Toradora!:PORTVolume1

From Baka-Tsuki
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Estas são as ilustrações do volume 1


Existe algo neste mundo, que ninguém jamais viu.

É suave e doce.

Se alguém visse, tenho certeza que todos iriam querer.

É por isso que ninguém ainda viu.

O mundo escondeu muito bem, para que fosse difícil de encontrar.

Porém vai chegar o dia em que será descoberto por alguém.

E somente aqueles que puderem obter, serão capazes de encontrá-lo.

Isso é tudo.


“Maldição!”

"Sete e trinta da manhã. Era um bom dia e estava escuro dentro do apartamento que era composto por um quarto duplo e uma cozinha, e ficava de frente a outro apartamento de dois andares. Dava para chegar à estação de trem em 10 minutos e o aluguel saia por 80,000 yenes."

"Eu me rendo! Eu não consigo fazer isso direito!"

Uma mão frustrada limpou a névoa do espelho. O banheiro estava coberto por uma leve neblina, vinda de uma ducha matinal de água quente. Mal acabei de limpar e o espelho voltou a se embasar. Era inútil ficar com raiva de um espelho, não importa o quão frustrado eu estava...

“Essa coisa não passa de uma mentira!”

Sinta-se gentil com uma franja flutuante – Eu tinha visto este slogan na última revista de moda masculina. A franja de Takasu Ryuuji estava agora “flutuando”. Como mostrava a revista, ele puxou a franja na vertical, secou-a até que ficasse parada ali e passou gentilmente um pouco de gel para cabelo. Ele tinha acordado meia hora mais cedo especificadamente para tentar transformar seu cabelo no modelo da revista e assim ter seu desejo cumprido.

De qualquer forma, “Talvez eu tenha sido um pouco ingênuo ao achar que mudaria completamente minha aparência com uma franja”.

Desanimado, Ryuuji jogou a revista – que tinha tomado muita coragem para comprar – na lata de lixo. Desafortunadamente, sua má pontaria fez com que ela errasse completamente o alvo, se abrindo ao cair, e derrubando a lata de lixo no chão. A página aberta dizia “Você ainda pode fazer antes do início das aulas. Gentil ou selvagem? Nossa viagem pela modelagem!”. Se fosse comigo, eu não tenho certeza se queria algo relacionado à modelagem. Mas eu queria mudar.

Mesmo que tenha terminado como um fracasso.

Sentindo-se derrotado, Ryuuji molhou suas mãos com água e desorganizou seu cabelo, cujo qual tinha investindo um bom tempo modelando. Em pouco tempo tinha voltado para seu antigo penteado em bagunçado. Logo ele ajoelhou-se para recolher o lixo que tinha se espalhado por todo o piso.

“Eh?! O que é isto... parece mo... Está mofado!”

Mesmo que ele tenha limpado o vapor do espelho, mesmo depois de investir toda a semana passada limpando o mofo da cozinha e o banheiro... Todo seu esforço tinha ido para o espaço nesse horrível quarto úmido. Mordendo os lábios e rangendo, Ryuuji tentou retirar o mofo com algumas esfregadas. É claro que não iria ser fácil daquela forma e ele acabou rasgando o pano em pedaços.

“Demônios, acabei de usar todos os outros faz algum tempo. Terei que comprar mais removedor de mofo. Por hora terei que deixá-los em paz, porém definitivamente eu voltarei para destruí-los!”

Ryuuji mirou de relance a parede mofada enquanto recolhia o lixo. Assim que acabou, passou em todo lugar uma toalha de papel, limpando qualquer cabelo que houvesse caído e tirando pó. Estava limpando a umidade das paredes quando levantou sua cabeça e suspirou.

"Oh, já tinha me esquecido. Comida de animais. Ei! Inko-chan!"

“Ah...”

Uma voz aguda respondeu ao feroz grito do estudante de secundária.

“Bem, já está acordado”.

Levantando-se, Ryuuji foi descalço até a cozinha com chão de madeira, pegou um pouco de comida para sua mascote e alguns jornais velhos. Caminhando até a sala aonde havia um tatame montado, ele retirou o pano que cobria uma pequena gaiola de pássaros. Ryuuji cumprimentou seu lindo animalzinho, que não havia visto por toda a noite.

Bem, outras pessoas podem criar seus animais de forma diferente, mas assim era como a família Takasu criava sua mascote. Devido ao fato que ele parecesse horrível após dormir, todas as noites ele era coberto com um pano.

“Bom dia, Inko-chan”.

Um loro amarelo. Esse era Inko-chan. Como de costume, Ryuuji colocava um pouco de comida enquanto conversava com o animal.

“B-Bom... dia.” Seus olhos miravam para o alto de uma maneira enigmática. Ao menos ele conseguia responder em japonês. Mesmo acabando de acordar, parecia que estava de bom humor. É por isso que ele é lindo.

“Inko-chan, tente dizer, vamos comer.”

“Va-Vam, vamos co... co... Vamos comer! Vamos comer!”

“Já está ótimo. Agora vejamos se pode falar isso! Tente dizer seu nome... Vamos, tente Inko-Chan.”

“I, I, In, I, Iiii...I...” Inko-chan parecia estar usando o máximo de suas energias, já que sacudia sua cabeça e inflou seu peito abrindo as asas rapidamente. “... iiiiii...”

Seus olhos estavam meio fechados e era possível ver a ponta da língua que saía de seu bico. “Talvez ele consiga hoje”, pensou seu dono enquanto apertava os punhos. No final...

“innnnPO!”

“Argh... Por que os pássaros são tão tontos? É de se esperar quando eles têm um cérebro que pesa somente 10 gramas”.

Ryuuji suspirou enquanto pegava o jornal velho e o jogava em uma sacola de plástico. Estava a ponto de ir colocá-la junto ao resto do lixo na cozinha quando...

“A... aonde... você... vai?”

A idiota deitada atrás do fusuma parecia ainda não ter acordado.

“Ryuuji-chan. Você está de uniforme? Por quê?” Perguntou aparentando cansaço. Ryuuji agarrou a sacola de lixo elegantemente e respondeu, “Estou indo para a escola. Não te falei ontem que a aula começava hoje?”.

“... Ah.”

Abrindo suas pernas por cima do futon, essa pessoa murmurou repetidamente a seguinte frase quase a ponto de chorar.

“Então, então... então e o almoço de Ya-chan? Não sinto cheiro de nenhuma comida... não fez nada para mim?”.

“Não.”

“Ehhh... Então... O que Yu-chan vai fazer... quando ela... acordar? Não tem nada de gostoso para comer...”.

“Vou voltar antes de você ter acordado! Só irei à cerimônia de abertura do período”.

“O que... é isso...”.

He he he he, ela sorriu enquanto fechava suas pernas e começava a aplaudir com suas mãos. Olhando mais atentamente vi que o que ela fazia era bater um pé contra o outro.

“Cerimônia de abertura não é? Parabéns! Isso significa que Ryuu-chan é um estudante do segundo ano a partir de hoje não é?”.

“Deixando isso de lado, eu não tinha dito antes que não importa quão ocupada esteja, tem que tirar a maquiagem antes de dormir? Já que você tinha se queixado antes, eu não tinha comprado alguns removedores de maquiagem?”.

Ryuuji inspecionou seus arredores um pouco melhor. “... Ah... AH! Você deixou pó de maquiar por toda a almofada! Não da para limpar isso! Você devia ter mais cuidado com sua pele; já não é nenhuma garotinha!”

“Sinto muito”.

Sua calcinha com manchas de leopardo estava completamente exposta. Enquanto levantava-se, seus enormes seios sacudiram e parte de seu desorganizado cabelo ruivo se embaraçou mais ainda. Talvez seja o movimento de seu cabelo, ou as grandes unhas dos pés, mas ela emanava um sentimento muito feminino. Ainda assim: “Devo ter bebido muito. Só voltei faz uma hora. Ah... estou com tanto sono.” Ela falou bocejando, “Oh, agora me lembro... Eu trouxe um pouco de pudim para casa”.

Enquanto ela esfregava os olhos, arrastou-se lentamente até sua bolsa jogada no canto do quarto. Essa aparência – seus lábios cereja murmurando “pudim”, as bochechas rosadas e seus olhos redondos. Qualidades que pareciam vir de uma criança e encaixavam perfeitamente nela. Apesar de um pouco estranha, poderia dizer que ela era uma mulher bonita.

“Huh... Ryuuji-chan, não consigo encontrar a colher.”

“Talvez o vendedor da loja tenha se esquecido de colocá-la na sacola.”

“Não pode ser! Eu o vi colocando. Que estranho...”.

Essa era a mãe de Takasu Ryuuji, Takasu Yasuko: nome artístico “Mirano”. Trinta e três anos (não importa quantos anos passe, ela sempre diz ter vinte e três) e trabalha como recepcionista no único bar da cidade. O “Bishamonten Kuni”.

Yasuko virou o conteúdo de sua bolsa e remexeu entre eles. Sua pequena quara se contorceu “Está muito escuro aqui... não dá para achar nada assim! Ryuu-chan pode abrir as janelas?”.

“Estão abertas.”

“Eh...? Ahh, sim, já que quase não acordo a essa hora, acabei esquecendo...”

Dentro da escura habitação, a mais estranha combinação de mão e filho suspirou em sintonia.

Era a janela que apontava para o sul.

Havia se passado seis anos desde que tinham se mudado para aquele lugar. Dentro dessa pequena casa aonde os dois vivem, toda a luz entrava pela janela do sul, já que a entrada da casa ficava ao norte e ao leste e oeste havia vizinhos. A luz do sol sempre foi abundante, especialmente durante as manhãs. Não havia necessidade de acender lâmpadas do amanhecer ao entardecer, tirando os dias que chovia. A brilhante luz solar sempre resplandecia sobre Ryuuji, em seu uniforme enquanto preparava o café da manhã e sobre Yasuko que normalmente estava dormindo. Entretanto, tudo isso chegou ao fim no ano passado.

“Maldito seja esse apartamento.”

“Que tipo de pessoa mora em um lugar como esse e ainda rouba a luz das outras pessoas?!”

Durante o ano passado, a alguns metros na área ao sul da nossa casa, um luxuoso apartamento de dez andares foi construído. Como resultado, o sol já não brilha mais em nossa casa. Esse acontecimento havia levado Ryuuji à beira da loucura e da frustração por incontáveis vezes. A roupa não secava mais no varal, o tatame havia começado a se envergar devido ao contato da umidade com a madeira e não servia mais nem para esquentar nos dias frios. Os cantos da casa haviam começado a mofar, o papel de parede tinha se destacado e descolava em certos pontos. Não importa, já que este era um apartamento alugado. Isso era o que Ryuuji tentava convencer a si mesmo, no entanto, como uma pessoa extremamente aficionada a manter as coisas limpas e arrumadas, Ryuuji não conseguia tolerar algo como aquilo. Olhando pela janela, vendo os azulejos brancos do apartamento de classe alta, aquele era sem dúvidas um lugar que pessoas pobres não podiam morar.

“Hmm, não me importa tanto já que Ya-chan dorme durante toda a manhã.”

“Não adianta se queixar. Além disso, o aluguel abaixou para 5000 yenes depois da construção.”

Pegando uma colher na cozinha e passando-a para Yasuko, Ryuuji coçou a cabeça e disse: “Bem, estou indo.” Aquela não era a hora de uma reunião familiar, e ele já estava atrasado.

Vestindo um paletó gakuran, Ryuuji ajoelhou seu enorme corpo e ajeitou as meias. Enquanto conferia se estava tudo certo, ele se deu conta de uma pequena chama que se acendia dentro de seu coração.

Então é isso. Hoje era o começo de um novo período na escola. Depois da cerimônia de abertura vinha a troca de sala.

Mesmo que ele tenha falhado em mudar sua imagem, aquilo não era o suficiente para deixá-lo deprimido, já que Ryuuji ainda tinha esperança em seu coração. Ou será que isso era somente uma expectativa? De qualquer forma, era esse tipo de sentimento, embora não o considerasse apropriado os expressar.

“Estou indo. Lembre-se de fechar a porta com a tranca, e troque sua roupa antes de dormir.”

“Está beeemmmm! Ah, ei Ryuu-chan.” Yasuko estava encostada no futon, e enquanto falava mordeu a colher com seus molares. Ela começou a sorrir como uma garotinha. “Ryuu-chan está mais animado que o normal! Seja forte! Você já está no segundo ano! Esta é uma área aonde Yu-chan nunca frequentou, você sabe não é?”

Com a finalidade de dar à luz a Ryuuji, Yasuko deixou a escola ainda no primeiro ano da secundária, então não estava familiarizada com a vida de um estudante do segundo ano. Ryuuji sentiu uma forte tristeza se apoderar de seu coração naquele momento.

“... eu sei.”

Ele sorriu um pouco e levantou sua mão. Isto era para agradecer sua mãe. Infelizmente, este ato bem intencionado levou a um resultado inesperado. “KYAA!” Yasuko gritou e começou a rolar pelo chão, até que finalmente falou. Ela finalmente falou a maldita frase!

“Ryuu-chan está tããããão bonito! Você parece cada dia mais com seu pai!”

“!!!”

...ela falou.

Ryuuji fechou silenciosamente a porta da casa e olhou para o céu. Ele girou seus olhos para cima e sentia como se um pequeno furacão houvesse passado por ele. Não! Ele não queria isso! De forma alguma! Não diga isso! Isso! Isso era a única coisa que ele não gostava de escutar. Ainda mais hoje.

“Você parece com seu pai” – parece que Yasuko não entendia que impacto aquelas palavras tinham em Ryuuji. Essa também era a razão pela qual ele havia comprado aquela revista e tentou fazer sua franja “flutuar gentilmente”.

Saindo de casa, Ryuuji se dirigiu até a escola que estava perto o suficiente para poder ir andando. Sua cara de indignação lhe dava uma aparência um pouco raivosa. Apesar disso, caminhava com seus grandes passos como se estivesse sendo levado pelo vento. Suspirando, ele colocou os dedos sobre a testa com a finalidade de cobrir os olhos. Este era um hábito de Ryuuji. Este era o problema. A fonte da agonia de Ryuuji não eram nada senão seus olhos.

São ruins! Nada relacionado com sua vista, que era perfeita. Era simplesmente a forma com que eles pareciam. Não importa o que fizesse, sempre pareciam ferozes.

No ano passado Ryuuji tinha crescido em um ritmo muito rápido, e agora tinha a aparência de um homem. Mesmo que não seja do tipo mais bonito, ele não era alguém antissocial. Bem, como seja, digamos que ele não parecia ruim, mesmo que ninguém nunca o tenha dito isso. Porém era o que Ryuuji pensava.

Seus olhos eram incomumente ferozes. Tão ruins que ninguém conseguia rir em sua frente. Eles estavam constantemente voltados para cima, quase que todo branco, enquanto sua pupila ocultada pela pele, era parcialmente visível. É claro que isso era somente o básico, ainda não chegamos à pior parte. Já que seus olhos eram grandes, o branco de seu olho refletia constantemente um olhar forte e penetrante, enquanto suas pupilas se moviam como se estivessem a ponto de cortar seus oponentes em pedaços. Era o tipo de olhar que fazia as pessoas correrem a toda velocidade depois de um simples contato visual. Ele sabia disso muito bem. Quando via uma foto escolar em que ele aparecia, o próprio tinha certeza que pensaria. “Por Deus, por que ele está tão irritado... Espera... Este sou eu?”

Por outro lado, isso também era culpa de sua dura personalidade. Seu vocabulário era muito pouco refinado, fato que tinha relação direta com sua sensibilidade. Por esse motivo, era raro vê-lo rindo ou dizendo algo idiota. Talvez seja por isso, ou porque vivia com alguém como Yasuko, cuja qual havia causado nele a perca de toda sua virtuosidade e confiança. Sem se importar com o que quer que fosse, Ryuuji se orgulhava em ser um pragmático auto protetor.

Mas como resultado...

“Ta-Takasu-kun...! Está tentando desafiar um professor? A-alguém! Dê-me um bastão!”

Claro que não! Só estava tentando me desculpar por esquecer de entregar a tarefa.

“S, s, s, s, sinto muito... Não era minha intenção trombar com você! Foi aquele cara quem me empurrou contra você!” Quem iria se preocupar com um esbarrão no ombro?

“Escutei que Takasu-kun invadiu a cerimônia de graduação de outra escola enquanto estava na escola primária. Ele até entrou no quarto de som!”

Ei! Não faça parecer com que eu seja algum tipo de delinquente!

“Todos estes mal entendidos irão acontecer novamente?” Pensando em todas aquelas recordações dolorosas, Ryuuji não podia fazer nada além de suspirar.

Suas notas não eram tão ruins, e ele também nunca tinha chegado atrasado ou nem mesmo faltado. Nunca tinha se metido em alguma discussão com alguém e muito menos luta corporal. De forma simples, Takasu Ryuuji era um jovem normal. Fora isso, devido a seus olhos ferozes, todos chegaram à conclusão que ele era um delinquente, apesar de sua única parenta ser uma recepcionista de uma casa noturna, o que não ajudava muito melhorar sua imagem.

Depois de passar todo um ano com seus companheiros de classe, a maioria dos mal entendidos foram resolvidos. Um ano não passava rápido, especialmente para um estudante da secundária. O problema é que tudo estava começando hoje. Sem mencionar que a tentativa de mudar sua imagem havia sido um total fracasso.

Felizmente ainda havia algo de bom em trocar de sala, já que Ryuuji queria estar na mesma sala que ‘uma certa’ pessoa. Quando seus pensamentos se dirigiram ao tormento que o aguardava, todas suas esperanças foram por água a baixo. Sem mencionar o que Yasuko tinha feito com sua enorme boca. Não. Isso não é verdade! A culpa de tudo era dos genes problemáticos de seu pai!

Seu pai, não? Ele está no céu agora. Ele era muito bonito e normalmente penteava o cabelo para trás. Seus sapatos estavam sempre brilhantes e tinha, não importa a situação, uma enorme corrente de ouro ao redor do pescoço. Seu traje casual combinava perfeitamente com o inseparável Rolex. Dentro de sua camisa, sempre levava também uma revista mais ou menos grossa.

“Para quê?” Quando Ya-chan o perguntou, ele respondeu. “Para que eu não tenha que me preocupar em levar uma facada.” Ahhhhh. Ela estava tão comovida com aquela resposta. Tudo que Ryuuji pensava, era em como Yasuko se derretia quando falava dele e logo ia atrás da única foto que ele havia deixado. A pose de seu pai na foto era exatamente como sua mãe sempre descrevia. Parado, com os pés abertos e olhar orgulhoso, além de uma pequena pasta preta embaixo do braço. Sua roupa era branca com uma extravagante jaqueta de couro. Os anéis dourados nos dedos brilhavam e em sua orelha havia um brinco de diamante. Além de tudo isso também havia a cara de “Está falando comigo?”, com seu queixo apontando para baixo até a câmera. Uma de suas mãos abraçava Yasuko, que parecia ser tão jovem quanto é agora. Sua mãe, carregando uma enorme barriga grávida, sorria de felicidade. Seu pai inclusive tinha um dente de ouro que ficava evidente quando sorria.

Ele era realmente muito terno e sério. Nunca faria nenhum dano a uma pessoa normal, ou pelo menos era o que Yasuko falava. Por que raios uma pessoa terna e séria acabaria se convertendo em um gangster?! E que tipo de pessoa deixaria uma garota de secundária grávida?! Mais importante que tudo isso... Aqueles olhos. Se alguém fosse mirado diretamente por aquele olhar penetrante, entregaria a carteira e imploraria por sua vida. Esses olhos sem dúvidas só haviam sido usados para uma coisa: extorsão violenta. Olhos que por sua vez, estavam agora fixos na cara de Ryuuji, fato que ao lembrar, o fez estremecer. Se ele próprio pensava aquilo de seu pai por causa do olhar, não culpava os outros por pensar tudo aquilo dele próprio.

É claro que sempre havia a possibilidade de seu pai ainda estar vivo. Segundo Yasuko, para ajudar em uma fuga, ele foi preso em uma caixa e jogado no fundo do mar, no porto de Yokohama. Como não havia tumba e nem altar, ou até mesmo algum corpo, não existiam provas de que o fato relatado realmente tenha acontecido alguma vez. Em certas ocasiões, uma Yasuko bêbada dirigia murmurando, “Me pergunto como Ryuuji-chan se sentiria se seu pai algum dia voltasse.... Hehehehe, só estava brincando!”

Papai provavelmente está trancado meditando em algum quarto gelado. Como seu filho, tenho esse leve pressentimento! “Ei, Takasu! Bom dia! É uma bela manhã não concorda?” Ouvindo alguém o chamando no fim do corredor, Ryuuji se virou rapidamente e levantou a mão. “Oh Kitamura. Bom dia!”

Não posso ajudá-lo, Ryuuji pensou. Se eu paro e espero que meu amigo me alcance, as pessoas irão pensar que vou estrangulá-lo até a morte, mesmo que isso não seja verdade. Era inevitável o fato de que seus atos seriam mal compreendidos, e se fossem, teria que explicar gentilmente a realidade. Bem, eles eventualmente iriam entender. Mesmo que seja muito problemático. Essa era a única coisa que ele podia fazer!

Olhando para o céu, os brilhantes raios de sol fizeram que seus olhos lacrimejassem. Hoje realmente era um bom dia sem vento. As flores de cerejeira começavam a cair sobre os estudantes criando um belo efeito visual.

Ryuuji manteve este pensamento e continuou andando com seus brilhantes sapatos brancos lustrados. O clima estava fantástico para cerimônia de abertura.

“Whoa! Estamos na mesma sala que Takasu. Só pode ser brincadeira!”

“Ele parece furioso! Que medo.”

“Quem vai ir falar com ele?”

“Eu é que não!”

“Por que você não vai?”

“Hey! Não empurra...”

Não importa o que vocês digam, eu não sou afetado por coisas assim. Ryuuji entrou na sala de aula da forma menos expressiva possível, ignorando os olhares de seus companheiros, e sentou-se de costas para eles enquanto olhava para o vazio. Enquanto lambia os lábios que haviam secado, as pernas começaram a tremerem sozinhas. Para quem estava vendo, parecia um animal faminto preparando para dar o bote em sua presa.

“A mesma coisa de sempre não? Parece que têm pessoas aqui que ainda não te compreendem. Bem, esse problema se resolverá depois de algum tempo! Além disso, eu te apoio, sem mencionar que tem um bom número de estudantes aqui que eram da nossa sala ano passado.”

“Oh! Não se preocupe com isso. Realmente não me importo.”

Ryuuji respondeu com um gentil sorriso a seu bom amigo Kitamura Yuusaku, que estava na mesma classe que ele esse ano novamente. Honestamente, Ryuuji estava de bom humor, mas não da forma em que ele lamberia os lábios antes de pegar sua presa. Se este fosse o caso, ele não estaria com um sorriso de orelha a orelha. A razão de sua alegria não era sua relação com Kitamura. Para seu amigo, Ryuuji havia simplesmente dito “Parece que estamos na mesma sala este ano novamente Kitamura!”. Não, a razão de seu sorriso era...

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“Oh Kitamura! Estamos na mesma sala este ano!”

... ela.

“Huh? Ah! Kushieda, você também está na sala C?”

“Eh? Quer dizer que você só percebeu agora? Que distraído. Ao menos dê uma olhada na lista de estudantes no primeiro dia de aula!”

“Sinto muito. Que coincidência. Isto significa que teremos mais tempo para organizar as reuniões do nosso clube.”

“Tem razão! Oh, Takasu-kun... não é? Ainda lembra-se de mim? De vez enquanto eu ia me encontrar com o Kitamura-kun”.

“...”

“Ah... hmmm, está bem se eu te chamar de Takasu-kun não é?”

“Ah... errrr...”

Este era o ponto em que um anjo aparecia. Justo em frente aos olhos de Ryuuji se encontrava um sorriso tão brilhante quanto o sol, tão aconchegante quanto o raio de luz que costumava aparecer ao sul da janela de sua casa iluminando todo o cômodo. O raio de luz aumentava até o ponto em que Ryuuji não podia manter os olhos abertos.

“Kushieda Minori, certo?”

Ahhh! Demônios! Ele usou as palavras corretas, porém sua voz saiu muito fria. Ryuuji se sentiu gritando. Por que só disse isso? Por que não pude falar nada melhor?!

“Uau! Você se lembra do meu nome completo! Isso me deixa feliz!” ela parou de falar por um momento enquanto alguém gritava seu nome e continuou logo em seguida. “Oh, alguém está me chamando! Eu tenho que ir Kitamura-kun. Te vejo na primeira reunião do clube sobre as pautas do segundo ano! Não se esqueça de ir! Vamos conversar novamente em outra ocasião Takasu-kun!”

Olhando ela se virar, Ryuuji lento e desastradamente levantou o braço para se despedir, porém era um pouco tarde. Ela já tinha desaparecido. Tinha dito o que a fazia feliz. Tinha dito que eles se falariam novamente!

Kushieda Minori.

Ryuuji finalmente teria seu desejo de estar na mesma sala que Kushieda Minori realizado.

Ela disse que se alegrava e que depois se falariam novamente. Ela tinha dito que se alegrava...

“Takasu?”

“Queeee?!” Kitamura havia aparecido de repente em sua frente fazendo com que ele soltasse da cadeira.

“De quê está rindo?”

“Não. Não é nada.”

“Sério?” Kitamura empurrou a armação dos seus óculos com o dedo do meio. Ryuuji se sentiu agradecido do fundo de seu coração. Kitamura era a única pessoa neste mundo que podia dizer quando ele estava sorrindo ou não. E não havia nada pelo que ele estava mais agradecido.

“... Kitamura, você,” Ryuuji começou a falar. Como deveria dizer isso. “Errr... Você... Você sempre parece muito calmo quando conversa com outras garotas.” Baixando a voz para um simples sussurro ele continuou. “Como quando fala com Kushieda-san!”

“Huh? A quê se refere?”

Os olhos atrás das lentes do Kitamura se escancararam. Ele não estava sendo humilde. Melhor, estava surpreendido. Parece que ele não havia se dado conta desse fato antes. Ryuuji decidiu voltar atrás no que ia dizer para essa calma pessoa.

Sua relaxada conversa com Kushieda há alguns momentos soou tão natural. Não, não foi só há alguns momentos. Desde o ano passado Kitamura sempre tinha sido muito natural ao conversar com ela. E mais! Os dois faziam parte do clube de softball! Ryuuji estava sempre lá, tratando de dar a ela um gentil sorriso e recebendo um comprimento em troca. Somente aquilo era esforço suficiente para o quebrar em pedaços. Usando futebol como metáfora, Ryuuji costumava ser o defensor central, que dificilmente tem a oportunidade de entrar na ofensiva. Era também graças ao fato de estar sempre atrás de Kitamura e observando suas alegres conversas com Kushieda que Ryuuji começou a perceber como ela era linda e que estava começando a gostar dela.

Suas diversas expressões alegres. Seu corpo delicado e movimentos exagerados. Seu sorriso inocente e sua voz doce.

Apesar de sua intimidante aparente, ela conseguia manter seu sorriso em frente à Ryuuji. Kushieda Minori havia sido feita para ele.

Para que uma garota fosse namorada de Ryuuji, ela deveria ter um atrativo nos olhos, e eles deveriam ser tão belos quanto o pôr-do-sol. Ser energética e direta era mais importante que qualquer coisa para ele, e assim era como uma mulher deveria ser. Mas ainda assim...

“Do quê está falando? Como eu consigo falar naturalmente com as garotas? Bem, são elas quem me chamam e não o contrário!”

Ryuuji suspirou. Que inveja! Só olhando a forma como Kitamura falava era suficiente para fazer seus olhos sangrarem. Entretanto, Kitamura continuou sua frase. “Não sou bom falando com garotas. Acho que nunca terei uma namorada o resto da minha vida.”

Mesmo que tenha dito “Acho que...” olhando o nobre deslumbrante em sua frente, Ryuuji engoliu o que estava para falar. Sem importar com o que dissesse esse garoto provavelmente nunca entenderia. Ryuuji de repente sentiu sua depressão retornar.

Era certo que as garotas chamavam Kitamura de “Maruo-kun”, assim como o haviam chamado antes de “Mr. Nice Guy” de Chibi Maruko-chan. Talvez realmente eles fossem semelhantes, fazendo as garotas os chamarem dessa forma. Vendo de outra forma, óculos de alto grau, personalidade franca, excelentes qualificações, não tendem a ser chamativos para as garotas, e são valores tradicionais. Se a situação era adequada, ele sempre dizia: “Está certo”. Era o tipo de pessoa capaz de criar uma atmosfera alegre na sala de aula. Falando nisso, ele havia sido representante de classe no ano anterior, o vice-presidente do conselho estudantil e aspirante a novo presidente da equipe de softball. Era natural que todos o adorassem.

