Kizumonogatari ~Brazilian Portuguese~/Koyomi Vamp/007

From Baka-Tsuki
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007[edit]

Dramaturgie.

Um gigante com mais de 2 metros de altura.

Carregando duas espadas curvas, uma em cada mão.

Acho que esse tipo de espada grande é originalmente chamada de Flamberge.

Musculoso – ele parece ser feito só de músculo.

E eu consigo me lembrar bem da faixa que segurava seu cabelo desgrenhado.

Ele levou a perna direita da Kissshot, e é um especialista em caçar vampiros.

Foi um processo angustiante – bem, no final, só o Oshino sabe que tipo de processo que foi, na verdade. Eu não sei por que determinaram assim, mas, de qualquer modo, ele é meu primeiro oponente.

“Ah.........”

Eu caminhava de noite pela cidade, suspirando.

É o dia 31 de Março.

O último dia de Março.

Quando passar da meia-noite, vai ser o 1º de Abril, dia dos bobos.... Eu devia tomar cuidado.

Não, eu já sou um estudante de Ensino Médio, não estou dizendo que me importo com o dia dos bobos, mas, meu humor fica alterado.

Não é nada a ver com o dia dos bobos em si, é só que eu nunca me dou bem com datas especiais, assim.

“Dramaturgie é um vampiro.”

Agora há pouco.

Antes de eu sair a caminhar, naquela sala do segundo andar, a Kissshot me apresentou Dramaturgie de novo.

Era a primeira vez que me forneciam essa informação.

“Vamp..... vampiro?”

É claro que fui pego de surpresa.

“Aquele cara – um vampiro?”

“.... É possível determinar isso só de olhar para ele. Ou estás a dizer que existem humanos com um corpo como o dele? Eu vivi por 500 anos – e nunca vi ou ouvi falar de um humano como ele.”

“........”

Bem, é...

De fato, ele não é simplesmente muito alto e com um corpo bem trabalhado. É num patamar completamente diferente.

Mesmo assim, não é necessário ficar me olhando como se eu fosse um completo imbecil por não ter percebido.

“Mas por que um vampiro se tornaria um especialista em exorcizar vampiros? É inconcebível.”

“Um vampiro matar os de sua própria espécie não é algo incomum. Olho por olho, dente por dente – para enfrentar um vampiro, é óbvio que se utiliza outro vampiro.”

“Mas, isso não faria dele um traidor?”

“Nós não temos esse tipo de conceito.”

De fato, apesar de Dramaturgie ter roubado a sua perna direita, Kissshot fala como se não sentisse nenhuma espécie de ódio por ele.

“Queres dizer com isto que humanos não matam uns aos outros?”

“.........”

“Deixa-me te falar isto: até onde sei, não existe sequer uma espécie de animal que não mate outros da mesma espécie. Não, até plantas e árvores da mesma espécie são capazes de absorver nutrientes umas das outras.”

Bem, pra falar a verdade não se pode considerar vampiros como uma espécie viva, afinal de contas – Kisshot terminou dizendo isso.

Era um relato detalhado.

“Até plantas – ah. Bem, eu entendo o motivo – mas, você ainda não tinha mencionado isso para mim!”

“Mmmm, bem, provavelmente é porque estou nesse estado enfraquecido. Meu esforço para conservar minha forma está afetando minha memória e meu raciocínio.”

“Bem, então o que eu devo fazer?”

“Não há outra alternativa. Tudo que podes fazer é tirar vantagem das características de vampiros. Já não te disse isso?”

Isso nem sequer são dicas. Poderiam ser classificadas como frases aleatórias.

“Bem, quanto ao Dramaturgie - é até improvável que ele utilizará essa estratégia - mas pelo menos toma cuidado para que ele não sugue o teu sangue. Se um vampiro tem o sangue sugado por outro vampiro, a sua existência desaparece.”

Só essa parte.

..... Parece que desde que acordei, a Kissshot decidiu que sou muito bom em tudo.

Do tipo ‘você vai vencer de qualquer maneira’- algo assim.

‘Vai lá de uma vez e pega logo meus braços e pernas’– algo assim.

A razão pela qual você nem me prepara para a derrota é que acha que sou melhor do que sou?

Porém, acho que não posso corresponder às suas expectativas.

