Kikou Shoujo wa Kizutsukanai:Volume1 Capítulo 2

From Baka-Tsuki
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Capítulo 2 – Um Encontro Fugaz[edit]

(1)

Embora ele sabia que era apenas um sonho, Raishin encontrou-se mais uma vez no mesmo.

“Nadeshiko!”

A fumaça negra entrou em seus olhos. Seus pulmões pareciam como se estivessem em chamas. Seus instintos estavam falando que ele não deveria estar ali nem por um segundo a mais. Um medo mais profundo que qualquer coisa que ele já sentiu o assaltou, gritando a ele para ele sair de lá.

Contudo, Raishin correu adiante, rompendo através das chamas. Ele foi mais fundo no interior.

“Nadeshiko, onde está você!?”

Chutando abaixo as portas corrediças, ele procurou por sua irmã menor. Ele gritou por ela, até o ponto em que sua garganta parecia que ia rasgar-se a si mesma à parte.

Se houve alguma vez algo como uma premonição de destruição, Raishin estava sentindoa agora.

Por favor, deixe-me fazer isto a tempo, ele pensou. Conforme ele corria, ele manteve-se pensando. Sobre como ele devia se apressar. E também— não importa o quão rápido ele se apressava, já era provavelmente tarde de mais.

Com um estalo alto como trovão, uma viga suspensa desabou. Nesse momento,

“Irmão…”

Ele podia ouvir uma voz fraca.

“Nadeshiko! Você está aqui!?”

Ele freou abruptamente. Mudando de direção no meio do corredor, ele escancarou a tela conduzindo para uma sala maior.

O que esperava Raishin dentro era—


(2)

“Pense sobre circuitos mágicos como uma substituição para rituais, ou como um certo tipo de motor. Do mesmo jeito que o vapor energiza uma roda dentada ou uma engrenagem, o fluxo de energia mágica permite o nascimento de artes mágicas. Obviamente, comparado a simples girar de uma roda, artes mágicas permitem resultados mais complexos—”

Uma voz cruelmente brusca e eficiente estava acompanhada pelo monótono raspar de giz em um quadro-negro.

A sala de aula era em forma similar a um antigo teatro. Estudantes sentavam-se em cadeiras organizadas ordenadamente, as cadeiras tornando-se mais altas conforme elas iam mais ao fundo. Raishin estava em algum lugar no meio, e ele estava atualmente na palestra de Kimberly.

Esta era a primeira vez que ele estava atendendo uma palestra, mas para falar a verdade, ele estava sentindo-se sonolento.

Abafando um bocejo, ele olhou sem rumo pela sala de aula.

Os estudantes tinham expressões sérias em seus rostos, e autômatos estavam misturados com o corpo estudantil. Embora, os únicos autômatos que ele podia ver eram aqueles que eram bonecos com aparência semelhante à humana ou pequenos animais.

Aqueles com corpos grandes tinham de esperar fora da sala de aula em um espaço especialmente construído.

Próximo a Raishin, Yaya estava diligentemente copiando anotações. Desde que Raishin não podia ler nem escrever Inglês, Yaya copiou o que estava sendo escrito no quadronegro em seu lugar.

De repente ele estava ciente de um par de olhos azuis que estava olhando em sua direção.

Era a Charl. Três linhas na frente dele, sentada à sua direita, ela estava furtivamente roubando um olhar em sua direção.

Uma vez que seus olhos encontraram-se, Charl apressadamente virou-se para a frente.

Escondendo seu rosto por trás de um livro de ensino, vários segundos passaram-se.

Desta vez ela apenas moveu seus olhos conforme olhou para trás. Seus olhos encontraram-se novamente, mas desta vez eles enfastiavam intenção de matar, seu olhar espinhoso atravessava através dele.

(O que exatamente é que ela quer agora…)

Enquanto Raishin estava ponderando sobre se deveria retornar seu olhar— Algo duro acertou-o entre os olhos.

“Raishin! Você está bem, Raishin!?”

Yaya estava afobada. Arruinada com dor, Raishin esfregou sua testa.

Era um fragmento branco que tinha sensação de pulverulento— Pó de giz.

Cautelosamente levantando sua cabeça, ele viu Kimberly olhando diretamente a ele. Por trás de seus óculos um brilho gelado preenchia seus olhos.

Parecia que ela havia arremessado o giz. Que controle assustador.

“Você tem alguma coragem ignorando minha palestra, Penúltimo. Por causa de quem você acha que eu emburreci a palestra e tenho que ensinar desta forma tediosa?” “Novos estudantes como eu, e estudantes que tem resultados ruins?” “Errado. É para o novo estudante que tem resultados ruins.”

“Peço desculpas por isso, professora Kimberly. É que eu não tenho obtido sono o suficiente.”

“Entendo. E suponho que você irá me dizer que você tem tido sonhos ruins também?”

“É como se você visse diretamente através de mim.”

“Você tem coragem. Bem, vou deixá-lo de fora desta vez, mas em troca, responda essa pergunta. Qual é o circuito mágico mais popularizado atualmente?”

“Bem, isso é—”

Ele pensou que era uma questão simples, mas ele não podia responder prontamente.

Raishin inclinou sua cabeça.

“Calor… Não. Cinético[1]… Esse também não é. Geração… fótica[2]?”

Kimberly deixou escapar um longo, suspiro profundo, como se ela estivesse desafiando sua própria capacidade pulmonar.

“Diga-o, Charlotte.”