Ah, então era por isso. Ryuuji finalmente entendeu. Pensando bem, Kitamura é muito popular com todas as garotas e não somente com Kushieda. Aonde quer que eles se encontrassem, recebia comentários do tipo, “Ah! Estou na mesma classe que Maruo-kun novamente!” e Kitamura respondia despreocupadamente, “Por quê? Tem algum problema com isso?” E ainda tem coragem de dizer que não é bom falando com garotas. Não é como se ele fosse tão medroso quanto eu. Enquanto Ryuuji pensava mais profundamente, era possível escutar alguém dizendo, “Whoa. Incrível.”

“Então? Aqui vamos nós novamente!” Ryuuji apoiou o queixo em sua mesa e ignorou as vozes que ouvia ocasionalmente. Fazia somente alguns momentos que ‘estava na lua’ pensando sobre estar na mesma sala que Kushieda Minori, então não se importou sobre o que os outros pensavam a seu respeito.

“É realmente incrível. Eu te falei que esse cara não era uma pessoa normal.”

“Uau, veja esses olhos. Se você se meter no caminho dele provavelmente morreria!”

O feitiço parecia ter sido quebrado. Ryuuji começou a notar que os sussurros maliciosos estavam aumentando. Será melhor me esconder no banheiro antes que a nova professora chegue. Ryuuji pensou esperançoso. Esso iria acalmar sua mente um pouco.

Ele levantou-se justo antes de chegar ao corredor e sentiu algo golpear seu estômago. “Hmmm...?”

Ryuuji pensou ter trombado em algo, porém não havia nada em frente a seus olhos. Que estranho! Olhando ao redor a única coisa que viu foi...

Os estudantes começaram a amontoar. “Uau. Então Takasu-kun vai fazer o primeiro movimento?”, “Já começou o combate mortal? Quando vi os nomes na lista de estudantes soube que essa luta ia ser terrível”.

A única coisa que Ryuuji pôde ver foi estudantes sussurrando. “Estavam falando de mim? Mas por quê?” Um dos estudantes falou mais alto, “Choque de titãs não?” “Já estamos na luta definitiva.”

Todos estavam falando de forma estranha. Choque de titãs? Luta definitiva? De que diabos estavam falando? Ryuuji moveu a cabeça tentando descobrir do que falavam.

“Não vai nem mesmo se desculpar depois de trombar com alguém?” Ele ouviu uma voz muito fina saindo de algum lugar. O estranho e calmo tom da voz estava reprimindo e aguentando uma emoção prestes a explodir. Mas mesmo assim não conseguiu descobrir de onde vinha a voz.

“Huh?”

O humor havia acabado. Ele olhou para direita e não encontrou ninguém. Olhou para esquerda e nada novamente. Com medo olhou para cima. Afortunadamente não havia nada.

“Isso significa...”

Tem que vir de baixo. Baixo, justo debaixo de seus olhos, em um lugar mais baixo que seu torso, se encontrava uma cabeça lotada de cabelo. A primeira coisa que pensou era que se tratava de uma boneca.

Em fim, era muito pequena. Seu longo e liso cabelo caia suavemente e cobria o pequeno corpo da Tigresa de Bolso.

“Tigresa de Bolso?”

Esta misteriosa terminologia de repente apareceu nos pensamentos de Ryuuji fazendo com que ele as pronunciasse em voz alta sem pensar. Na melhor das hipóteses ele deveria ter sussurrado.

Tigre de Bolso.

Então isso significa...

“Quem...”

É assim como um pequeno boneco é chamado? Bem, ela era pequena o suficiente para caber na palma da mão, porém como um tigre?

“Quem você está chamando de Tigre de Bolso?” Essa não era a ocasião em que se tinha muito tempo para pensar, enquanto ele viu uma pequena mão vir em direção a seus olhos.

“WHOA!!!”

Levou três segundos. Tudo estava silencioso mesmo que parecesse ser somente a imaginação de Ryuuji. Por um instante sentiu como um vazio criado pelo impacto depois de uma explosão. Os sons de fundo lentamente voltaram a seus ouvidos. Quando se deu conta, percebeu que estava caído de costas no chão. Não foi somente ele. Vários outros estudantes haviam sido golpeados e outros tentavam correr para longe.

O que acabou de acontecer? Já sei. Na verdade não havia acontecido nada. Era somente a “garota” em frente a seus olhos.

“Que pessoa mais inútil.”

Tudo o que fez foi olhar Ryuuji fixamente com seus olhos largos. Isso foi tudo.

Tudo isso havia acontecido em alguns segundos. Ryuuji tinha sido acertado por um tapa. Sua mente estava em branco, seu corpo se sentiu paralisado pela pressão criada pela garota. Para ser mais preciso, Ryuuji foi intimidado por seu resplendor, ou para ser ainda mais preciso, ele havia sido repelido pela aura liberada pelos olhos da garota e atirado no solo.

A diferença entre eles era muita. Estavam em níveis completamente diferentes. Para uma pessoa como Ryuuji que tinha olhos intimidantes, aquela garota havia derrotado-o completamente.

Essa foi a primeira vez que Ryuuji entendeu o significado de ter olhos afiados. Isso incluía a essência que alguém carregava para uma feroz batalha. Ou melhor, “extinto assassino”.

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“Hump”. Por alguns segundos que se passaram como uma eternidade, Ryuuji sentiu um sutil desprezo em seus olhos que não haveria sido contido mesmo que ela fosse atacada no coração.

“Um dragão? Que ridículo.” Ela abriu seus lábios avermelhados e soltou algumas palavras que carregavam certa infantilidade. Suas mãos incrivelmente pequenas agitavam os cabelos ondulados enquanto sua franja suave cobria sua feição assassina. Seus olhos agora eram transparentes como os olhos de vidro de uma boneca e miravam Ryuuji fixamente. É bonita, mas também assustadora. Seu rosto era branco e pálido, e se contrastava com os longos cabelos castanhos, ombros e corpo pequenos e brilhantes pupilas rodeadas por cílios delicados. Era tão adorável quanto um caramelo que contém um veneno mortal. Tão adorável como uma flor que pode te matar com somente seu cheiro.

Enquanto era observado, Ryuuji pôde sentir o instinto carnívoro vindo daqueles olhos. É claro que tudo isso era somente sua imaginação, mas parecia ser extremamente real. O som que aquela garota fazia parecia indicar que “Posso cuidar de alguém como você em um piscar de olhos.” As garras e dentes afiados lentamente pareciam se aproximar emanando o odor sanguinário de uma besta furiosa. Comparado com sua pequena figura, a grande ilusão que ela projetava em sua mente era a de um... tigre.

“Ah, ahh-ah, ah, ahhhhh... é verdade.” Sem se dar conta, Ryuuji começou a se mover e juntar as mãos. Então é por isso que todos a chamam “Tigresa de Bolso!”. Eu me pergunto quem tinha lhe dado esse nome afinal...

“Este não é um nome muito bonito?”

E muito apropriado também, eu garanto. A garota falou silenciosamente “dragão” e o olhou com desdém.

Não era difícil saber por quê. Aparentemente, pela queda, ou por ter sido rasgado pela Tigresa de Bolso, a jaqueta de Ryuuji tinha abrido. Debaixo da mesma Ryuuji usava uma camiseta colorida escrito “Soryuu” ou “O surgimento do Dragão”, que Yasuko havia comprado para ele. Por algum motivo Ryuuji sabia que não deveria vestir aquela camiseta, porém todas as outras tinham sido levadas para a lavanderia e ele não esperava que ninguém a visse embaixo da jaqueta.

Sentindo-se envergonhado por algum motivo, Ryuuji rapidamente cobriu seu peito como uma criança que acaba de ser maltratada por algum encrenqueiro. Nesse momento ele viu alguém se aproximando.

“Você está atrasada Taiga! Você perdeu a cerimônia de abertura?”

“Acabei dormindo até mais tarde. De qualquer maneira, estou feliz por estar na mesma sala que você este ano Minorin”. “Sim, eu também!”

Não era outra senão Kushieda Minori. Ela havia se referido a Tigresa de Bolso diretamente como “Taiga”, e estava até mesmo sorrindo para ela enquanto acariciava gentilmente seu cabelo. A Tigresa de Bolso também a havia chamado de “Minorin”. Vendo toda aquela situação, Ryuuji começou a ouvir sussurros ao seu redor.

“Então quem ganhou o Round 1 foi a Tigresa de Bolso Aisaka?”

“Parece que Takasu é um delinquente somente na aparência. Ele não é realmente mau.”

“Sério?”

“É por isso que perdeu contra a Tigresa de Bolso. Ela é muito mais feroz.”

Ao menos os maus entendidos estavam se resolvendo antes do esperado...

* * *

A Tigresa de Bolso tinha um nome incrível. Aisaka Taiga. Sua altura era de 1,45cm. Aisaka Taiga e Kushieda Minori eram o que podia se chamar de melhores amigas. Dos vários rumores que Ryuuji havia escutado, diziam que seu pai havia trabalhado como um cobrador do submundo. Existia também a história de que ele era um mestre do caratê dominando o submundo da América, e, além disso, a própria Aisaka era uma expert em caratê, mas foi expulsa do seu dojo por atacar o próprio mestre.

Há algum tempo atrás quando ela tinha entrado na escola, muitas pessoas foram enganadas por sua beleza e os garotos faziam fila para se declararem. Entretanto, seus sonhos eram transformados em pedaços sem piedade. Muitos nunca chegaram a se recuperar depois de serem menosprezados pela Tigresa de Bolso. Onde Aisaka passava, seu caminho ficava coberto com o sangue dos cadáveres de seus pretendentes.

Não eram somente as más opiniões. Sem levar em conta se os rumores eram verdadeiros ou falsos. Sem dúvidas ela era a pessoa mais perigosa da escola. Foi muitos dias depois da cerimônia de abertura que Ryuuji aprendeu sobre essas coisas.


Apesar do começo tumultuoso, a nova vida escolar de Takasu Ryuuji iniciou sem problemas. E isso devido a várias razões.

O rumor de quê “Takasu-kun é um delinquente” foi resolvido muito antes do que Ryuuji havia imaginado. Por sorte, muitos de seus antigos colegas de classe, incluindo Kitamura, estavam na mesma sala que ele este ano. Mais importante ainda, ele foi derrotado pela Tigresa de Bolso em questão de segundos, o que fez com que todos concluíssem rapidamente que ele era “Um cara normal”. (Ryuuji queria inclusive agradecer Aisaka Taiga por isto).

Em segundo lugar, ele evitou ter que fazer qualquer trabalho enjoado no comitê de classe e seu assento foi decidido através de sorteio. O terceiro na parte dianteira da fileira da janela. Um bom lugar em que se pode sentar e relaxar. A professora encarregada da sala foi a mesma que no ano passado (Koigakubo Yuri, 29 anos e solteira). Além de ser solteira nessa idade, Ryuuji não tinha nenhum problema com ela.

Além disso...

“... Se faço isso, a lateral da vasilha endurece! Como se chama isso? Seria assim também na parte de dentro? Bem, ela ainda está mole. Quando como o pudim dessa forma, eu teria que...”

“Ow!”

“Wha, Takasu-kun! Sinto muito...”

A razão mais importante era esta: Seu sol, Kushieda Minori, havia se transformado em sua companheira de sala. Somente esse fato fez com que sua vida diária se transformasse em um forte cor de rosa... Mesmo depois dela acidentalmente acertar seu olho, o sol ainda brilhava forte.

“Ahhh, você está bem? Sinto muito. Não vi que você estava ai atrás! Uwaaa... foi meu dedo que acertou seu olho?”

“Não se desculpe, não é nada.”

“Sinto muito de verdade! Hmmm, onde estávamos? Ah sim, estava falando que tenho que comer o pudim pegando-o dessa forma...”

“Ow!” “Wha...! Eu o acertei novamente! Sinto muito!”

Não tem problema, estou bem, Ryuuji demonstrou com um movimento de sua mão. Mesmo aquilo era como uma bendição para ele. “Realmente sinto muito!” foi o que Minori falou enquanto abaixava a cabeça deixando uma fragrância que nem mesmo uma mosca poderia se queixar. Não importa o motivo, era Minori quem estava se desculpando com ele. Seus olhos não estavam fixados em nenhum outro lugar. Mesmo que ele tenha sido acertado duas vezes nos olhos, aquilo era como um presente.

Aquele pequeno fato não o teria irritado, mesmo que ela não viesse se desculpar diretamente. Ele era feliz somente em vê-la conversando com alguém sentado por perto, já que seria capaz de ouvir sua voz. Em uma tentativa de mostrar a forma que tinha a colher de comer pudim, ela abria os braços fazendo enormes círculos com a mão, esbarrando nele toda hora. Mas, que colher é essa da qual ela estava falando? Notando a expressão de Ryuuji ela explicou.

“Estamos falando de um pudim que fiz usando um balde.”

Minori agarrou fortemente um dedo de sua mão (espero que não acerte nada dessa vez!) enquanto explicava em um tom sério. Mesmo que “explicar” não pareça ser a palavra certa para aquilo...

“Takasu-kun, você gosta de pudim?”

Nós estamos conversando! O coração de Ryuuji começou a bater tão rapidamente que não podia pronunciar nem mesmo uma palavra de maneira decente. Sua ansiedade o estava deixando louco. Depois de esperar tanto tempo por esta oportunidade...

“... Er...”

E isso foi tudo que conseguiu falar. Ela provavelmente estava pensando no quão chato ele era... Talvez tenha pensado em nunca mais voltar a falar com ele... Enquanto Ryuuji tentava pensar no que fazer, Minori continuou falando sobre sua tentativa de fazer pudim em um balde.

“Mas ainda não tive êxito. Talvez fosse porque era muito grande, já que é difícil fazer com que mantenha uma boa consistência... Oh, claro! Eu posso te mostrar Takasu-kun! Pense nisso como uma desculpa por acertar seu olho.”

“Eh?... Me mostrar?”

Poderia ser que ela pediria para eu provar do pudim? Os olhos de Ryuuji se arregalaram mais quando ele notou o lindo sorriso de Minori. Ela assentiu e respondeu, “Claro, eu irei te mostrar. Deixe-me fazê-lo”.

Será que eu dei sorte? Como estou feliz por ela ter me acertado! Ryuuji olhou Minori caminhar emocionada até sua mochila e repentinamente sentiu vontade de fugir dali por alguma razão.

E se ela realmente trouxer um pudim, que expressão deveria fazer quando comê-lo? Ainda não é hora do almoço, portanto seria raro ver um garoto se emocionando demais por causa de um pouco de pudim. Além disso, se ela trouxer pudim, deveria comê-lo imediatamente? Ou deveria guardar para depois?

“Maldição... Eu não sei o que fazer!”

Nervoso, Ryuuji começou a tocar seu rosto. Olhando para sua mesa viu como ela estava suja. Precisava de uma limpeza. Não! Tentando ignorar seu desejo compulsivo, decidiu comer o pudim imediatamente.

Emocionado, o coração de Ryuuji batia ainda mais rápido. Lentamente ele olhou para Minori que havia acabado de retornar, já que era muito deslumbrante para se olhar diretamente. Minori sorriu alegremente, inclinou sua cabeça para frente e então...

“Aqui está Takasu-Kun.”

Através de sua voz terna, Ryuuji podia ver um coração se materializar no ar quando ela dizia “Takasu-kun”. Erguendo as mãos com um pouco de temor, Ryuuji recebeu o objeto que ela estava entregando.

“... Ah, eh. Isso é...”

Era muito menor e leve do que ele havia pensado...

“... é realmente uma bela foto...”

“Mas ficou estranho não é?”

Então ela iria me mostrar fotos e não o pudim. Mesmo que o que esteja na foto seja um pouco estranho, devo estar imaginando coisas. Sobre uma almofada de plástico havia um balde que continha uma espécie de creme amarelo... Não, parecia mais uma pasta. Apesar de que, falar isso seria falta de respeito com Minori, aquilo não parecia com um pudim. Na segunda foto, o balde parecia estar derramando deixando pelo chão algo sólido e pegajoso. Logo na terceira foto...

“Cheirava de forma estranha... Acho que foi porque não lavei o balde direito!”

Minori estava agachada sobre uma perna enquanto comia um pouco de pudim do balde com uma colher enorme. Eu quero essa foto! Era o que Ryuuji estava pensando...

“Obrigado por ver! Ainda tenho que mostrá-las para a Taiga. Ei, aonde ela foi? Estava aqui há alguns minutos.”

Tomando de volta suas fotos, Minori rapidamente deixou Ryuuji para trás e correu para buscar a Tigresa de Bolso, Aisaka Taiga, com quem estava conversando fazia alguns momentos. Assim terminou um momento de felicidade.

... ainda precisava mostrá-las para Taiga não?

Ryuuji suspirou enquanto a via sair da sala de aula.

Era muito sortudo por ser seu companheiro de classe. Podia ver a Minori durante qualquer momento na escola, portanto não era necessário mais passar escondido pela sala dela e olhar pela greta da porta somente para ver seu sorriso. Se isso não era ter sorte, ele não sabia o que era.

Com o objetivo de se aproximar mais dela, existe um obstáculo que se tem que atravessar... e essa era Aisaka Taiga, que estava sempre perto da Minori.

Desde a cerimônia de abertura, Ryuuji havia tentado certa distância de Aisaka. Ela parecia ser do tipo de pessoa que é difícil manter uma relação, mas se ele continuava evitando isso, não poderia se aproximar da Minori e isso iria ser o fim. Esse não era o único motivo o qual ele não podia conversar com Minori a qualquer hora.

Aisaka parecia não ter encontrado Ryuuji em seu radar e o mesmo evitava qualquer situação que pudesse gerar o encontro direto dos dois.

Sua meta principal seria tentar afastar a Tigresa de Bolso e falar com Minori sozinho. Se ele pudesse aumentar as vezes que isso ocorria, estaria com sorte. E assim, a vida agridoce de Ryuuji estava passando sem problemas.

... Ao menos até o dia de hoje, assim que terminaram as aulas.

* * *

“Whoa...!”

Assim que abriu a porta da sala, ele ficou mudo pela visão do que estava lá dentro...

Havia duas, não, três cadeiras sendo jogadas para o ar.

Tudo isso seguido pela aterrissagem no piso. No meio desse forte ruído, só era possível ver uma pequena figura.

O que está acontecendo? Ryuuji se perguntava enquanto observava com seus ferozes olhos. A verdade era que estava tão aterrorizado que podia somente prender a respiração. Devido a seu dever como estudante encarregado, ele teve que deixar a sala para atender alguns assuntos, assim que ele nunca voltava até certo tempo depois das aulas terem terminado. Normalmente não tinha ninguém ali naquela hora, mas o que ele viu foi...

Não restavam dúvidas de que ele havia visto uma garota com o uniforme da escola. Depois de notar a entrada de Ryuuji, ela se escondeu no armário na parte escura da sala ao mesmo tempo em que ele via as cadeiras serem chutadas e caírem fortemente contra o solo. Mesmo depois de se esconder, ele ainda conseguia ver perfeitamente aquela garota, já que havia um espelho na parede que refletia tudo que estava naquele lado da sala.

Incrivelmente, sua companheira não muito inteligente, tratou de ocultar seus braços e pernas se ajoelhando tranquilamente no armário. Aparentemente ela não havia se dado conta do espelho já que até mesmo girava a cabeça procurando a localização de Ryuuji. Ele andou sem olhar para baixo, isso devido a sua pequena companheira. Aquela com o apelido de Tigresa de Bolso. Somente vendo suas costas e seu cabelo refletidos no espelho, ele sem dúvidas podia saber quem era. Além do mais, com aquele tamanho, não podia ser ninguém mais. Ela provavelmente estaria grunhindo agora, “Por que ele tinha que aparecer nesse momento?”

Devido a isso, Ryuuji decidiu que não havia visto ou ouvido nada.

Tomando essa decisão, ele entrou na sala. Mesmo que não desejasse entrar em algum lugar no qual (por qualquer motivo) a Tigresa de Bolso estava se escondendo, ele tinha deixado sua mochila ali e não podia voltar sem ela.

O sol enchia a sala silenciosa. Era como se Aisaka tivesse posto sua teia ou algum campo de força poderoso que fazia com que todos que entrassem sentissem uma forte tensão em todos os ossos.

Com cuidado, Ryuuji caminhou lentamente, tentando fingir que nada havia acontecido. Tentando não alertar Aisaka e principalmente, tentando fazer com que ela pensasse que ele não estava ali...

“Ah...” Um momento de descuido e todo o salão se encheu de nervosismo.

Algo caiu e jogou todos os esforços de Ryuuji pela janela. Aisaka Taiga tinha perdido o equilíbrio e havia rolado para fora de seu esconderijo. Desafortunadamente, ela tinha parado justo em frente à Ryuuji.

“...”

“...”

Aisaka olhou para cima, enquanto Ryuuji olhava para baixo. Não havia mais distância para fingir que nada tinha acontecido. Ambos trocaram olhares por alguns segundos...

“Você está... bem?”

Ryuuji fez sua garganta pronunciar essas palavras. Ele esticou seu braço para Aisaka, que estava se levantando, mas tudo que ouviu foi uma inaudível resposta, como “Não preciso da sua ajuda” ou “Cuide do que é da sua conta”. Ela lançou um olhar penetrante em Ryuuji.

Ele não podia ajudá-la, porém deu a Aisaka espaço para se levantar sozinha. Ela abaixou sua cabeça, sacudiu o pó que havia sujado seu uniforme e manteve distância de Ryuuji, mantendo seu olhar fixo na presa. Não parecia ter a intenção de deixar a sala. Não estava se sentindo envergonhada? Talvez esse tipo de pensamento não se aplica a Tigresa de Bolso. Se Aisaka pretende ficar mais tempo ali, Ryuuji sentia que devia abandonar aquele lugar o mais rápido possível.

“Ah sim, minha mochila...”

Como se houvesse deliberadamente deixado Aisaka escutar essas palavras, Ryuuji se apressou para pegar sua mochila.

Aisaka Taiga continuou olhando Ryuuji silenciosamente. Ele não tinha nem ideia de que expressão devia fazer já que tinha medo de encarar aquela garota de forma direta. Ele caminhou da forma mais silenciosa possível, tentando reduzir sua presença. Dessa forma ele atravessou toda a sala.

Não devo mostrar reação. Não devo provocá-la. Só preciso caminhar de forma calma e casual...

Sua mochila não estava na mesa. Por um momento se perguntou onde a havia deixado, mas se lembrou que antes de sair tinha falado com Kitamura e colocado sua mochila na cadeira dele. Agora que havia se lembrado disso, tudo que tinha de fazer era pegar a mochila. Suprimindo sua ansiedade ele se aproximou lentamente. 20 cm restantes, 10 cm... “AH!” ... ele deu um salto.

O que estava acontecendo?

Aisaka Taiga estava tentando detê-lo? Ryuuji girou sua cabeça e olhou a pequena boneca parada em frente à janela.

“O que... O que foi?”

“O quê... o quê você está fazendo?”

Algo incrível estava acontecendo aqui. A Tigresa de Bolso olhava de forma angustiada, prestes a desmaiar.

“Eu só vim aqui pegar minha mochila e... Ai... Aisaka? O que foi? Você parece um pouco estranha.”

Ela abriu e fechou seus pequenos lábios roseados enquanto balançava para frente e para trás como uma bailarina em alguma dança estranha. Seus dedos tremiam.

“Sua, sua, sua, sua, sua... mochila? Mas seu lugar não é o de lá? Po, po... por que está a, a, a, aqui?”

Ela gaguejava enquanto questionava Ryuuji.

“... Por que ela está aqui?”

“Porque estava falando com Kitamura quando o professor me chamou... então... eu só a deixei ai... WHOA!”

Aisaka que estava de pé a poucos metros havia encurtado a distância entre nós em alguns instantes e apareceu em minha frente. Em que momento ela havia desenvolvido essa incrível mobilidade com um corpo tão pequeno?

“...! ...! ...!”

“Espera! Solte-a! Ai... Aisaka!?”

Com uma força descomunal, ela tomou a mochila de Ryuuji e pressionou contra o peito tentando fazer com que ele soltasse a alça.

“Só, só me dê ela! Solta!”

Nessa pequena distância, Ryuuji podia ver que o rosto de Aisaka estava mais vermelho que os raios do sol lá fora. Seu lindo rosto tinha se transformado na face de um demônio aterrador.

“Entregá-la para você? Está tentando me roubar?!”

“Umph...”

Ele não podia empurrá-la, então decidiu se manter firme, já que se ele soltasse a mochila naquele momento, Aisaka com seu pequeno corpo poderia sair voando e caindo muito violentamente.

Ele estava sendo muito compreensivo com ela naquela a situação.

“Uuuuuuummmmmph!”

Aisaka torceu o quadril e puxou a mochila mais ainda. Seus olhos estavam fechados pela força e as veias da testa estavam se acentuando. Estava tentando ganhar com força bruta. Dedo a dedo, Ryuuji estava perdendo lentamente a pegada na alça. Mesmo seus pés que estavam firmes no solo começaram a arrastar. Falando de forma clara, estava prestes a perder.

“E... Ei! Isso é perigoso! Vamos, solta agora!”

“Uuuuuummmmmph... Ah? Ahhhhh...”

Não irei conseguir! Justo quando Ryuuji pensava isso, ele viu Aisaka cair de costas e sem ar, com suas pequenas mãos abertas no solo. Ela havia se rendido?

“... AHHHH!!!”

“ATCHIM!!!”

“Crash!”

O “... AHHHH!!!” havia sido de Ryuuji e o “ATCHIM!!!” foi de Aisaka, enquanto o ruído de “Crash!” foi Ryuuji novamente. Respectivamente, isso era o grito de terror de Ryuuji, um espirro de Aisaka e novamente Ryuuji golpeando sua cabeça em algo.

Já que Aisaka tinha soltado a mochila quando espirrou, Ryuuji naturalmente tinha perdido o equilíbrio e caiu acertando a cabeça na mesa do professor.

“Owwww... Isso dói! Vo... Você... O que diabos está fazendo? Isso dói sabia? Você podia ter morrido se eu houvesse soltado!”

Ele protestou com os olhos cheios de lágrimas.

Aisaka tinha feito um ruído estranho ao espirrar, e ignorava o que passava a seu redor. Depois de causar a queda de Ryuuji, ela respirou um pouco de ar e rolou pelo chão entre as mesas.

“Ugh...”

“Aisaka? Você está bem?”

Seu cabelo longo se arrastava pelo solo. Seu corpo estava curvado e ela gemia silenciosamente. Ela poderia estar passando mal? Ryuuji massageava sua nuca que tinha sofrido o impacto enquanto se aproximava. O rosto que antes tinha sido vermelho brilhante, agora parecia desprovido de calor e seus lábios estavam tão brancos quanto uma folha de papel. Ela parecia estar suando.

“Whoa... Você está muito pálida! Por acaso você tem anemia? Segura minha mão.”

Ela fez o mesmo que Yasuko teria feito. Sem duvidar, estendeu sua mão também e...

“...!”

A mão de Ryuuji tinha sido empurrada pela pequena e fria mão de Aisaka. Mesmo tremendo muito, deu um jeito de se levantar sem ajuda enquanto se apoiava em algumas mesas. “Aisaka! Você está bem?”

Ainda sem resposta. Cada passo que ela dava fazia com que a mesa que estava apoiada tremesse. Seu cabelo se movia de forma suave. Ela parecia querer escapar o mais rápido possível dali. Como ela estava sentada até alguns momentos atrás, a saia do uniforme estava um pouco enrolada, revelando parte de suas pernas. “Espera, não é melhor você ir para a enfermaria da escola?”

Ryuuji podia parecer intrometido, mas ele não podia simplesmente deixar ela sozinha. Quando estava a ponto de segui-la... “Se afaste... Tonto!”

Ela falou em um tom tão feroz que parecia uma fera rugindo. Ryuuji deteve seus passos. Se ela ainda tem forças para gritar, significa que está bem não é? “Ahhhh, que desastre...”

Ryuuji agora sozinho suspirou profundamente.

Os passos de Aisaka no corredor se escutavam cada vez mais distantes enquanto somente a pessoa chamada de ‘Tonta’ ficava sozinha na sala.

Sua cabeça ainda doía devido ao tombo. Ele observou sua mochila, que igual ao bebê do famoso caso de Ooka Tadasuke, foi quase rasgada ao meio e estava coberta de arranhões e marcas das unhas de Aisaka. As cadeiras e mesas antes organizadas se encontravam em um caos total e isso era completamente inaceitável.

Que desastre...

