Koyomimonogatari ~Brazilian Portuguese~/Koyomi Nada/002
002[edit]
“Hah!”
“Gyah!”
“Hah! Hah!”
“Gyah! Gyah!”
Os gritos e gemidos podem ter parecido um pouco fofos, então a cena retratada pode ser entendida como duas pessoas brincando por aí e se dando bem juntas, mas na realidade, a imagem era da Kagenui-san me espancando, para dizer de forma suave — e finalmente,
“Hah!”
Com um último chute da Kagenui-san, como se ela procurasse perfurar minhas costelas — quase como se lhe fizesse perguntar para onde a peça do meio de um daruma-otoshi[1] foi atirada — eu desabei em uma pilha, e nossa troca acabou.
“O quê, isso foi bem patético — cê pelo menos tinha um pouco mais de espinha quando a gente lutou durante o verão.”
Embora eu tivesse quebrado todos os seus ossos naquele tempo — enquanto dizia isso, ela se ergueu e aterrissou em uma lanterna de pedra.
Aterrissar em uma lanterna de pedra em um templo sagrado seria a base para uma punição divina, mas considerando que o deus do templo estava ausente, provavelmente estava tudo bem — não era como se a Kagenui-san pudesse aterrissar no chão também, então mesmo que o deus estivesse presente, ela provavelmente ainda seria perdoada.
Comigo tendo caído de cara diretamente no meio da estrada do templo, não era como se eu pudesse criticar a Kagenui-san exatamente também.
“Ugh...”
Eu gemi.
Senti que meu corpo inteiro estava coberto de machucados.
“De jeito nenhum... Pensei que a gente tivesse definido a restrição de que batalhas estavam banidas...”
“Não teve nenhuma restrição assim. A única restrição que a gente teve foi de nenhuma piada meta.”
“Então é isso... Que desentendimento terrível...”
“Ou melhor, não foi cê que me desafiou pra uma batalha?”
“Isso está correto...”
Era verdade.
Que absurdo terrível.
Se tudo que você ouvisse fosse isso, então poderia pensar que eu tinha tido alguma aspiração suicida ou algo assim, mas na verdade eu tinha, por minha própria vontade livre, pedido por uma disputa com a Kagenui-san — bem, mais do que uma disputa.
Eu queria perguntar em que tipo de escola de artes marciais ela estava.
E eu tinha terminado com esses resultados miseráveis —
“Mas eu tava me segurando nisso também, sabia? Legal e fácil.”
“Sim, posso sentir isso...”
Embora eu desejasse que você tivesse se segurado ainda mais... Ainda mais legal e ainda mais fácil. Como uma esponja cheia de buracos.
“Estou agudamente ciente disso...”
“A propósito, o que cê quer? Me desafiando pra uma batalha assim do nada.”
“.....”
Eu tinha pensado que era porque ela sabia das circunstâncias que ela tinha aceitado meu desafio imprudente sem ouvir dos detalhes... Mas parecia que ela estava bem com me bater sem nenhum motivo.
Ela era bem incrível.
Ela era realmente capaz.
Já que ela era um dos colegas do Oshino, eu tinha inconscientemente esperado que ela ‘visse através’ de mim também — mas ela era de um tipo completamente diferente do de Oshino, ou até mesmo do Kaiki.
Ela era bem fácil de entender, de uma maneira boa.
Talvez ela fosse até mesmo fácil de entender de uma maneira ruim.
Embora você também pudesse dizer que ela tinha tido alguns pontos em comum com coisas não lidadas com meios ordinários...
“Ha...”
Fevereiro.
Em um dia no final de Fevereiro, eu tinha visitado o Templo da Cobra Branca do Norte — neste templo em que o deus tinha mais uma vez ficado ausente, eu tinha chegado perto da morte muitas vezes, e até mais recentemente, uma morte de verdade ocorrera, então não era um lugar que eu queria visitar com sentimentos bruscos — mas hoje, eu tinha um negócio com uma especialista.
Kagenui-san, a violenta onmyouji Kagenui Yozuru-san, tinha vindo para fazer aqui de sua residência, então não havia nada a se fazer.
Certo, como Oshino Meme passou suas noites nas ruínas de um cursinho que não existe mais agora quando ele estava ficando nesta cidade, já que Kagenui Yozuru estava ficando nesta cidade atualmente, ela estava passando suas noites no Templo da Cobra Branca do Norte — ela realmente tinha um coração forte que lhe fazia suspirar em descrença.
Como uma especialista, ela seria a primeira a saber que tipo de lugar era este — eu tinha me perguntado se ela tinha sido ordenada a ficar aqui por aquela pessoa, a chefe dos especialistas, mas após ouvir sua história, o caso não parecia ser esse.