Charl foi pega de surpresa pela mudança repentina no alvo,

“… Coração de Eve.”

“Correto.”

Houve um burburinho entre os estudantes.

“Deméritos para esses idiotas que acabaram de abrir suas bocas.

Pedaço fresco de giz na mão, Kimberly escreveu a palavra ‘Vital’ em letras grandes no quadro-negro.

“Exatamente como Charlotte disse, é o circuito mágico que dá vida para todos os autômatos— O Coração de Eve é embutido dentro deles. Este circuito é a razão do porquê autômatos tem movimentos autônomos.”

Ela continuou em um tom prosaico.

“Dois tipos diferentes de arte mágica não podem residir no mesmo corpo— essa é a base fundamental de física maquinaria, a Teoria da Dissonância de Atividade Mágica. Embora, há uma exceção para essa teoria.”

Em outras palavras, esse é o circuito Coração de Eve. Quase todos os autômatos vem equipados com um circuito mágico diferente, em adição ao Coração de Eve.

“Você pode dizer que a história de Machinart somente começou após esse circuito ser descoberto. Quer você queira chamá-lo de fonte, origem, início, ou o ponto de partida, até este dia ainda é uma caixa-preta muito inexplicável. Reproduzir o circuito em si é relativamente fácil em vez de desenvolvê-lo além. Diz-se ser praticamente impossível.”

Porque o circuito foi popularizado a esse ponto, cada oficina tem, pelo menos, um mestre versado em reproduzi-lo. Porque essa ‘Vida’ era fácil de gerar, os próprios autômatos foram ubíquos também.

“O Coração de Eve é um circuito extremamente flexível. Não apenas pode conferir inteligência para marionetes, nas mãos de um marionetista habilidoso ambas funções de respirar e transpirar podem ser reproduzidas, bem como digestão de comida. Embora o quão úteis essas funções serão em batalha, eu não posso dizer.”

Os lábios de Kimberly se distorceram em um sorriso cínico.

“Se você quisesse uma razão para imitar um humano, então essa seria em situações onde seu autômato tem de misturar-se entre humanos— Infiltração ou coleta de informações. Tendo dito isso contudo, todos os marionetistas gostam de ter seus bonecos sendo pseudo-humano, em termos de ambas aparência externa e funções internas.

Quero dizer, realmente, que bando de fanáticos. Não está certo, Penúltimo?”

Enquanto dizia isso, o olhar de Kimberly estava focado não em Raishin mas Yaya, a qual estava sentada próxima a ele. Envergonhada, Yaya desejou que houvesse ali um buraco no chão para ela esconder-se, mas desde que não havia ela apenas podia pendurar sua cabeça levemente.

“Eu não sei o que você está tentando insinuar dizendo isso, mas…”

Batendo seus cotovelos na mesa, Raishin falou em uma voz ameaçadora.

“Essa aqui é a maior autômato do mundo.”

Seus olhos negros tornando-se úmidos, Yaya olhou para Raishin, subjugada com emoção.

“Raishin…!”

“Porque ela foi criada por Shouko.”

Uma veia estalou.

“… Yaya, o que está errado? O que há com esse olhar demoníaco em seu rosto— esespere um minuto, acalme-se!”

“De novo com Shouko… Sempre Shouko isso e Shouko aquilo…”

Yaya estava soluçando enquanto estrangulava Raishin, violentamente sacudindo-o para frente e para trás.

Os estudantes em volta foram incapazes de segurarem suas risadas.

“Entendo. Então minha aula é tão chata, é isso?”

Kimberly tinha uma expressão gelada em seu rosto conforme ela apontava para fora da janela.

“Então para evitar o tédio, vá limpar o grande salão. — Saia agora!”


(3)

O sino soou, significando o começo da pausa para o almoço.

“Maldita seja… Por sua causa nós tivemos que realizar trabalho manual sem necessidade.”

Raishin estava resmungando enquanto usava um esfregão para limpar. Embora ele estivesse resmungando, ele estava obedientemente limpando o grande corredor, uma ação a qual podia ser atribuída ambas, a integridade ou uma recusa a desistir uma vez que ele tenha começado algo.

Yaya ainda estava soluçando. Parecia que ela ainda estava afetada pelo comentário sarcástico anterior.

“Isso é choro o suficiente. O sarcasmo da professora Kimberly foi esse tanto de choque para você?”

“Uu… Raishin é um idiota.”

“Isso foi inesperado. Bem, não é como se eu pudesse discordar com essa afirmação.”

Arrumando o equipamento de limpeza, eles deixaram o grande corredor— ou melhor, ele fez assim, mas Yaya obstinadamente permaneceu dentro imóvel, em vez disso continuando a fungar.

Raishin estava no fim de seu juízo. Ele suspirou alto.

Agarrando na mão de Yaya,

“Vamos, anime-se. Vamos embora pegar algo para comer.”

“O-ok… <3”

Raishin conduzia agora uma animada Yaya pela mão, e dessa vez eles saíram do grande corredor.

Fora do grande corredor, estudantes já estavam lotando a rua principal.

Um grande volume de estudantes derramaram-se para fora das várias construções e salas de aula.

A maioria deles dirigiam-se para o centro da rua principal, onde o refeitório estava localizado. A visão de tantas pessoas dirigindo-se a um único local fez Raishin pensar que eles estavam dirigindo-se a uma demonstração ou começando uma insurreição.