As mesas, Aisaka, tudo aquilo era um desastre. Que companheira tão problemática.

Sendo sensível a coisas como essas, Ryuuji começou a colocar todo o lugar em ordem, enquanto tentava dar sentido a tudo que tinha ocorrido. Em uma sala supostamente vazia, uma hora depois do fim das aulas, Aisaka Taiga tinha tentado roubar sua mochila. Ele havia acabado de sofrer uma tentativa de roubo. Os espirros dela, o golpe em sua cabeça, a anemia da garota... não. Ele simplesmente não podia entender o que estava acontecendo.

“Não sou bom com esse tipo de coisa...”

Ryuuji suspirou e murmurou para si mesmo.

Somente três horas mais tarde é que Ryuuji entenderia o que havia acontecido.

* * *

Para Kitamura Yuusaku-kun, de Aisaka Taiga.

“Bem, isso é... bem...” 7pm.

Como Yasuko tinha ido encontrar com suas colegas antes do trabalho, ela havia saído antes do usual. Depois de fazer a janta, Ryuuji finalmente entendeu o que tinha acontecido.

Foi quando ele voltou para seu quarto de quatro tatames e meio e ia começar a fazer a tarefa. Ele abriu sua mochila para pegar os livros e encontrou algo inusual...

Era um envelope rosa brilhante. Era esse tipo de papel que todos chamavam “papel washi”? Havia várias flores de sakura prateadas impressas por todo o papel semitransparente.

Na parte da frente do envelope dava para ler a frase “Para Kitamura-kun”.

E na parte de trás vinha escrito “De Aisaka Taiga”. “Passei muito tempo fazendo isso, mas se for muita moléstia para você, pode somente rasgar o envelope!” Isso havia sido escrito com tinta azul claro.

Não parecia um convite de duelo, nem um memorando do comitê de classe e sem dúvida não era uma nota I.O.U.

“Po, poderia ser isso... uma carta de amor?”

Aquilo tinha sido bastante inesperado.

Sentindo curiosidade, Ryuuji olhou fixamente o envelope. Ele não estava com raiva nem nada do gênero. Só sentia pena.

Para dizer de forma clara, a Tigresa de Bolso havia colocado o envelope na mochila errada. Pensando que era a mochila de Kitamura, simplesmente pôs o envelope dentro. Isso também explicava o porquê dela ter tentado pegar a mochila mais cedo.

“... Bem, você pegou minha mochila por engano não é? Eu não li nada do que estava dentro, então não sei o conteúdo. Pode pegar de volta o envelope...”

Ryuuji começou a praticar como fingir ignorância quando fosse devolver a carta.

“Isso é simplesmente impossível.”

Não posso fazer isso. É muito difícil. Não posso simplesmente continuar dizendo que não sei nada! Mas não consigo pensar em nada melhor que uma desculpa. Não tem jeito. A única coisa que tenho que fazer é devolver o envelope para Aisaka como se não soubesse de nada. Mesmo que seja praticamente impossível, não tem outra forma de sair dessa. Com o objetivo de não envergonhar Aisaka, ferir seu orgulho e fazer com que ela se odeie, aquela era a única forma.

Ryuuji se esforçou para aceitar esse pensamento e se preparou para colocar o envelope novamente na mochila quando algo inesperado aconteceu...

“... Eh...”

Seu coração se deteve por um momento.

Com a finalidade de não amassar o envelope, ele estava segurando-o com a palma da mão, mas de repente ele se abriu por vontade própria. NÃO! Não se abra! Apesar de ter gritado com todo seu coração, o selo que fechava o envelope já estava bastante frouxo devido à pressão de seu próprio peso e aquilo fez Ryuuji deter a respiração por alguns instantes. E foi dessa forma. Um criminoso que egoistamente abre as cartas dos outros havia acabado de nascer.

“Não, não... NÃO! Mas não tem nada dentro! É isso ai! Irei fechá-lo novamente e ninguém vai perceber que foi aberto!”

É isso ai! Respondeu Inko-chan que estava na sala de estar. Ryuuji buscou rapidamente a cola em seu estojo e estava concentrado no serviço de voltar cuidadosamente o envelope a seu estado original quando...

“Ehhh...?”

Ryuuji estava tão surpreendido que parou o que estava fazendo.

Não havia nada dentro do largo envelope. Depois de vacilar por algum tempo, ele o abriu novamente, voltou a olhar dentro e teve certeza ao ver a luz que brilhava através do pacote semitransparente... Não tinha nada dentro.

“... Que... Mas que droga...?!”

Ryuuji deixou a carta cair sobre a mesa. O inferno? Sério, deixem já de brincar comigo! Isso não tem graça! “Aisaka Taiga, você é realmente uma idiota!”

Escondendo-se em um lugar aonde podiam vê-la, rodar para minha frente, colocar coisas na mochila errada, desperdiçar energia tentando recuperar a mochila, espirrar, desmaiar... Tudo isso só para recuperar um envelope que estava vazio... Existe um limite da quão estúpida uma pessoa pode ser! Depois de recuperar os sentidos, Ryuuji deixou a insensatez de fechar novamente o envelope vazio, já que aquele fato o tinha desanimado. Me pergunto se ainda posso fingir que não aconteceu nada quando eu devolvê-lo amanhã. Quando ela se der conta do quanto foi estúpida, espero não rir em voz alta, já que a Tigresa de Bolso pode acabar me comendo vivo.

Em qualquer caso, esse assunto havia acabado de ser resolvido.

Como essa noite incrível tinha se tornado complicada.

2am.

Ryuuji despertou de repente e abriu os olhos sonolentos.

Parecia que tinha sonhado com alguma coisa... Depois de olhar para o relógio, pôs a mão no estômago e se perguntou: ‘Serei capaz de voltar a dormir até o dia seguinte? Por que me despertei no meio da noite?’ Ryuuji não fazia nem ideia.

Podia ser devido à roupa que usava? Uma camiseta e um short curto? Ele tremia apesar de já serem meados de Abril... Talvez fosse por que a janela estava aberta? Devido ao luxuoso apartamento do outro, a segurança da casa tinha caído bastante. Mesmo que não houvesse algo que valesse a pena roubar, Ryuuji sempre fechava a janela antes de dormir. Depois de levantar-se da cama (que ele mesmo tinha comprado) com uma sensação incômoda, Ryuuji deu um pequeno bocejo. Havia sido um mal entendido? Seu coração estava palpitando... como se alguém estivesse observando-o... Ele sentiu uma estranha atmosfera que não conseguia distinguir.

“... Calma...”

Caminhando silenciosamente sobre o tatame, ele se perguntava se tinha ocorrido alguma coisa no lugar onde Yasuko trabalhava. Olhando para o visor do telefone não viu nenhuma chamada do bar. Talvez esteja me preocupando muito. Ryuuji suspirou. Já que me levantei, devo ir ao banheiro. Assim ele começou a andar descalço sobre o piso de madeira da cozinha e foi em direção ao banheiro.

Nesse momento,

“... WHOA!”

Sentiu o som de algo cortando rapidamente o ar perto de seu pescoço. Instintivamente ele tentou se virar. Um de seus pés estava sobre um jornal antigo que se encontrava no chão e aquilo fez com que ele tropeçasse caindo de costas. ‘Thud!’ Ryuuji havia caído sentado no chão, provocando uma dor que atravessou todo seu corpo até a cabeça fazendo com que perdesse o ar.

“...”

Devido a isso, não pôde soltar nem mesmo um grito.

Com um grande ruído, algo havia cortado o ar justo onde a cabeça de Ryuuji estava alguns segundos antes. Errando o alvo, seja o que fosse havia acertado o que estava do seu lado, causando um forte e assustador barulho.

“... Uuuuu...”

Na escuridão do apartamento de dois quartos e uma cozinha se encontrava uma sombra suspeitosa. Essa pessoa, mais uma vez, levantou o objeto que parecia um pedaço de pau e veio correndo até aonde Ryuuji se encontrava...

Ele estava sendo atacado!

Mas, por quê?! Isso era um sonho? Alguém me ajude!

Ryuuji rolou silenciosamente pelo solo. Deveria acender as luzes? Ou talvez chamar a polícia? Ou a síndica? Sua mente estava em branco. Ele não conseguia pensar no que fazer e seu corpo estava tão rígido que mal conseguia se esquivar dos ataques...

“UWAAA!”

Ele esteve a ponto de ser golpeado mais uma vez! A arma estava apontada diretamente para sua cabeça. Utilizando seus reflexos, Ryuuji levantou as mãos e tentou deter um dos golpes... “Ah... Eu, Eu... realmente consegui segurá-lo...”

Ele não conseguia acreditar que fosse capaz de parar o golpe, mesmo que fosse somente questão de sorte.

“... Ugh...”

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Como ele havia pegado sua arma, o intruso tentou recuperá-la usando somente a força bruta. Ryuuji também usou toda a força sem vacilar. As duas forças lutaram silenciosamente entre si, e suas sombras pareciam se tornar uma na escuridão. Então, ele conseguiu identificar uma pequena figura, e o que parecia ser um longo cabelo... Não pode ser! Ryuuji parecia reconhecer a identidade do intruso. Na verdade, ele já sabia quem era desde o princípio.

Mordendo os lábios enquanto retrocedia, Ryuuji chegou a uma conclusão. Só pode ser! Quem mais além dela poderia ter causado essa confusão?!

Mas justamente quando ia verificar a identidade do intruso... Ahh! Não acredito que consegui! Seus braços tremiam e estavam a ponto de ceder. Inclusive sua coluna estava perto do limite. Vou morrer...

“... Eeh... Ahhhh...”

“Aaaa TCHIN!”

O equilíbrio se rompeu instantaneamente!

Com esse estranho ruído de espirro, aquela tensão insuportável desapareceu de repente. Cedendo a força de Ryuuji, o intruso foi empurrado para trás enquanto chorava suavemente. “Ah. Wah!”. Ela havia sido empurrada para trás e tinha caído na cama. Ryuuji rapidamente se colocou em pé e acendeu as luzes...

“Aisaka!”

“...”

“Use um lenço droga!”

Ryuuji jogou uma caixa de lenços até a Tigresa de Bolso, Aisaka Taiga, enquanto a mesma tentava assoar o nariz com o vestido que usava, como se não fosse nada.

* * *

Seu longo cabelo balançava com o vento que entrava pela janela. Ela estava usando um vestido solto de peça única que se dividia em várias camadas, unidas por sua vez através de vários laços. Essa roupa de boneca era definitivamente a mais apropriada para sua pequena figura...

"Dê-me esta espada de madeira..."

Ryuuji se lamentou por não ter pegado a arma de Aisaka Taiga quando teve a oportunidade...

Ele podia tê-la pegado quando acendeu as luzes, ou quando segurava Aisaka que estava sem forças. No fim, a confusão ainda não havia sido resolvida. Os olhos de Aisaka brilhavam como os de um tigre que rodeia sua presa. Começou a circular pelo quarto estreito. É claro que Ryuuji também começou a andar para manter a devida distância da garota. Mas isso não pode continuar assim para sempre. Enquanto ele pensava nisso...

"Aisaka... sei o que você está pensando. Você quer que eu devolva essa carta de... amor, não é? Aquela carta que você colocou sem querer na minha mochila."

"!!!"

Justo depois que Ryuuji havia reunido a coragem para falar, Aisaka, que ainda rodava pelo cômodo silenciosamente, deu a impressão de que ficava cada vez maior. Era sem dúvidas uma bomba prestes a explodir... e o contador estava ativado.

"Eu irei devolver! Por favor, fique tranquila! Eu não li o que estava escrito!"

"Você está pensando que eu o deixarei ir só por que me devolveu?!"

Ela falou em um tom profundo, como se estivesse a ponto de atacar.

"Não seja ridículo... Já que você conhece a existência dessa carta..."

‘Whooosh!’ Ela agitou elegantemente a espada de madeira sobre a cabeça de Ryuuji.

"PREPARE-SE PARA MORRER!"

"WHOAAA!"

Ela saltou na direção de Ryuuji com a espada mirando diretamente a cabeça. Como podia ser tão rápida? Momentos atrás estava no mínimo dois a metros de distância e agora se encontrava logo na frente de Ryuuji. Ela balançou novamente a espada e acertou a parede (Eu tinha acabado de trocar o papel de parede!). Ryuuji ia ser assassinado!

"Maldição!"

"Raios!"

Com lágrimas nos olhos, Ryuuji tentou escapar daquele cômodo enquanto gritava com todo o ar que possuía. "Que tipo de pessoa tenta matar seu próprio companheiro?!"

"Cale-se! Já que você sabe sobre essa carta, como espera que eu continue aparecendo em sua frente como se nada houvesse acontecido? Somente a morte pode me salvar de algo tão vergonhoso!"

Ela apontou a ponta da espada em direção à garganta de Ryuuji.

"Ei! Se a morte e a única escapatória, por que sou eu quem tem que morrer?!"

Ryuuji milagrosamente e instintivamente esquivou o ataque, mas a força de Aisaka era muito grande e a ponta da espada acabou atravessando o fusuma (eu tinha acabado de trocá-lo!). Sem nenhum sinal de hesitação, era possível ler em seus olhos. Irei te matar usando todas as minhas forças!

"Eu não quero morrer ainda, então irei matar você no meu lugar! Sinto muito por isso, somente morra logo! Se não for assim, me deixe pelo menos acertar sua cabeça e apagar sua memória!"

"Isso é impossível!"

"É claro que é possível, enquanto eu tiver isso..."

Ela olhou para a longa lâmina de madeira.

"Tudo que tenho que fazer é acertar sua cabeça com isso. Não vai ser o suficiente para te matar, mas vai fazê-lo esquecer de tudo!"

"Não pode simplesmente apagar minha memória da forma que achar melhor!"

Como ela podia pensar somente nela? Era inútil discutir. O senso comum, a ética, a consideração alheia, nada disso se aplicava àquela garota.

Ahhh! É por isso que eu não queria ter nenhuma relação com ela!

Em contraste a Ryuuji, que estava quase tossindo sangue, Aisaka estava ocupada causando estragos por todo o lugar. Tentando acertar Ryuuji que continuava fugindo, ela acertou a cesta que estava sobre o armário, deixou um buraco no fusuma e chutou a mesa de centro enquanto gritava, "Irei apagar minha carta de amor das suas recordações!"

Ela havia acabado de admitir que tinha escrito! Sua Tigresa de Bolso! Ninguém iria descobrir que era uma carta de amor se você não houvesse dito nada (já que podíamos fingir que eu não havia descoberto!). Ótimo! Agora ela tinha admitido abertamente e complicado mais as coisas. Não! Desde o momento em que eu acabei me relacionando com Aisaka, tudo havia sido um desastre, sem mencionar que...

"Você a viu não é? Você viu! Deve pensar que sou uma idiota... uma idiota... sniff, sniff, eu..."

"Ehhh!? Ei! Espera... por acaso... você está chorando?"

"Não! Não estou!"

Do seu rugido feroz, era possível identificar um suspiro reprimido. Os olhos que miravam Ryuuji estavam inchados e úmidos. Parecia que Aisaka realmente estava chorando. Deveria ser eu quem estava chorando... Seria ótimo se eu pudesse simplesmente chorar sem ter que me mover, mas essa era uma questão de vida ou morte...

Argh, maldição. O que estava acontecendo ali? Por que estou sendo atacado? Até parece que eu fiz algo ruim.

Ryuuji já tinha visto o suficiente, e decidiu deixar sua sorte nas mãos do destino. Ele esquivou mais alguns golpes e quando viu a oportunidade, segurou o pulso de Aisaka. Nesse momento, Ryuuji sentiu que as mãos dela eram tão pequenas, que podia facilmente quebrá-las.

"Me solta!"

Era hora de mostrar seu trunfo. Nesse ponto ele começou a respirar tranquilamente. Sinto muito vizinhos! Perdoe-me síndica! Sem pensar duas vezes ele gritou com todas as forças. "Não te deixarei ir! Me escuta Aisaka! Você cometeu um grande erro! O envelope que você colocou na..." "Me... deixa... ir..."

Ela tinha rodado o braço e Ryuuji com medo de machucá-la, soltou sua mão. Agora ela podia atacá-lo a curta distância! Os olhos de Aisaka brilhavam com intenções assassinas. Era melhor continuar antes que ela tentasse alguma coisa! "Estava vazio!"

O grito de Ryuuji tinha chegado a ela justo a tempo.

A espada de madeira se deteve logo acima do alvo, provavelmente a alguns milímetros do cabelo de Ryuuji. Depois daquilo, ocorreu um silêncio incômodo. Alguns segundos se passaram e ela finalmente pronunciou algumas palavras...

"Estava... vazio?"

Ela perguntou com a voz que parecia pertencer a uma garotinha pequena. Ryuuji concordou vigorosamente. "Sim... Estava vazio... foi por isso que eu te disse que não havia visto nada. Além disso, você teve sorte de não entregá-lo para o Kitamura. Tem ideia do quão perto você estava de se transformar em motivo de riso para ele?"

Os olhos chorosos de Aisaka se abriram completamente e ela deixou de se mexer. Aproveitando a oportunidade, Ryuuji rapidamente se arrastou para longe dela e entrou no quarto ao lado.

Suas mãos tremiam enquanto buscava freneticamente o envelope em sua mochila.

"Ai está! Você vê?"

Ryuuji colocou o envelope nas pequenas mãos de Aisaka. A espada de madeira bateu no chão fazendo um ruído surdo. Ela começou a tremer e abriu mais as pernas para conseguir se manter de pé. Levantando o envelope, o colocou sobre a luz somente para ver sua transparência.

"... Ah..."

Abriu ligeiramente os lábios.

"Ah, ah... Ahhhhh... Ahhh! UWAAAA!"

Com seu cabelo feito um desastre, Aisaka abriu o envelope e o sacudiu de cabeça para baixo. Depois de confirmar que não havia nada dentro, ela se virou em direção a Ryuuji e o observou com uma expressão triste.

"... como eu pude ser tão inútil..."

Depois de dizer isso, ela se sentou no solo. Seus olhos que estavam completamente abertos ao ponto de parecerem graciosos, e se fecharam lentamente. Seus lábios começaram a tremer enquanto ela parecia querer soluçar...

"Ai... Aisaka?"

Era melhor deixá-la descansar?

Sentando-se a sua frente, ele observou como seu pequeno corpo era completamente envolto no vestido de peça única. Quem teria imaginado que uma cena como aquela iria se passar naquela sala... O rosto de Aisaka estava pálido e ela lentamente parecia perder a consciência.

"Ei! Aisaka! Você está bem?"

Tudo aconteceu tão repentinamente. Ryuuji se levantou e segurou aquela boneca inconsciente nos seus braços e enquanto fazia isso...

‘Groun-Groun...’

"Aisaka... por acaso... isso foi seu estômago?"

* * *

Na casa dos Takasu, não importa a hora, sempre havia comida pronta.

O alho e as cebolas sempre estavam cortados de antemão. Basta adicionar um pouco de nabo, bacon e por fim ovos. Para garantir que nunca faltasse tempero, a cozinha sempre tinha diversas especiarias, como tempero para sopa de diversos sabores, dentre eles o de galinha – o preferido de Ryuuji.

Um pouco de óleo para um copo e meio de arroz. Juntando o nabo picado para dar um sabor melhor, o ovo para dar um pouco de cor e tudo o que faltava era colocar a cebola para dar tempero e o bacon para complementar. Depois de incluir mais algumas coisas, pimenta, sal e salsa, e o prato estava decorado e pronto para ser servido. Junto com a sopa, que era de preparo instantâneo (bastava adicionar água e tempero para sopa no macarrão), a comida estava pronta em menos de quinze minutos. Ainda havia sobrado tempo para limpar os prantos enquanto a comida era feita.

Mesmo que fossem três horas da manhã, não faltava nada na cozinha de Ryuuji.

“A... lho...”

Rosnados... Ryuuji podia ouvi-la falar e rosnar enquanto dormia. Eu devo acordá-la? Ele pensou por algum tempo.

“Ai... Aisaka... acorda! Se você gosta de alho, prova um pouco com azeite e tempero.”

Ryuuji suavemente sacudiu a pequena figura dormida sobre a cama.

“Frito... frito...”

“Sim! É o cheiro é de arroz frito!”

A baba estava começando a cair por seus lábios que a essa altura começaram a recobrar sua cor natural. Como ele tinha visto, não podia deixar daquela forma. Ryuuji não conseguiu deixar de limpar aquela pequena boca com um pedaço de pano.

“Levanta ou o arroz vai esfriar!”

As sobrancelhas de Aisaka tremeram um pouco. Para evitar tocá-la, Ryuuji puxou suavemente as costas dela para cima usando a gola do vestido. Ela tremeu um pouco enquanto se sentava sem a mínima vontade de levantar.

“... Ah... Eh?”

Parece que finalmente ela havia despertado. Com uma cara feia empurrou a mão de Ryuuji para longe. De forma suspeita, ela segurou a toalha molhada que estava em sua boca e mexeu o nariz dizendo:

“... O que é isso? Esse cheiro... é cheiro de alho...”

Seus olhos giravam descontrolados enquanto procuravam por todo o lugar.

“Não te falei que é arroz frito? Se apresse e coma. Isso vai levantar o nível de glicose em seu sangue! Se você continuar assim, vai acabar desmaiando novamente.”

Ryuuji indicou o prato de arroz que tinha posto sobre a mesa de centro. Os olhos de Aisaka brilharam por um momento mas...

“... O que você está tramando?”

Rapidamente colocou seus olhos retos e fez uma cara feia, olhando fixamente para Ryuuji, que agora estava usando suas roupas de correr.

“Por que eu estaria tramando algo? Suponho que a única coisa aqui que seria capaz de fazer você se levantar é o arroz frito não? Seu estômago estava grunhindo de forma bastante ruidosa sabia? Você teve os mesmo sintomas de anemia na escola também... Ei, não me diga que você nunca come nada!”

“Isso não é assunto seu! Me deixa em paz! ... Esse apartamento. Você vive sozinho aqui?”

“Bem, tem minha mãe, mas ela está trabalhando. Quando você quiser atacar alguém, ao menos investigue sobre quem você vai encontrar! Se fosse outra pessoa, já teriam chamado a polícia para você.”

“Cale-se... Você não fez nada estranho não é?”

Aisaka mirava seriamente enquanto cobria seu corpo com os braços. Seus olhos semicerrados examinavam Ryuuji. Você é a única estranha aqui! Ele se esforçava para não dizer aquelas palavras em voz alta.

“... Você é a pessoa menos qualificada para dizer tal coisa, já que foi você quem invadiu meu apartamento, me atacou, e ainda desmaiou de fome! Agora, se apresse e coma!”

Apesar de tudo aquilo, era somente três da madrugada. Eles não deviam incomodar os vizinhos.

“Eu não... mmmmmmmmmm!”

Ryuuji pegou uma grande colher de arroz e enfiou a força na boca de Aisaka quando ela se preparava para falar. Isso havia requisitado um pouco de coragem, mas Ryuuji já havia aceitado seu destino, então supôs que deveria enfrentar qualquer coisa que viesse agora. Por um curto período de tempo, ele se sentia um homem completo.

“O quê... o quê está fazendo?”

Aisaka empurrou a colher para fora da boca enquanto seus olhos brilhavam. Ela ao menos não cuspiu o arroz para fora. Sua cara pequena mastigava sem parar, e isso a fazia parecer um pequeno esquilo.

“Mmm... mmm... não... não pense que vai poder escapar fazendo isso...”

‘Glup’. Ela havia engolido todo o arroz.

“... Eu ainda não terminei com você!”

Ela agarrou a colher que Ryuuji havia lhe dado e continuou falando.

“Mais importante, como você sabia que estava vazio?”

Ela ajeitou o vestido enquanto se levantava lentamente.

“Deve ter aberto e olhado não é? Você é o pior! Curioso pervertido!”

Hmph! Ela ficou de costas para Ryuuji e sentou-se à mesa de centro.

“... não é bem assim! Eu... bem... descobri pela luz.”

Mesmo que isso não fosse inteiramente verdade, Ryuuji teve que se contentar em dar essa resposta. Ela não parecia escutar. Sentada, ela encheu a colher de arroz e lentamente levou até sua pequena boca.

Coma, coma, coma, coma, Taiga... Então ela finalmente enfiou a colher na boca. Ah... E soltou um suspiro de alívio entes de pegar outra colher. Enfrentando Aisaka, Ryuuji fez surgir o tema que o havia afligido durante todo o tempo que cozinhava.

“Oi, Aisaka, me escute. É que...”

Come... come... come... ruge...

“Sua carta... digo, o envelope, não precisa ficar envergonhada, mesmo que eu houvesse visto o que estava dentro.”

Come... come... come... come... come... Ruge!

“Eu acho…”

Morde… morde… morde… morde… morde… morde...!

“Ei! Me escuta!”

“Mais!”

“OK” Grande coisa que estou fazendo, Ryuuji falou para si mesmo enquanto pegava mais arroz e servia para Aisaka.

“Como disse... me escuta pelo menos!”

Não parecia estar escutando ainda. Não era isso que as pessoas chamavam de atenção dividida? Onde toda aquela comida ia parar em um corpo tão pequeno? Aisaka estava alheia a tudo que não fosse arroz frito, arroz frito e mais arroz frito... Era um festival pessoal de arroz frito.

Isso não está indo a nenhum lugar, e o arroz frito logo vai acabar. Ryuuji decidiu esperar e trazer a jaula de pássaro que se encontrava no canto da sala.

“Ei, Aisaka, vem aqui e olha isso... é delicioso!”

“Delicioso?”

Agora que ele tinha sua atenção... Whooosh! Ryuuji removeu o pano que cobria a jaula e mostrou seu conteúdo.

“WAH!!!”

“Bem? Você parece não gostar dele não é?”

Experimentos passados haviam comprovado que somente um terremoto de magnitude 4 ou mais poderiam despertar Inko-chan enquanto o mesmo dormia... Uma cara fechada, olhos brancos que giravam, um bico bem aberto e uma língua estranha para fora... A cara feia adormecida havia assumido seu estado usual e Aisaka deu um salto para trás.

“É horrível! Por que você me mostrou algo como isso?!”

Aparentemente ela finalmente estava prestando atenção no que ele falava.

“... sinto muito por isso, Inko-chan, pode voltar a dormir... de qualquer forma, Aisaka!”

Depois de cobrir Inko-chan com o pano, Ryuuji se sentou diretamente ao lado de Aisaka, que por fim havia recobrado os sentidos. O que você quer?! Disseram seus olhos enquanto olhava Ryuuji. Ela pegou a vasilha nos braços e se continuou com o festival de arroz frito.

“Simplesmente come e escuta. O que estou tentando dizer é... não tem motivo para você estar envergonhada. Somos estudantes do segundo ano e é natural para pessoas como nós, que tenhamos interesse no sexo oposto. Então não tem nada de mal escrever uma carta de amor. Não são todos os casais que tem de fazer essas coisas chatas para chegarem a ficar juntos?”

“...”

Ela mastigava enquanto cobria a cara com um pano. Parecia envergonhada.

“Mas por outro lado, quem foi que colocou a carta na mochila errada?... Sem mencionar o fato de não colocar a carta no envelope.” Assim que Ryuuji tinha acabado.

“É tudo culpa sua!”

Aisaka de repente golpeou a mesa com o punho. Ela olhou para cima e apontou a colher para Ryuuji.

“... até agora foi só você quem falou. Me deixa esclarecer um pouco as coisas. Eu ainda estava decidindo sobre colocar ou não a carta na bolsa quando você apareceu. Eu entrei em pânico e quis esconder a carta, colocando ela ali por acidente... Nunca imaginei que seria sua bolsa...”

“Ei, Aisaka... tem um pouco de arroz grudado na sua bochecha.”

“Você... é enjoado.”

“Ugh...”

Seus olhos brilhavam terrorificamente como uma faca. Sob um olhar como aquele, Ryuuji calou e deixou que ela falasse.

Ela parecia estar completamente recarregada e de estômago cheio. ‘Hmph’. Ela fixou Ryuuji com os olhos mortais. A Tigresa de Bolso, agora completamente satisfeita, deu um grunhido baixo e selvagem.

“Takasu Ryuuji... isso não teria acontecido se você tivesse me dado obedientemente sua bolsa... Agora... Como eu deveria te castigar? Como devo remover suas memórias? Depois de fazer algo tão vergonhoso, como espera que eu continue vivendo?”

Estamos conversando em círculos. Ryuuji passou a mão na cabeça por um momento e então...