Ou melhor, embora parecesse óbvio e fosse uma história que o faria pensar que esse seria o caso, a Kagenui-san e aquela pessoa não pareciam se dar muito bem — ficar neste templo não era exatamente uma rebelião contra aquela pessoa, mas parecia insinuar isso.
Bem — já que houve aquele caso com o Tadatsuru-san.
Embora fosse uma insinuação um pouco imprudente demais — talvez a própria Kagenui-san estivesse ciente disso também, já que ela tinha tomado medidas precatórias ao colocar sua esquisitice shikigami, Ononoki Yotsugi, na custódia da minha casa sem sequer perguntar por minha aprovação.
Colocar uma garotinha na custódia da minha casa...
Essa era mesmo uma medida precatória?!
“......”
Bem, deixando isso de lado.
Como um resumo de meu estado atual, se eu quisesse rapidamente resumir a situação atual, então durante as férias de primavera do ano passado, meu sangue fora sugado por uma vampira lendária, e, tendo sido transformado em um vampiro como resultado, eu tinha de alguma forma conseguido voltar a ser humano, mas com traços de vampirismo ainda remanescentes — e embora dificilmente fosse uma inconveniência viver normalmente como um humano dali em diante, eu tolamente me apoiara nesse vampirismo para lidar com muitas dificuldades que ocorreram depois.
Não acho que eu estava errado em fazer isso.
Se eu não tivesse, essas seriam dificuldades que eu não seria capaz de superar — ou melhor, o caso anterior do deus cobra certamente não poderia ter sido superado se eu não tivesse me apoiado no meu vampirismo.
Não havia escolha.
Mesmo que eu soubesse disso.
Bem, eu estava pagando as consequências disso agora.
Compensação por ter usado o poder das esquisitices — o poder da escuridão.
Como alguém que continuou a tocar a escuridão, que continuou adentrando na escuridão, era natural que meu corpo acabasse sendo pintado pela escuridão — era apenas natural.
Para resumir, minha vampirificação tinha ficado óbvia — mas não era intencional, sem mencionar irreversível.
No momento, eu simplesmente não podia ser refletido em espelhos ou aparecer em fotografias — sim, agora isso era apenas uma pequena inconveniência, mas daqui em diante, se eu tiver que me apoiar nos meus poderes de vampiro novamente, então eu posso acabar virando cinzas à luz do sol, ou se tornar incapaz de comer alho, ou até mesmo derreter na água benta.
Em troca disso, eu seria capaz de obter um poder tremendo e absoluto — mas eu teria nenhuma chance de ter uma vida normal na sociedade humana.
Em outras palavras, o que quer que eu fosse ter que enfrentar depois, eu não podia mais me apoiar no meu vampirismo — era esse o caso.
“... Então com isso, já que isso já acabou, pensei em perguntar a você se eu poderia receber algum treinamento de você, Kagenui-san. Se outra complicação se aproximar, gostaria de ser capaz de lidar com isso brilhantemente sem me apoiar nos meus poderes de vampiro, como você faz, Kagenui-san —“
“Ah —“
Ela bateu suas mãos.
Ainda acocada no topo da lanterna de pedra.
“Entendo, então é assim. Mas é melhor se cê desistir agora.”
“É mesmo?”
Era melhor desistir agora?
Ela tinha me dito para cair fora, mas eu queria saber por qual motivo.
“Bem, primeiro de tudo, não é como se o jeito em que eu faço as coisas possa ser aprendido em um só dia, e outra coisa é que sou bem não ortodoxa entre os especialistas. Não é algo que eu deveria estar ensinando a um jovem feito cê.”
“......”
Mesmo que a Kagenui-san certamente não estivesse na adolescência, eu ainda diria que em termos de sua indústria, ela ainda era bem jovem também.
Além disso, o motivo pelo qual eu queria estudar a metodologia da Kagenui-san era porque parecia que ela tinha técnicas de negociação extremamente simples e fáceis de aprender que envolviam principalmente ‘reprimir esquisitices com violência’ — mas, era possível que era por serem tão simples que, reciprocamente, você não podia aprendê-las em um só dia.
As coisas mais simples eram as mais difíceis.
Até mesmo estudar era assim.
“E se eu quisesse dizer outra coisa, então se cê quisesse aprender minhas técnicas praticando batalhas desse jeito,”
disse Kagenui-san,
“Então cê morreria antes de aprender alguma coisa.”
“......”
Esses motivos eram um bocado para explicar por que a Kagenui-san não iria me ensinar.