Indo junto com o fluxo, Raishin e Yaya moveram-se com a multidão. Recebendo olhares das pessoas circundantes, após caminhar um pouco eles viram um prédio com uma vista moderna, um lado do qual foi completamente feito de vidro.

“Então esse é o falado aço de concreto armado, hein? Parece muito diferente do salão de jantar no dormitório.”

Entrando, a diferença tornou-se ainda mais distinta.

Primeiramente, o teto era alto. Mesas brancas com design moderno estavam alinhadas em fileiras dentro de um brilhante e espaçoso cenário, fazendo-o parecer muito higiênico e limpo.

Como Raishin havia saído de uma palestra pela primeira vez hoje, ia sem dizer que esta era sua primeira vez no refeitório também.

Enquanto estava ali como um idiota, um cheiro delicioso soprava e ele virou-se em sua direção.

Projetando-se da parede, diretamente fora da cozinha, enormes quantidades de comida estavam alinhadas em uma fila. Grandes pratos e talheres de metal estavam empilhados próximos a um sortimento de pratos de carne, pratos de peixe, saladas e uma seleção de pães.

Os estudantes tinham se enfileirado em uma linha, carregando seus pratos maciços com a comida.

Esse era um sistema diferente que do dormitório. No salão de jantar do dormitório, você escolhe um item do menu, e então come o que quer que você receba.

“Veja, Yaya. Todo mundo está simplesmente servindo a si mesmos para a comida.”

“Nós podemos simplesmente pegar o que nós quisermos, então?”

“Parece-se com isto. Eu realmente não peguei como isto funciona, mas quando em Roma…”

Fome e uma falta de sono estavam enevoando seu julgamento. Não pensando mais profundamente sobre a situação, Raishin uniu-se a cauda da linha. Mesmo aqui ele era o centro da atenção, mas isso era uma ocorrência regular por agora e então ele ignorou-a.

Agarrando uma bandeja, ele colocou um prato em cima dela e começou a servir a si próprio para a comida.

Conforme ele avançou, o cume da fila veio à visão, e Raishin finalmente percebeu seu erro.

Havia uma caixa registradora no fim da fila!

Agilmente operando a registradora, uma dama estava recebendo bocados de papéis dos estudantes.

“Eu tenho que pagar!?”

Raishin estava mortificado. Ele não estava esperando dinheiro a mudar de mãos. Então novamente, isto deveria ter sido óbvio. Mesmo as despesas de comida no dormitório estava sob uma conta separada da taxa básica de hospedagem.

Obtendo um mau pressentimento em seu estômago, Raishin virou-se em volta e esticou sua mão.

“Yaya, entregue-me minha carteira.”

“Ela está no armário do dormitório.”

“… Então você não tem nada?”

“Não.”

“… O que nós faremos agora?”

Enquanto a troca ocorria, a linha avançava firmemente adiante. Para ir contra o fluxo de tráfico agora seria estranho, para não mencionar retornar a comida de volta para onde ela veio. Para fazer assim violaria etiqueta comum, algo que mesmo um estrangeiro como Raishin sabia.

“… Você acha que eles deixar-me-iam colocá-la em minha conta?”

“Não há tal coisa como uma conta aqui. Você realmente, verdadeiiiirameeeente é o maior cabeça dura de sempre.”

Uma voz extremamente espinhosa voou sobre de trás dele.

Virando-se em volta, ele viu um rosto familiar de uma garota em pé dois estudantes atrás dele.

Deslumbrante cabelo dourado, olhos azuis, e sua marca registrada, companheiro dragão.

“Charl—”

“Não dirija-se a mim com esta familiaridade. Você deve se dirigir a mim como Senhorita Belew.”

Teria ela estado sempre tão próxima? Raishin perguntou-se. Hoje parecia que seu olhar estava mais feroz que o usual, entretanto parecia como se ela não estivesse refletindo adagas para Raishin, ao invés disto, a garota parada atrás dele.

Os dois garotos ensanduichados entre eles ficaram pálidos, e ofereceram-se para deixar Charlotte mover-se adiante na linha. Charl deu um curto “Obrigado.”, e caminhou adiante em direção à Raishin.

Remexendo através de seu bolso, ela pegou três notas de uma libra—

E entregou-as para Raishin.

Esta foi uma ação inesperada. Raishin foi pego de surpresa, mas para recusar a oferta seria grosseiro da parte dele. Educadamente baixando sua conduta, ele agradecido aceitou o dinheiro.

“Desculpe pelo transtorno.”

“Diga ‘muito obrigado’ corretamente.”

Após pagar por ambas porções sua e da Yaya, ele saiu da fila. Esperando depois dele ter pago na registradora, Charl seguiu-o e sem dizer nada empurrou um caderno em seu rosto.

Ele era um caderno excessivamente elegante, e havia algo escrito nele.

Porque ele havia sido rabiscado rapidamente, ele não podia lê-lo. Raishin virou-se para Yaya por ajuda, e ela leu-o alto em uma voz pequena,

“Eu pagarei Charlotte Belew quatro libras.”

“Isso é um vale. Se você valoriza sua vida, você irá assiná-lo.”

“Você está tentando me assaltar? E por que há interesse aqui?”

“É claro que há interesse. Não há necessidade para mim de alimentar um pervertido como você de graça depois de tudo.”

“Não me chame de pervertido. E tudo bem, eu a pagarei de volta quatro libras.”

Enquanto Raishin esforçava-se para assinar seu nome com alfabeto que ele não estava acostumado com,

“Como você está sentindo-se, Sigmund?”