“Não te falei que não há do que ter vergonha?! Olha, espera aqui e não se mexa!” Ryuuji decidiu acabar com aquilo naquele exato momento. Saindo da sala, ele entrou no quarto e voltou carregando um montão de coisas. Colocou tudo diante da Aisaka. Havia muitos cadernos, várias notas em papel, CDs, livros de desenho, um tocador de MP3 usado e mais. Como chegou nesse ponto, ele ia mostrar tudo. Tudo. “O que é isto?” “Simplesmente dê uma olhada. Sinta-se livre de mexer em qualquer coisa.”

‘Tch!’ Aisaka irritada pegou um caderno que estava mais próximo a ela e abriu. Seus dedos então pararam de se mexer, enquanto ela revezava seu olhar entre o caderno e Ryuuji. “Sério, o que é isto? O que está fazendo?”

“É um catálogo. Provavelmente você nunca viu um. É uma lista de canções que eu juntei para uma garota que gostava. Posso dizer as músicas que ela gosta segundo as diferentes estações do ano, todas de cor e também fiz gravações em MD.”

“E isto é...” Ryuuji pegou o tocador de MD e enfiou os fones de ouvido nas orelhas hesitantes de Aisaka. Da música suave que saia dos fones, Ryuuji pode distinguir que era a primeira música do MD de verão.

“Este é um poema que eu escrevi. Nessa altura estava pensando: Que presente de natal deveria dar para ela quando formos um casal? Enquanto escrevia me perguntei: Qual perfume seria bom o bastante? É claro que tinha que ser ‘Eau de Toilette’! Eu tenho todos os melhores perfumes em uma lista classificados por preço e época de uso... O que acha? Antes, esse era o tipo de coisa que eu fazia.”

“É ridículo!”

Aisaka puxou o fone de ouvido da orelha e o jogou de volta para Ryuuji como se fosse algo sujo. Mesmo que tenha sido surpreendido pelos fones, Ryuuji não mudou de assunto. “Se é ridículo, então que seja. Mas o motivo para eu estar te falando isso é porque não tenho vergonha do assunto! O que tem de errado em gostar de uma garota?! Admito que perdi todas as esperanças por não ter coragem de confessar meus sentimentos e acabei somente com minhas fantasias, porém ainda assim, não vejo motivo para ficar com vergonha!” Bem, talvez eu estivesse sim com um pouco de vergonha, mas... Justo nesse momento, Ryuuji perdeu o equilíbrio ao girar o corpo muito rápido e a coisa que ele não queria mostrar para Aisaka caiu bem em seus pés.

“Ah! Não, isso...”

“... O que é isto? Um envelope?”

Ele tentou desesperadamente pegar o envelope, mas estava um passo atrás das pequenas mãos de Aisaka que agora deslizava habilmente pelo chão.

“De Takasu Ryuuji... para Kushieda Minori-san... Kushieda Minori-san???!!!”

“É, isto é... não, eu, espera, eu não...”

“Uma carta de amor?! E... para Minorin?! Você?! Isto também era para ela? Todas estas coisas?”

Não havia como negar. Todas aquelas cartas de amor tinham sido escritas somente para fazê-lo se sentir melhor e nunca haviam sido devidamente entregues. Agora todas elas estavam embaixo da luz brilhante que iluminava a sala.

“Uwaaa... você? Gosta da Minorim... Eh?! É brincadeira não? Você deve estar com um pouco de vergonha agora...”

“Você não é nada melhor, não é? O que tem esse ‘eh’? Você também não gosta do meu amigo, Kitamura...!”

“... Cal... cale-se! Não te mandei esquecer isso?... e em vez de ficar aqui nervoso, se apresse e vá se confessar agora!”

“Eu poderia dizer o mesmo para você!”

“Quer sacar sua espada de madeira? Ou quer simplesmente desistir de tudo?!” “Você quer arrumar briga!?” Depois de discutir entre si por um tempo...

“AH!”

Ryuuji repentinamente se deu conta de que com toda a confusão, o céu fora da janela havia começado a ficar azul claro. O sol estava para se levantar.

“Maldição! Já são quatro horas da manhã!”

Já estava quase na hora de Yasuko voltar do trabalho. As coisas vão ficar problemáticas se ela encontrar Aisaka aqui. Yasuko provavelmente faria um monte de perguntas, e, além disso, não quero que ninguém veja a cara de Yasuko chegando em casa e se queixando, “Ryuu-chan, é a Ya-chan... Estou com sede, mmmm” e tudo o mais.

Para piorar tudo, a síndica do apartamento também iria se levantar logo a espera do correio. A primeira coisa que ela vai fazer é vim se queixar do ruído... Ela provavelmente já estava levantando naquela hora... Ryuuji empalideceu pela possibilidade. Se a síndica nos expulsar agora, não teremos dinheiro para procurar outro lugar para viver. Todas as economias haviam sido usadas no mês passado (egoistamente por Yasuko) para comprar uma TV nova de tela que nem cabia no apartamento.

“De todos os modos, não quero que ninguém saiba disso, e não vejo você como uma idiota Aisaka, então vamos por um fim nessa briga OK?”

“... não posso fazer isso.”

“Por quê? Ao menos por enquanto, simplesmente suma daqui... quero dizer, por favor, volte para sua casa agora! Minha mãe está doente e está para chegar em casa...”

De certa forma, ela realmente estava doente, então não era uma mentira de verdade...

“Não! Não confio em você, além disso... além disso...”

Como uma garotinha, Aisaka se ajoelhou no meio da sala enquanto olhava os próprios pés. Ela estava fazendo círculos no tatame com o dedo.

“... Um, esta... carta de amor, o que eu devo fazer...? Não sinto que deva entregá-la de qualquer forma...”

Maravilhoso! Aisaka escolheu justamente agora para me pedir conselhos amorosos! “AHHHH!” Ryuuji se despenteou enquanto respondia.

“Eu te ajudarei um outro dia! Por favor, agora basta você voltar para sua casa... eu te imploro!”

“... tem certeza que vai me ajudar então?”

“Sim! Definitivamente! Vou te ajudar em qualquer coisa que você queira, e irei te ouvir sempre que você quiser conversar, eu juro!”

“... vai me ouvir, não importa o que aconteça?”

“Sim, não importa o quê!”

“... vai me ajudar como um cachorro? E vai fazer tudo que eu pedir como meu cachorro?”

“Sim, sim! Trabalharei duro como um cachorro, eu juro! Seja como um cachorro ou como qualquer outra coisa, eu irei te ajudar!... Então, terminamos por hoje não é? OK?”

“OK... então estou voltando para casa.”

Finalmente ela parecia ter aceitado. Aisaka pegou sua espada de madeira e se levantou. Olhou para janela, aonde havia um par de sapatos pequenos jogados na base. Então ela realmente tinha entrado pela janela... Aisaka dirigiu seu olhar para Ryuuji, que estava murmurando algo de forma inaudível, recolheu os sapatos e caminhou em direção à porta da frente. De repente ela se virou,

“Ei!”

O que será agora?! Ryuuji se preparou defensivamente, mas...

“Tem... mais arroz frito?”

“O que? Ah, não... você comeu tudo.”

“Tudo? Então está bem.”

“Você ainda não está cheia? Eram quatro porções de arroz. Você realmente estava com fome não é?”

Ele não recebeu nenhuma resposta. Aisaka virou as costas para Ryuuji e calçou um sapato.

“... a fusuma...”

Ela disse suavemente e se virou sem aviso prévio.

“Caramba, Aisaka. Você gosta de conversar.”

“Tem um buraco na fusuma... Vai ser caro consertar?”

Ela perguntou enquanto olhava para cima, mirando Ryuuji. Seus olhos grandes se abriram e fecharam duas ou três vezes antes dele responder. Ele sentia o coração batendo como louco. Não era por que estava com medo, mas por que se sentia confuso. Essa provavelmente era a primeira vez que olhava para Aisaka e ela não parecia com raiva.

“Whaa... um... eu posso reparar sem ajuda. Não vai sustar nada. O buraco não é grande, então vai estar bem se eu só colar um pouco de Washi de boa qualidade por cima. Apesar de que, só é possível conseguir Washi de qualidade média por esses lados da cidade.”

“Hmm...”

Não pude adivinhar o que ela estava pensando com essa cara sem expressão.

“Washi... Se for possível, você pode usar isso!”

Aisaka estendeu algo. Ela queria que eu usasse isso?... Ryuuji parecia confuso pelo objeto que ela estava o entregando. Como eu usaria aquilo? Ela estava pedindo que eu repare a fusuma usando o envelope sem carta de amor...

“Se você conseguir, então pode usar! Se precisar comprar alguma coisa, então eu pago.”

“Ah... er... um!”

Sem dizer mais nenhuma palavra, Aisaka começou a amarrar o calçado com cara feia. Olhando as costas dela, Ryuuji simplesmente disse...

“... Ei, espera um pouco!”

Ele simplesmente havia sentido necessidade de falar com ela,

“O que foi agora?!”

“... faz algum tempo que você não come?”

“Por que se importa? Não é como se eu não comesse... É que eu me cansei de comer coisas das lojas de conveniência... não consigo nem colocar aquela comida na boca mais...” “Loja de conveniência? Comida enlatada? Isso não é ruim para sua saúde?”

“Tinha um restaurante em frente a estação, mas ele fechou mês passado, então só comia enlatados. A comida do supermercado... como eu posso dizer... eu não sei comprar no supermercado...”

“Não sabe comprar? Basta escolher o que você quer e colocar na caixa transparente. Leva no caixa para que eles cobrem e pronto... Onde estão seus pais?”

Depois de amarrar os sapatos, Aisaka parou de se mexer. Ryuuji a viu sacudir a cabeça de um modo confuso. Meu Deus! Cada família tinha seu segredo, especialmente a família enigmática (ou assim parecia) de Aisaka. Mesmo que algo inimaginável tivesse acontecido dentro dessa família, ele não teria se surpreendido. Minha herança familiar também era bastante complicada... Como eu podia ter feito uma pergunta tão desconsiderada? Não havia pensado antes de perguntar. Se sentindo envergonhado, Ryuuji ficou calado e simplesmente ficou parado enquanto a pequena figura de cabelos longos abriu a porta e saiu.

“Ah, espera! Deixa-me te acompanhar até sua casa! É um pouco perigoso caminhar sozinha a essa hora da noite...”

“Relaxa, eu moro aqui perto... Também tenho minha espada de madeira.”

“Não... Isso não torna as coisas ainda mais perigosas?”

“É realmente perto! Até mais Ryuuji, te vejo amanhã.”

Ela se virou e saiu correndo. Ryuuji rapidamente colocou seus sapatos e sem passar a chave na porta, a seguiu. Assim que virou a esquina, procurou sinais de Aisaka, mas ela não estava visível em nenhum lugar... Era realmente rápida com aquelas pernas curtas...

“No fim acabei deixando-a voltar sozinha. Mas...”


Ela não tinha me chamado pelo meu primeiro nome? Ryuuji olhou com a cara franzida na direção que Aisaka havia desaparecido... Não estava com raiva, somente um pouco confuso.

Antes do sol se levantar, pouco antes de Yasuko voltar para casa, Ryuuji já tinha limpado toda a confusão. Ele havia adquirido muita experiência para aquilo graças a seu hábito de manter as coisas limpas e arrumadas.

Desse dia em diante, sobre a fusuma da casa dos Takasu, estava fixado um pequeno desenho de pétalas Sakura cor rosa claro.


A confusão que aconteceu ao amanhecer foi como um sonho e o silêncio da manhã logo regressou a residência dos Takasu.

Já eram 5:00 AM quando Ryuuji voltou para cama. Para um corpo em crescimento, era doloroso não dormir o suficiente. Bocejando com a boca completamente aberta, ele se levantou e acordou no horário normal. Ainda havia várias coisas para fazer...

Depois de ir ao banheiro, se dispôs a alimentar Inko-chan. Como sempre, se assegurou de que o papagaio estava completamente desperto antes de remover o pano mas...

“Bom dia Inko-ch... Whoa!”

Inko-chan estava morto, com a cara virada para cima, deitado no fundo da gaiola.

“Ma, mas, ele não tinha acabado de responder? Inko-chan.”

“... Ugh... ugh... ugh...”

… não, ele ainda estava vivo. Só estava deitado no fundo da gaiola. Qualquer um pensaria imediatamente que estava morto. Depois do grito de Ryuuji, ele rapidamente se levantou. Por alguma razão, suas plumas estavam todas atrapalhadas.

“Não sei o que você quer com isso.”

“Bom dia.”

Talvez fosse melhor se eu tivesse um gato ou um cachorro, ou até mesmo algo que pudesse se comunicar telepaticamente com os humanos. Ryuuji pensava enquanto enchia a caixa de comida de Inko-chan.

“...I... iii... I... In... In... In...”

Inko-chan olhava diretamente para Ryuuji e o mesmo tentou imaginar o que o papagaio queria dizer. Ryuuji o ensinou por anos, mas ele ainda lutava para conseguir terminar uma palavra...

“Será que... você finalmente vai dizer ‘Inko-chan’? Finalmente?!”

Ryuuji olhava a gaiola emocionado. À sua frente, Inko-chan abria ferozmente as penas de sua cauda, e então....

“... In... In... I... i... idiota!”

“Droga.”

‘Flap!’ Sem pensar, Ryuuji cobriu a jaula com o pano novamente. Mesmo que aquele ato tenha parecido intimidatório, ele estava bastante tranquilo. Todo o inferno pegaria fogo se ele se incomodasse por cada coisinha que acontece na vida. Com o temperamento calmo de um cavaleiro, ele foi dar uma olhada em Yasuko, que há essa hora já teria ido dormir. Abrindo a fusuma...

Ela deveria estar dormindo não é? Como ele tinha ouvido a porta se abrir, sabia que ela tinha regressado.

“... bom, ela voltou, mas isso já é ridículo...”

Ele murmurou e fechou os olhos.

Quando ela caiu adormecida, estava tão bêbada, que durante a manhã, toda a casa cheirava a álcool. Mas por que ela tinha que dormir como se alguém a houvesse jogado para frente e ela tivesse caído de costas? Ela agora estava dormindo com o traseiro para cima. Ao menos havia colocado uma roupa esportiva. Mesmo que ela fosse sua mãe... não, era justamente porque ela era sua mãe, que ele tinha que ser restrito com ela. De acordo aos padrões normais, mostrar inadequadamente a roupa interior era algo muito imprudente. Ela parecia ter dormido enquanto tirava a maquiagem já que metade do rosto estava limpo fazendo as duas metades ficarem completamente diferentes, como o Baron Ashura. Sem falar que ela parecia bastante incomodada.

De acordo com as deduções de Ryuuji, Yasuko estava sentada na mesa de centro, ao lado do futon, enquanto removia a maquiagem, mas ela acabou se cansando e dormiu com a cara enfiada no futon.

“Estou surpreso por você não ter quebrado o pescoço... Ei! Durma de forma correta! Você pode morrer se continuar dormindo assim!”

“... Ya... Yaya... Ummmm... ummm... Ya...”

Ela estava falando igualzinho Inko-chan.

Me pergunto se existe alguma conexão oculta entre os dois (provavelmente a inteligência). Ryuuji cuidadosamente colocou Yasuko em uma posição apropriada. Ela estava esperando para ter uma cama e por enquanto dormia no futon. Como eu vou comprar uma nova cama para você se mal dorme na posição correta?! Ele pegou o doce da sacola no canto do quarto e silenciosamente fechou a fusuma depois de sair. Yasuko sempre chegava em casa com algo para eles, porém acabava se esquecendo de pôr na geladeira.

Depois disso, ele tinha que preparar o café da manhã e os obentos. Pensando nisso olhou o que tinha na geladeira...

“Ah, sim, me lembro...”

Ryuuji semicerrou seus ferozes olhos, não de raiva, mas de decepção. A festa de arroz frito tinha acabado com todos os ovos e o bacon e, portanto não sobraram para o café. O arroz congelado de pacote também tinha sido usado.

“... Parece que teremos leite de café da manhã, e para os obentos... terá que ser algo bem simples. De prato secundário só sobraram batatas.”

O arroz era essencial, não importava a situação, portanto Ryuuji decidiu preparar arroz de supermercado com batatas. Ele assegurou de ter suficiente vinho de arroz, um pouco de almibar, mirin, alguns pedaços de kombu, brotos de bambu cozidos e enokitakes. Depois de juntar a quantidade suficiente de água, colocou tudo na panela e pronto, só faltava cozinhar. Em continuação, Ryuuji habilmente retirou a casca das batatas em um ritmo incrível, colocou-as em outra panela com água e deixou cozinhar em fogo lento. Nesse meio tempo, lavou a tábua de cortar, faca de cozinha, e limpou a desordem da mesa. Uma vez que a fervura da água da batata havia diminuído, ele acrescentou um pouco de açúcar refinada, mirin, vinho de arroz, jarabe, pó para sopa e um pouco de macarrão. Abaixou mais o fogo para não cozinhar demais e deixou fervendo até a hora de ir para escola. Por último jogou um pouco de salsa de soja. Ryuuji na verdade não provou a comida hora nenhuma, mas somente cozinhar daquela maneira podia dizer a ele que estava apetitoso.

Só havia passado meia hora desde o momento que ele se levantou, então tinha tempo suficiente. Ele tomou um pouco de leite no copo, ligou a televisão e se sentou no chão para assistir. Viu as propagandas matinais para matar o tempo, escutou atentamente as notícias sobre futebol do dia anterior e enquanto isso limpou a mesa de centro. Sem se dar conta, ele havia lustrado a mesa que agora brilhava.

Depois de escutar que seu time havia ganhado, esquecendo o fato que só tinha leite para o café matinal, Ryuuji sentiu que aquela seria uma boa manhã. Mas poderia ser ainda melhor se o sol brilhasse através da janela como no ano passado. Olhando para ela, Ryuuji suspirou pensando naquela casa escura. Nesse momento...

“... Whoa!”

O telefone tocava repentinamente. Para chamar naquela hora, seria algum parente? Ryuuji decidiu não permitir que o sono de Yasuko fosse perturbado (já que depois de tudo, ela ainda era a dona da casa), e se apressou para atender ao telefone,

“Bom dia, Takasu falando...”

“Você está atrasado! O que está fazendo?!”

“...”

Ele desligou sem pensar duas vezes.

O que estava fazendo? Vivendo uma vida normal é claro. A súbita pergunta fez com que a mente de Ryuuji ficasse em branco por algum tempo. O telefone tocou novamente, e Ryuuji atendeu educadamente.

“Bom dia, Takasu falando...”

“Você acaba de desligar na minha cara não é? Você gostaria que eu fosse até sua casa agora e te mostrasse o inferno?”

Isso seria problemático. Ryuuji rapidamente pensou no que aconteceria. Mesmo que a síndica não viesse se queixar, Ryuuji podia escutar como ela varria fortemente o chão lá fora. Não havia dúvidas, ela só esperava a oportunidade para chutá-los dali. Os Takasu estavam na lista negra. Para falar no telefone de forma semelhante a um gangster, só havia uma pessoa que lhe vinha à mente...

“Aisaka... Taiga...”

“Se você acha problemático falar por telefone, se apresse e venha logo! O que está fazendo? Não me diga que está rompendo sua promessa? Ao menos entende a situação?” “Promessa? Não pode estar falando sério...”

“Não disse que faria qualquer coisa como um cachorro? Você prometeu não é? Então anda logo! Agora! Todos os dias antes da escola começar contando a partir de agora!”

“E... Espera! O que conversamos a noite... está falando disso não é? Quando falei que te ajudaria, me referia sobre Kitamura. Te ajudaria a falar mais com ele... Foi isso que eu prometi!”

“Tch!”

Por telefone, a voz dela parecia irritada. Ela fez um estalo estranho com a língua.

“Você foi o primeiro a dizer que faria qualquer coisa! Não me importa, simplesmente venha logo! Você sabe que quando eu digo que vou fazer alguma coisa, eu faço... e você já deveria saber o que eu ‘faço’.”

Parece que Aisaka estava realmente de mau humor. Sua voz parecia realmente demoníaca e o telefone vibrava fazendo os ouvidos de Ryuuji doerem. Nessa altura do campeonato, não fazia sentido continuar discutindo por telefone.

“... Ahhh, de qualquer forma, eu irei, sem importar o que... Eu irei... mas... nem sei onde você mora.”

“Só olha pela janela.”

“Eh? Pela janela? Não tem nada fora da... Whoa!?”

Enquanto carregava o telefone, passando ridicularmente por todo o cômodo estreito e olhando através da janela, Ryuuji pode ver aquele luxuoso apartamento. Além disso, no segundo andar, na mesma altura que a janela... olhando diretamente para cá pela janela da frente...

“O que passa com esse pijama ridículo?”

Aisaka Taiga se encontrava de pé, em sua frente, segurando um telefone moderno enquanto olhava pela janela.

“Ah! Pare de olhar pra cá!”

Ryuuji gritou. Vestindo a ‘delicada camiseta de lã’ que Yasuko fez para ele (cheia de desenho de corações) ele sentiu um frio na barriga. Tentou rapidamente cobrir a camiseta com as mãos. Não estava com raiva, mas muito envergonhado.

Aisaka indignada fechou a cortina.

“Como se eu quisesse ficar te olhando! Se apresse e traga seu traseiro aqui cachorro estúpido!”

“Espera um pouco! Só mais dez minutos!”

“... para quê?”

“O obento ainda não está pronto.”

“...”

Com todo o silêncio que se encontrava entre eles, Ryuuji pôde escutar os grunhidos do estômago de Aisaka. Eram muito fortes para simplesmente ignorar.

“... Mmmm, você quer um pouco?”

Depois de um longo momento de silêncio, as cortinas da janela daquele luxuoso apartamento se abriram cerca de 10 cm. Aisaka permaneceu em silêncio enquanto observava Ryuuji. Yasuko, Inko-chan, e agora Aisaka.

Parece que agora tem três pessoas e não duas (se é que Inko-chan era uma pessoa) esperando para serem alimentadas por Ryuuji.

* * *

Essa era a primeira vez que ele via uma porta automática.

A atmosfera na entrada de mármore era carregada e todo o lugar parecia mais frio que o exterior. Tudo era inquietantemente tranquilo, como se algo estivesse observando-o. Estando em um ambiente tão tranquilo, os olhos de Ryuuji não ajudavam, eles pareciam mais ferozes ainda enquanto ele olhava o dispositivo que estava em sua frente. No nível da cintura, havia um painel também de mármore, com uma fechadura, um botão e algo parecido com um comunicador. No outro lado do salão havia uma porta giratória automática. Apesar de automática, a porta não se abriu automaticamente. A sua direita havia um cartaz de segurança com o símbolo de ‘Limpeza em progresso’. Parecia não haver ninguém limpando do outro lado da porta. Simplesmente, como vou utilizar isso? Como se supõe que seja a entrada da jaula da Tigresa de Bolso? Ryuuji se manteve em silêncio, e se perguntava o que fazer quando...

“Bom... dia...?”

Uma jovem mulher passou pela porta e cumprimentou Ryuuji, mas rapidamente o olhou de forma suspeita, se perguntando, quem é esse cara?

“B, bom dia.”

Curvando o corpo agradecido, Ryuuji passou pela porta antes que ela se fechasse. Era correto entrar daquela forma? - se perguntava; mesmo que acreditasse que não fosse causar muitos problemas.

Entrou no elevador e pressionou o botão do segundo andar. Quando a porta se abriu, encontrou um corredor completamente coberto com carpete, como o que ele havia visto no hotel da última viagem que havia feito.

Isso fez com que ele se perguntasse ‘quanto seria o aluguel ali?’... Maldição, me esqueci de perguntar o número do apartamento. Esse felizmente era um problema que foi rapidamente solucionado...

Em todo aquele corredor só havia uma porta, ou seja, todo o segundo andar desse luxuoso edifício era a casa de Aisaka.

“Ela é realmente rica... será que o rumor de que seu pai era um gangster é verdade?”

Enquanto adentrava cada vez mais, Ryuuji caminhou nervoso até a porta (mesmo que se tratasse de Aisaka, ele ainda estava entrando na casa de uma garota), e tocou a campainha. Não houve resposta, inclusive depois de pressionar o botão por várias vezes.

Ainda faltava um pouco de tempo para hora da aula, mas seu tempo não era infinito! Timidamente ele empurrou a porta.

Segurou a respiração e então... A porta se abriu.

“... B, bom dia!... Aisaka!... Sou eu, Takasu... olá?”

Depois de uma olhada ele gritou, ainda sem resposta. Olá! Olá! Ryuuji entrou no apartamento e continuou gritando.

“... Lamento interromper... Posso entrar? Está tudo bem?”

Caramba, ela tinha coragem. Me chamar daquela forma, me ameaçar e depois me deixar aqui plantado! O que eu deveria fazer se alguém da sua família me visse? Especialmente seu pai! Ryuuji tirou os sapatos e continuou andando pelo corredor na ponta dos pés. Se era o papel de parede branco, as finas tiras de madeira ou talvez a iluminação, Ryuuji não sabia dizer, mas aquele lugar tinha um ar de bom gosto, diferente de outros apartamentos alugados na redondeza. Ryuuji se deparou com uma porta de vidro laminado e depois de um tempo a abriu. Não demorou muito e então...

“Wow!... Whoa!!!”

A princípio observou assombrado, para logo em seguida ser golpeado com um cheiro horrível.

Que sala de estar surpreendente. Tinha ao menos o tamanho de 20 tatames. Havia uma almofada de cor branca, e a mesma combinava perfeitamente com o sofá cinza claro. Ao lado do sofá havia uma grande mesa de jantar, combinando perfeitamente com a cadeira moldada a mão...

No sul do cômodo havia uma janela aonde se podia ver o que seria a mesma vista da casa dos Takasu até um ano atrás. As árvores de um parque que ficava ali perto. A cor dos utensílios de cozinha se encaixava perfeitamente ao design da sala, assim como os desenhos personalizados das paredes. Tudo isso era acompanhado de um belo candelabro de cristal. O que parecia estranho é que só havia uma cadeira e um sofá.

Normalmente não seria estranho encontrar cinco ou seis cadeiras em uma sala tão grande.

E também havia o mau cheiro.

Vinha daqui...?

Aparentemente, vinha da bela cozinha estilo europeu.

A cozinha possuía uma grande pia de aço inoxidável, que por sua vez, estava cheia de pilhas de pratos sujos há quem sabe quanto tempo. Então, como estaria o encanamento daquele lugar? Só de pensar era suficiente para dar náuseas. Sem mencionar o próprio aço inoxidável, que parecia muito sujo. Estava lotado de...

“AAAARRRRGGGHHH!!!”

Mofo negro, suficiente para atormentar uma pessoa até que a mesma desmaiasse. Como se fosse atraído ate lá, Ryuuji se aproximou da superfície em questão e passou levemente o dedo. Não faz falta falar que a sensação era macia e molhada.

“Inaceitável!!!”

Não posso permitir algo como isso! É uma afronta contra a cozinha! Uma afronta contra a vida! Mesmo na cozinha do meu pequeno apartamento, que estava próximo de não ter luz nenhuma, estava suficientemente limpa para que se possa lamber sem cair doente. Algumas pessoas trabalham como burros para manter a cozinha limpa e existem outras que tem uma cozinha linda e bem equipada e, e, e, a transformam em... ISSO!!!

“Aisaka!”

Ryuuji saiu da cozinha. Já tinha visto o suficiente. Como ela podia deixá-lo ver algo como aquilo?!

“Não importa o que, deixe-me... Me deixa limpar sua cozinha!”

Algo estava tentando sair do coração de Ryuuji.

Com a veia da testa quase estourando, atravessou toda a sala como uma bala, porém não conseguia encontrar Aisaka. Seus olhos cheios de emoção encontraram uma porta corrediça. “Será este quarto?!”

Ele a segurou e abriu com grande força.

“... Ah.”

... Loteria, mas de alguma maneira, ele sentia como... se houvesse errado ao entrar ali.

Aisaka Taiga estava naquele lugar.

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Frente a uma vista como essa Ryuuji não podia fazer nada a não ser cobrir a boca e até mesmo prender a respiração. As longas cortinas que fechavam a janela ao norte, o silencioso quarto com teto alto, o carpete branco que se estendia por todas as partes, vestidos que foram jogados aleatoriamente depois de serem usados. Na esquina do quarto, uma perfeita combinação entre uma mesa de estudo branca e sua cadeira, no centro uma cama de princesa com cortinas brancas. Esse era o quarto de Aisaka.

No centro da cama, rodeada de cortinas de encaixe, descansava Aisaka Taiga. Seu longo cabelo se estendia por toda a coberta, enquanto ela se encolhia, juntando os braços e as pernas, e dormia em silêncio.

O telefone sem fio estava do lado do travesseiro, e do lado de fora da cortina era possível ver a casa dos Takasu.

“... então ela voltou a dormir...”

Zzzzz.... Só o silêncio e sua respiração rítmica podiam ser ouvidos.