A taxa de ensino dela era muito alta.
Em primeiro lugar, eu mal pude encostar uma mão nela mesmo no meu modo vampiro completo, então não é como se eu pudesse me igualar a ela em carne e sangue normais — enquanto pensava nisso, eu tinha finalmente recuperado minha respiração, e me apanhei do meu estado deitado.
Mesmo que o templo não tivesse um deus, deitar no chão do templo não me fazia se sentir bem.
“Mais importantemente, cê não está na situação de fazer esse tipo de coisa, tá? O exame final dos seus testes de admissão está vindo em breve, certo — não é hora de cê fazer exames reservatórios pra universidades privadas?”
“Infelizmente, meus pais não estão esperando tanto de mim. O único exame que eu tô fazendo é o para as escolhas superiores da minha escola.”
“Hmm... Num sentido, cê tem alguma coragem aí. Como foi pra mim quando eu tava fazendo exames... — mal consigo me lembrar disso agora. Sinto como se estivesse na faculdade antes mesmo que soubesse.”
“Não acho que esse poderia ser o caso...”
“E antes que eu soubesse, era a graduação, e antes que soubesse, eu já tava trabalhando assim — Eu só tava andando por aí acertando qualquer coisa que me fizesse brava na época.”
“......”
Se esse foi mesmo o caso, então ela deve ser um prodígio.
As coisas que a faziam brava seriam esquisitices, então... Ou incluíam outros humanos também?
Hmm.
Embora eu tivesse vindo pedi-la para me ensinar, parecia que ela era o tipo de pessoa com quem era difícil de se dar bem.
“Bem, não é bom se eu me forçar demais. Já que cheguei tão longe, depois disso, o que quer que aconteça acontece.”
“Essa é uma fala na qual sinto um tipo de resignação. Bem, já que a sua vida restante acabou de ter sido bastante estendida, parece com algo que um andarilho diria.”
“Não, gostaria de evitar me tornar um andarilho, no entanto. Por vários motivos.”
“Então há ainda mais motivos pra cê não trocar socos comigo num templo vazio desses.” Kagenui-san disse — o que nós havíamos acabado de fazer não era exatamente uma troca de socos, mas eu sendo unilateralmente atacado, mas de todo jeito, parecia com algo que um adulto adequado diria.
“Por que cê acha que a Yotsugi e eu nos infiltramos na sua casa, de qualquer forma? Pelo menos, por algum tempo, você não deve esperar ser incomodado por quaisquer esquisitices agora.”
“Bem, eu entendo isso agora... Mas me sinto um pouco culpado por viver minha vida sendo protegido por garotinhas.”
“A outra garotinha seria a antiga Kissshot? Essa é uma esquisitice de seiscentos anos de idade que cê tem aí — e mesmo que cê a chame de garotinha, a Yotsugi é a tsukumogami de uma boneca cadáver.”
“Se você diz isso, estou vivendo minha vida sendo protegido por umas pessoas incríveis...”
Aquela que disse que você sempre é protegido na sua vida cotidiana quando nada ocorre foi a Hanekawa, não foi.
“É por isso que — não tente descuidadamente enfiar seu pescoço onde ele não pertence. E isso vale pra cê bem aí também.”
“Bem aí?”
“Com bem aí, quero dizer qualquer um que esteja em qualquer lugar — mas tanto faz. De qualquer forma, é melhor que cê pare de tentar fazer coisas impossíveis feito aprender algo de mim. Bem, houve um bocado de gente como cê que tentou fazer a mesma coisa, e eu tentei agir como a mestra da minha arte por um capricho, mas nunca terminava bem.”
Kagenui-san disse enquanto gargalhava — bem, tentar imaginar esse ‘nunca terminava bem’ de uma maneira mais concreta, não parecia que os estudantes que a Kagenui-san tomou por um capricho acabaram saindo disso ilesos...
Hm.
Embora eu tivesse pensado que fosse uma boa ideia, acho que isso era um pouco simplista demais — ou melhor, essa poderia ser uma lição de não realizar toda ideia. Mas se você fala de lições, então não consigo evitar pensar naquele vigarista...
“Kagenui-san.”
Naquele momento, eu já tinha abandonado minha ideia egoísta de ser ensinado pela Kagenui-san, mas perguntei por pura curiosidade.
“Como você se envolveu nesse mundo?”
“Mm? Nesse mundo?”
“Er, quer dizer, o mundo das esquisitices, ou histórias de esquisitices, coisas assim...”
“Sendo bem sincera, não faz uma diferença de verdade pra mim — tudo que tô fazendo é cuidar das coisas que me incomodam.”