Um pouco surpreendido, o pequeno dragão descansando no topo do chapéu de Charl levantou sua cabeça.

“Eu estou bem. Foi apenas um leve arranhão.”

“Isso é bom de ouvir. Lá vai você, Charl.”

Ele retornou o caderno de anotações. “O que é esse horrível rabisco?” foi Charl, mas ela parecia satisfeita o suficiente que Raishin havia o assinado, e moveu-se para longe deles.

“Espere. Já que você já está aqui, vamos comer juntos.”

“Qu—”

Ambas Yaya e Charl exclamaram. Deve ter sido um grande choque, para o prato na bandeja de Yaya começar a chacoalhar, e Charl quase deixou cair seu macarrão e galinha.

A boca de Charl abria e fechava silenciosamente, como um peixe-dourado.

Então as fendas de seus olhos foram levantadas em indignação.

“Eu recuso. Por que eu quereria comer com um pervertido como você?”

“Não seja assim. Nós não somos camaradas em armas que lutaram lado a lado um com o outro?”

“Não seja ridículo. Isso foi porque você egoistamente— falando nisso, em primeiro lugar você foi o insolente pervertido que desafiou-me para batalha. Por que eu deveria alguma vez comer com um homem como você… Ah, eu entendi. Colocando em termos simples, você deve ser um idiota. Um idiota com um desejo de morrer. Uma pesarosa, deplorável desculpa de um homem.”

Ela estava sendo muito brusca. Charl continuou seu assalto verbal com Raishin incapaz de dizer uma palavra de recanto.

Entretanto, ele não desistiu. Ele seguiu atrás de Charl com um olhar indiferente em seu rosto, recebendo o fato que ela não tentou escapar como um bom sinal, e sentou-se em um lugar oposto a ela.

Charl olhou para ele pasma, mas ela não disse uma coisa, reincidindo em uma carranca silenciosa. Agarrando seu garfo, ela esfaqueou viciosamente a sua massa de tomate.

Era óbvio que ela havia sido jogada fora de seu ritmo. Raishin foi deixado perguntando-se como lidar com esta situação embaraçosa.

Sigmund viu nada disso como sua preocupação, e começou a mastigar a sua galinha com gosto.

Yaya havia entrado em um silêncio negro. Ela nem mesmo tocou seu sanduíche, ao invés disto radiando uma presença perturbadora. Contudo Raishin apenas ignorou-a e começou a conversar com Charl.

“Por que você entrou em silêncio? Seu estômago dói ou algo assim?”

“…Eu estou realmente atônita. Sua imprudência não conhece limites? Mesmos seus nervos são idiotas como você. Também, eu estou mantendo-me quieta porque eu estou entediada. Como um homem, não deveria ser você aquele criando conversas que despertem meu interesse?”

“Oh? Então você está dizendo que você deseja ser excitada?”

“Quê… Grr…. Sigmund! Destrua este idiota neste instante!”

“Acalme-se Charl. Deixe-me terminar minha galinha primeiro.”

“Fique quieto, ou começando a partir de amanhã eu irei alimentá-lo nada além de comida de cachorro. Agora apresse-se e—”

Meia sentença, ela notou uma mudança em Raishin.

Seus olhos estavam fixados em algo no lado oposto da parede de vidro, como se ele estivesse tentando devorá-lo com seus olhos.

“… Ei. Acabou de acontecer alguma coisa?”

Entretanto, Raishin não respondeu.—Ele não tinha a compostura para responder.

Charl amuou em um huff,

“Me ignorar? Você está vindo apenas para me ignorar? Quem você pensa que é, você colega rude!”

“Isso é…!”

Ele não podia tirar os olhos. Os globos oculares de Raishin seguiram atrás dessa figura.

Ele tinha uma máscara prateada, e estava envolto em uma capa preta. Ele atingiu uma figura galante, mas, ao mesmo tempo, havia um ar de compostura conforme ele caminhou.

Por um breve momento, uma visão horrível passou diante de seus olhos.


(4)

Raishin rompeu a porta com força suficiente para derrubá-la.

Entrando no corredor de recepção da propriedade, que foi quando ele viu. Se ele tivesse que colocar em palavras, então seria melhor descrito como inferno.

Mesmo no meio do mar de fogo, era óbvio. O sufocante fedor de sangue.

A assustadora quantidade de sangue em toda parte.

Empilhados em montes, o número incontável de corpos.

O maior número destes eram os restos de autômatos. Esmagados, quebrados, e espalhados em toda parte, suas estruturas haviam sido retorcidas e suas engrenagens quebradas estavam espalhadas à volta. Unidos com os grandes buracos na parede e o piso de tatame rasgado, eles contam a história da feroz batalha que havia ocorrido aqui.

E por fim, havia ali uma sombra parada no meio dos corpos.

Era como se fosse um fantasma, ou um demônio.

Ela chutou um corpo que estava aos seus pés.

“Velho…!”

A coroa de sua cabeça havia sido partida e sua fisionomia havia mudado, mas não havia erro nisto, ele era o líder do clã Akabane.

Cercando seu pai estavam os corpos de seus outros parentes. Seus tios, tias e seus primos. Todos carregavam o nome de Akabane, e todos mestres marionetistas em seus próprios direitos.

Sua cabeça parecia como se estivesse queimando conforme ele pensava. O que é isto?

Eu estou tendo um pesadelo?