Impossível se aproximar dela, Ryuuji manteve a distância enquanto assistia Aisaka dormindo... Não é como se ele quisesse ficar olhando, era só que... não podia tirar os olhos dela. Usando um pijama solto, seus pequenos braços e pernas pareciam ainda menores. Por alguns momentos, a calma que se via naquele rosto parecia tão clara quanto uma escultura de gelo. Ryuuji sabia que logo aquela escultura iria derreter. Seu pequeno nariz, sua pequena boca ligeiramente aberta e suas sobrancelhas que se fechavam nos olhos... Se não fosse pela respiração, não havia forma de dizer se ela estava viva ou não... Assim Aisaka dormia tranquilamente.

Não era porque estava vendo sua companheira de classe dormir, era o cenário que o fazia sentir como se estivesse em um conto de fadas. Ryuuji se lembrou da bela adormecida, porém rapidamente rejeitou esse pensamento.

... Ela não era uma princesa.

Não... Ela era só uma boneca que havia sido esquecida pela princesa. Seus olhos se abririam no momento em que alguém a levantasse, mas como havia sido esquecida, a única coisa que podia fazer era deitar naquele lugar e permanecer dormindo.

A boneca estava dormindo nessa cama, nesse quarto, nesse apartamento... Tudo isso pertencia à princesa e não a boneca. Isso explicaria porque tudo era tão grande comparado ao seu tamanho.

Aisaka ainda era humana e esta era sua casa... Falando nisso, onde estava sua família?

Depois de ver pelo quarto, Ryuuji lentamente fechou os olhos. Uma cadeira, um sofá... Aqui não tem mais ninguém além da Aisaka, e aqui é aonde ela dorme. Ademais, ela simplesmente havia sacudido a cabeça quando ele perguntou sobre sua família. Ryuuji olhou para o relógio de pulso. Ainda havia tempo.

Pressentindo que seria difícil acordá-la, Ryuuji deixou silenciosamente o quarto e fechou a porta sem fazer barulho. Irei chamá-la se der a hora de irmos e ela ainda não tiver se levantado.

Depois de voltar da dimensão alternativa do quarto silencioso, Ryuuji lentamente retirou a jaqueta que usava.

“... Vamos lá!”

A sua frente estava ‘a extremamente útil’, mas suja cozinha, o prazo era de 15 minutos. A batalha entre o homem e a sujeira no aço inoxidável havia começado. Quando Aisaka Taiga acordar, ela não vai acreditar no que ver.

O trabalho ainda não estava completo... Terminarei o resto amanhã! Ryuuji jurou para si mesmo. Os utensílios de cozinha e a pia de aço que haviam sido abandonados por quase meio ano, agora estavam reluzentes.

Tudo que havia sobrado eram o arroz e a sopa de miso instantânea que ele havia feito para o café da manhã. O conteúdo dos dois era o mesmo, apesar de um deles ser somente um extra preparado às pressas. Ryuuji comentou sobre os bem preparados, pesados e empacotados obentos. Tudo isso havia sido feito para Aisaka Taiga, que ainda estava dormindo tendo bons sonhos.

* * *

“Eu te chamei especificadamente para que viesse me pegar porque não queria chegar tarde. Por que saímos tão tarde? O que você ficou fazendo?”

“Quê?! Eu não te falei para comer mais rápido um punhado de vezes? Quem foi que ficou toda hora pedindo outro prato?!”

“Eu nunca te pedi para me ajudar. Foi você que felizmente preparou o café da manhã por sua conta. Teria sido um desperdício se eu não comesse, então na realidade, eu estava te ajudando! Deveria agradecer minha generosidade!”

“Devolve!... Devolve o obento!”

“Calado e saia de perto de mim, cachorro pervertido!”

“Por que você... me devolva isso! Eu o quero de volta! Junto com minha amabilidade!”

“Cala a boca escória!”

“Eu, eu não tenho nenhum arroz frito para gente que me chama de escória.”

Correndo lado a lado no trajeto até a escola, Ryuuji e Aisaka haviam iniciado uma perigosa guerra de palavras. Sob as verdes folhas das árvores plantadas ao longo do caminho, não havia nada que pudesse causar confusão sem ser esses dois.

Ryuuji atacou pela lateral, ele tentava pegar a bolsa do obento que Aisaka levava com suas pequenas mãos, mas Aisaka habilmente se esquivava usando uma habilidade de serpente para rodeá-lo, assim ela mantinha distância de Ryuuji. Alguns estudantes inocentes que passavam, não queriam ter nada a ver com esse estudante de secundária com aparência malvada e olhar aterrorizador, nem com a bela garota com cara inocente. Todos evitavam o contato visual com eles.

“Como pode existir uma garota tão desagradável... É incrível! E depois que eu limpei toda sua cozinha, apesar de não estar completamente limpa...”

“Já falei que eu não te pedi para fazer isso!”

“Por quase meio ano.”

“Você não tem o direito de se chamar humano...”

Ryuuji apontou para ele com o dedo enquanto Aisaka respondeu simplesmente sem expressão, “O que isso tem haver comigo?” e rapidamente correu para caminhar à frente. Ele não limpou a cozinha por que esperava obedecer as ordens daquela irritante garota. Ele queria limpar para fazer com que ela se tornasse bonita e usável... Esses pensamentos lentamente cresceram em sua mente e se tornaram imparáveis.

“Eu sou... um ser patético?”

Ryuuji murmurou para si mesmo enquanto caminhava atrás de Aisaka. Ou para ser preciso, porque ele também tinha que ir para escola, e não tinha nenhuma outra alternativa a não ser caminhar atrás dela. Aisaka se virou ligeiramente para olhar Ryuuji, “Sem importar os detalhes, não se esqueça de que você tem que me ajudar na escola! Não vai fugir!” Exclamou Aisaka observando Ryuuji com os olhos completamente abertos. Ela respirava silenciosamente com aquele pequeno nariz. Era isso que os outros chamavam ‘advertência’? Ryuuji apressou seus passos e respondeu,

“Vou te falar uma coisa, não tenho nenhuma intenção de ajudar alguém que me trata dessa forma!”

Sem aviso prévio, Aisaka havia parado repentinamente, fazendo com que Ryuuji que caminhava logo atrás trombasse contra ela.

“S, sua idiota! Não pare tão de repente!”

Se sentindo enojado, Ryuuji nesse momento lamentou a desgraça que sua vida havia se tornado, mas Aisaka não prestava atenção nele.

“Minorin! Você estava me esperando de novo?”

“Está atrasada Taiga! Pegou outro caminho hoje de novo?”

“... Uh!”

No momento em que ele ia continuar andando, percebeu o que estava acontecendo e acabou ficando paralisado. Em frente a Aisaka, de pé na esquina do cruzamento da avenida principal, se encontrava Kushieda Minori.

Somente uma pequena parte de seu rosto era tocado pelo sol, acompanhada de seus suaves e grandes olhos, sorriu inocentemente enquanto olhava em outra direção. Seu cabelo era iluminado pelo sol da manhã e sua saia se movia com o vento... Seus braços deixaram de se agitar repentinamente e o sorriso que até então ocupava todo aquele rosto desapareceu. Ela abriu mais ainda aqueles grandes olhos...

“EEEEHHH!!!???... O que...!? Não tem como! Poderia ser que?!...”

“O que foi Minorin?”

“M, meus ouvidos...”

Minorin gritou com uma voz super forte enquanto seu olhar fixou nos dois, que por conta do destino, se dirigiam a escola juntos.

“E você me pergunta o que foi?! Eh, eh... já vejo... não sabia que Taiga e Takasu-kun se davam tão bem para vir para a escola como um casal...”

“Está enganada Minorin, o que quer dizer com ‘como casal’?”

“Uhmm...! Como eu diria? Esse tipo de situação... Grrr! Não posso encontrar a palavra certa para descrever! Oh sim, vocês já prometeram nunca se separar?”

Não, não, não! Nunca prometemos vir juntos a escola nem nada disso. Eu, é só que, simplesmente nos encontramos pouco antes de chegar aqui!”

Ryuuji instintivamente havia dado aquela desculpa. Depois de falar ele se virou e disse gentilmente,

“Não é verdade Aisaka?”

Ela virou sua cabeça de forma que Minorin não pudesse vê-los e revelou um terrível sorriso.

“Ahh, então vocês dois só se encontraram com casualidade?”

“Sim, moramos perto um do outro.”

Aisaka começou a caminhar junto a sua grande amiga Minorin. Como posso permitir que essa oportunidade me escape?! Ryuuji rapidamente se preparou para segui-las enquanto pensava. Podia ser que, como Aisaka sabe que eu gosto da Minori, ela tenha feito isso para criar essa situação e me dar uma oportunidade?

“Bem, então nos vemos logo Takasu-kun... Esperava dizer que fôssemos para escola juntos, mas parece que você não quer caminhar conosco não é? Já que só nos encontramos por casualidade não é?”

Em menos de três segundos, a imaginação de Ryuuji foi destroçada por Aisaka, que virou a cabeça em outra direção.

“... Ah... Não, Ai, Aisaka...”

“Então nos vemos logo Takasu-kun! Ei Taiga, você viu a TV ontem a noite...”

O que tinha acontecido ali? Mas eu também vi TV a noite... Em vão tentou chamar Aisaka pelas costas com o braço esticado, Ryuuji recebeu sua última advertência quando ela olhou rapidamente para trás.

Não pense que você vai se dar bem antes de mim! Deixe de ser tão arrogante, cachorro estúpido!

“... ugh...”

Aisaka parecia estar dizendo isso enquanto se virava e mostrava um forte olhar.

Ryuuji foi petrificado pelo olhar da besta, que era suficientemente pequena para caber na palma da mão. Ela parecia estar declarando.

A menos que você consiga me juntar com Kitamura-kun, farei tudo o possível para que não chegue perto da Minorin.

Mesmo sem Aisaka no caminho, era somente um sonho para ele sair com Minorin... Agora, por que estou pensando em coisas tão tristes de repente?

Não! A esse ritmo vou acabar como o cachorro de Aisaka para o resto da vida. Esse seria o pior resultado possível.

Vendo lentamente desaparecer a figura das duas garotas, Ryuuji olhou com seriedade. Você vai ver Taiga! Não deveria me subestimar! Pela primeira vez o desprezo e a raiva haviam feito o espírito de luta de Ryuuji se acender.

Se chegar a juntar Aisaka com Kitamura, não significa que eu também poderei me aproximar mais da Minori?


O plano era simples...

Ia haver uma partida de basquetebol na aula de educação física. Os garotos e garotas seriam divididos em duplas e iriam jogar um contra o outro, porém antes todos iriam se preparar... Formando equipes de dois em dois para se aquecer, o que demoraria mais ou menos dez minutos e consistia em se esticar e passar cuidadosamente a bola de basquete entre si.

Os estudantes estavam livres para escolher seus companheiros da forma que quisessem. O professor não se importava como ficavam as equipes.

“... Então é por isso que essa é uma boa oportunidade para duas pessoas que quase não falam conversarem. Creio que vai ser ótimo! Então, faça dupla com o Kitamura! Problema resolvido.”

Ryuuji explicou sua estratégia enquanto caminhavam até o ginásio. Todos usavam o uniforme de educação física. Caminhando a seu lado estava Aisaka, que deprimida, brincava com o rabo de cavalo que tinha feito.

“Faça dupla com ele... Mas, quem da nossa sala quer e vai fazer dupla com alguém do sexo oposto? Eu sempre faço dupla com a Minorin e Kitamura-kun sempre está com você. Agora você me pede que do nada faça dupla com ele... Não tem como eu fazer isso!”

Ela ficou calada depois de dizer o que queria. ‘Tut, tut, tut!’ Ryuuji sacudiu seu dedo enquanto explicava sua estratégia.

“Este é o ponto. Agora escute bem! A meta aqui é normalmente fazer equipe com ele. Tudo que falta é um pouco de preparação. Primeiro, farei equipe com você...”

Aisaka olhou suspeitosamente a cara de Ryuuji.

“... e então?”

“Uma vez que isso ocorra, Kitamura terá que fazer dupla com outro garoto. Mais tarde, esse garoto que fez dupla com ele vai ser acertado ‘por acidente’. Irei dar uma bolada nele. Mesmo que não vá machucá-lo, vai ser o suficiente para causar uma pequena confusão. Como eu terei que levá-lo para a área hospitalar, advinha quem vai ficar sozinha para trás?”

“... Eu e... Kitamura-kun?”

“Correto. Dessa maneira você vai poder ir e falar ‘parece que não tem outra forma se não formarmos uma dupla agora’...”

“Você é realmente um péssimo ator. Está achando que eu sou tonta? E as coisas vão ir tão bem assim?”

“Farei o possível para tudo funcionar da forma correta!”

Os dois se sentaram lado a lado para trocar os sapatos e depois disso se reuniram com os outros na frente do professor de educação física.

“Hoje... praticaremos passando a bola com um parceiro.” Explicou o professor.

“Agora, vamos fazer um aquecimento. Formem duplas!”

“Ei Aisaka!”

“Estou aqui! Vamos fazer uma equipe Takasu-kun!”

“Sim, vamos!”

“... Bem, podem ir para seus lugares! Parece que temos alguns alunos animados hoje!”

Ryuuji e Aisaka rapidamente caminharam até um dos cantos do ginásio. “Incrível... Takasu não dá valor a própria vida...”, “É como se ele fosse uma mascote da Tigresa de Bolso...”

Mesmo que todos começassem a falar entre si, com medo, ninguém foi incomodá-los. Olhando um para o outro, eles conversaram sem pronunciar nenhuma palavra.

“Passamos pela primeira etapa sem nenhum problema.”

“Sim.”

Eles inclinaram as cabeças e trocaram olhares.

Infelizmente o movimento repentino de Ryuuji e Aisaka conduziu a sala em uma direção interessante. Com exceção dos realmente tímidos, os outros alunos tomaram uma decisão...

“Hmmm... então hoje é um ótimo dia não é? Bom, vou formar uma equipe com uma garota! Quem quer fazer dupla comigo?”

Começando com um pequeno grupo, logo outros continuaram.

“Eu também! Quero fazer par com um dos garotos!”

“Tem razão, suponho que dessa maneira será divertido.”

“Quem sabe? Vamos tentar!”

O ambiente se pôs animado. Tirando os que tinham prometido ter equipes fixas, os outros começaram a fazer duplas com pessoas do sexo oposto.

No fim...

“Maruo-kun! Digo, Kitamura-kun! Faça dupla comigo!”

“Quê? Ahh, está bem, como Takasu me abandonou...”

Ah! Ryuuji pôde escutar um grito e Aisaka o puxou pela camisa para que chegasse mais perto.

“Ei, espera, o que está acontecendo?! Kitamura-kun está fazendo dupla com essa garota estranha!”

A garota que ela chamava de estranha era uma das garotas mais populares da sala. Kihara Maya. Para 17 anos, ela tinha um corpo realmente ótimo. As sobrancelhas estavam perfeitamente feitas e os lábios estavam cobertos por um lápis labial transparente. Levando maquiagem, o que infringia a regra da escola, parecia até simpática... Ao menos era o que Ryuuji pensava.

“O que quer dizer com garota estranha? Essa é a Kihara-san. Não vá chamando os outros colegas de sala de estranhos dessa forma! Mesmo que as coisas não estejam seguindo seu... o quê!?”

Dessa vez, era Ryuuji quem tinha gritado.

“Kushieda, vamos praticar juntos.”

O que estava falando era Noto Hisamitsu, um garoto da antiga sala 1-A, com quem Ryuuji até se dava bem. Um garoto de 17 anos, com óculos negros que não combinavam nada com sua aparência. O que demônios esse maldito estava fazendo!? Ryuuji se perguntou enquanto o olhava de forma raivosa.

“Vamos lá!”

Minori correu feliz até Noto.

“O quê? Você?! Eh?! Kushieda-san! Como ela pode estar se aproximando desse garoto estranho?!”

“Eu pensava que ele era seu amigo. Realmente, foi por isso que falei que você era um cachorro inútil. Como você não previu um acontecimento como esse?”

Enquanto esses dois tentavam jogar a culpa um no outro, o apito do professor fez eco por todo o ginásio. Todos se colocaram em fila e começaram a fazer os exercícios de aquecimento.

Parada tristemente diante de Ryuuji, Aisaka começou a mover seu pequeno corpo, sacudindo seu rabo de cavalo a cada passo. Os garotos perto dela foram fuzilados pelo seu olhar e pelos sons de desaprovação que fazia. Essas pobres almas rapidamente pediam desculpas e saíam de seu caminho.

Não importa quem é (com exceção de Minorin), qualquer pessoa que entrasse em seu caminho levaria uma mordida. Dai vinha seu apelido, Tigresa de Bolso, que derivava também do seu nome. Ele se lembrava do dia em que um colega de classe havia explicado o porquê dela ser chamada de tigre. Apesar de tudo, ela não mudava seu comportamento e não ligava sobre o que Kitamura poderia pensar a seu respeito.

Olhando aquela garota se aquecendo, ouvindo música nos fones de ouvido, sua figura pequena e frágil, ela não parecia de forma alguma associada à palavra ‘selvagem’. Os que não sabiam, provavelmente pensavam nela como uma garota bonita e frágil. Na verdade, quando ela entrou na escola, havia muitos que pensavam nela como uma das garotas mais bonitas entre os novos estudantes, e alguns até mesmo fizeram fila para se declarar a ela... Ryuuji definitivamente podia entender como eles se sentiram.

Comparada com as outras garotas, ela tinha um tamanho bem mais proporcional ao de uma ‘garota’. O uniforme de educação física que não ficava bem nas outras parecia muito grande para ela e por causa disso ela teve que dobrar a parte de baixo. Tudo nela estava dentro do diminutivo.

Falando francamente, mesmo que ele tivesse sido atormentado por ela até agora, Ryuuji pensava que Aisaka Taiga era ‘bem simpática’, mesmo que fosse somente de aparência. Seu coração não conseguia mentir. Ele começava a bater mais rapidamente quando eles se olhavam... e o suor que caía de seu rosto também não mentia.

Seria ótimo se não houvesse um tigre dentro desse corpo... Não, o que estou dizendo?!... Justamente quando estava pensando nessas coisas inúteis...

“Está perdido nos próprios pensamentos, pedaço de lixo? Ahhhh, será que você já se rendeu?”

“... d... diga o que quiser. Meu cérebro não perde tempo formando frases para se defender contra seus insultos repentinos...”

O tempo de se aquecer havia acabado.

Aisaka friamente abaixou a cabeça e sentou de costas para Ryuuji. Agora vinham os alongamentos.

“... Por que tenho que fazer alongamentos com você, que tem essa péssima atitude? Pensando bem, não iríamos jogar basquete quando acabasse o aquecimento?”

Aisaka murmurou enquanto se queixava do plano falho de Ryuuji, esticando seus dedos pequenos para frente, ela tocava a ponta dos sapatos sem esforço. Para empurrar o corpo dela para frente, terei que tocar sua camisa e seu corpo... Ryuuji hesitou por alguns momentos. Ele tentou ficar tranquilo e falou:

“Ei, mas, você é muito delicada! Seria ótimo se pudesse falar com Kitamura assim!”

“Sim.”

Enquanto aquela conversa sem sentido continuava, Ryuuji começou a se sentir inquieto. Provavelmente porque estivera pensando em Aisaka fazia alguns momentos, agora não conseguia parar de olhar para seu corpo.

Embaixo das omoplatas de Aisaka, suas costas pareciam quentes devido aos exercícios inicias. Mesmo que fosse somente um pouco, Ryuuji pôde discernir as linhas da roupa íntima que ela usava.

Ele pensava sem fazer barulho, ‘o que ele tinha acabado de fazer era um presente incrível para todos os garotos da sala. Provavelmente eles nunca mais fariam dupla com alguém do mesmo sexo’.

“Ummmph... Ei! Você está fazendo muito peso. Pare de empurrar tanto!”

Sem ouvir Aisaka, Ryuuji se preocupava com Kushieda Minori. Noto também estava observando as linhas da roupa íntima que ela usava?

“... Ryuuji, estou ficando sem ar! Ei! Você é pesado! Ow, pe... sado...!”

Enquanto Ryuuji pensava, seu olhar se moveu até a nuca de Aisaka e seu rabo de cavalo. Como ela raramente saía no sol, sua pele naquele lugar estava branca como a neve. Toda a região de trás das suas orelhas até as artérias da nuca, pareciam mármore polido de tão liso. Parecia que se ele encostasse iriam ficar marcas... Somente olhar aquilo era o suficiente para seu coração bater mais rapidamente e sua respiração acelerar...

“...!...!...!”

“... Quê? Por que parece que você está sentindo dor?”

Quando ele a soltou, Aisaka se levantou e inalou profundamente.

“V... vai saber em um minuto... Venha, vamos trocar de lugar...”

Aisaka sorriu para Ryuuji pela primeira vez. O que estava acontecendo? Ele não entendia. Havia ocorrido alguma coisa boa?

Um minuto mais tarde era a vez de Ryuuji dar as costas para Aisaka e se sentar.

“Lembre-se de não empurrar muito forte!” Ryuuji falou antes de se virar.

E então ele sentiu...

Começou fraco, mas do nada ele sentiu por toda a coluna...

“Idio... Para... Whoa!...”

Com seu peso e sua força, este tigre estava tentando romper sua coluna. Sua cintura parecia que iria se quebrar a qualquer momento.

“Maldição... Isso dói...!”

“Também senti muita dor faz alguns momentos! Agora estamos iguais!”

Aquilo não iria adiantar de nada a não ser fazer ela se cansar. Por fim chegou a hora de praticar basquetebol. Depois de ser acertado pelo chute voador de Aisaka, as pernas de Ryuuji pareciam estar perto de se quebrar. Vai ser um milagre se eu continuar de pé com o resto da sala!

“Vamos dar continuidade ao plano está bem?”

Aisaka falou, parada a cinco metros de distância dele. Os outros alunos também começaram a passar a bola e logo aquele som estava ecoando por todo o ginásio.

O plano era de que Ryuuji iria jogar a bola ‘suavemente’ até o companheiro de Kitamura. Esse era ao plano original, mas agora havia um problema...

Diagonalmente atrás de Aisaka, e diagonalmente a frente de Ryuuji, a pessoa que atualmente fazia dupla com Kitamura era Kihara-san, uma garota...

Não importava o quão fraco ele jogasse a bola, Ryuuji ficava hesitante em ferir uma garota propositalmente. De qualquer forma, deixe-me passar a bola para Aisaka primeiro!

“... O quê? Por que está me dando a bola em vez de...?”

Seus olhos grandes refletiram a luz como uma faca e dispararam diretamente até Ryuuji.

“... Estou esperando uma boa oportunidade. Passa a bola de volta!”

“...”

Com uma cara feia, Aisaka atirou a bola de volta para Ryuuji; Enquanto ele agarrava a bola, Aisaka rapidamente indicou com o queixo,

“Agora!”

“... Ok, ok...”

Depois de hesitar um momento ele jogou a bola novamente para Aisaka. A boca dela se colocou na forma de um V de cabeça para baixo.

“Ei! Que diabos? Se apresse!”

Aisaka manejava a bola habilmente como uma jogadora de basquete profissional. Depois de alguns passes...

“Ai está!”

“Whoa!”

Ela havia jogado a bola como uma bala contra ele.

“Ei, você...”

Ryuuji conseguiu agarrar rapidamente a bola apesar dela ter acertado e arranhado metade de sua cara. Ele não se sentia com raiva, bem, talvez um pouco com raiva, mas ele tinha mais medo.

“Ei Ryuuji! Devolve a bola, agora!”

Do outro lado Aisaka andava da esquerda para direita como se nada tivesse acontecido. Seus sapatos faziam barulhos no chão enquanto ela se movia. É claro que até aquele momento ele não tinha planos de realmente passar a bola com força, então se limitava a mover seus braços lentamente. Mas então... Tentarei passar a bola de uma forma masculina! Mas justo quando Ryuuji levantou as mãos...

“Ah...”

Aisaka repentinamente olhou para outro lugar, o que fez Ryuuji parar rapidamente o movimento que iria fazer.

“O quê demônios está olhando?!”

Aisaka ignorou o comentário e falou,

“Ei Kitamura-kun, aonde você acha que está jogando essa bola?”

“Minha culpa!” Kihara Maya começava a correr atrás da bola que estava rolando, a qual parou justamente nos pés de Aisaka.

“...”

Uma cara feia.

Falando nisso, a verdade era que Aisaka não sabia qual expressão fazer quando pegou a bola.

“Wah! Aisaka-san! Sinto muito, você está com raiva? Foi um acidente!”

Será que é porque ambas eram garotas, a comunicação entre elas era mais fácil? O sorriso de Kihara não mostrava nenhuma das expressões de medo que os garotos normalmente faziam.

“Poderia passar a bola para cá, por favor?”

Kihara levantou seu braço e percebendo que sua munhequeira estava solta rapidamente abaixou para fechá-la.

Enquanto ela estava ocupada naquilo, outra voz interveio na situação...

“Ei... Aisaka! Sinto muito quanto a isso, mas poderia devolver a bola, por favor?”

Era nada menos que o Sr. Boa Gente com suas habilidades brilhantes, Kitamura Yuusaku. Como esperado de Kitamura, ele tratava todas as garotas da mesma forma. Suponho que seja isso que as pessoas chamam de ‘inocência’.

Rrrrr! Aisaka de repente havia parado de funcionar como se fosse um motor que tinha ficado sem gasolina. Devido ao local onde se encontrava, Ryuuji não podia ver sua expressão, mas podia ver claramente como seu corpo estava tão rígido quanto um pedaço de madeira.

“Rrrrr...” Aisaka começava a se mover de maneira estranha com todo esse ruído que fazia. Ela deu alguns passos, braço e perna direita se movendo juntos como um robô, seguidos do braço e perna esquerda. Sem dizer nem mesmo “cuidado!” ou “ai está!” ela devolveu a bola. Ou melhor, ela jogou e bola, e de uma forma bem patética.

Depois de quicar algumas vezes a bola rodou para direita e...

“Obrigado!”

Foi parar em frente a Kitamura, que fez um estranho sinal de V com as mãos. Ele usava a camisa presa dentro dos shorts, que por sua vez tinham as partes soltas amarradas nas pernas.

“Ai, Aisaka...?”

“...”

Aisaka, que parecia gostar desse tipo de garoto, havia perdido todo o sinal de vida... Ao menos era o que parecia. Ela nem mesmo respondia aos chamados de Ryuuji enquanto ficava parada. Para ela não importava que estivesse atrapalhando os outros a jogar a bola.

Ryuuji decidiu se render depois de chamá-la algumas vezes. Cuidadosamente ele se aproximou de Aisaka e sem animar nem provocar...

“... Aisaka!”

“...”

Suavemente puxou a manga de sua camiseta, e pouco a pouco a trouxe de volta para o lugar. Inesperadamente, Aisaka o seguiu obedientemente. Ele olhou para sua cara calada...

“Whoa!”

Ryuuji rapidamente retrocedeu. Aisaka Taiga estava sorrindo! Não era fácil discernir, mas ao inspecionar mais cuidadosamente, ele podia ver que ela estava realmente sorrindo. Seus olhos estavam quase fechados, como uma gatinha que havia comido recentemente. Sua cara inflada foi acariciada por suas mãos e sua boca revelou a forma de um triângulo de lados iguais. Ela ficou assim até que suas bochechas ficaram avermelhadas. Se alguém parasse para ouvir atentamente, poderia escutar pequenos sons vindos das profundezas de seu abdômen...

“Heh, heh, heh, heh, heh...”

… Estava rindo.

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"E, ei... Aisaka, você está bem?"

"Heh... o que foi agora? Quem parece mal é você! Por que parece tão aturdido? Deveria estar feliz por mim, como meu cachorro."

“... Feliz? Por você?"

Depois de escutar essa declaração inesperada, Ryuuji só podia ficar calado. Feliz pelo quê? Mesmo que Aisaka estivesse fazendo cara feia, ela parecia realmente bem... Suas mãos estavam brincando com o rabo de cavalo e ela havia começado a dar voltas lentamente...

Ela está... dançando?

Mas, por quê? Como as coisas tinham chegado nesse ponto? Por alguma razão, parecia difícil perguntar algo para ela... Ryuuji, cujo braço foi acertado pelo enorme rabo de cavalo, franziu a testa e perguntou.

"Ei... Ei! Por que deveria estar feliz?"

Aisaka parou ao escutar a pergunta que havia sido bem direta e depois de uma cara feia exclamou, "Quê!"