Ela tinha dito algo parecido com isso antes também.
Embora eu tivesse pensado nisso durante as férias de verão, parecia que ela operava sob princípios surpreendentemente simples.
Uma estratégia de confrontação de justiça e maldade.
Bem, em vez de justiça — seria a bondade inata dentre a humanidade?
Em primeiro lugar, alguém como o Oshino diria que neste mundo, havia a justiça que era desagradável ou bondade com a qual você discordaria — da mesma maneira, o mal pelo qual você viria a esperar poderia ser considerado um mal necessário também.
Nesse mundo com o qual não poderia ser lidado com meios ordinários, a Kagenui-san poderia ser falada como vivendo por meios ordinários...
“A primeira vez seria quando eu acertei um cara que tava me fazendo ficar brava no jardim de infância — pensando nisso agora, aquele cara poderia ter sido possuído por algo também. Bem, isso foi por volta do tempo em que decidi me especializar em esquisitices imortais.”
A Kagenui-san na idade de uma pré-escolar.
Era quase inimaginável — mas mesmo que eu a tivesse nessa idade como meu oponente, eu não achava que seria capaz de derrotá-la em uma batalha.
Vou rezar pelo bem estar do cara que foi acertado pela Kagenui-chan pré-escolar.
“Então o motivo por qual você tem esquisitices imortais como sua especialidade é que não tem como você exagerar — certo? Olhando isso de outra maneira, isso significaria que houve algumas vezes em que você realmente exagerou. Você baseou seu trabalho nisso?”
“Bem, acho que é algo do tipo — cê com certeza tem um bocado de perguntas. Não me diga que cê quer me adicionar nessa mistura, quer? Ao falado harém do Araragi.”
“......”
Como ela sabia disso?
A existência do harém do Araragi — embora não fosse como se tal organização de mau gosto existisse de verdade. Deve ser uma fofoca da Ononoki-chan.
Deve estar vazando.
Já que nós tínhamos acabado morando juntos, ainda mais informações poderiam estar vazando — embora isso pudesse ser considerado conveniente, de certa forma.
Se a verdade de que a Tsukihi estava vivendo a vida sem causar nenhum problema fosse circulada para a Kagenui-san, então não seria um problema para mim de jeito nenhum.
“Isso faz parecer como se eu tivesse me tornado uma pessoa grande o suficiente para lhe garantir uma passagem — mas em vez de ser grande, estou no ponto em que mal posso ser considerado uma pessoa.”
“Não precisa se preocupar sobre isso, já que vou simplesmente te espancar se alguma vez chegar a esse ponto. Esse também é outro motivo pelo qual fiz a Yotsugi se pendurar a cê. Eu disse a ela, se ele alguma vez começar a se desviar do caminho da humanidade, então cuide disso sem piedade.”
“......”
O caminho da humanidade, huh.
Eu estive tentando caminhar apropriadamente pelo caminho da humanidade, então como exatamente isso acabou assim, de qualquer forma?
E a Ononoki-chan ser uma assassina...
A verdade tinha subitamente se tornado claro.
Bem, eu podia entender isso após pensar um pouco, mas eu nunca tinha considerado isso até isso ser me dito agora a pouco. Eu tinha me encontrado me esquecendo disso já que ela parecia uma boneca fofa, mas a Ononoki-chan também era uma profissional que era especializada em ‘esquisitices imortais’.
Ha — riu a Kagenui-san.
Mesmo que eu te diga isso, disse ela.
“Não acho que haja nenhuma necessidade de pensar tão negativamente, no entanto — cê ainda pode viver uma vida normal sem nenhum problema.”
“... Mesmo que eu não possa ser visto num espelho?”
“Cê não vai morrer mesmo que não possa ser visto num espelho. Seria um problema grande se cê virasse cinzas à luz do sol, no entanto — já que a gente não saberia qual seria a causa, seria bem assustador, e cê estaria numa dor excruciante, mas pelo menos neste caso nós sabemos exatamente o que tá causando isso. Só pode ser porque cê tá usando seu vampirismo demais.”
“Bem, eu entendo até aí — mas depois disso tudo, eu não acho que eu possa viver minha vida como se nada tivesse acontecido. Quer dizer, se isso tudo aconteceu em só um ano somente por ter sabido sobre as esquisitices —“
“Bem, cê tem uma frequência bem alta. De se deparar com problemas.”
“......”
Um dos problemas de alta frequência com os quais eu tinha me deparado envolvia você e a Ononoki-chan, era o que eu queria dizer. Embora ela não fosse necessariamente minha aliada agora, nós ainda tínhamos conseguido formar um relacionamento suficiente para conversamos dessa maneira.