Não parece real.

Embora, o calor e o cheiro assaltaram-no, dizendo-o para encarar a realidade.

Lentamente, ele virou-se para encarar a coisa na frente dele que ele estava intencionalmente deixando fora de sua visão.

Ele queria acreditar que isto era algo que ele havia visto errado, ou um medo induziu a alucinação.

Mas essa coisa ainda estava ali.

No lado oposto da sombra, algo que podia ser chamado de altar havia sido erguido, e algo havia sido colocado para descansar ali, e lá jazia silenciosamente.

O primeiro pensamento que veio à mente era muda[3].

Se você cortar um corpo verticalmente e esvaziar os interiores, então isto seria o que iria parecer-se como, certo?

O que estava no altar era um corpo que havia tido seus interiores removidos.

Você não podia chamá-lo apenas de pele porque ele ainda havia abundância de carne anexada—

E estava muito vazio para ser chamado de cadáver, fazendo-o ser decididamente uma existência deformada.

Das roupas e o tamanho do corpo, como também da pele e membros, ele sabia muito bem de quem este cadáver era.

Esta era.

“Nadeshiko…!”

O que estava na frente dele era algo que uma vez foi sua irmã.

Incapaz de suportar isso, um grito de angústia e desespero irrompeu da garganta de Raishin.

Em resposta, o irmão mais velho silenciosamente menosprezou o mais novo com nada além de um olhar gelado de aço.


(5)

Raishin perguntou-se se ele havia sido notado ou não.

O estudante masculino com a máscara de prata cruzou a rua sem muito ao menos sequer um olhar em sua direção.

Havia duas pessoas— ou melhor, dois corpos seguindo-o.

Adornadas com babados e renda, elas estavam vestidas com belos vestidos. Os vestidos haviam uma estética excêntrica a eles. Em voga com as tendências do final do século dezenove, seus aromas eram esses de morte e decadência. Ambas as garotas eram belas de tirar o fôlego, mas também claramente não mundanas.

Olhando entre o cenário externo e o olhar duro de Raishin, Charl falou em uma voz surpreendida.

“Esse é o Magnus, não é? Quê, você irá alvejá-lo desta vez?”

“Yaya.”

“Sim.”

Raishin e Yaya levantaram-se. Charl também ergueu-se em seus pés com um arranque.

“Espere… Você está falando sério!? Espere um segundo!”

Ela agarrou-se no braço de Raishin— e intimidou-se.

Os olhos de Raishin haviam um brilho brutal neles. Charl rapidamente retirou sua mão, mas invocou coragem suficiente para emiti-lo um aviso.

“Eu não direi nada ruim. Apenas desista dele agora. Ele é alguém que você definitivamente não pode vencer contra.”

“Definitivamente?”

“Sim. Ele é cabeça e ombros acima de todos os outros em termos de técnicas e energia mágica. Suas pontuações combinadas são as maiores de qualquer geração, e desde que ele começou nesta academia ele foi saudado como um gênio. Uma força de um só homem o qual usa seis autômatos simultaneamente. Neste ponto no tempo, ele é considerado a pessoa mais próxima do Sábio— ei, Raishin!”

Ele não ficou para ouvir o fim. Raishin já havia começado a ir embora.

“Lamentavelmente, eu sou um idiota cabeça dura. Eu tenho que tentar por mim mesmo antes que eu entenda.”

Com pés rápidos, ele deixou a mesa.

Estourando do refeitório, ele chamou para as costas do sobretudo preto.

“Espere, sua aberração mascarada. Ou devo chamá-lo Magnus?”

O estudante masculino— Magnus parou.

As duas autômatos fêmea entraram na frente dele como uma medida protetiva.

Ao ver uma delas, uma donzela com cabelo rosa, o rosto de Raishin involuntariamente contorceu-se em uma careta. Uma dor abrasadora atingiu seu peito tão intensamente que ele pensou que fumaça estava saindo para fora, e ele não podia mais manter sua compostura calma.

Essa semelhança da boneca era excessivamente também.

“Yo. Tendo suas bonecas esperando em cima de você conforme você faz uma caminhada? Como sempre, você tem os piores passatempos de sempre.”

“… Quem é você?”

“Não quebre meu coração agora. Eu voei todo este caminho do outro lado do mundo apenas para encontrar você.”

Embora seu tom de voz fosse leve, Raishin estava agudamente ciente que seu núcleo estava queimando-se.

Se você odiar alguém você gerará ira a eles. Entretanto, mesmo embora Raishin estivesse mantendo sua raiva sob controle, ira estava vazando para fora dele calmamente e quietamente.

Mesmo se ele mantivesse sua voz baixa e matado suas emoções, ira continuava a derramar-se para fora de seu corpo. Estudantes caminhando nas ruas chegaram a uma pausa e estudantes comendo no refeitório pararam para olhar em sua direção, onde parecia que um massacre estivesse prestes a tomar lugar.

Magnus olhou para Raishin intensamente, antes de finalmente falar em uma voz calma.

“Parece que você confundiu-me com outra pessoa.”

“Se isso é o que você pensa, então assim seja. Porém, eu apenas tenho algo que eu quero dar para você—”

Enquanto falava, Raishin levantou seu braço, e nessa fração de segundo,

Algo aconteceu, mas Raishin não podia compreender o que havia ocorrido.

Como se um buquê de flores houvesse sido empurrado em direção a ele, seus pulmões haviam sido enchidos com uma doce fragrância floral.