"De quê você está se queixando? Se esqueceu do que estávamos tentando conseguir? Estou vendo... como você é um completo idiota. O quão pequeno é esse cérebro seu? Quê? Pare de brincadeira! Não tenho tempo para perder com você! Direi porque estou feliz! Quer escutar ou não? Não? Ki, Kitamura-kun acaba de passar a bola comigo! He, he..."

Ela voltou então para seu riso. "He, he, he, he, he"... Depois de pensar por alguns momentos Ryuuji falou,

"... o quê quer dizer com isso?"

"O quê?! Seriamente, um cachorro não tem o direito de se queixar..."

“... Não estou me queixando... é a maneira como você está feliz... sinto muito, para ser franco, você não está feliz pelas razões erradas? Quando você disse praticar passar a bola... Você não jogou a bola para ele somente uma vez? Além disso, a nossa meta não era você praticar com ele todo o resto da educação física? Não deveria ter usado essa oportunidade para começar uma conversa com ele, e talvez se conhecerem um pouco melhor?"

“Ah...”

O sorriso de Aisaka rapidamente foi modificado para sua expressão normal.

"Não é?" Ryuuji continuou. "Ademais, o que você fez? Você nem falou com ele. Não ficou calada o tempo todo? Tudo o que fez foi jogar a bola de uma forma ridícula e ele simplesmente agradeceu. Você chama isso de conversa?"

Ele pegou a bola enquanto repetia o mesmo sinal que Kitamura havia feito a alguns momentos. Como resultado...

"Hmph!"

Aisaka rapidamente se virou e golpeou a bola que estava indo em sua direção. Em conta da grande força aplicada, a bola voou bem alto quase acertando o teto.

‘WHACK!’

Então caiu diretamente em cima da cabeça de Ryuuji. Aisaka pegou a bola quando a mesma saiu quicando e disse,

"Tem razão... Hmmm, parece que você pode dizer algo útil de vez em quando! Vamos seguir com o plano!"

Com uma cara de patroa malvada, Aisaka deu a Ryuuji que já sentia dor, um soco de leve e então voltou para seu lugar.

"Ei Ryuuji!"

"Whoa!"

Ela sem avisar, fez um arremesso de alta velocidade. Ryuuji não estava preparado quando agarrou a bola... ou melhor, a bola o pegou diretamente no peito.

"... Ei! Isso dói!" Exclamou Ryuuji.

Os olhos de Aisaka brilharam perigosamente, ela estava tão animada a ponto de ficar louca. A força de arremesso era muito maior que antes, e parecia que agora ela estava rodeada de chamas. Aparentemente, aquele pequeno momento que ela passou com Kitamura havia dado forças às chamas do amor dentro de Aisaka. De repente ela fez aquele difícil pedido novamente,

"Ei, se apresse e continue com o plano agora. Desta vez temos que vencer."

“... Bem, sabe... esse plano..."

"O que está murmurando? Não foi você quem deu a ideia? O tempo está quase acabando!"

“Tem toda razão, mas...”

Ryuuji se virou um pouco e mirou na companheira de Kitamura...

Simplesmente não posso fazer isso! Sacudiu a cabeça ao pensar. Não importa o quão forte jogasse a bola, aquela pessoa era uma garota. Realmente não consigo fazer! Talvez deva enrolar até que o tempo de treinar termine, mas...

É isso ai!

Ryuuji de repente arregalou os olhos. OK, eu farei. Ficarei parado até o fim. Aisaka vai ficar morrendo de raiva, mas não tem como evitar... Terei que pensar em algo para dizer a ela...

"O quê você está esperando? Ah, maldição! Por que tem que me dar cócegas no nariz justo agora?..."

Essa era minha oportunidade! Ryuuji estava jogando a bola para Aisaka como uma metralhadora, e a mesma estava tentando de toda forma esfregar o nariz.

"Como está aguentando? Parece horrível! Falando nisso, você estava espirrando muito de noite. Pegou alguma infecção no nariz? Ou talvez ele seja muito sensível? Talvez ele tenha sido afetado pelo cheiro horrível da sua cozinha? Quando foi a ultima vez que você limpou aquele lugar? Provavelmente nunca não é? Que desperdício de boa almofada... E, aonde você conseguiu aquela almofada? Parece incrível. Não é japonesa é? Gostaria de conseguir uma daquelas..."

"Que almofada? Já chega, do que está falando? Como eu deveria saber?... Ugh... meu nariz... ugh... Ahhh, você é chato! Isso não importa, anda logo com o plano... ugh...!"

Aisaka agora tentava freneticamente esfregar o nariz. Ela parecia irritada. Parece que ia estourar!

"Ei, me passa a bola! Joooo... gaaa!!!"

Aisaka exclamou fortemente enquanto estendia seus braços por todo o lugar como uma mulher aranha. Seus olhos diziam, "Se você jogar a bola para mim, está morto!"

Mas só havia tempo de jogar mais uma vez... Ryuuji fez uma avaliação mental. Suponho que farei um passe normal! O nariz de Aisaka estava incomodando-a novamente? Sua cara parecia torcida...

“... Ugh... aaah..."

"Já! Vou passar para você Aisaka!"

Dessa vez Ryuuji usou bastante força no passe.

Mas Aisaka de repente se inclinou para trás e nesse mesmo momento...

"AHHHTCHIIMMM!"

"AHHH!!!!"

“Caramba!”

Os dois sons que ecoavam por todo o ginásio eram o espirro de Aisaka e o grito de terror de Ryuuji... Não fiz de propósito! Eu juro! Não foi de propósito! A pior situação possível havia acontecido... A bola acertou diretamente na cara (espirrando) de Aisaka. Ela caiu lentamente do nada, e deixou para trás a bola que lentamente rolou para longe. Ryuuji ficou demasiado impressionado para fazer alguma coisa. Tudo havia passado tão rapidamente. Demorou alguns segundos para ele recobrar os sentidos.

"Sin, sinto muito! Você está bem... whoa?!"

Enquanto Ryuuji se apressava para levantar Aisaka, ela se assustou de repente. Isso era mal. Ela tinha desmaiado, e seu nariz estava sangrando... Por alguma razão as imagens de Inko-chan e de Yasuko nessa manhã vieram diante dele. Os dois caídos no solo em posições estranhas, e agora Aisaka estava assim também. Será que as cenas de manhã cedo havia sido uma previsão do que estava acontecendo agora... E por que estou pensando em todas essas coisas inúteis em um momento como esse?!

"O que aconteceu Takasu? Quem machucou? Foi a Aisaka?"

O professor de educação física e o representante de sala Kitamura vieram correndo. Essa era a oportunidade para deixar Kitamura cuidar de Aisaka! Ryuuji pensou de repente, e voltou a olhar para Aisaka que estava deitada contra seu peito...

“... Não!"

Havia algo com o rosto dela. Não podia deixar Kitamura ver aquele rosto daquela forma! Um sentimento de culpa fez com que ele apertasse Aisaka mais fortemente contra o peito.

"E, ela está mal! Vou levá-la ate a clínica da escola!"

Enquanto os outros alunos murmuravam, Ryuuji escondeu o rosto de Aisaka contra o peito e correu até a enfermaria. Vários garotos excitados começaram a gritar, “A Tigresa de Bolso realmente foi incapacitada pelo Takasu!" "Isso sim é que foi final interessante!"

Tirando a direção geral do plano – que era mandar alguém para enfermaria, nada seguiu de forma correta.

Takasu Ryuuji começou a ficar sério, principalmente pelo que havia passado antes.

Não tinha feito de propósito, mas... Mesmo que ela seja a Tigresa de Bolso, ele tinha a feito desmaiar e ainda fez seu nariz sangrar... Ele tinha medo da vergonha que Aisaka tinha passado, mas tinha mais medo da própria consciência.

Então, quando Aisaka voltou para sala na hora do almoço...

"Aisaka! Sei que é um pouco repentino, mas você quer almoçar comigo? Quero te recompensar pelo que aconteceu na aula de educação física. Ok? Kitamura, Kushieda, por que vocês não se juntam a nós?"

Assim começou a 'operação almoçar juntos' de Ryuuji. Convidando Aisaka, que normalmente comia com Minori, ela poderia comer felizmente com Kitamura, e ele mesmo poderia comer felizmente com Minori. Que plano perfeito!

Inocente de seus planos, Kitamura levantou a mão sem hesitar e disse,

"Parece bem para mim! Que boa combinação! Vamos juntar as mesas, Kushieda, Aisaka?"

"Sim, claro! Vamos comer juntos! Ei, Taiga, venha aqui! Takasu-kun disse que quer comer conosco! Ele quer te recompensar pelo que ocorreu no ginásio... Ei! Deixe de ficar parada ai no canto!"

Minori caminhou até Ryuuji empurrando Aisaka, que estava levando um obento que o próprio Ryuuji tinha feito. Ela estava calada por algum motivo. Ryuuji quase pôde ver a palavra ‘nervosa’ escrita sobre sua cara tensa. Ela estava realmente bem? Um momento de dúvida passou por sua mente. Do outro lado,

"Nós não precisamos realmente de quatro mesas. Duas pessoas podem comer na mesma mesa." sugeriu Kitamura enquanto movia as mesas. "Sim, tem razão". Minori falou concordando e então continuou, "Vou me sentar aqui!" Ela rapidamente aterrissou em uma das cadeiras. "Então irei me sentar aqui!"

Enquanto Ryuuji olhava, Kitamura já tinha tomado o outro lugar.

Justo em frente da Minori...

Justo em frente ao Kitamura...

Só havia uma coisa que Ryuuji queria, e era sentar ao lado de Minori. A mesa era pequena e os dois se sentariam bem perto um do outro, mas, Minori já estava indicando o assento a seu lado e começava a abrir a boca. Provavelmente ela iria dizer, "Taiga! Por aqui!"

Não posso deixá-la fazer isso! Os olhos de Ryuuji brilharam fortemente, mas ele não tinha coragem de simplesmente se sentar na cadeira ao lado dela, então em vez disso decidiu... . "Sinto muito, tropecei!"

Ryuuji fingiu tropeçar e empurrou as costas de Aisaka.

"Umph!"

Aisaka rapidamente entendeu as intenções de Ryuuji e decidiu mover suavemente seu pequeno corpo até o assento ao lado de Kitamura. Ela tentou chegar à cadeira elegantemente enquanto aproveitava a força de Ryuuji para passar pelo caminho estreito. Está bem, isso iria dar certo! Ryuuji fechou os punhos. Mas, parecia que a força que ele tinha usado era demais, e a boa atuação de Aisaka iria ser desperdiçada já que ela estava caindo no chão em direção contrária a da cadeira...

"Cuidado!"

Não posso deixá-la cair no chão assim! Ryuuji rapidamente agarrou a mão de Aisaka e pisou adiante, então girou seu corpo como se fosse uma dupla de dança em um baile. Ele a fez cair ao lado do assento de Kitamura com precisão. Mas, aplicou um pouco mais de força do que devia e o assento de Aisaka quase caiu...

"Hmph!"

Aisaka separou os pés e firmou-os no solo enquanto segurava a mesa com a mão. Ao se estabilizar na cadeira...

“... Phew..."

Ryuuji deu um suspiro natural de alívio e se sentou cansado ao lado de Minori. Será que aquilo foi muito exagerado? Ryuuji pensava enquanto levantava a cabeça.

"O que foi Aisaka? Sua comida vai cair se você sacudir a mesa assim. Você parece realmente energética!"

"O que vamos comer hoje? O que vamos comer hoje? O que vamos comer hoje?... Aha! Temos frango frito! Agora todos juntos! 'Frango frito'..."

Kitamura e Minori estavam animados da forma distinta que faziam naturalmente. Enquanto isso os demais estudantes começaram a murmurar,

"Isso sim foi uma bela dança entre a Tigresa de Bolso e Takasu!" "Realmente assombroso!"

Mas as piadas não entravam nas orelhas de Aisaka. Ela estava muito...

"..."

... preparada. Não tinha nenhuma intensão de abrir sua caixa de obento. Enquanto sua cara sem expressão estava muito tensa, ela colocou suas mãos para baixo e seus olhos brilharam perigosamente. Aisaka não podia falar devidamente com ele. Talvez ela pensasse que era muito cedo para comer com Kitamura?

Mas era Kitamura que estava sentado perto dela que falou primeiro,

"Hmmm, parece que Aisaka também trouxe um obento. Foi sua mãe quem fez? Ou você fez sozinha?"

Kitamura perguntou inocentemente sem pensar muito. Ryuuji segurou seu hashi enquanto olhava atentamente. Vai Aisaka! Você conseguiu chegar até aqui então deixa de fugir! Use essa oportunidade para poder conversar com ele! E então...

“... Quê? Eu?"

Ela ainda estava nervosa. Aisaka sem esperar indicou a resposta com seus pausinhos. Ou seja, ela apontou para Ryuuji. Sim... Os olhos de Ryuuji começaram a se movimentar. Parando para pensar no assunto... quem havia feito esse obento... fui eu...

"O quê? Takasu? Quem fez esse obento para você foi Takasu?"

Mas... seria melhor que ela não falasse isso não é?... Não, esse não era o problema...

"ARRHHGG!!!"

Ryuuji não pôde reter o grito. "O que foi?" Kitamura perguntou ao olhar para ele. Minori olhava atentamente para sua comida. Ryuuji estava rígido, impressionado por sua própria estupidez. Não fui eu a pessoa que havia ajudado Aisaka a preparar seu obento?! Sem mencionar que o conteúdo dos dois eram exatamente iguais. Se Kitamura e Minori vissem isso, o que pensariam?!

Ele agarrou fortemente a caixa de obento, suas mãos tremiam. O que farei? Ryuuji olhou rapidamente para Aisaka... Não vale. Ela estava completamente deslumbrada ao olhar para Kitamura, como um veado ao ser atingido pela luz dos faróis de um carro. Eu realmente tinha que mostrar para ele o almoço simples que estávamos comendo juntos? Os olhos de Aisaka percorreram toda a sala, não sabia o que fazer, enquanto ainda apontava os palitos até Ryuuji.

"Takasu, o que foi? Você parece terrível."

"S, sim?"

Era isso! Simplesmente fingirei que não me sinto bem e irei sumir daqui com o obento... As vozes dos deuses passaram por sua cabeça tão rápida como um relâmpago. Justo quando ia levantar...

"O quê? Alguém está me procurando?"

Kitamura olhava para trás de Ryuuji, e isso fez Ryuuji se virar também. Parado aonde Aisaka apontava com os hashis, ou seja, justo atrás da cabeça de Ryuuji, havia um estudante do primeiro ano chamando,

"Kitamura-sempai! Kitamura sempai!"

"Esse não é nosso supervisor do primeiro ano?"

Minori olhou e parou, sugerindo a Kitamura que parasse de comer também. Depois de os dois conversarem por algum tempo, voltaram a seus assentos e falaram,

"Sinto muito amigos! Temos alguns assuntos para resolver."

"Eu realmente sinto muito, mas parece que tem uma reunião de emergência no clube, então ele veio nos avisar para levar nossos obentos e ir para a sede. Taiga, Takasu-kun, iremos à frente! Vamos comer juntos da próxima vez!"

Depois de empacotar rapidamente seus obentos, em meio a desculpas os dois saíram da sala.

Tudo aquilo tinha ocorrido muito rapidamente e Ryuuji não teve tempo para raciocinar. Ele só pôde olhar enquanto eles saíam pela porta antes de recobrar os sentidos,

"Ah! Eles saíram..."

Ele olhou para Aisaka,

"Whoa!"

Ryuuji ficou ainda mais agitado. Aisaka Taiga agora estava bem deprimida, e descansava a cara sobre a caixa de obento. Ela cobriu o rosto com as mãos e com cansaço, abaixou mais ainda a cabeça. Seus ombros que já eram pequenos, pareciam ainda menores. Ela parecia fazer uma bola perfeitamente como um gato.

"Ai, Aisaka..."

Ryuuji percebeu que ela murmurava algo, e ele parou para escutar atentamente. O que ele ouviu soava como um mantra, "Por quê? Era uma oportunidade tão boa! Que má sorte! Por quê? Não entendo, nessa velocidade...", além disso, ela falou também uma série de maldições, rápida e seguidamente. Ela tinha ficado bem nervosa e esperava que algo bom ocorresse naquele encontro... Ryuuji não tinha o que dizer.

Mas, não podia deixar as coisas como estavam.

"N, nós o convidaremos para almoçar amanham outra vez ok?... de qualquer forma, vamos comer primeiro. Está tudo bem?"

Ryuuji estava dando seu melhor para animar Aisaka, mas...

“... amanhã?"

Sacudindo seu cabelo, Aisaka levantou um olhar matador e perguntou,

"Quer dizer que amanhã você vai me dar outra bolada na cara?"

"Eu nunca falei isso!"

Ryuuji negou francamente. Ugh! Ele então retrocedeu, porque viu que o rosto de Aisaka estava se enchendo de lágrimas. Não! Não chora! Ryuuji começou a entrar em pânico. Aisaka então disse,

"Você não me usou como uma desculpa para poder convidar Minori e Kitamura-kun? Não podia convidá-los tranquilamente sem uma razão não é? Ou você tinha outro plano? Definitivamente não quero nada tão direto assim! Absolutamente não! Absolutamente...!”

"O, ok, ok! Agora vamos comer!"

As bochechas de Aisaka começaram a ficar molhadas enquanto falava, então Ryuuji rapidamente colocou um pedaço de batata na boca dela com os palitinhos. As batatas tinham sido perfeitamente cortadas para caber na boca de Aisaka. Como não tinha razão para cuspir fora, ela começou a mastigar. Vendo o quão forte ela mastigava, Ryuuji disse incomodado, "Está muito grande?" Um pouco mais tarde Aisaka que por fim tinha engolido seguiu,

"... Snifff!"

"Vai espirrar? Não se preocupe, tenho bastantes lenços!"

"Não, idiota! Estava pensando que eu poderia ter morrido lá!"

Aisaka pegou a caixa de leite da mesa. ‘Glup, glup, glup... ’ Quando terminou de tomar, suas lágrimas já haviam secado.

Deixando sair um suspiro de alívio, Ryuuji começou a comer seu próprio obento. Kitamura havia feito uma boa coisa ao sair, ou então ele realmente teria fugido e deixado Aisaka para trás. Então só Deus sabe o que ela teria feito. Pensando naquilo, Ryuuji sentiu que as coisas estavam começando a melhorar.

"Ah!... Ryuuji..."

Aisaka que originalmente estava de mau humor e estranhamente calada, agora havia levantado e estava olhando para Ryuuji.

"O que agora?"

“... Não tem carne..."

"Como pode? Minha casa não é o tipo de lugar aonde facilmente se pode encontrar carne no refrigerador. Se você quer carne, então vá viver com esse tipo de família!"

E então os dois silenciosamente comeram seus almoços.

Vendo todo o espetáculo, os outros estudantes começaram a pensar,

"O que estava passando?" "Como isso acabou assim?  

Essa dupla dinâmica era simplesmente assombrosa, mas ninguém tinha coragem de se aproximar pessoalmente para falar com eles.


Um ambiente irreal preenchia a sala 2-C... O dia por fim estava terminando.

Nem Ryuuji e nem Aisaka haviam notado esse estranho ambiente. Os dois haviam sofrido atrasos dolorosos durante a aula de educação física e o almoço. Essa era a última oportunidade que eles teriam no dia! Não importava o quão pequeno fosse o resultado, eles tinham que deixar ao menos algum tipo de impressão dentro da cabeça de Kitamura.

E era por isso que...

“... está pronta Aisaka?"

"..."

"Ei, Aisaka, respire profundamente! Lembre-se de respirar profundamente!"

"... agora, inspire..."

Era justo antes do começo da última aula...

Em um canto ruidoso da sala, Aisaka levava uma cara séria. Até mesmo Ryuuji também estava sério. Ele era preenchido por um sentimento de culpa, que tinha feito todo seu corpo estremecer.

"Estou nervosa... Não seria muito complicado fazer algo como isso?"

"Por que está dizendo coisas assim justo agora que chegamos até esse ponto? Relaxe! Raramente garotos ficam chateados ao receber chocolates feitos a mão de uma garota. Kitamura também adora coisas doces, e ele não é do tipo que rejeita coisas feitas a mão. E eu também não acho que ele te odeie..."

"S, sério?"

Com certeza! Ryuuji respondeu com a cabeça, enquanto via a expressão de Aisaka ficar menos tensa. Seguras firmemente em suas pequenas mãos, estavam os chocolates que ela tinha feito na aula de economia doméstica.

Como essa era uma escola mista, garotos e garotas, ninguém pensaria nada estranho ao receber um doce de alguém do sexo oposto. Havia garotos esperando receber chocolates de sobra das garotas, e as garotas os faziam aos montes para poder dar aos garotos.

Sem deixar que os outros a vissem, Aisaka secretamente (ou melhor, usando o corpo de Ryuuji como uma forma de tampar a visão dos outros) fez um grande esforço criando todo o tipo de bombons de chocolate coloridos. E assim eles bolaram o plano para dar chocolates ao Kitamura.

Esse plano era chamado 'operação, eu fiz muitas, quer algumas?'. Isso daria a Kitamura uma boa impressão de Aisaka. Mas, as coisas não andavam como haviam planejado. Dos dez bombons que haviam sido feitos secretamente, seis saíram carbonizados... Isso aconteceu porque essa tigresa colocou a temperatura errada! Pior ainda, para destruir a evidência, os seis bombons queimados foram parar no estômago de Ryuuji.

Somente quatro deles haviam sobrevivido sem nenhum dano. Aisaka Taiga, seu êxito depende desses quatro chocolates! Ela fechou a mão fortemente enquanto empurrava de forma nervosa o pacote contra o peito.

Vendo sua cara ansiosa a 30 centímetros acima, uma sensação estranha tomava conta do coração de Ryuuji. Essa cara nervosa iria causar algum desastre?

"De qualquer forma me escute! Não se preocupe com as coisas dessa maneira, basta atuar como se não fosse nada demais! E não fique nervosa de repente..."

"Sim, eu sei. Estou tentando relaxar! Relaxar... relaxar..."

Aisaka relaxou as mãos... e então suas pernas... por fim todo seu corpo estava relaxado...

"Sim! Agora todos voltem para seus assentos! A aula está para começar!"

Aisaka se assustou ao ouvir a voz da professora. Então todos os estudantes se apressaram para voltar a seus lugares. Essa criatura de 145 centímetros lentamente andava por entre os outros assentos.

Uma vez que todos haviam cumprimentado a professora, ela teria que chamar rapidamente o Kitamura... Essa tinha sido a ordem que Ryuuji tinha dado a ela. Como Kitamura normalmente está ocupado, ele vai ao conselho estudantil depois das aulas. E quando acaba todo o trabalho, vai praticar atividades dos clubes que faz parte. Se você ficar distraída sonhando, ele vai estar fora da sala antes que se dê conta!

Então o plano é chamá-lo para fora assim que a aula terminar, entretanto...

"...olá? olá?..."

Ryuuji olhou para Aisaka com o canto do olho e suspirou.

Ele sabia que Aisaka estaria nervosa, mas não esperava que fosse tããããão nervosa assim. Ela agarrou a mesa, suas costas estavam curvadas como se tivesse dores no estômago, seus pés se sacudiam violentamente e por fim sua cara ficava cada vez mais pálida enquanto se transformava no rosto de um demônio.

"Simpático... Que cheiro bom está na sala de aula hoje! Deixe-me ver... farinha, açúcar, manteiga... Ah, já sei! Estavam fazendo bombons na classe de economia doméstica? Adoro bombons! Hee hee hee, que boas lembranças me trazem! Recordo-me de fazer bombons com a família que me hospedou enquanto fazia intercâmbio na Inglaterra..."

"Tch!"

Parece que a professora (Koigakubo Yuri, solteira, 29 anos) estava de bom humor e tentava prosseguir com aquelas palavras sem sentido. Sentindo-se nervosa e agitada ao mesmo tempo, Aisaka cruelmente fez um estalo com a língua. Assustada pelo barulho, a professora (Koigakubo Yuri, solteira, virando uma trintona em dois meses) se sacudiu de nervosa enquanto olhava Aisaka com sua cabeça abaixada...

"N, não deveria fazer um barulho assim na frente de um professor..."

Os estudantes sentados ao redor de Aisaka já estavam tremendo de medo. A professora decidiu continuar falando sem temor, mas...

"Tch!"

“... U, ummm... Não está bem que uma garota faça barulhos assim..."

"Tch!"

“... Ahhh, minhas palavras não conseguem chegar ao coração dos meus estudantes...”

No fim, ela cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar. Sabendo que as coisas chegariam a esse ponto, não seria melhor que ela tivesse ficado calada? Por que ela tinha que se intrometer com algo que vai além de seus poderes? Não me surpreende que esteja solteira.

"Sensei!"

Começou o barulho. O som de alguém vindo correndo. Era Kitamura.

"Ainda falta algum tempo para acabar a aula. O que acha de eu, como representante de classe, acabá-la enquanto você descansa? Ademais, muitos de nós temos atividades do clube depois, então creio que seria melhor continuar com esse assunto amanhã!"

O que ele estava tratando de dizer era, 'Somos pessoas muito ocupadas. Não dá para acabar a aula de uma vez?'. A solteira (Koigakubo Yuri, professora principal, sete anos sem namorado) soluçou e disse,

“... não entendo o que você quer dizer Kitamura-kun..."

Simplesmente não havia forma de manter uma comunicação compreensível com ela não é? Ryuuji se sentia um pouco frustrado. Mas Kitamura não se chamava 'Maruo' por nada. Ele parou na frente dela com as pernas separadas e anunciou para toda a sala,

“... Temos artes e artesanato amanhã, então não se esqueçam de trazer suas coisas! Todos parem o que estão fazendo! Se inclinem! Até mais tarde, Sensei!"

"Ate amanhã Sensei!” Todos repetiram. Ok, vamos para casa! Assim a aula principal foi concluída unilateralmente pelos estudantes. A solteira (não vamos repetir) fungou e disse, 'eu não fui feita para esse trabalho'. E saiu sem dizer mais nada.

"Ai, Aisaka!"

Ryuuji parou enquanto procurava seu objetivo. Nesse momento Aisaka também parou repentinamente. E então...

"Uwaa!"

Deixou cair sua bolsa no chão. Estava começando a entrar em pânico. Que garota lerda! Agora, onde estava Kitamura? Ryuuji olhou ao redor procurando.

"Caramba, já está tarde... a presidenta vai me matar."

Kitamura rapidamente recolheu sua bolsa e correu para porta. Não! Se ela não conseguisse alcançá-lo antes dele chegar à sala do conselho estudantil, não haveria mais oportunidade de estar a sós com Kitamura. Ryuuji rapidamente correu para o lado de Aisaka,

"Ei, esquece a bolsa, vai e chame-o!"

"Ah, um... Ki, Ki... Ki..."

Que demônios? Ryuuji coçou a cabeça de frustração. Aisaka havia parado e estirado o braço até a blusa de Kitamura, mas seu nome simplesmente não saía por aquela pequena boca. Como se houvesse sido pega por um feitiço que a fazia esquecer como dizer 'Kitamura-kun', ela estava a ponto de começar a chorar. Abrindo e fechando a boca continuamente, não produzia som algum.

"Maldição! Ele já saiu! Se apresse e siga-o!"

"Ah... sim!"

Quando ele empurrou seu pequeno corpo, ela rapidamente saiu correndo pela porta. Ryuuji também foi atrás dando largos passos. Se ele deixasse aquela idiota correr por si mesma, então quem sabe aonde ela iria acabar se metendo?

Agarrando o pacote contra o peito, Aisaka perseguiu Kitamura, seguida de perto por Ryuuji. No fim do corredor viraram a esquina.

"Por ali! Vai!"

Quando chegaram as escadas, estavam indo contra a grande quantidade de estudantes que iam para casa depois das aulas...

"Fora do meu caminho! Saiam!"

Aisaka simplesmente disse isso e, "Whoa! É a Tigresa de Bolso!" "Todos saiam do caminho! Ela é perigosa!" Os estudantes que desciam as escadas rapidamente partiram no meio como o mar vermelho e deixaram Moisés passar. Uma vez que haviam passado pela multidão, voltaram a correr e encontraram outro grupo de alunos...

"Sinto muito! Poderiam me deixar passar?"

Ryuuji disse simplesmente. "Whoa! É o Takasu!" "Os dois chefes estão andando um atrás do outro!"... Uma vez mais o mar vermelho se abriu. Parece que fora a sala 2-C, todos ainda o consideravam um delinquente. Isso o fez se deprimir por alguns momentos. Não é hora para me preocupar com isso! Ryuuji rapidamente começou a correr atrás de Aisaka, que havia tomado dianteira...

Ele repentinamente se deu conta que não precisavam realmente alcançá-lo. Desde que Aisaka o chamesse, estaria tudo bem. E tudo que eu tenho que fazer é me assegurar de que ela faça isso.