E para receber conselhos dela — embora esse não fosse necessariamente o caso.
“Mas cê acha que há alguém que seja capaz de viver sem se deparar com nenhum problema na vida toda? Embora eu imagino que a maioria das pessoas não são vampiros — mas então cê pode se apoiar em estranhos como nós pra fazermos algo. Vou fazer isso ou aquilo ou alguma coisa ou outra. Para ser específica, apenas por reconhecer a existência das esquisitices e coisa do tipo, pessoas como cê e eu temos nossas mentes enfraquecidas.”
“Temos nossas mentes — enfraquecidas?”
“Já que percebemos a existência do desconhecido, ou que nunca saberemos se algo pode acontecer. Já que as nossas ansiedades cotidianas aumentam tanto, é mais difícil nos concentrarmos nos aspectos normais. Pensei que o Oshino-kun fosse incomodado pelo mesmo problema.”
“O Oshino era...?”
Embora eu não diria que o Oshino tinha a imagem de ser incomodado por alguma coisa.
A imagem dele sempre parecia ser extremamente maleável, e eu nunca tinha o visto perdido em pensamentos.
Bem, mesmo assim.
Não é como se eu nunca tivesse tido essa imagem eu mesmo — era possível que por causa da atitude dele de querer manter o equilíbrio a ponto de ser quase neurótico, ele temia o colapso desse equilíbrio e a perda da neutralidade.
Anormalmente.
Temia isso.
“Nesse caso, o Kaiki parecia realmente maleável... Já que ele não podia ligar menos pro equilíbrio do mundo natural e fazia o que quisesse, aquele cara.”
“Bem, o Kaiki-kun realmente toma a posição de não acreditar na existência das esquisitices — embora ele poderia estar apenas se protegendo ao tomar essa posição. O Oshino-kun também faz o mesmo ao tomar a posição de manter as coisas equilibradas.”
Também faz o mesmo, huh.
Bem, há muito tempo, eles aparentemente eram amigos — sem mencionar que seria raro encontrar um homem que se encaixasse com a palavra ‘maleável’ tão pouco quanto o Kaiki.
Maleável era mais próximo de ser o antônimo de sinistro, afinal.
“Mas pra mim e pra cê, é um pouco impossível tomar uma posição dessas, não é. Não importando se é a posição de equilíbrio ou a posição de negação.”
“Impossível... O que você quer dizer?”
“Já que cê mesmo é uma esquisitice — e eu tenho a Yotsugi pra cuidar também.”
Embora, acho que já que cê está na mesma situação que a minha, no sentido de que cê tem a antiga Kissshot pra cuidar — disse a Kagenui-san.
“Mesmo que nós quiséssemos manter o equilíbrio, estamos próximos demais das esquisitices pra fazê-lo — porque somos baseados em esquisitices demais. E se cê quisesse negá-las, então estaria essencialmente negando parte de si mesmo.”
“......”
Quando ela disse algo assim, me deixou um pouco perplexo.
E dizer que a Kagenui-san, que agia de maneira ousada com muita confidência e trabalhava sem pretensões apesar de sua excentricidade de não andar em caminhos e que vivia de uma maneira lógica baseada em suas crenças, e eu, que por cada pequena coisa vagava por aí sem objetivo como uma pipa com sua linha cortada sendo soprada ao vento, tínhamos algo em comum — não, era possível que eu tinha inconscientemente sentido a mesma coisa, e que foi por esse motivo que eu tinha ido até o Templo da Cobra Branca do Norte para pedir ser ensinado desse jeito.
... Talvez.
Se eu barrasse a Kagenui-san com perguntas, ela poderia acabar suspeitando que eu realmente estava tentando convidá-la para o harém do Araragi — mesmo que algo desse tipo não exista! — mas mesmo assim, se eu tivesse apenas uma coisa que quisesse perguntar à Kagenui-san, então seria sobre isso.
Não sobre como ela lutava contra as esquisitices — não sobre como ela se envolveu nesse mundo — não sobre as vezes anteriores em que ela ‘exagerou’, e claro, não sobre como ela descobriu sobre a existência de um harém do Araragi.
O que eu queria perguntar.
O que eu queria perguntar a Kagenui Yozuru era.
“Ei, Kagenui-san.”
“O que é?”
“Que relação você tem com a Ononoki-chan?”
Retornar para Koyomi Nada/001 | Voltar para a Página Monogatari - Português Brasileiro | Continuar para Koyomi Nada/003 |
- ↑ 'Daruma-otoshi' é um boneco japonês formado por peças arredondadas empilhadas uma sobre a outra.