Koyomimonogatari ~Brazilian Portuguese~/Koyomi Nada/003
003[edit]
A especialista Kagenui Yozuru.
A esquisitice shikigami Ononoki Yotsugi.
Mesmo sem ter que confirmar a relação delas novamente agora, eu sabia que era um de uma onmyouji e sua shikigami — isto é, a relação entre mestra e serva, ou uma relação hierárquica, ou uma relação em que a Ononoki-chan era a propriedade da Kagenui-san, ou sua arma usada para lutar contra esquisitices, ou talvez até mesmo um meio de transporte.
Para adicionar outro pedaço de informação em cima disso, a boneca cadáver usada como o modelo para a tsukumogami que a Ononoki-chan era era algum tipo de trabalho produzido em conjunto pela sociedade de pesquisa oculta que representava as quatro pessoas que eram Kagenui-san, Oshino, Kaiki e Teori Tadatsuru — a Kagenui-san tinha tomado conta disso, e chegado a esse ponto agora.
Eu sabia desse tanto.
Mas reciprocamente, eu só sabia esse pouco — eu não tinha ideia do porquê, após isso e até agora, a Kagenui-san e a Ononoki-chan tinham começado a trabalhar juntas em suas ações.
Afinal, se você pensasse nisso, não era uma contradição — a Kagenui-san, que passava todos os dias, ou talvez você pudesse dizer todas as noites, lutando contra esquisitices imortais como sua especialidade e estilo de vida — usar como uma ferramenta ou como um veículo uma esquisitice que não tinha vida, que não podia morrer mesmo se quebrasse em pedaços, ou em outras palavras, imortal.
Era quase — como eu, que estava vivendo junto com uma vampira, um inimigo imperdoável, cuja existência estava selada, ela estava cheia de contradições.
Da exata mesma maneira, nós estávamos cheios das exatas mesmas contradições.
Algum tempo atrás, eu tinha ouvido que a Kagenui-san estava fazendo uso da Ononoki-chan para ter certeza de que ela não se envolvesse demais no mundo da escuridão — mas fazer uso da escuridão para evitar tocá-la era, por si só, uma contradição.
Eu tinha imaginado muitas coisas em relação a isso, mas eu não fui capaz de chegar a uma conclusão — é por isso que quis perguntar à Kagenui-san diretamente.
Não importando que resposta fosse.
Porque percebi que eu poderia usar como referência para a relação entre mim e a Shinobu — o fato de que eu estava me aproximando de me tornar um vampiro obviamente significava que a Shinobu estava sendo influenciada também.
Embora eu não pudesse jogar se essa influência era boa ou ruim no momento — contudo, mesmo que fosse uma influência boa, isso ainda me fazia querer ouvir a Kagenui-san.
Porque esse podia ser meu ideal — embora não fosse como se eu tivesse sonhado em me tornar um meio-humano, meio-especialista ou algo assim.
“A relação entre mim e a Yotsugi?”
Já que eu estava a perguntando sobre sua relação com outra pessoa, poderia ter sido bem intrusivo, mas enquanto a Kagenui-san tinha uma expressão inesperada em seu rosto, não parecia que eu tinha machucado seu humor — bem, se eu tivesse mesmo machucado seu humor, então ela provavelmente machucaria meu corpo em retorno, então parecia que eu estava arriscando minha vida por essa questão.
E quando digo expressão inesperada, era um tipo de inesperado em que ela estava dizendo, ‘você só está me perguntando sobre isso agora?’ — como, ‘nós já não falamos sobre isso’, ou, ‘você já não ouviu sobre isso antes’, ou algo do tipo.
“Bem, tenho certeza de que cê já sabe, mas é de mestra e es... É de onmyouji e shikigami.”
“Você não ia dizer escrava?”
“Eu ia dizer escrita.”
“Mestra e escrita?”
Parecia o título de algum anime de empregada incorrigível relacionado com literatura...
“Bem, claro que eu sei sobre vocês serem onmyouji e shikigami... Mas, sabe, a Ononoki-chan te chama de ‘onee-chan’, não é?”
“Ela chama.”
“Então eu estava imaginando se vocês tinham algum tipo de relação de irmãs.”
“Se cê diz isso, então a Yotsugi lhe chama de onii-chan também, não chama? Ela só chama as pessoas de onii-chan e onee-chan no geral.”
Ela chama o Oshino-kun de Oshino-onii-chan, e o Kaiki-kun de Kaiki-onii-chan também — disse ela.
“Embora ela só diga Gaen-san quando fala com a Gaen-san. Mas ela é uma exceção.”
“Um-hum — mas...”
Ela chamava até o Kaiki disso?
Acho que ela não teme a nada...
“Kagenui-san, ela não te chama só de onee-chan? No meu caso, ela me chama de oni onii-chan, ou oni-i-chan pra encurtar.”
Era um apelido que tinha estranhamente se estabelecido.
“Mas ela só te chama de onee-chan.”
“... Hm.”
Levando minha questão com uma base que dificilmente poderia ser chamada de uma base, Kagenui-san — ficou profundamente calada. Bem, pensei que ela ficou calada. Isso foi o que pensei, e embora ela tivesse de fato ficado calada, ela tomou uma ação ao mesmo tempo — enquanto ficava calada, ela saltou da lanterna de pedra.
Era uma ação que não requisitava nenhuma preparação, a ponto em que me perguntei se havia sido um rasto — mais do que saltar, parecia quase que ela tinha desaparecido.
E naturalmente.
O lugar para qual ela saltou com grande velocidade foi para cima da minha cabeça — como ela esteve acocada na lanterna de pedra até o momento, ela agora estava acocada no alto da minha cabeça.