Bem, para ela eu sou um subordinado e servo – é como se ela estivesse me equiparando à força lendária que ela própria possuía.

“.........”

Eu estou caminhando lentamente – lendo um livro.

Cujo título é “Aprenda Aikido facilmente!”

É um livro que ensina a lutar.

“Mmmmmm.........”

Depois de ter saído da escola abandonada, eu fui até a única livraria de grande porte da cidade.

A mesma onde comprei aquelas revistas antes de encontrar Kissshot debaixo do poste de luz.

Esta é a segunda vez, e dessa vez posso dizer que é sério, embora eu quisesse algumas sugestões construtivas da Kissshot.

Depois de descobrir que não conseguiria nada disso, resolvi fazer algo por iniciativa própria.

Por isso comprei esse livro.

Mais uma coisa: porque considerei comprar um livro sobre artes marciais meio ridículo, também comprei um que ensina como se joga baseball e um livro que fala sobre música clássica.

Não, mas....

Por que eu consigo comprar uma revista erótica mas sou incapaz de superar o constrangimento de comprar esse livro?

Pensava sobre isso e lia o livro – de qualquer modo, preciso terminar de ler o livro.

Achmmm.

De noite, se torna muito conveniente conseguir enxergar no escuro, mas eu nem dei importância para isso.

Importância nenhuma.

Falando nisso, eu acabo de lembrar sobre como a minha irmã menor (a mais velha) usou uma técnica marcial em mim.

Com as mãos nuas.

É, embora eu não tivesse experiência em brigas, houve diversas ocasiões onde pratiquei lutar com minha irmã....

Aquela garota não sabe nada sobre controlar a força....

Pensando nisso, sorri de maneira amarga. Mais tarde, eu lutaria contra um amedrontador vampiro, um vampiro que mata outros vampiros, e para isto, eu só teria o conhecimento adquirido em brigas contra as minhas irmãs menores. É, realmente, estranho demais.

Eu não consigo me tornar um cara sóbrio, afinal de contas?

Basicamente, há um grande problema com meu estilo de vida.

O que eu posso fazer para viver de maneira mais sóbria?

“É você, Araragi-kun?”

Do nada, uma voz surge detrás de mim.

Virando-me nessa direção – ali estava Hanekawa Tsubasa.

Embora sejam férias de primavera, ela ainda está vestindo o uniforme.

Óculos, três trancinhas, exatamente como ela ia no colégio.

“Ah – ha, Hanekawa!”

Essa garota – por que ela está aqui?

Num lugar onde nada estaria ocorrendo.

Estou seguindo a rota mais rápida desta livraria até o campo de batalha determinado por Oshino.

Estou em um lugar nada especial, justo como a intersecção onde fui atacado por aqueles três – uma área residencial.

Hein?

Será que a Hanekawa mora aqui perto?

Será que ela surgiu só porque eu estava pensando em tornar uma pessoa mais sóbria? Não, isso é paranóia minha.

É impossível de acontecer.

É claro que eu e ela ficamos olhando um para o outro.

E então, a Hanekawa –

“Hmm?”

Inclinou a cabeça, em interrogação.

Então, de súbito, ela usou as duas mãos para pressionar contra as pernas a parte da frente de sua saia.

“Não, hoje eu não vou deixar que você veja elas.”

“..........”

Essa mulher....

Ela disse algo tão incomum de maneira tão natural.

Tão moe!

“O-o que v-você q-quer dizer... e-eu nã-não estou ent-entendendo.”

Meu plano era ter dito isso de maneira normal, sem gaguejar de maneira ridícula.

“Infelizmente, eu não tenho ideia do que você esteja querendo dizer.”

Voz e vontade: extremos opostos.

Esta é a reação de alguém que não sabe de nada.

“Hmm? Que foi? Você esqueceu?”

Hanekawa mordeu o lábio, e disse isso com uma entonação de dúvida.

Esquecer o que –

Eu achei que a Hanekawa teria esquecido instantaneamente do nosso encontro naquele dia.

“Você, obviamente, viu as minhas calcinhas.”

“.............”

“E além disso, você estava com o olhar hipnotizado durante todo o tempo.”

Lembrava.

E, além disso, lembrava de uma maneira extremamente irritante.