"... hah... hah..."

Ryuuji respirou profundamente ao parar, e então olhou para cima casualmente... Ao mesmo tempo começou a gritar,

"WHOOOAAA!!!"

Ao chegar ao final da escada, Aisaka tropeçou e começou a cair para trás, justo onde Ryuuji estava, a poucos degraus abaixo.

Depois de gritar, uma força incrível – somente vista durante um desastre, se apoderou de seu corpo.

Ryuuji 'voou' a uma velocidade incrível.

"...!"

Tão elegante como um jogador de baseball, saltou para o degrau do meio e milagrosamente agarrou Aisaka com seus braços. Mas o impacto foi muito forte. As costas de Ryuuji se chocaram contra a parede e o peso de Aisaka fez tudo se tornar ainda mais doloroso. Ele soltou um sonoro "Umph!". De alguma forma aquilo tinha sido cômico. Seus olhos se arregalaram pela dor repentina. No seu campo embaçado de vista, viu o pacote voando das mãos de Aisaka e formando uma curva, passando diretamente pela janela.

Esse era o terceiro andar...

O que havia caído eram os quatro chocolates que deram tanto trabalho para fazer.

"AH!" Aisaka gritou e passou o braço pela janela. Mas já era tarde demais e os bombons caíram para fora.

"Ai..."

Aisaka... Ryuuji tentou falar, mas não pôde. A dor de suas costas não permitiu que ele respirasse devidamente.

"Ryuuji!"

Mesmo que sua voz estivesse débil, Aisaka ainda podia escutá-lo. Ela se agarrou fortemente a ele, que sem poder dizer nada, fazia uma expressão rígida, como a de alguém que acaba de comer algo venenoso. Estou bem... Parecia que ele podia respirar um pouco, então Ryuuji balançou a cabeça para indicar que estava bem, para que ela não ficasse tão preocupada.

O que importavam eram os bombons, e Kitamura. Ryuuji indicou a janela e as escadas...

"... S... se apresse... vá pegar... os chocolates..."

Ele apenas fez um pouco de ruído, e então lentamente empurrou Aisaka para longe. Em parte impulsionada pela determinação de Ryuuji,

“Trabalhou muito duro para fazer estes chocolates, e mesmo que eu tenha te ajudado, também desejo que você os dê ao Kitamura”.

Ele quis que a determinação e trabalho duro de Aisaka fossem devidamente comunicados a Kitamura.

Ainda assim, Aisaka não olhava para o caminho que Ryuuji tinha indicado.

"Ryuuji, você está bem?! ... Ahhh, como isso aconteceu...?"

Ela lentamente tocou as costelas e o peito de Ryuuji para se certificar de que não havia quebrado nada. Ver a Tigresa de Bolso, normalmente violenta, parecendo preocupada se ele tinha se machucado tratando de protegê-la... Se fosse possível, Ryuuji gostaria que aquele momento durasse mais, porém...

"Estou bem, então... está vendo? Não tenho nenhum machucado."

Com toda a força, Ryuuji fingiu estar bem e começou a fazer alguns alongamentos para Aisaka. Além de suas costas, que havia doído ao ponto de deixá-lo paralisado, ele não parecia estar machucado em nenhum outro lugar. Vendo-o assim, Aisaka por fim deixou sair um suspiro de alívio.

"Ryuuji... Eu... eu..."

Ela estirou suas mãos até Ryuuji com uma expressão que ele nunca havia visto, como se estivesse tentando dizer algo...

"Ei, quem está jogando coisas pela janela?! Apareça agora!"

Ugh! Os dois gemeram. Era o diretor super maldoso da escola. Como tinha chegado até este ponto, já não havia mais tempo de levar os chocolates para Kitamura.

“... Nosso plano perfeito. Parece que não dá mais tempo. Corra até ele antes que acabe ficando com mais raiva e explique tudo, quando acabar você me encontra. Irei te esperar na sala."

"... mas... então irei te levar até a sala primeiro!"

“Não se preocupe. Eu consigo andar. Se apresse, não queremos que isso vire um problema de verdade."

Anda, vai. Ryuuji indicou a direção para ela ir empurrando-a pelas costas. Ela franziu as sobrancelhas e olhou várias vezes para trás antes de finalmente descer as escadas.

Durante esse tempo, a voz do diretor estava ficando cada vez mais feroz. Aisaka precisava se apressar... Falando nisso, será que existe alguém capaz de assustar a Tigresa de Bolso? Eu realmente não tinha ideia.

“... whew... parece que eu usei..."

Já que ele estava sozinho, Ryuuji caminhou lentamente enquanto falava consigo mesmo.

Ele lembrava do que Yasuko havia dito quando estava na escola primária. Disse que antes, era uma 'mini esper', que tinha o poder de se teleportar por três vezes durante toda a vida. Ela usou este poder pela primeira vez quando ainda era uma garotinha: sofreu um acidente de trânsito e foi jogada a vinte metros de distância. Ela conseguiu se teleportar com segurança antes sem se chocar contra a terra e ser ferida. A segunda vez foi quando teve que sair de casa para dar à luz a Ryuuji, em uma jornada para encontrar o homem que tanto amava e sempre levava uma revista embaixo da camisa. Yasuko não entrou nos detalhes, tudo que sabia era que graças a sua habilidade, ela havia conseguido chegar em segurança ao lado daquele homem.

E na terceira e última vez, ela disse, "Deixarei para que Ryuu-chan a use! Ya-chan já não tem nenhum uso para esse poder." Então colocou a mão sobre Ryuuji, ainda pequeno, e transferiu seu poder para ele. Yasuko completou, "Se houver encontrado algo perigoso, use este poder, e volte em segurança até Ya-chan!"

No fim, Ryuuji usou aquele poder somente para ajudar Aisaka. Não havia outra explicação. Ele havia tentado usá-lo quando estava atrasado para escola, ou durante várias outras ocasiões... Ainda bem que não tinha usado-o até agora! Mesmo que tenha se sentido mal por Yasuko por ter usado o poder daquela forma, estava satisfeito por ter ajudado Aisaka - era isso que Ryuuji realmente pensava.

* * *

"Tem certeza de que está tudo bem?"

"Já te falei um milhão de vezes, estou bem!"

"Mesmo que você seja meu cachorro, perderia o sono se tivesse se machucado..."

Aisaka falava suavemente, apertando seu rosto contra o vidro da janela. Não posso acreditar que realmente ela teve a coragem de dizer aquilo depois de invadir minha casa e tentar me matar com uma espada de madeira... Ryuuji quis dizer, mas por alguma razão se manteve calado.

Depois de pegar os chocolates e voltar para sala, a voz de Aisaka parecia mais fraca. Ela estava bem deprimida.

Agora que estavam a sós naquele lugar, tudo era bem silencioso. Fora ele, ninguém nunca havia visto aquele lado da Tigresa de Bolso antes.

“... Sempre sou um fracasso. Nada sai bem, nunca..."

As palavras que ela dizia já não tinham o entusiasmo do resto do dia.

"Esse é só o primeiro dia de esforço, então não é muito surpreendente que não tenhamos tido êxito."

"... é verdade? Se eu não fosse tão lerda, se fosse um pouco mais inteligente... até mesmo você acabou machucado. Nada aconteceu direito não é?... já chega..."

Aisaka se inclinou para trás em direção a janela e se apoiou. Sentada ao lado das pernas de Ryuuji, ela encolheu as próprias pernas.

Brincando com seu longo cabelo, ela usou-o para esconder a expressão que fazia e disse,

"Pelos últimos dezessete anos eu nunca havia me dado conta... mas agora sei a quão lerda eu sou..."

"Um, creio..."

"Se quiser falar, então fale claramente!"

Suas mãos pequenas puxaram a calça de Ryuuji,

"Você também... você também acha isso não é? Deve pensar que não há forma de me ajudar, não?"

Enquanto abaixava a cabeça, ele se encontrou fazendo uma troca de olhares com Aisaka, que estava olhando para cima. Ela descansou as bochechas nos joelhos enquanto seus olhos tremiam de tristeza.

Seu modo normal raivoso havia desaparecido, substituídos por confusão em seus olhos, na maior parte, causados por sua autolamentação.

“... Bem, a culpa do incidente na educação física foi minha, sem falar que o plano era bem falho..."

"Não foi isso que estragou tudo. Foi minha burrice..."

Aisaka fechou os olhos, cansada, como se estivesse lembrando de todos os incidentes do dia.

A aula de educação física no terceiro horário, o almoço de má sorte, e a grande decepção de alguns momentos atrás...

Ele havia se dado conta que foi Aisaka quem jogou o pacote pela janela, e o diretor sabia que não havia forma de puni-la, então rapidamente disse a ela que voltasse para sala.

Eles tiveram sorte de que não ocorreu nada de ruim, mas...

"... Depois de fazer tanto esforço para criar esses bombons... e... (suspiro)..."

Enquanto ela murmurava para si mesma, notou um pequeno arranhão sob o queixo. Tinha sido causado quando Ryuuji a havia salvado de se machucar, e seu rosto bateu contra os botões da camisa. Suavemente ela acariciou o arranhão enquanto pegava o pacote de chocolates que estava no bolso. Tudo que sobraram foi algumas migalhas que não saíram voando.

"Escrevendo uma carta de amor, mas colocando-a na mochila errada; tentando bater em alguém, mas então desmaiando de fome; sendo acertada pela bola enquanto praticava; encontrando pessoas para almoçar, mas que acabaram tendo de ir embora; acidentalmente queimando os chocolates, tropeçando, caindo e jogando-os pela janela; e... tudo isso... isso é só..."

"Oh, você se esqueceu de um... esquecendo-se de colocar a carta no envelope!"

"Sim, tem razão..."

Ryuuji estava tentando brincar para animá-la, mas a maneira com que ele falou não saiu muito bem. Afundada em tristeza, Aisaka escondeu a cabeça entre as pernas e ficou calada.

"Ai, Aisaka..."

Não ouve resposta.

Sentada bem abaixo de uma forma incômoda, ela se envolveu fortemente enquanto ficava imóvel, como um caracol quando entrava para seu casco; somente seus pequenos dedos estavam visíveis e tremiam. Seu cabelo suave cobria os ombros que se moviam lentamente com o ritmo da respiração.

Agora não era tempo, mas Ryuuji sentia que...

Mulheres simplesmente são astutas.

Não importava o quão arrogantes pudessem ser, ou quantos problemas causassem aos outros, contanto que pudessem fazer essa expressão, rapidamente podiam derreter o coração de qualquer homem.

Essa expressão era impossível de ignorar.

Não dava para negar algo como aquilo.

Então Ryuuji levantou sua cabeça e intensificou o olhar. Foi primeiro em sua cadeira, e então voltou até onde estava Aisaka, sentando-se ao seu lado.

“... Aisaka, vamos fazer uma troca!"

"...?"

Ryuuji tocou o ombro dela para fazer com que ela olhasse para cima, enquanto fingiu não poder ver as lágrimas que escorriam de seus olhos. Ele colocou os chocolates que tinha feito e estavam envolvidas em papel alumínio (muito masculino isso) no colo dela, e então pegou o pacote de chocolates que ela segurava em troca. Ryuuji suavemente abriu o pacote que estava bem danificado, só havia alguns pedaços de migalhas dentro, apesar de ainda haver uma boa quantidade.

"Eh... espere... Ryuuji, esse foram pegos do chão, e, e são..."

"Como só comi seus chocolates queimados antes, tenho curiosidade de saber como esses estão!"

Depois de responder, não fez caso aos protestos de Aisaka e colocou as migalhas na boca. Depois...

"..."

Silêncio.

Quando ele comeu os chocolates queimados, o calor do forno, o sabor amargo de carvão e o fato de Aisaka ter enfiado tudo de uma só vez em sua boca, fez com que Ryuuji cuspisse tudo para fora... Então aquela era realmente a primeira vez que ele havia provado das habilidades culinárias de Aisaka... Ero só que, ela provavelmente... Havia trocado a açúcar pelo sal...

"O, os chocolates... estão bons?"

“... Ahhh! Saborosos!"

Aisaka com preocupação abriu mais seus olhos.

"Sim, estão realmente ótimos! Ah... que pena que não pudemos dá-los ao Kitamura. Bem, melhor sorte da próxima vez não é?"

Ryuuji conseguiu escapar com sua cara geneticamente impassível e então sugeriu que Aisaka provasse os chocolates que ele tinha feito. Ela cuidadosamente abriu o envoltório, e então olhou Ryuuji assombrada.

"Uwah... Maravilhoso! Parecem perfeitos. Eu realmente posso comer?"

"Eu queria levá-los para minha mãe, mas suponho que não faz diferença. São todos seus."

Os chocolates foram cozidos de forma bem delgada, essa edição especial estava decorada em cima com açúcar e manteiga. Aisaka olhou os chocolates por algum tempo...

"... são bonitos! De verdade!"

Seus olhos se abriram mais ainda quando ela os colocou na boca.

“... Essa é a primeira vez que eu escuto você falar a palavra 'bonito'."

"Está incrível! São melhores que os que vendem na padaria!"

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"Pela minha experiência, sobre produtos feitos em padaria, sempre acabam saindo melhor quando você mesmo os faz ao invés de comprá-los. Claro que isso é só minha preferência pessoal, mas para os que querem seus chocolates devidamente suaves depois de sair do forno, é melhor cozinhar você mesmo."

"Entendo... um... para mim... eu realmente gostei!"

Aisaka parecia como uma garota normal enquanto se concentrava em comer os chocolates. "Deliciosos!" Disse com migalhas em suas bochechas. Lambeu o açúcar dos lábios e suavemente completou,

"Seriam ótimos servidos com chá vermelho!"

Além de mim, quem mais conhecia esse lado de Aisaka Taiga?

Uma sensação incrível. Até ontem, como muitos outros estudantes, ele também temia a Tigresa de Bolso. Não só temia ser mordido, mas também temia tudo que tinha relação com ela. Então Aisaka Taiga era esse tipo de pessoa... Nessas horas, apenas se interessava em pensar coisas assim.

Essa garota... a filha de algum chefe da máfia ou mestre de caratê, uma garota cruel que escraviza as pessoas como se fossem seus cachorros, ficava tão nervosa ao ver a pessoa que amava que até mesmo se esquecia de como falar. Uma garota incrivelmente lerda, que ficou tão deprimida ao ponto de chorar, devido a vergonha de sua lerdeza... Sempre estava com fome, e queria comidas saborosas.

Ela era uma garota extremamente peculiar... Sempre causando problemas aos outros e causando dores de cabeça.

Mas Ryuuji de repente se deu conta de que não conseguia odiá-la por ser a estranha que era. Ele ainda pensava, ‘Estou feliz de ter conhecido esse tipo de pessoa’. Nesse momento, ele se sentia feliz por alguma razão.

Sim. Mesmo que seja incômoda, mesmo que me dê problemas, ainda que se machuque, só quero confortá-la... Se estou pensando dessa forma, então para mim, Aisaka é...

"... Ei Ryuuji! Eu já sei!"

... se assustou.

Voltando a si mesmo, viu Aisaka Taiga olhando para ele de uma distância bem curta. Mesmo que sua cara fosse pequena, sua pele era bem branca, seus grandes e quase transparente olhos eram realmente lindos. Ainda que ela fosse pequena, seu rosto era simplesmente como o de uma criança... Ryuuji de repente se deu conta disso, e algo semelhante a um calafrio percorreu toda sua espinha.

‘Ahem!’ Ryuuji limpou a garganta.

"... S, sabe o quê?"

Ele perguntou com hesitação, e então...

"Isso é tudo porque você não me ajudou devidamente! É um cachorro estúpido! Um cachorro estúpido sem esperanças de melhorar!"

"..."

Que demônios?! Aisaka encolheu seus ombros e olhou para ele com desprezo. Como devo me expressar... Parece que ela tinha voltado ao normal... Mas, todavia, que demônios?!

Ryuuji estava realmente frustrado, pensando, como podia existir uma pessoa como aquela? Ele deu a Aisaka um sorriso suave... Esquecendo. A perdoarei essa vez!

Pense nisso como um presente especial meu!

* * *

No caminho de volta, eles mantiveram um pouco a distância entre si, ainda que estivessem indo na mesma direção.


Aproximando-se da porta da escola, Aisaka, caminhando mais a frente, parou de andar. Da sua posição era possível ver o campo de esportes que havia depois das árvores.

"O que foi?"

"... O clube de beisebol. Minorin esta lá."

Aisaka indicou mais a frente. Correndo energeticamente sob o sol forte, era nada mais nada menos que Minori. Como se estivesse olhando por um prisma, por alguns instantes só existia Minori na visão de Ryuuji.

Mas ele percebeu que Aisaka não estava olhando onde seu próprio dedo estava apontando. Seus olhos estavam fixos em um dos garotos de cabelo escuro do outro lado do campo, que faziam seus exercícios de aquecimento. Era Kitamura.

Parando de andar, Aisaka ficou ali, suas bochechas tingidas de cor caramelo pelo sol que os castigava. Uma brisa suave soprava, mas ela permaneceu quieta.

Ela realmente parecia gostar do Kitamura Yuusaku.

“... Ei! Posso te perguntar... por que o Kitamura?"

Ela virou a cabeça pela pergunta de Ryuuji, mas não respondeu, e simplesmente abriu e fechou os olhos. Ela o mirava com os olhos claros e disse,

"Já deve ser mais que uma hora, por que não fica aqui um pouco mais?"

Ela parecia estar mudando o assunto. Ele não se importava dela ter ou não respondido a pergunta. Afinal, ele nem mesmo sabia o porquê de ter perguntado aquilo.

“... Você vai ir à frente? O que quer dizer com isso?"

"Tenho certeza de que quer olhar para Minorin com essas folhas de sátiro um pouco mais de tempo. Pode desistir de me ver ajudando vocês dois a ficarem juntos, mas ao menos posso deixar que você a veja um pouco mais! Ela é linda não? Então entendo porque você a escolheu... Não sou tão irracional sabe? Venha à minha casa as oito para fazer o jantar, isso é tudo!"

O que quer dizer com 'é tudo'?! Não, o que queria dizer com 'venha à minha casa às oito para fazer o jantar'?... Não, o que queria dizer com 'é tudo'?!

Sem esperar Ryuuji perguntar nada, Aisaka se afastou a largos passos, e então...

“... Uwaa!"

Seu modo 'desastrada' foi ativado mais uma vez, e ela acabou tropeçando em uma linha que estava no caminho... Sua mochila voou de sua mão enquanto ela caiu sem nenhum aviso como uma garota pequena.

"Ah! Ah...! O que exatamente você está fazendo?!"

Ryuuji suspirou profundamente e se apressou até Aisaka. Ele a recolheu enquanto a mesma murmurava, "cale-se! Deixe-me tranquila!". Depois de pegar sua bolsa e tirar o pó do uniforme, Ryuuji notou que as canelas de Aisaka estavam cheias de marcas... Ela deve ter tropeçado várias vezes enquanto ninguém estava olhando.

Como posso deixar uma garota tão descuidada sozinha? Ryuuji suspirou outra vez. Então olhou de frente o rosto de Aisaka.

"O que você quer para o jantar? Não tem problema eu comer com você não é? Farei a porção para minha mãe e levarei para casa comigo, ok? Você vai pagar os ingredientes não é? Oh, acabei de me lembrar que sua geladeira está vazia. Dessa forma não dá para fazer nada antes de ir primeiro ao supermercado... Oh, e ainda tenho que conseguir um pouco de removedor de mofo e detergente para lavar pratos!”

Não dava para evitar... pensava Ryuuji.

"Assim seja!" exclamou Aisaka. Isso porque não tinha nenhuma forma de recusar. Depois de ontem e hoje, ele sabia que essa garota era estranha, irracional, autolamentante e desagradável. Não havia chance de ameaçá-la. Quando ela decidia fazer algo, ela fazia. Sem mencionar o quanto ela fazia com que ele se preocupasse com ela.

E isso era porque... não podia deixá-la sozinha. Não havia como evitar.

Fora tudo isso, ainda tinham muitas manchas na cozinha europeia de Aisaka que o incomodavam.


"Ei, tira a cabeça da frente! Está tampando a televisão!"

A cabeça que estava tampando metade da vista de Ryuuji contestou sem olhar,

"Fica quieto! Você não pode se mexer um pouco para o lado?"

Falando normalmente, Aisaka respondeu.

"Quê?! Não dá para acreditar que esta televisão é minha!!! Se falar assim outra vez, vou te mandar para casa! Você vive do outro lado daquela janela de qualquer maneira!"

"..."

"PARA DE ME IGNORAR!!!"

O grito de Ryuuji por fim conseguiu fazer com que Aisaka virasse sua cabeça. Seus olhos brilhavam embaixo de suas largas sobrancelhas. Ele fazia um olhar frio,

"Estou vendo televisão agora, então, poderia falar mais baixo? (Suspiro) Um cachorro nunca aprende não é?"

"Por que você..."

‘Vizinha encrenqueira’, era a primeira coisa que veio à cabeça de Ryuuji. Quando ele parou enfrente a mesa de centro e estava a ponto de apontar o dedo para a pessoa que ocupava toda a televisão e se auto intitulava dona de Ryuuji...

"Ryuu-chan... não deveriam brigar agora..."

Yasuko apareceu diante da fusuma aberta e falou,

"Ontem Ya-chan foi chamada pela dona do apartamento. Ela disse que já éramos ruidosos, mas que tínhamos piorado recentemente"

"Bem, a culpa é toda dessa garota... Ei! Por que você não está vestindo nada?!"

A voz de Ryuuji fez com que Aisaka se virasse surpresa, e até mesmo Inko-chan olhou assustado para Yasuko. Três pares de olhos miravam sua pele branca (como neve), porém parecia que ela não se incomodava...

"É claro que não, tontinho. Se usa dessa forma e então coloco isso por cima"

Levando um vestido de peça única quase transparente, e torcendo sua cintura, dava para ver que Yasuko carregava um casaco de pele de leopardo em sua mão.

"Esse vestido parece legal!"

"Hee hee, é legal não é? O que mais você acha Taiga-chan?"

Enquanto Yasuko ria e mostrava seu vestido, Aisaka simplesmente olhava sem mudar a expressão. Ryuuji parou de respirar...

"... Ali!"

Aisaka indicou com o dedo

"Dá para ver sua calcinha."

"Que...! Realmente!"

Inko-chan rapidamente contestou sem esperar,

"Mas é melhor desse jeito!"

Que idiota. Quem neste mundo realmente aceitaria a sugestão de um papagaio?! Enquanto Ryuuji franzia a testa, sua mãe repentinamente ficou mais alegre. Meu Deus! Ela realmente aceitou?!

Yasuko subiu a aba do vestido e deu uma volta completa com sua calcinha exposta.

"Então, usarei isso! Estou saindo para o trabalho!"

Ela sorriu feliz enquanto movia seus seios volumosos, e então rapidamente pegou uma sacola de pães que havia comprado com o dinheiro que tinha juntado e cumprimentou inocentemente com a mão,

"Bem, Ryuu-chan, Taiga-chan, Ya-chan já está indo"

"Sim, se cuide. Não beba muito, e lembre-se de ligar para meu celular se caso encontrar alguém estranho!"

"OK! Taiga-chan, não volte para casa muito tarde!"

"Tudo bem, se cuida."

Ao fechar a porta antiga, a residência dos Takasu foi mais uma vez isolada do mundo exterior.

O que importa, nesse exato momento, colocando de forma simples...

"Haaaa, vou fazer um pouco de chá."

"Faz um pouco para mim também, e traga sobremesa."

"Sobremesa? Nós temos? Para você tudo que importa é comer? Ao menos traga algo útil de vez em quando!"

"..."

"Poderia parar de me ignorar?!"

Caso não tenha notado, Takasu Ryuuji e Aisaka Taiga agora haviam se acostumado completamente da presença um do outro... assim como o resto da família de Ryuuji. Não dava para evitar, já que os dois estavam praticamente morando juntos agora.

Para ter certeza de que Aisaka iria se levantar a tempo, toda manhã Ryuuji ia até sua casa acordá-la.

Trazendo os obentos que ele fazia de antemão, também fazia um café da manhã simples enquanto ela terminava de se arrumar.

Quando caminhavam juntos até a escola, mantinham certa distância um do outro justo antes de encontrar Minori, e então conservavam essa distância até chegar à escola.

Na escola, frequentemente discutiam várias estratégias para ganhar o coração de Kitamura e as colocavam em ação... Apesar de todas até agora terem falhado.

Depois da escola, iam ao supermercado fazer compras... No começo usaram a cozinha da casa de Aisaka, porém rapidamente surgiu um problema: Estava bem se somente eles estivessem comendo, mas fazer aquilo estava deixando Yasuko sozinha. Se Ryuuji cozinhava na casa de Aisaka, teria que cozinhar novamente quando chegasse em casa, ou seja, teria que trabalhar dobrado, o que era molesto. Poderia simplesmente cozinhar tudo no apartamento de Aisaka e trazer a porção de sua família, mas isso também era incômodo.

Então decidiu que iria cozinhar em sua própria casa, e que os três comeriam juntos, o que estavam fazendo nesse exato momento. Pensando nisso, realmente dava bastante trabalho fazer coisas em dois lugares. Mesmo que a cozinha de Aisaka tinha sido limpa até brilhar, era inesperadamente difícil de usar. As facas não estavam afiadas direito e não tinha pratos para todos, aquilo tudo incomodava Ryuuji.

Não esperava que fosse assim, mas Yasuko estava bem aberta a ideia de aceitar Aisaka, e esta, por sua vez, não era muito curiosa ou tinha estranhado Yasuko. Ela simplesmente tinha vindo para comer. E quando era hora de Yasuko trabalhar, ela e Ryuuji se despediam.

No começo Aisaka voltava para casa justo depois de Yasuko ir trabalhar, mas depois começou a assistir televisão, ler mangá, e acabou cochilando, pensando em como estavam Kitamura e Kushieda... E com o tempo acabava ficando cada vez mais na casa dos Takasu...

“... Ah!"

Quando Ryuuji percebeu, as coisas já tinham chegado a esse ponto,

Limpando a baba da boca, chamou a outra pessoa ao lado da mesa,

"Ei! Aisaka! Se levanta!"

“... hmmm...?"

Enquanto eles olhavam para a televisão, tinham dormido sem se dar conta. Ryuuji estava usando sua roupa de corrida, e Aisaka levava seu vestido de laços de uma só peça enquanto dormia sobre o tatame... Já eram três horas da manhã.

"Mais importante, não está bem que você durma na minha casa não é? Então se apresse e vá dormir na sua própria cama!"

“... humm..."

Ele não tinha certeza se ela havia escutado, como tinha posto a cara no tapete de se sentar, o usando como almofada. Aisaka enfiou a mão dentro do vestido e começou a acariciar a barriga...

"Ei, você!...” Ryuuji rapidamente puxou o tapete debaixo da cabeça dela,

"Ugh!... ummm..."

Ao sentir sua cabeça tocando o tatame, momentaneamente Aisaka abriu seus olhos. Então se mexeu um pouquinho, como se estivesse se acostumando à textura do tatame, se moveu para uma posição mais cômoda e então começou a roncar novamente.

Ryuuji se agachou ao lado dela e inclinou o corpo vara ver aquela cara dormente... Levamos uma relação tão íntima! Talvez tenha chegado à idade em que posso andar naturalmente com garota... Não! Não era isso! Ela não é uma garota normal, é a Tigresa de Bolso. Mas, essa garota diante dos seus olhos era realmente a Tigresa de Bolso que rugia ferozmente?

Sua bochecha corada fez uma marca no tapete, e um pouco de leite que havia tomado antes de dormir ainda marcava os lábios. O longo cabelo estava descansando sobre o tatame, e não havia preocupação nenhuma naquela cara pacifica e dormente.

“... Ei... Aisaka... Aisaka... acorda!"

Silêncio. Só se escutava o motor da geladeira no apartamento silencioso de dois quartos e uma cozinha. Faltava pouco tempo para amanhecer e Yasuko voltar do trabalho. Inko-chan continuava dormindo profundamente embaixo do pano.

"Aisaka... Taiga!"

Enquanto o corpo de Ryuuji fez cair uma larga sombra sobre sua cara, ele podia ver seu pulso vibrando. Ele planejava se aproximar da orelha de Aisaka e gritar, por isso se inclinou para frente, mas nesse momento seu corpo ficou tenso. Havia um cheiro estranho vindo de Aisaka.

"Se não acordar... V, vou te atacar!"

...É claro que estou falando sério. Não, não era possível. É que, por que eu iria querer fazer algo a Aisaka? Além disso, já tenho alguém que gosto (Minori...)... Por isso não havia realmente pensado em fazer nada com ela... Realmente!... Eu juro!