“... Um, Kagenui-san.”
Antes, quando a Kagenui-san havia aterrissado em sua cabeça, a Shinobu tinha se sentido para baixo, e agora eu podia entender que ter alguém sentado na sua cabeça não era só sua típica humilhação, mas um sentido saboroso de derrota...
Eu senti que eu, Araragi, tinha despertado para uma nova parte de mim mesmo.
Em primeiro lugar, ela tinha cancelado seu peso como tinha feito antes, então não era como se ela estivesse pesada... Embora não fosse a Shinobu, manipular seu peso normalmente era o trabalho de uma esquisitice.
A Ononoki-chan tinha tomado conta disso com uma única palavra, embora...
“Essa é uma ótima leitura que cê tem aí — ou eu deveria dizer boa percepção? Cê consegue pontuações perfeitas nas questões de múltipla-escolha dos seus exames?”
“Ouço isso um bocado, mas não.”
“Hmm. Bem, sempre errar em questões de múltipla-escolha também é bem impressionante em termos de probabilidade.”
“Acho que esse tipo de impressionabilidade não é o que eu preciso na minha vida, no entanto.”
“Então, o que cê acha?”
“Se você pergunta o que eu acho... Deixa eu ver. Não consigo evitar esperar um passado em que a boneca que você usou como um modelo para que você, Oshino, Kaiki e Teori Tadatsuru criassem a Yotsugi-chan fosse na verdade o corpo da sua irmã real.”
“Com que tipo de passado pesado cê quer sobrecarregar a vida das pessoas?!”
Ela pisou na minha cabeça.
Ai.
Bem, embora tenha doído, no final era uma expectativa cruel, ou melhor, uma predição cruel que me fez pensar que ela poderia ter feito pior.
“Bem, vocês não têm que lembrar uma a outra para se parecerem com irmãs de verdade — embora já que a Ononoki-chan não tem nenhuma expressão, é difícil dizer. Já que uma grande parte de julgar a semelhança das pessoas é pela maneira em que elas fazem expressões em vez de características físicas dos seus rostos —“
“Ha. Se cê tem que fazer esse tipo de raciocínio, então consigo ver até onde sua percepção vai. Nesse ritmo, cê vai definitivamente falhar nos seus exames de admissão.”
“Um, não é como se isso fosse aparecer nos meus exames de admissão. As origens da Ononoki-chan ou o que seja.”
“Hm. Bem, eu não tenho nenhum motivo pra esconder isso, e pode ficar tudo bem se eu te disser —“
A Kagenui-san parecia estar meditando no topo da minha cabeça — provavelmente. Eu não podia realmente saber o que estava acontecendo no topo da minha cabeça.
“—, mas, sabe. Quando me perguntam isso de uma maneira tão formal, me faz se sentir importante. Bem, me faz não querer te dizer.”
“......”
Eh.
Eu tinha pisado nessa linha de conversação (embora fosse eu que estava sendo pisado) porque eu tinha pensado que a Kagenui-san era uma pessoa refrescantemente direta que não podia demandar dinheiro por fazer perguntas como o Kaiki fazia, mas um lado contrário imprevisto dela tinha aparecido. Acho que fazia sentido...
Não havia como uma pessoa refrescantemente direta poderia ter sido farinha do mesmo saco com o Oshino e o Kaiki — não querer responder algo que foi lhe perguntado formalmente era parte de uma personalidade que era fácil de entender, embora não fosse algo com que se fosse fácil de associar.
Eu deveria ter perguntado mais casualmente.
Eu deveria ter misturado isso na minha barragem de outras perguntas — ela poderia facilmente ter consentido sem se perguntar sobre o motivo pelo qual eu tinha perguntado.
“Então, você não vai me contar?”
“Esperaí, eu nunca disse que não te contaria. E cê não precisa se preocupar, já que não vou pedir por trabalho ou dinheiro como pagamento que nem o Oshino-kun ou o Kaiki-kun. Vejamos — que tal a gente continuar nossa batalha?”
“Eh?”
Continuar nossa batalha?
Pensei que o desenvolvimento da batalha já tivesse acabado.
“Um, isso é algo tipo, eu vou conseguir ouvir sobre as origens da Ononoki-chan se eu for capaz de te derrotar? Espera um pouco, isso é praticamente impossível, e quase injustificável...”
Eu quase preferiria ter que pagar cinquenta milhões de ienes ao Oshino, ou ser roubado pelo Kaiki por uma pequena mudança — com minhas experiências durante as férias de verão, e a experiência do duelo de hoje, eu estava certo de que não seria capaz de derrotar essa pessoa nem em cem milhões de anos.
Cem milhões de anos.
Nem mesmo um vampiro conseguiria viver tanto.
Sinceramente, embora eu estivesse muito interessado nas origens da Ononoki-chan, que tinha vido a morar comigo, eu não estava tão interessado a ponto de jogar fora a vida que eu tinha finalmente conseguido recuperar.
“Bem, claro que não vou pedir pra que cê tente me derrotar. Eu não lhe requisitaria a fazer algo que ninguém nunca foi capaz de fazer antes.”
“......”
Eh?
Ela nunca foi derrotada antes?
A Shinobu e eu desafiamos alguém assim e fomos liberados?
... Depois de muito tempo, fui finalmente obrigado a perceber o quão perigosa a estrada em que eu tinha caminhado era.
“Um acerto está bem.”
Disse a especialista invicta.
Como sempre, no topo da minha cabeça.
“Se cê conseguir lutar contra mim — e conseguir me acertar sequer uma vez, então te contarei sobre o que a Yotsugi realmente é.”
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