“Calcinhas? Você quer dizer calças pequenas? Eu vi as suas calças pequenas? Você não estava usando saia?”

“Não se faça de desentendido.”

“Não, é sério! Foi um mal-entendido! Um mal-entendido! Eu só estava olhando para a textura da sua saia! Eu só estava prestando atenção na bonita textura da sua saia!”

“Dizer isso faz parecer ainda mais pervertido.”

Motivo de riso.

Eu fui motivo de riso.

Não.....

Não falemos disso, ainda.

“Hanekawa.... o que você estava fazendo em um lugar como este?”

“Hmm? Dando uma caminhada, tudo bem?”

“.... Nesse horário?”

Eram nove horas da noite.

Embora não seja uma regra incontornável – porque eu o faça – sair para caminhar nesse horário não é algo que uma aluna séria como a Hanekawa faria.

Era nisso que eu pensava.

“Isso vale para todos. Araragi-kun, e você? Por que você está caminhando como os G-men 75 numa hora dessas?”

“Uma pessoa caminhar como os G-men 75 é algo impossível.”[1]

“Hmm? O que você está lendo, Araragi-kun? Um livro sobre baseball?”

“Isto é......”

Pra começar, eu devo fechar esse livro.

Seria estúpido da minha parte mostrar que havia me tornado um vampiro – sequer sei por que não se pode enxergar vampiros num espelho (e isso realmente acontece), e também por isso não sei como estava a minha aparência naquele momento....

Primeiramente, meus dentes – presas- caninos alongados.

Se eu não abrir muito minha boca enquanto falo, não terei problemas quanto a isso.

E também há – as marcas da mordida no meu pescoço?

As marcas da mordida da Kissshot –

Se isso for descoberto, seria muito difícil disfarçar a realidade.

Quanto às outras mudanças que eu presenciava.... Como eu agora era um vampiro, também não possuía sombra, mas se eu não me aproximasse de um poste de luz, não haveria problema algum.

De resto, há o cheiro das minhas roupas.

É claro que eu virei um vampiro e portanto deixei de transpirar e de ter cheiro próprio. Porém, dentro daquelas ruínas, eu não havia nem trocado de roupa nem tomado banho.

Já era a hora de ir comprar algumas roupas...

E queria tomar um banho, também.

Entretanto, o dinheiro que tenho na minha carteira agora é tudo que tenho para gastar – e porque eu acabo de comprar um livro, não tenho mais dinheiro de sobra. Quando é que poderei discretamente entrar dentro de casa?

“O que foi? É um livro que ninguém pode ver? Ah, poderia ser uma revista erótica?”

“O que você está dizendo? Eu jamais toquei em livros desta natureza. A sua alma será contaminada.”

Eu devia ter pensado em uma mentira melhor.

Mas a Hanekawa não retrucou – quanta bondade.

“Ah, bem, é que...”

Que “é que” o quê? Eu nem sei o que estou dizendo. Só queria acabar com essa conversa e daí dizer tchau para a Hanekawa – não achei que ler um livro iria gastar tanto tempo, é por isso que preciso chegar lá rapidamente.

E também, claro, há outra preocupação óbvia.

Não quero envolvê-la nisso tudo.

Por causa dos vampiros.

E mais tarde, meu oponente também será um vampiro.

O lugar para onde vou não daria as boas-vindas a uma pessoa normal como a Hanekawa.

Não importa que ela seja uma estudante exemplar. Não importa que ela seja representante de turma.

Ela ainda é só uma pessoa normal.

“Hmm? Espera um pouco. Araragi-kun, você está indo rápido demais. Nós nos encontramos tão repentinamente. Vamos conversar mais um pouco.”

Eu, valente, segui em frente com minhas costas viradas para ela, mas ela continuava me perseguindo.

Exatamente como naquele dia.

“Conversar.... conversar sobre o quê?”

“Hmm? Ah – bem, Araragi-kun, como foram seus estudos hoje?”

“.............”

Nunca ouvi falar de conversar sobre isso.

Quem sabe....?

Eu não havia dito que não estudaria nem um pouco durante as férias de primavera?

Mesmo se não, a partir do ponto em que me tornei um vampiro, o dia e a noite trocaram de lugar para mim. Portanto, o ‘hoje’ acabou de começar.

