondeu com um sorriso, ignorando o segundo comentário da mulher.

Antes que ela notasse, Orietta soltou sua mão, e segurou suas costas levemente. Mimizuku sentiu como se ela indicasse que deveria ir, então com o coração batendo forte, ela se misturou no meio das pessoas entre os estandes da rua. Saudando pessoas aqui e ali, Ann Duke observava a pequena figura para ter certeza de que ele não a perderia de vista.

Após colidir com várias pessoas, Mimizuku se encontrou em frente a um pequeno estande. Ela parou para descansar, e acabou cheirando o perfume suave que emanava do estande.

— Ei, garotinha! Quer algo pra comer? — O proprietário disse para Mimizuku de forma cortês. Mimizuku ficou um pouco nervosa.

— Tem um gosto bom?

— Experimente um pouco e veja! Aqui, coma.

Embrulhado em um papel escuro e colorido estava uma fruta cozida mergulhada em açúcar. Quando ela deu uma mordida, uma doçura morna e o suco da fruta se misturaram em sua boca.

Os olhos de Mimizuku brilharam.

— Delicioso!

— Não é mesmo?

O homem ficou ainda mais animado com a resposta de Mimizuku.

Sem respirar, Mimizuku mordeu a fruta. Após descontroladamente proclamar quão deliciosa ela era, uma multidão de adultos logo se aglomerou em volta dela.

— É ainda melhor do que a comida do castelo! — Mimizuku disse sinceramente. A multidão ficou excitada de repente.

— Esse elogio é mais do que qualquer coisa que eu poderia pedir!

— Garotinha, você não está exagerando um pouco com o seu elogio?

— Mas é verdade! É incrivelmente delicioso!

Mimizuku respondeu honestamente mesmo sem conhecer a pessoa que falou com ela.

— Cara, agora também tenho que experimentar!

O exagero de Mimizuku trouxe vários clientes. Quando Mimizuku viu os dedos deles segurando as moedas, ela entrou em pânico.

— Ah, é mesmo! Eu não tenho que te dar dinheiro?

As mãos do dono do estande já estavam cheias, e ele deu uma risada.

— Eu não preciso, senhorita! Já basta você dizer que minha comida é deliciosa!

A multidão exaltou sua generosidade, e demonstraram isso através da vontade de comprar mais.

— Não, nada bom. Orietta disse que eu tenho que trocar por dinheiro…!

A multidão ficou chocada pelo nome falado por Mimizuku.

— O quê? Você é uma conhecida da senhora Orietta? A candidata à Sacerdotisa do Templo…?

Então uma velha então andou em direção a Mimizuku.

— Veja, sua boca está suja. Espere um momento, irei limpá-la para você.

Estendendo sua mão gentil e enrugada, ela limpou a área em volta da boca de Mimizuku. Ela comeu tão rápido que pedaços da comida estavam por todo seu rosto. Todos sorriam gentilmente para ela.

— Pronto, agora você está limpa. Oh puxa, o que é isso? Na sua testa…

A velha mulher moveu a franja de Mimizuku para o lado. O que havia aparecido era uma estranha marca.

— Você… Não pode ser…

A velha senhora engoliu em seco, e a multidão ficou em silêncio por um momento. Mimizuku ficou ali, olhando para todos eles, confusa.

— Garotinha… Você é uma princesa…? — A velha senhora perguntou, seu dedo tremia.

— Hm? Eu vivo no castelo, mas não sou uma princesa.

A multidão se agitou.

— Não é o que eu quis dizer. Você, que foi salva na captura do rei demônio, é a princesa da Floresta da Noite…?

— Hã? Hm, talvez? Eu…

Com essas palavras, a multidão murmurou excessivamente.

Mesmo ela não entendendo de verdade, e embora ela não fosse uma princesa, ela tinha uma sensação de que era exatamente o que a mulher disse. Mimizuku se lembrou sobre o que Orietta havia lhe explicado antes.

— Aah…!

A velha mulher repentinamente gritou, e abraçou Mimizuku com força.

— O-O q…!

— Você voltou viva. Eu estava com tanto medo, isso é maravilhoso…!

— Uh-hm…!

Abraçando Mimizuku, lágrimas começaram a cair dos olhos da velha mulher. Mimizuku se sentiu confusa com as lágrimas que caiam nos seus ombros.

— É a princesa! A princesa salva da Floresta da Noite está aqui…!

Vozes alegres podiam ser ouvidas. Mimizuku era empurrada pelas proximidades, sendo tocada e abraçada por várias pessoas. Com uma tremulação estranha, ela apertou a mão de várias pessoas.

O que está acontecendo?

O coração de Mimizuku começou a bater mais alto e mais rápido.

Era quente.

O que está acontecendo aqui?

Após algum tempo, Ann Duke emergiu da multidão e levou Mimizuku com ele.

As mãos que Mimizuku sentiu eram mornas.