A sensação macia de babado fez cócegas em seu nariz, e sua visão foi bloqueada. Suas mãos e pés estavam em contato com a pele macia de uma garota. Por fim, numerosas lâminas estavam sendo mantidas em sua garganta.

Exatamente como um buquê de flor, Raishin estava envolvido em um mar de cor que eram cabelo, olhos e vestidos.

Havia alguém parado atrás dele, e alguém em frente a ele. Também havia alguém em seus ombros. Ele não sabia de onde elas haviam aparecido, mas agora várias espadas, lanças, e adagas estavam pressionadas contra sua pele.

Um total de seis autômatos haviam lançado-se em Raishin ao mesmo tempo.

De onde elas haviam aparecido? E quando elas haviam aparecido?

Até este momento, ele não havia sentido a presença das outras quatro unidades.

“Raishin!”

Yaya moveu-se para ajudá-lo, mas a lâmina contra sua garganta cavou mais fundo em resposta. Com isto, Yaya não pôde fazer nada, ou a cabeça de Raishin rolaria antes mesmo que ela pudesse agir.

“… Vocês damas são tão apressadas.”

Com um sorriso irônico, Raishin lentamente alcançou os arreios em volta de sua cintura.

“Não seja tão precipitado. Desde que nós apenas nos tornamos conhecidos um do outro,

eu apenas queria oferecer este símbolo para você como um presente.”

Abrindo uma bolsa, ele removeu um pequeno frasco de dentro.

Havia algum tipo de pó preto dentro. Considerando a situação que ele estava, não seria um exagero imaginar que seria algum tipo de explosivo.

“… Retirem-se.”

Ao comando de Magnus, as bonecas retiraram suas armas.

A donzela de cabelo rosa obteve o frasco da mão de Raishin e depositou-o na de Magnus.

“Eu agradeço-o por este presente.”

Com somente essas palavras, Magnus e seu Esquadrão retiraram-se da cena.

“Raishin…! Você está machucado em qualquer lugar, Raishin….!?”

Chorando enquanto atropelava-se, Yaya agarrou-se a ele.

“Desculpe-me, desculpe-me…! Você trouxe Yaya junto, e ainda…!”

“… Eu finalmente entendi, Yaya.”

“Eh…?”

“O único jeito que eu posso chegar perto dele é em uma luta justa…”

Ele estava coberto em suor frio. Agora que acabou, seus joelhos estavam tremendo.

Seus instintos e seu próprio espírito em si estavam assustados.

Charl não estava mentindo mais cedo. O jeito que ele está no momento—

Ele definitivamente não seria capaz de vencer.

Qualquer ataque surpresa seria inútil. Ataques pessoais apenas encurtariam sua expectativa de vida. Se ele quisesse derrotar Magnus, fazê-lo sob os limites definidos no local pelas regras da Festa Noturna seria o mais sensato.

Mesmo assim, ele ainda não podia ver nenhuma forma de vitória mesmo por esse caminho. A realidade era que se eles enfrentassem-se em batalha, duraria apenas um segundo.

Raishin vinha treinando-se de modo que ele lutaria ao seu máximo durante a batalha. Ele estava utilizando o potencial da Yaya em 120%.

Ele compilou incontáveis técnicas astutas de batalha, todas projetadas para despistar o inimigo.

Com todas estas, havia sequer uma chance de dez por cento que ele poderia alcançar seu objetivo?

(Será que irei eu alcançar o nível dele…!?)

A diferença em suas forças era esmagadora. A diferença era tão grande quanto mergulhar de um penhasco.

Ele sentiu o chão abaixo de seus pés virar em polpa, e seu corpo parecia como se estivesse afundando na terra.

Tendo sido forçado a compreender a diferença em poder, ele sentiu sua força de vontade drenando-se. Mas nesse momento—

Clap, clap, clap. Alguém estava abertamente aplaudindo-o.

“Os rumores são verdadeiros sobre você. Mal quatro dias em sua inscrição, e você já está arreganhando seus dentes no Marechal.”

Virando-se em volta, ele viu um solitário estudante masculino o qual havia um sorriso amigável em seu rosto.

Com liso, cabelo bonito, ele era um rapaz muito atraente. Se você pestanejar, ele quase parecia como uma garota bonita. Sua voz havia uma distinta e qualidade clara a ela, soando como um excepcional instrumento de cordas.

Saudando Raishin com um sorriso cativante,

“Prazer em fazer-me seu conhecido, Senhor Akabane. Se estiver tudo bem com você, você não dar-me-ia um momento do seu tempo?”


(6)

Dentre os marionetistas, haviam aqueles os quais alvejavam tornarem-se artesões de marionetes.

Usar e criar não eram a mesma coisa. Originalmente eram considerados dois conjuntos de habilidades completamente separados… entretanto, ia sem dizer que havia um considerável número de aspectos que sobrepunham-se uns com os outros.

Com isso em mente, a academia introduziu o curso de Vocações Técnicas de Máquina, como também preparou instalações dedicadas para aqueles os quais desejavam tornarem-se artesões de marionetes.

O lugar que Magnus estava dirigindo-se agora era o prédio de Vocações Técnicas de Máquina.

Com as donzelas seguindo atrás dele em sucessão, ele ramificou-se da rua principal em uma estrada menor. Conforme ele aproximou-se do prédio da escola, justamente em frente a um bosque de árvores, ele parou inesperadamente.