“Hoje, me concentrei em matemática.”

“Mate... matemática, hein?”

Desde que entrei no Ensino Médio, desde que me tornei o pior aluno da sala, eu já havia pegado recuperação em diversas matérias, exceto matemática.

Graças às minhas notas em matemática, eu havia protegido a minha vida escolar e havia entrado num colégio particular. Persiste ainda essa noção errada de que ser bom em matemática significa ser inteligente.

Porém, pensar que, porque ela havia dito ‘matemática’, eu conseguiria manter uma conversa de igual para igual com a Hanekawa seria um erro.

Porque, se os boatos forem verdadeiros, ela não precisa nem pensar para calcular números entre 99 e 500.

500.

Isso significa que, em cálculos como 465 mais 321, ela nem precisa pensar, ela já terá o resultado em mente.

É claro que se diz que pessoas que conseguem utilizar o ábaco são ainda mais impressionantes – mas, no final das contas, não importa o quão complexo um cálculo possa ser, matemática é pura adição e subtração.

Se você não precisa gastar tempo algum para calcular somas e subtrações, então responder aos problemas tomará um número significativamente pequeno de tempo.

No meu caso, eu sou bom porque você não precisa memorizar nada para matemática. E a Hanekawa é capaz de memorizar até matemática.

Ela é um monstro maior do que um vampiro.

“In, infelizmente, o que eu acabei estudando hoje foi um pouco de espanhol.”

“Espanhol?... Ah.”

Hanekawa fez uma cara de surpresa.

Se ela está surpresa, quer dizer que ela acreditou.

Eu não pensei que ela fosse acreditar.

“Infelizmente, eu não sei nada de espanhol.”

“Ah, po, pois é... que pena.”

“É, eu só sei um pouco sobre frases utilizadas no dia-a-dia.”

“............”

Você sabe falar frases utilizadas no dia-a-dia em espanhol.....

“Spasibo!”

Eu disse uma frase sem pensar.

“...... Spasibo é russo!”

Hanekawa começou a responder.

“E, além disso, ‘spasibo’ não significa ‘incrível’?”

“...........”

Uma resposta inesperada me pegou de surpresa.

E, nossa, Hanekawa, você realmente sabe como se diz incrível em russo......

“Você precisa pensar no significado das palavras antes de falar!”

“Bem,.... você realmente sabe tudo, não é?”

“Eu não sei tudo. Eu só sei o que sei.”

“Bem....”

Ela havia dito algo implícito tão naturalmente.

Ela realmente era a representante de turma perfeita.

..... Ponderando calmamente sobre isso, durante as férias de primavera, não estamos nem no segundo nem no terceiro ano, então Hanekawa não é representante de turmas neste instante.... Bem, tanto faz.

É a mesma sensação de estar acompanhado de uma representante de turma.

“A verdade é que aprender é uma coisa positiva: humanos estão aprendendo a cada instante de sua vida.”

“Hã? Você disse uma coisa boa, Araragi-kun.”

“É por isso que precisamos pensar de forma mais construtiva, é isso mesmo, algo como um caminho para uma sociedade melhor.”

“Sim.”

Hanekawa realmente acreditou no que eu dizia.

“Eu estava pensando.... como parar com que pessoas impliquem e sejam violentas com outras?”

“.............”

Como é que eu iria saber?

Para uma conversa simples, esse tópico é complicado demais.

“Você não pode fugir porque a missão é muito complicada. Não se diz que se começa a trilhar estradas difíceis com um só passo?”

“Não, se diz que um caminho de mil quilômetros começa a ser trilhado com um só passo.”

Ah.

Mil quilômetros. Isso é muito caminho.

........Essa questão é comprida demais para discutir, garota.

É assim que se diz?

“..... Primeiro, se colocarmos câmeras de vigilância no colégio, isso não erradicaria o problema, superficialmente?”

Embora eu não saiba o motivo, os resultados podem ser evitados.

“Hm. Essa opção é boa, mas complica a questão da privacidade. E os vestiários?”

“Mmmmm..”

Chegamos a um ponto importante.

Bullying pode acontecer no vestiário, também.

Não, na verdade, espaços fechados são ainda mais perigosos.