— Ei, Ann Duke.

— Hm? O que foi?

— Aquela senhora estava toda preocupada. Por minha causa.

— É, ela estava chorando.

“Chorando…”

— As lágrimas dela estavam caindo por você, — Ann Duke disse com um sorriso gentil.

O que eram lágrimas?

Mas elas eram quentes. Eram afetivas. Quando ela pensou nisso, seu rosto se acalmou e seu nariz se sentiu fresco.


Geralmente, Mimizuku era obediente como alguém que estava vivendo no castelo sem fazer nada como retorno. Ela nunca teve mais tempo livre ou tédio além do que ela podia dar conta. Ela gostava de dormir em sua cama, adorava olhar o cenário por sua janela, e amava conversar com os atendentes que ocasionalmente paravam por lá. Todos eram gentis a ela, e Ann Duke e Orietta eram como uma família.

Ela até conversou com o rei uma vez.

— É a primeira vez que nos encontramos assim, Mimizuku.

O rei com cabelos cinza chegou ao quarto de Mimizuku com vários atendentes. Ann Duke estava do lado dela, e sussurrou para ela que ele era “o homem mais importante do reino.”

— Ah, uh, prazer em conhecê-lo!

— Humpf… Vejo que você se tornou um tanto quanto energética. 16 Light Novel Project

— Eu, uh, você fez tanto para me ajudar!

— Eu não me importo muito sobre isso. Irei lhe dar todo o cuidado que precisar.

A conversa deles terminou aqui, e terminando com ela, o rei ficou com uma expressão séria. Mimizuku perguntou a Ann Duke se o rei estava irritado, e Ann Duke riu.

— Com essa expressão, ele só está preocupado com algo.

— É, parece mesmo ser isso mesmo, — Mimizuku concordou.

E então, vários dias depois, um único servo visitou Mimizuku.

— Senhorita Mimizuku, trouxe isso para você.

O servo entregou uma coleção de chaves.

— O que é isso?

— …São as chaves para a torre no oeste.

— Hm? A torre no oeste?

— Venho informar que a pessoa vivendo naquela torre gostaria de vê-la, senhorita Mimizuku.

— Eu? Por quê?

O velho servo simplesmente sorriu.

— Por favor, pegue isso e vá.

Ele entregou a ela um anel cheio de chaves com um brilho fraco. Mimizuku as pegou sem sentir grande coisa.

— Entendido! Eu irei! — Ela respondeu com um grande sorriso.

Ela ouviu o servo dizer qual caminho ela deveria seguir. Ele então desapareceu no corredor. Enquanto ela observava ele ir mais e mais longe, Mimizuku suspirou.

A entrada para a torre oeste requisitava várias chaves. Testando as chaves em trancas diferentes uma após a outra, ela eventualmente abriu a porta. Havia um soldado parado bem próximo a ela quando ela entrou, mas com um único olhar e as chaves de Mimizuku, ele simplesmente a cumprimentou sem nenhum outro comentário e sem se virar para olhar para ela, permitindo que ela continuasse sozinha.

Quando ela abriu a porta, havia uma longa escada giratória.

Mimizuku subiu a escadaria correndo sem qualquer hesitação. Ela se lembrou de enrolar a borda do seu simples vestido enquanto subia os degraus.

Quando recuperou sua respiração no topo das escadas, ela chegou a uma porta de carvalho bem construída.

Bom…

Mimizuku bateu na porta três vezes, copiando o que os moradores do castelo faziam toda vez que entravam no quarto dela.

— Quem está ai?

Ela ficou surpresa com a voz que veio de dentro.

— Eu sou Mimizuku.

Não havia outra forma de responder a isso.

— …Entre.

Recebendo permissão, Mimizuku entrou. Quando ela abriu a porta, uma ampla sala se espalhou diante dela. Facilmente o dobro do quarto de Mimizuku.

Havia uma janela com grades, uma estante de livros, uma grande cama, bichinhos de pelúcia e soldados de brinquedo.

No centro da sala, sentado em uma cadeira de formato estranho, estava uma sombra.

— O que foi? Por que não entra?

Ela ouviu uma voz daquela cadeira. Era aguda, como a voz de uma garota. Sentada na cadeira com uma grande roda grudada nela estava uma pequena sombra.

Tinha finos e desbotados braços e pernas.

Tinha cabelo e olhos claros, e um pequeno corpo. A cor do seu cabelo parecia fazer Mimizuku lembrar de alguém.

— Prazer em conhecê-la, Mimizuku.

Sentado com suas costas retas na cadeira estava um garoto que parecia ter mais ou menos dez anos de idade. Ele sorria fracamente.

— Eu sou Claudius. Claudius Vain Yordelta Arca Vermelha.

Mimizuku piscou.

— Eu sou… O príncipe desse país.

Com seu leve cabelo reluzindo a luz do elegante candelabro, Mimizuku pensou que ele era um tanto parecido com o rei.