Era a jovem professora do departamento de Físicas Maquinarias, Kimberly. Embora bem aparentada, era sua aspereza que destacava-se em vez de sua beleza. Ela não estava usando seus óculos, os quais ela normalmente teria se ela estivesse dando uma palestra.

Reagindo à sua presença, as marionetes de Magnus alteraram suas posturas subitamente.

Contudo, Kimberly não pagou-lhes a mínima porção de atenção, e começou a conversar casualmente com ele em um leve tom.

“Como você achou o Penúltimo?”

“… O que você quer dizer por isso?”

“Ele não é um colega interessante? O que você acha que foram suas primeiras palavras quando ele recebeu os resultados de seu teste? Eu acredito que elas foram ‘o que devo fazer para entrar na Festa Noturna?’, se você puder acreditar nisso.”

“A Festa Noturna—”

“Não é risível?”

“… Não. Se houverem quaisquer transtornos, então estes serão pela mão dele.”

“Oh? Alguém de seu padrão tem essa opinião tão alta desse cara?”

Magnus não respondeu. Ele pode imaginar as intenções de Kimberly, e isso o incomodava.

“Bem, vamos deixar isso assim. — O que é isso?”

Desdobrando seus braços cruzados, ela apontou para a mão de Magnus.

Era o pequeno frasco preenchido com pó que ele havia recebido de Raishin justamente mais cedo.

“Sem análise adequada de sua composição eu não posso dizer. Entretanto se eu fosse aventurar um palpite, eu diria que é provavelmente cinza.”

“Cinza?”

Ela tinha um olhar surpreso em seu rosto. Depois de um momento, ela percebeu onde ela estava parada— próxima do prédio de Vocações Técnicas de Maquina— e sorriu.

“Entendo. Enquanto você é um excelente marionetista, você também é um artesão de marionete. E um muito habilidoso nisso também. Para um artesão do seu nível, não seria um problema para pegar a cinza— a qual é um material de alta qualidade para artes mágicas— e usá-la para criar uma marionete.”

Magnus não respondeu. Porém, Kimberly tomou seu silêncio como um sinal de afirmação. “Embora, é realmente estranho. Por que Penúltimo passaria algo como isso para você de todas as pessoas?”

“… Ele estava lançando a luva. Um símbolo para marcar um confronto.”

Ele murmurou de repente. Kimberly levantou suas sobrancelhas em perplexidade.

“Em um certo clã Oriental, jogar a cinza de uma pessoa morta significa vingança pelo falecido.”

“… Ele tem algum tipo de rancor contra você?”

Como esperado, Magnus não respondeu.

“Se não há mais nada, peço licença por mim agora.”

“A propósito, Magnus.”

Magnus passou por ela, mas Kimberly cortou-o com sua interjeição.

“Você ouviu sobre esse rumor? Eu não tenho certeza quem o começou, mas há rumor de que cada uma e todas suas bonecas são uma Bandoll.”

Mais uma vez, Magnus parou em suas trilhas. Kimberly continuou,

“Eu estou falando sobre máquinas vivas. Usando uma pele humana e sangue como partes. Não cinza ou restos, mas transformando partes de um humano vivo em material. Essas partes teriam afinidade vastamente superior com energia mágica quando comparadas a restos ou um memento… Mas, obviamente, essa é uma violação do código de éticas que todos os magos devem seguir.”

Suas palavras estavam disfarçadas como fofoca casual, mas o corpo dela inteiro estava radiando um tipo de tensão aparente a intenção assassina.

As bonecas de Magnus tinham captado-a nela, e encararam Kimberly com hostilidade.

Kimberly tinha um sorriso cruel em seu rosto, como se houvesse sido esculpido com uma faca.

“Posso pedi-lo para esclarecer isso para mim?”

“… Isso é uma interrogação?”

“Risque-a para curiosidade pessoal.”

Magnus pareceu pensar por um momento—

“De acordo com as orientações para a Festa Noturna, não há regra que declare que você não pode usar uma Bandoll.”

Foi tudo que ele disse.

Os olhos de Kimberly afiaram-se, como uma espada que havia sido amolada com um rebolo.

“… Posso tomar isso como sua resposta?”

“Se você desejar, professora Kimberly.”

Sem uma despedida apropriada, ele saiu. Seus passos eram esses de uma pessoa cheia de autoconfiança, estável e segura.

Comparadas a ele, mesmo suas bonecas eram mais como humanas. Como se elas estivessem alertando Kimberly, elas repetidamente olharam sobre seus ombros conforme elas seguiram atrás de Magnus.

Conforme elas caminharam para longe em uma linha, Kimberly soltou um grande suspiro, seguido por um sorriso torto.

“Realmente, que camarada temível você é. Para ser capaz de criar Bandolls nessa idade tão jovem… Se os Maestros nas oficinas pegarem palavra disso, eles definitivamente ficarão depressivos.”

Olhando para as costas do garoto desaparecendo no prédio de Vocações Técnicas de Máquina, Kimberly murmurou.

“Também, Magnus. Quem exatamente você transformou em material?”

Obviamente, não havia ninguém à volta para responder essa pergunta.


(7)

Dê um momento do seu tempo, ou assim o atraente rapaz disse.

Ao primeiro olhar, Raishin não podia sentir nenhuma intenção ruim vindo dele. Ele estava sorrindo, e a figura de seu autômato não estava em lugar algum para ser encontrada.

Raishin olhou para seu braço esquerdo. Ali havia uma braçadeira atada em dourado que brilhava, a qual capturou seu olhar.