“.....Certo, já sei. A responsabilidade de inspecionar os vídeos gravados no vestiário feminino seria minha, de quem propôs o projeto.”

“Como assim, ‘já sei’?”

Hanekawa-sensei estava balançando a cabeça com uma expressão séria.

Deve haver limite para constrangimentos.

“E, eu não vou limitar as câmeras ao vestiário feminino.”

“Oh não!”

Eu, em pânico.

Procurei acalmar a Hanekawa.

“Araragi-kun quer ver esse tipo de lugar.”

“Não, espera, os vídeos do vestiário masculino seriam de responsabilidade sua! É só fingir que eu não disse o que eu disse!”

“Mas eu não quero ver o vestiário masculino!”

........

Não é isso que importa.

Se eu não me despedir da Hanekawa, vou acabar me atrasando para o confronto com Dramaturgie.

E também, não quero envolvê-la.

“Hanekawa,.... já não é hora de ir embora? Já preciso ir voltando para casa.”

“Hein? É, acho que você precisa voltar para casa...”

“A sua casa é por aqui?”

“Absolutamente incorreto. Quando saio para passear, acabo sempre vindo aqui.”

“...Não saia durante a noite.”

Eu disse isso.

“Você pode encontrar um vampiro?”

De certa forma, estava ao mesmo tempo falando mal de mim mesmo.

Não esperava aconselhá-la a não se encontrar comigo.

Não percebi que eu era o perigo contra o qual a alertava.

“Não, na verdade, eu espero encontrar um.”

Hanekawa, na minha frente, disse isso.

“Bem, eu acho que é só um rumor – mas eu posso me deparar com um vampiro.”

“..... Por quê?”

Eu perguntei, descuidadamente.

“Por que você quer encontrar um vampiro?”

“Eu não pensei a fundo sobre isso – mas é porque eu estou na fase em que você sonha com esse tipo de coisa que quebre a rotina. Encontrar um vampiro..... imagina, ter uma breve conversa com um deles.”

“Você só pode estar brincando.”

Então, inconscientemente,

Eu comecei a rosnar.

Ah.

Oh, não.

“Ah.... hã?”

Hanekawa ficou confusa, começou a sorrir ambiguamente – começou a ficar com medo.

“Des-desculpa.”

Disse isso, assim.

“Eu disse algo que não deveria ter dito?”

“................”

Não é nada disso – isso é simples.

É realmente muito simples.

Na realidade, quem está chocado – sou eu, e não Hanekawa.

Desde o começo, eu aprendi a aceitar a situação atual.

Lidei com tudo numa boa.

Isso de me tornar um vampiro.

Isso de ajudar a reaver as pernas e os braços da Kissshot.

Desse modo, eu posso voltar a ser humano.

Eu havia entendido e aceitado.

Que devia ser assim.

Isso de salvar a Kissshot agonizante, não me arrependo nem um pouco, e da situação de agora, eu ainda consigo lidar com isso.

Porém.

A frase da Hanekawa – me afetou.

Quando foi que eu comecei a rosnar pras pessoas (fora a minha família)?

Ahhh......

Certamente, minha força como humano já chegou ao mínimo.

Mas – não, foi por isso que eu disse.

É por isso que eu preciso –

“......Não.”

Eu neguei com a minha cabeça.

E engoli minhas desculpas até consumi-las.

Então.

“Você me provocou.”

Então.

“Ahn?”

“Esse seu nariz metido realmente me irritou.”

Vamos, primeiramente, deixar de lado que eu não entenda ainda as razões por trás dessas palavras dirigidas à Hanekawa, que tem um sorriso constrangido no rosto. Eu usei todas as palavras ruins que conhecia.

Me senti como se estivesse torturando um filhotinho de gato.

Basicamente, o pior sentimento possível.

Contanto, eu não posso desdizer.

“Eu gosto de ficar solitário, então não me siga.”

“Ah, Araragi-kun, o que você está dizendo tão abruptamente? Até agora você não estava tendo uma conversa animada comigo?”

“Nem um pouco animada de onde eu consigo ver.”

Eu disse, sem emoção nenhuma,

“Eu só estava fingindo estar feliz.”

“Como pôde-“

“Meu objetivo era o seu dinheiro.”

“Eu, a... a minha família não é rica.”

Oh, não.

Eu disse algo engraçado.

Então mudei um pouco o discurso.

“..... Quem sabe se você, a sabe-tudo, está tentando se sentir melhor por conversar com o maior ignorante da escola? Você até pode se sentir superior por simpatizar comigo, mas acho problemático ter de agüentar a sua pena.”

“...........”

A expressão no rosto da Hanekawa subitamente desapareceu.

Eu não posso ficar tímido só por isso.

Eu não posso deixar de continuar.

Do meu bolso, retirei o meu celular e o mostrei para a Hanekawa.

“Não fique mexendo no celular dos outros sem permissão.”

Enquanto ela olhava, eu deletei o nome, telefone e e-mail dela da agenda do meu celular.

“.... Então, vá embora agora.”

Então.

Depois de ter escutado essas palavras, Hanekawa fechou os olhos.

Pensei que ela fosse chorar.

Fazer com que uma garota chorasse seria algo inédito desde o jardim de infância.

Foi o que eu pensei.

Mas ela não chorou – ela abriu os olhos, de uma maneira fraca, mas ela ainda sorria.

Até nesse ponto, você ainda....

“Ok.”

E ela disse isso.

“Me desculpa por ter feito você dizer essas coisas.”

Hanekawa virou as costas para mim e foi embora.

Desculpa.....?

Essa garota... No final, ela me pediu desculpa?

Hã, eu cheguei a esse ponto...

Para dizer a verdade, até eu, que havia dito tudo aquilo, havia ficado emburrado. Como ela conseguiu sorrir daquele jeito?

....... Não é óbvio?

Aquela garota é diferente de mim.

Ela é realmente uma pessoa boa.

E também, não foi só porque eu ia me atrasar que eu precisei me livrar dela – eu também não podia envolver um humano normal como a Hanekawa nisso tudo.

Porém.

Há algo mais importante – eu posso ter feito com que a Hanekawa tenha ficado muito triste. Usar várias palavras maldosas – talvez seja um surto de fúria.

Querer se encontrar com um vampiro.

Direcionei esse surto de fúria para ela, que me falava de maneira tão inocente sobre essas coisas.

É claro que eu sei que ela não tinha nenhuma intenção ruim.

Será que eu tenho arrependimentos?

Como ter salvo a Kissshot

Será que eu odiava ter feito isso?

E coisas como reaver os braços e as pernas dela.

Quanto a isso, eu só poderia encarar o perigo.

Há, também, algo que de que eu tenho ainda mais medo.

Eu.

Posso, realmente, voltar a ser humano?

Ficar debaixo do sol faria com que eu sentisse o gosto do inferno.

Também existem outros tipos de privações.

Mas - por enquanto, vou ficar com um olho aberto e o outro fechado. Vampiros, esses seres superiores aos humanos, será que eu não deveria aproveitar o fato de ser um?

Resultados.

Estou ficando mais nervoso.

É por isso, ótimo.

Não apenas me despedi da Hanekawa aqui.

Mas também cortei a linha de nosso destino.

Não, provavelmente ela nunca mais me verá novamente – e se acontecer será só quando passarmos um pelo outro.

Então, por sorte, eu disse adeus antes de ter criado laços duradouros com ela.

Muita sorte.

“.......Isso é o suficiente.”

Eu disse, gentilmente.

Voltei a guardar meu celular no bolso.

“Deste modo, posso fortalecer um pouco como ser humano.”

Eu fiquei mais forte – portanto.

Portanto, posso estar confiante quanto ao lance de lutar com Dramaturgie e a missão de pegar de volta a perna direita da Kissshot.

Por enquanto, isso é o mais importante.

E quebrar corações não é problema nenhum.

Quebrar corações não é um problema.

Eu dei um passo em frente.

Demorei mais do que o esperado, mas não me preocupei em chegar atrasado – porque o local determinado não era longe da livraria, afinal de contas.

O lugar que Oshino determinara, o cenário para minha batalha contra Dramaturgie – é um lugar com o qual sou muito familiarizado.

Em outras palavras: o campo esportivo do Colégio Privado de Ensino Médio Naoetsu.



  1. Referência ao seriado de televisão japonês G-men '75, que tratava sobre uma equipe de detetives e suas investigações.


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