As letras ‘Censor[4]’ haviam sido bordadas com um manuscrito de caligrafia refinada. Em outras palavras, ele era parte do comitê disciplinar.

Também, ele estava portando uma luva branca com linhas de ouro bordadas.

Em resumo, essa pessoa era alguém a qual também estava qualificada para participar na próxima Festa Noturna.

Um membro do comitê disciplinar com excelentes notas. Raishin não podia pensar em uma razão para duvidar dele.

“Melhor que ficar aqui e falar, porquê nós não nos dirigimos para dentro? Ao menos que eu esteja enganado, você está no meio do almoço, correto?”

O atraente rapaz apontou para o refeitório com um sorriso em seu rosto. Ele estava tentando fazer Raishin relaxar— ou para colocar isso de outra forma, seu sorriso estava tentando-o a deixar sua guarda baixa. Sua malícia de livre conduta podia provar-se ser um veneno na forma de gentileza. Raishin permaneceu cauteloso, mas desde que ele não tinha um motivo para rejeitá-lo, ele seguiu-o de volta para o refeitório. Yaya seguiu rapidamente atrás dele.

Entrando no refeitório, os estudantes começaram a zumbir. Em particular, o número de olhares femininos direcionados para ele era excepcionalmente grande. Ele estava acostumado a ser observado, mas esta era sua primeira vez sendo observado positivamente.

“Felix!”

De volta a sua mesa, a cabeça de Charl levantou-se. Embora seu rosto não estivesse particularmente sujo, ela apressadamente esfregou um guardanapo de papel em sua boca.

O atraente rapaz alegremente sorriu para ela,

“Ei olá, Charl. Posso me juntar a você?”

“N-n-não, obviamente você n-não pode!”

“Isso é tão frio. E quão cruel de você. Todo este tempo eu estive pedindo e você não pôde me dar tanto como um ‘sim’, mas aqui eu encontro você sentando com ele tão prontamente.”

“I-isso é porque ele fez como ele queria— você tem qualquer assunto comigo?”

“Eu gostaria que você saísse em um encontro comigo.”

“Eu r-r-rejeito. Eu f-f-fortemente recuso. P-p-por que eu de qualquer maneira?”

“Apenas brincando, é claro— não realmente, mas hoje eu estou aqui por uma razão diferente.”

Seu liso cabelo dourado tremulou conforme ele virou-se para encarar Raishin.

“Eu tenho algo para discutir com você, Raishin Akabane.”

Charl e Yaya endureceram-se em choque. Então elas lentamente olharam sobre Raishin timidamente. Da expressão em seus rostos era visível que elas haviam saltado para alguma conclusão estranha.

Raishin permaneceu silencioso em seu assento, colocando um pouco de porco frio em sua boca.

Ele tinha ficado frio, mas não havia ficado duro ainda. Aproveitando o sabor dos sucos da carne misturada com o molho, ele mastigou e engoliu. Depois de tomar o seu tempo a fazê-lo,

“Se você estiver me pedindo para um encontro, você tem certeza que é bom o suficiente?”

“Vamos lá, não diga isso. Eu asseguro você que eu sou o tipo que não irá entediá-lo.”

“Eu estou surpreso. O que pode um membro dos Rounds, como também um pilar vital da autonomia da academia— Líder do comitê disciplinar Felix Kingsfort possivelmente desejaria de mim, alguém que é o Penúltimo?”

“Eu sou o que deveria estar surpreso, já que você sabe tanto sobre a minha existência.

Você está planejando me alvejar depois da Charl?”

A atmosfera tornou-se tensa.

Felix estava sorrindo como de costume, e sua voz não tinha traço de hostilidade, mas a tensão foi transmitida através do refeitório, causando a comoção causada pelos estudantes cessar em um instante.

Depois de um tempo o primeiro a quebrar a tensão foi Felix.

“Você não trabalharia comigo?”

Com uma expressão despreocupada, ele abruptamente posou a pergunta para Raishin.

“Hm, melhor que dizer trabalhar comigo, considere isto um pedido. Não como um indivíduo, mas como o líder do comitê disciplinar.”

“Eu recuso.”

Felix riu.

“Entendo. Então você é do tipo que faz decisões rápidas, Raishin. Contudo, você ao menos não tomaria algum tempo para pensar sobre isto? Ao menos deixe-me explicar a situação.”

“Isso não será necessário. Eu não desejo ganhar nenhum parceiro a mais do que eu já tenho.”

“Nem mesmo se nós estivermos a oferecer para você—”

Irritantemente, ele deliberadamente tomou seu tempo para acabar sua sentença.

“—Uma qualificação de entrada para a Festa Noturna?”

O garfo de Raishin parou de mover-se.

Uma qualificação de entrada para a Festa Noturna. Algo que Raishin tinha de obter a todo o custo.

Conforme seus olhares encontraram-se, um silêncio sufocante caiu.

Era esse o convite de um demônio, ou talvez alguma outra coisa…?

Referências e Notas de tradução[edit]

  1. Geração de energia através do movimento de objetos. Wikipédia
  2. Geração de energia em ambientes aquáticos através da luz solar. Wikipédia
  3. Biologicamente falando, é o processo de troca periódica de partes do corpo de algum animal. Wikipédia
  4. Um cargo político da Roma antiga responsável entre muitas coisas, também pela fiscalização da conduta moral dos cidadãos. Wikipédia
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