Mas ele tinha a pele grossa, ou seja, não era tão sensível. Como não quer acordar, vou assustá-la... Só algo para assustar, isso era tudo.

Mas ele não conseguia se mover. Olhando ele notou um fiapo pequeno de tatame em sua bochecha... isso poderia incomodá-la, Ryuuji pensou... Nada maldoso... Só removerei para ela... Ryuuji respirou fundo e lentamente estirou a mão...

"UMPH!"

Ele foi atirando voando até o fim do quarto.

“... Hmmm? O que... está fazendo?"

“... N, nada..."

Se não fosse coincidência, não teria sido tão perfeito. Quando Aisaka virou seu corpo, ela também moveu seu braço ao mesmo tempo. Seu soco poderoso então, sem intenção, acertou o queixo de Ryuuji.

Aisaka despertou e coçou a cabeça, então fez uma cara irritada enquanto olhava suspeitosamente Ryuuji, que havia aterrissado mais ao longe.

“... estranho... por que estava fazendo tanto barulho? Já está bem de noite. A última coisa que eu queria é que a dona do apartamento viesse brigar conosco novamente!"

"M, me deixa quieto!"

Se Aisaka acordasse completamente naquela maneira, Ryuuji já estaria morto. Ela é um terror mesmo quando está dormindo...

Aisaka era realmente a Tigresa de Bolso. Seus genes selvagens saturaram seu sangue. Ela era o tipo de garota da escola que iria morder qualquer oponente sem piedade.

Mesmo que ele já a conhecesse, Takasu Ryuuji sentia que esse tipo de situação era necessário para confirmar esse feito.

* * *

Testemunho 1

"Esse é Haruta Koji da sala 2-C reportando: Eu realmente vi. Aconteceu enquanto estava comprando algo para comer no caminho de casa depois das atividades do clube, em um supermercado perto da estação... Esses dois definitivamente eram Takasu e a Tigresa de Bolso! Takasu estava levando uma cesta de compras e decidindo qual peixe comprar quando a Tigresa de Bolso colocou um pedaço de carne na cesta. Takasu rapidamente gritou para ela, "Pensava que iríamos ter peixe a vapor essa noite!". E colocou a carne de volta. Então compraram umas cebolas e rabanetes. Quando chegaram ao caixa, Takasu disse "Pega 1000 yenes na nossa carteira compartilhada". Isso foi seguido pela Tigresa de Bolso obedientemente pegando a carteira. Ele disse 'carteira compartilhada'. Como pode dizer isso? Parecia que eles eram um casal."

Testemunho 2

"Esta é Kihara Maya, também da sala 2-C reportando: Eu vi acontecer em uma manhã, no caminho para escola... Normalmente uso uma bicicleta... Conhecem esses novos apartamentos de luxo? Cada vez que passava nesse lugar, pensava no quão maravilhoso seria viver ali. Foi então que eu vi Takasu-kun saindo de lá. Pensei 'Não pode ser!', ele vivia ali?! Então vi Aisaka correndo atrás dele e murmurando, 'Ainda estou com sono! Você devia me acordar mais cedo!'. Não consegui acreditar no que estava vendo! Não pude resistir à tentação de continuar olhando, e vi Takasu se virar e gritar, 'Eu te chamei um punhado de vezes!'... Será que...? Eles estão...?"

Testemunho 3

"Um, esse é Noto Hisamitsu da sala 2-C: Antes era companheiro de sala de Takasu, para ser mais exato. Durante nosso primeiro ano no colégio, nos encontrávamos frequentemente. Mas ultimamente Takasu sempre desaparece quando quero voltar para casa com ele. Não posso evitar pensar no que está acontecendo. Mas ontem, como minha banda favorita havia lançado um novo álbum, pensei em ir à discoteca com ele, então fui chamá-lo durante o almoço... No fim... É muito estranho, mas me disse, 'Espere um momento', e se virou para o outro lado falando, 'Aisaka, não posso voltar para casa com você hoje, está tudo bem?... Chegarei lá pelas oito. ‘... Isso me fez ficar curioso. Voltar? Para casa? E o que ele estava fazendo lá? Então, quando estávamos na discoteca, perguntei o que era tudo aquilo, e ele simplesmente respondeu, 'Não se preocupe por isso'... Definitivamente está acontecendo alguma coisa!"

Testemunho 4

"Essa é Kushieda Minori da sala 2-C: Suponho que poderia me chamar de uma boa amiga da Taiga, mas ultimamente... ela parece como se estivesse escondendo algo de mim. Cada manhã, eu a encontro no mesmo lugar antes de caminharmos juntas para a escola, mas, como deveria dizer?... Takasu-kun sempre vem com ela... Sempre parece estar um pouco atrás, caminhando como se não soubesse de nada. Isso quer dizer que eles são um casal? Ou que prometeram nunca se separar? Mas Taiga sempre diz que 'nos encontramos no caminho', ou, 'sério? Nem notei'. Hummm, estou feliz por Taiga ter deixado seu mau hábito de dormir demais e chegar tarde à escola a cada três dias, mas... Que? Esse é o sentimento chamado ciúmes? O que acontecerá com Rosa Chinensis e Rosa Gigantea? O que acontecerá no próximo episódio?... E o que demônios estou falando!? Ahhhh, não sei o que estou dizendo..."

... Ryuuji apesar de tudo era Ryuuji. Seus olhos ferozes frequentemente conduziam mal entendidos e rumores. Mas ele já estava acostumado, ou melhor, para não sofrer, tinha aprendido a não prestar atenção no que os demais diziam.

... Aisaka apesar de tudo era Aisaka. Ela era o tipo de garota a qual não importavam os rumores. Basicamente, a ela, não interessava ninguém além de si mesma (com exceção de Minorin e Kitamura).

Porque estes dois, já assunto velho na escola, não se deram conta de nada que as pessoas comentavam ao redor deles.

Em sua sala sempre inquieta, os outros estudantes murmuravam entre si, olhando rapidamente para eles e indicando, "... Eu vi mesmo, os dois saíram do mesmo edifício...", "Eu realmente vi os dois no supermercado outro dia...", "Ai estão! Conversando em sussurros novamente...", "Ah! Os dois desapareceram!", "A Tigresa de Bolso chamou Takasu pelo seu primeiro nome", "Takasu realmente tem coragem para chamá-la de idiota sem mais nem menos." , "E também não apanhar dela...", "E ainda seus obentos são iguaizinhos!".

Será que Takasu Ryuuji e Aisaka Taiga eram...?

"Oh, maldição!"

A Tigresa de Bolso rugiu, fazendo com que todos se estremecessem. O que tinha acontecido? Ela tinha perdido sua presa? Sua expressão não tinha mudado.

"Ei Ryuuji! Esqueci de te dizer algo..."

Aisaka caminhou diretamente a cadeira de Ryuuji, perto da janela, não dando atenção ao fato de todos os outros estudantes terem se inclinado para perto deles tentando escutar.

"O que foi agora?"

"Ontem..."

A voz de Aisaka estava ficando mais suave... Não consigo escutar! Disseram os paparazzi enquanto se inclinavam mais.

"... esqueci-me de te dizer..."

Ryuuji fez um barulho e se levantou enquanto escutava a voz suave de Aisaka. Ela estava falando em sussurros que somente ele podia escutar, enquanto as orelhas ao redor tentavam captar alguma coisa.

“... Não estarei voltando para casa esta noite..."

QUÊ?! Os garotos sentados atrás de Ryuuji se congelaram ao escutar isso. O que acabava de dizer? Eles começaram a passar notas e transmitir a todos o que tinham escutado. Ela disse que não ia voltar para casa esta noite! Todos ficaram mudos. Não fazendo caso dos olhares ao redor, Ryuuji respondeu,

"... passar a noite?"

“... Sim."

"Então... já está preparada...”.

“... Sim."

Não tem como! Nunca! Aquilo era a realidade?! Os sussurros voaram por toda a sala. Eu, espera, eles poderiam estar... ele disse passar a noite... e disse que já está preparada...

"Então quer dizer que a Tigresa de Bolso está dormindo na casa de Takasu?"

Engolindo a saliva, Haruta (cabelo longo) disse sussurrando,

"Ele disse que está preparada... e isso quer dizer... a cama? Caramba... acho que devo estar enganado..."

Parado justo atrás de Haruta, Noto (de óculos) contestou suavemente, Uwaa! Algumas garotas começaram a conversar suavemente. Essa podia ser a primeira experiência sexual conhecida da sala!... Kihara Maya ficou corada e proclamou, 'Eu não acho que essa seja a primeira!' Alguns garotos murmuraram em agonia, 'Na verdade eu sempre achei a Tigresa de Bolso simpática... E estive esperando que ninguém houvesse se declarado...' Outros também completaram, 'Eu também. Quando me confessei para ela no ano passado, a resposta que recebi foi, se fosse o caso, todos os garotos deveriam ir ao inferno..." Vários outros alunos expressaram suas opiniões.

A sala inteira se dirigiu completamente até Ryuuji e Aisaka, vendo-os fazer trocas de palavras sobre seu futuro. Aisaka estava olhando pela janela, e por isso ninguém pode ver sua expressão, enquanto Ryuuji franziu a testa, como se estivesse prestes a fazer um desafio a alguém... provavelmente ao pai de Aisaka.

"Ku, Kushieda, parece que algo grande está para acontecer com sua amiga esta noite!"

Minori ficou calada.

"Kushieda?"

Não importava quantas vezes as garotas tocassem seu ombro e a empurrassem, ela estava imóvel, simplesmente olhando os dois.

Mesmo que não seja necessário, vou relatar aqui o que eles realmente estavam dizendo:

"Sua mãe não saiu sem comer nada ontem? Ela pediu para te dizer que 'Esqueci de te dizer, eu não estarei voltando para casa essa noite'. Como será o aniversário do dono do bar, a festa vai durar até de manhã."

"Yasuko vai ficar no bar? Ela vai passar a noite?"

"Sim, foi isso que ela falou."

"Então ela deve estar preparada para ter que aguentar esse velho Inage se queixando a noite inteira, de como ele acaba de se divorciar ano passado."

"Ela disse isso também, algo como um 'Sim, Inage-san é muito... ' AHHHH! Maldição! Pare de me usar como mensageira pessoal da sua família!"

"Se você não gosta, então para de dormir e comer na minha casa!"

"..."

"Quantas vezes vou ter que falar para você não me ignorar?!"

* * *

Era um tempo normal de descanso para a sala 2-C. Takasu Ryuuji lia mangá em sua mesa bem iluminada pelo sol, enquanto Aisaka Taiga tranquilamente bebia leite em caixinha com cara entediada e um aspecto que parecia dizer, "Me deixa sozinha."

Naquele tempo, uma pessoa bem valente veio e bateu nas costas de Aisaka,

"Ei Taiga... Você tem tempo agora?"

Era nada mais nada menos que Kushieda Minori. Então por fim você vai fazer não?... A classe inteira estava olhando as costas da Tigresa de Bolso.

"Por que está com uma cara tão séria...? Ei! Minorin!"

Levando uma cara séria distinta das suas antigas expressões do passado, Minori puxou Taiga pela alça do vestido e a levantou de seu acento. A pequena Aisaka exclamou,

"E, eu posso me mover por mim mesma sem que ninguém me ajude! Vou cair!"

"Siga-me sem perguntar nada!"

Aparentemente Minori era a única pessoa neste mundo capaz de fazer aquilo com a Tigresa de Bolso. Se fosse outra pessoa, ela teria mordido em menos de três segundos. Enquanto todos prenderam a respiração, Minori puxou Aisaka pelo solo como se fosse uma maleta, e disse a pessoa diante dela,

“... Você. Venha também!"

“... Quê?... E, eu?!"

A pessoa a quem ela indicou era nada mais nada menos que Takasu Ryuuji. Ele se assustou por ter sido chamado para fora da sala... Mesmo que ela tenha simplesmente o chamado 'você'... Seus olhos careceram um pouco de pensamento, e nada podia dizer que ele estivesse franzindo a testa naquela hora.

O terraço da escola estava carregado com uma atmosfera tensa... mesmo que não desse para ver tal coisa, dava para sentir.

Era um bom dia. As nuvens lentamente flutuavam no céu de maneira preguiçosa.

"M, Minorin...?"

"Kushieda?"

Depois de trazer Ryuuji e Aisaka aqui, Kushieda Minori virou suas costas para eles... Whoosh... Nessa situação anormal, a jaqueta da equipe de corrida que ela levava sobre o uniforme se movia com o vento.

Ryuuji de repente baixou a voz e falou em sussurros para Aisaka, que estava parada trinta centímetros abaixo dele,

"Ei... O que está acontecendo?"

"Como vou saber?... Essa é a primeira vez que vejo Minorin dessa forma... será que ela esta com raiva de algo?"

Aisaka parecia um pouco entediada inclinando sua cabeça para o lado incomodamente, mas decidiu falar primeiro...

"U, ummmm... M, Minorin...?"

Enquanto estendia a mão, sua voz parou. O mundo inteiro parecia ter parado. Se virando, os olhos de Minori pareciam brilhar por alguns momentos enquanto ela repentinamente saltou na frente de Aisaka.

"Quê?!" gritou Aisaka, se protegendo com os braços. O que estava passando? Minori em silêncio passou pelo local onde Aisaka estava e então...

"TAKASU----KUUUUUNNNN!!!"

"WHOA?!"

Minori se inclinou no chão alguns metros de Ryuuji e elegantemente fez uma reverência diante dele.

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Entre o pó que voava, e a jaqueta de corrida se movendo...

"Agora estou confiando minha Taiga a você! POR FAVOR! Cuide bem dela!"

Ela gritou com uma voz que abriu os céus.

“... Huh?! O quê? EHHHH?!"

Minori dobrou a coluna colocando as mãos no solo que tocava sua testa. Ryuuji ficou completamente atônito por tudo aquilo, assim como também estava Aisaka, que se esforçou para manter a boca fechada.

"Takasu-kun, esta garota... a Taiga, ela é uma amiga muito importante para mim. Às vezes tem um péssimo temperamento, mas ela uma ótima garota!... Por favor! Faça-a feliz!!!"

Chorando... Tudo que Aisaka podia ver era Minori chorando. Passou um segundo... dez segundos... trinta segundos...

A primeira pessoa a recobrar a razão foi Ryuuji.

"Kushieda, es... espera um pouco... D, do que esta falando...?"

"Por favor, pare de dizer isso!"

Minori levantou a cabeça e direcionou seu olhar a Ryuuji.

"Pare de fingir que não sabe de nada Takasu-kun! Já chega! Já sei de tudo! E vou apoiar vocês por todo o caminho!"

Minori exclamou com expressão clara e determinada, enquanto olhava diretamente para Ryuuji... o mesmo, por sua parte, estava hipnotizado e não podia falar.

“... Acha que eu nunca notei? Não caminhavam juntos para escola todo o dia? E eu sempre estou no caminho de vocês. Estive tanto tempo esperando para ouvir vocês dizendo que tinham se tornado um casal... Mas! Não importava o quanto esperasse, simplesmente não me disseram! É por isso!"

"N, não! N... não é nada disso! I, isso, Kushieda, você está completamente enganada..."

"Só queria dizer para vocês que não precisam ficar andando juntos escondidos! Takasu-kun! Taiga! Já sei que vocês estão se vendo fora da escola! Sempre quis dizer isso para vocês!"

Minori indicou Ryuuji com o dedo enquanto continuava ajoelhada, então sorriu e se inclinou outra vez,

"É verdade! Não tem erro! Takasu-kun, você é a única pessoa perfeita para Taiga! Definitivamente não deixarei que mais ninguém bloqueie o caminho de vocês! Então podem ficar tranquilo juntos OK?!"

Mesmo que me implorasse, eu... Como se fosse acertado por uma grande força, Ryuuji se ajoelhou cansado, como se sua alma o estivesse abandonando.

O choque havia deixado-o sem fala... apesar de querer negar tudo. Tenho que negar isso!!!

"Não! V, você está completamente equivocada Minorin! Não temos esse tipo de relação!!! Ao menos pode nos escutar primeiro. Então, por favor, se levante!"

Aisaka saltou diante de Ryuuji e começou a explicar. Ele foi levado ao ponto das lágrimas... Ainda bem que Aisaka estava ali, ela poderia ajudar meu pobre eu a explicar todo esse mal entendido. Ryuuji caiu no chão de concreto e transmitiu uma mensagem sem voz.

Mas...

"Ho ho ho, não tem necessidade de vocês serem tão tímidos. Felicidades para os dois!"

Minori pegou sua saia elegantemente como uma cavaleira e olhou para Ryuuji caído atrás de Aisaka...

“... Takasu-kun, se você fizer Taiga chorar, eu nunca o perdoarei!"

Ela mostrava uma cara bem solene.

“Isso não importa! Espera um momento! Não é o que você está pensando! Realmente!!!, gritou Ryuuji com o fundo de seu coração, lutando para dizer algo, estirando a mão, para explicar a Minori que por sua vez estava se virando e preparando para sair... Mas seu corpo, sua mão e tudo mais foram paralisados pelo choque, ele não pôde explicar nada.

Diante de Ryuuji, que estava imóvel, a última esperança de explicar tudo, Aisaka, também ficava inconsciente como se fosse cortada por uma espada. O corpinho sem vida agora caía para trás, logo diante de seus olhos, e ficava sem se mover, sangue saiu e tingiu seu corpo de vermelho.

"Então é assim... Hmmm, estive pensando que os dois estavam saindo juntos! Takasu, vim ver o que estava acontecendo... Mas suponho que não importa. Felicidades para os dois! Apesar de não entender o porquê nunca me disse nada antes.”

Isso foi Kitamura, que tinha acabado de chegar...

Ele viu tudo da entrada das escadas. E depois de escutar as palavras de Minori, o mal entendido acabou pegando-o.

Aproximou-se do pequeno cadáver caído ao solo, e deu a ele o golpe final,

"Aisaka, deixo Takasu a seus cuidados. Tenha certeza de amar um ao outro. Pensando bem, os dois fazem um ótimo casal!"

E então os dois corpos ficaram sozinhos no solo, incapazes de se levantar...

  • * *

"Ummmm, poderiam, por favor, fazer o pedido..."

"..."

"..."

“... P, perdão, mas não vão pedir nada?..."

“... Só um pouco de suco para mim..."

"Dois, o meu igual ao dele..."

“... Bebidas não? Bem, os copos estão aqui, podem se servir."

Depois de terminar com suas frases perfeitas, a moça voltou e saiu. Mas ninguém na mesa se levantou para pegar as bebidas.

Era mais ou menos dez horas da noite, em um restaurante familiar ao lado da rua principal. Sentados da seção de não fumantes havia dois cadáveres...

Mesmo que ainda fosse Abril, o cadáver maior vestia uma camiseta larga, e pedaços do pano que tinha usado para lavar a cara, ainda estavam em seu cabelo. A pequena levava uma blusa vermelha de quadradinhos e uma saia verde também de quadradinhos. Sobre sua cabeça estava uma massa de cabelo desordenado.

Os dois pareciam absolutamente miseráveis e chocados. Incapazes de dizer nem mesmo uma palavra, nem de abrir ou fechar os olhos, eles simplesmente deixaram que o tempo passasse lentamente.

"Como... pôde... acabar... assim...?"

A primeira pessoa a falar era o cadáver maior, Ryuuji. Colocando os cotovelos na mesa, agarrou a cabeça e falou suavemente.

"O, o que aconteceu de errado? Como Minori chegou a essa conclusão equivocada...?"

Ryuuji por fim viu um lado de Minori que ainda não conhecia. Uma garota bem individualista, incapaz de escutar outras pessoas. Em outras palavras, era bem egocêntrica. Mas, como era a amiga mais próxima de Aisaka, fazia sentido que ambas tivessem algo em comum.

"Para Kushieda, entre todos... entender errado..."

E para ter seu amor por um ano inteiro de repente se ajoelhando em sua frente... Igualmente importante, Aisaka também havia sofrido o mesmo golpe.

"..."

Aisaka movia seu olhar vazio enquanto se sentava solta na borda do sofá. Ela vai cair se continuar sentada assim. Aquela era realmente a Tigresa de Bolso? Era realmente a Tigresa de Bolso da sala 2-C que podia chutar um garoto a milhas de distância somente com um olhar? A Tigresa que rugia com tamanha ferocidade? Ryuuji começou a sentir pena...

"A, Aisaka... cuidado..."

Ryuuji estirou o braço sobre a mesa e sacudiu o pequeno ombro de Aisaka, mas...

"..."

Usando o que restava de sua energia, ele caiu exausto sobre a mesa. Realmente... Como aquilo foi acontecer?!

Ele já deveria estar acostumado a sentir-se ferido.

Se fosse sobre ser mal entendido ou dar a impressão incorreta, ele já deveria estar acostumado desde o jardim de infância.

“... Ahhh, isso é..."

Ryuuji então se deu conta do porquê estava tão chocado. Não era por ser mal entendido, era porque mesmo depois de ser mal entendido, o que recebeu foram sorrisos bons e palavras sérias de aprovação... como resultado, não pôde se explicar devidamente e por isso estava tão frustrado.

‘Sou um idiota!’ Ryuuji mal disse a si mesmo. Só espero... Mesmo que ela nunca tenha me querido, e nunca tenha feito nada para ganhar seu coração. O que estive esperando?! Talvez eu nem tenha o direito de me sentir deprimido...

Depois de ficar nesse estado por algum tempo, levantou a cabeça notando algo...

"Ah..."

O som de dois copos sendo postos na mesa.

"... Esse é o seu. Não sabia o sabor, então de todos os modos... é do tipo 'West Indies', tem bastante vitamina C..."

Aisaka havia se levantado de sua cadeira silenciosamente e trazido os grandes copos de suco vermelho. Depois de colocá-los na mesa voltou para seu assento.

“... Aisaka..."

Quando você começou a respirar novamente? Ela deixou sair um grande suspiro diante de Ryuuji. Sentando-se direito, Aisaka levantou a cabeça e disse,

"Sinto muito, era porque sempre estávamos tão apegados um ao outro... É porque quis fazer tudo da minha maneira que acabou assim... Sempre fazendo o Ryuuji se meter... Sendo uma dona como eu fui, não tenho o direito de te chamar cachorro estúpido..."

Somente seus olhos se moviam de forma normal. Durante disso, ela parecia esgotada, e o brilho de seu olhar perdia o lustre habitual.

Uma pedra caiu no fundo do coração de Ryuuji.

Aisaka parecia normal. Era porque sempre estávamos juntos que nos entenderam mal e chegamos a ser feridos! Fosse Aisaka ou fosse eu, nós dois acabamos nos metendo por completo. E por causa disso, sempre estivemos lado a lado, sempre juntos...

Mas...

“... Bem... não me incomoda de verdade... que estejamos... juntos..."

Ryuuji quis dizer algo, mas decidiu se render. Aisaka também sentia a dor daquela situação! Isso era porque... eu simplesmente não podia falar de uma maneira que parecesse confiável... Então foi Aisaka quem falou.

"Eu... decidi."

Brincando com o gelo no copo usando o canudinho, ela levantou a cabeça e olhou Ryuuji de frente com um par de olhos determinados,

"Amanhã, eu simplesmente irei e me confessarei ao Kitamura-kun. Não vou dar espaço para todos esses erros tontos. Vou usar a maneira mais direta... e normal... para me confessar."

Ainda que seus olhos revelassem inseguridade, ela também disse, "Eu decidi" O que estava de boca aberta ali era Ryuuji.

“... Aisaka... Por que... tão repentino... Não, justamente agora que estávamos fazendo algum progresso..."

"Na verdade, não fizemos progresso nenhum, sem mencionar..."

"Ele nos entendeu mal, e acabei te metendo nessa situação também..." Ela disse isso com uma voz muito suave,

“... E é por isso que eu quero pôr um fim nessa situação."

"Um fim? O que quer dizer..."

"Colocar um fim a nós dois 'estando juntos todo o tempo'"

Ela terminou.

Depois de terminar, os olhos de Aisaka ficaram transparentes, ainda que sua expressão parecesse fria como se acabasse de cair em uma piscina de água gelada. Ryuuji ficou sem palavras.

"Está livre de agora em diante! Nesse caso, pode fazer o que quiser... Eu não direi nada. Se quiser se confessar para Minori, ou o que seja, então faça!... Não importa como vai acabar minha confissão amanhã, já não tem que se preocupar por mim."

"...!"

"Seu trabalho como cachorro acaba hoje. De amanhã em diante, voltaremos a ser como éramos antes... antes da carta de amor!"

Uma declaração de emancipação.

Ele já não tinha que escutá-la mais.

Era suposto que deveria de estar feliz por isso!

Ryuuji não conseguiu dizer nada.

Ele poderia ter dito "Obrigado pela companhia" ou "Finalmente, é hora da festa" ou algo nesse estilo. Mas ficou calado. Nem mesmo um "será solitário agora"... absolutamente nada. O cérebro de Ryuuji não pôde pensar em nada. Tudo que pôde fazer foi agarrar o copo gelado... Mesmo que seus dedos estivessem se congelando devido ao frio do gelo, seu coração também parecia estar tão frio como o inverno.

Por alguma razão Aisaka sorriu... Sorriu caladamente. Olhando Ryuuji, ela afastou os olhos dele com vergonha e cobriu sua boca com as mãos enquanto abaixava a cabeça,

"... É muito estranho, como chegamos a estar juntos assim? Não tivemos nenhum encontro ou algo do tipo! Dois cadáveres ambulantes que naturalmente se reuniram aqui... Comendo juntos todos os dias... Constantemente matando o tempo discutindo juntos..."

Um pequeno riso saiu de suas pequenas mãos, enquanto os olhos se fecharam até formar duas meias luas. Aisaka estava realmente rindo, a primeira vez que Ryuuji a via rindo de verdade.

"Eu... não quero ir para casa, não quero ir para esse lugar onde sempre estou sozinha, então sempre acabava me metendo em sua casa e comia lá, isso e realmente... hummm, muito..."

Aisaka parou o que estava tentando dizer e encolheu os ombros silenciosamente. O que ela estava tentando dizer exatamente? Ela mudou o olhar casualmente, e então fechou os olhos, como se estivesse cuidadosamente jogando fora tudo que seus olhos haviam visto, bem suavemente, sem fazer um só ruído.

"É que... hehe, como devo dizer isso? Mas... hummm, na verdade, ao menos eu não morri de fome. Huum, realmente sou um pouco lerda não é? Reparou que vivo sozinha não?"

Aisaka provavelmente não viu Ryuuji indicar com a cabeça.

"É um uma história ruim. Não me levava bem com meus pais, e sempre estávamos discutindo. Um dia falei 'Vou sair dessa casa', e simplesmente disseram 'Pode ir, mas não volte. ' E então me deram esse apartamento... Antes que me desse conta, já estava pensando em voltar, mas meu orgulho falou mais alto.... E quando me mudei para cá, descobri que não podia fazer as tarefas domésticas... era uma droga! Não veio nem mesmo uma pessoa me ver... O que realmente era tonto, e que mesmo que soubesse que meus pais eram esse tipo de gente, ainda os esperava. Estúpido não? Então pode rir! Eu não vou ficar com raiva."

Aisaka abriu os olhos.

Depois de dizer tudo aquilo de uma só vez, Ryuuji sabia que seus ombros deveriam estar cansados.

Que demônios é isso?! Essa história simples que Aisaka contou... Não era um desses contos trágicos de abandono? Não era como a história da boneca que foi deixada sozinha no castelo depois de ser abandonada pelo rei e sua família?

Mas Aisaka estava rindo, e parecia estar esperando que Ryuuji risse também.

Então...

"Heh... haha!"

E foi por isso que...

"Heh heh heh! Hahaha! Sim, isso é realmente tonto..."

"Eu te falei!"

Ryuuji riu, mesmo enquanto seu coração parecia feito em pedaços, ele ainda deu seu melhor para rir feliz e gentilmente... Porque ninguém tinha desejado tão fortemente que ele risse antes.

Tudo terminava hoje. Tudo voltaria a ser como era antes a partir da manhã seguinte. Nem mesmo cumprimentando – a Tigresa de Bolso que ninguém atrevia se aproximar –, voltaria a ter uma companheira de sala conhecida como a Tigresa de Bolso.

Se esse fosse o caso, então deveria rir o máximo que pudesse agora, e com cuidado observar o último sorriso de Aisaka nesse restaurante familiar com decoração tão simples.

Então está bem que eu mostre! Estou seguro que de vai rir como uma louca ao ver.

"Haha, deixa eu te mostrar algo interessante. Sabe quem é esse?"

Essa foto velha que ele tinha posto em sua carteira.

"Quê? Ah... será que... seu pai?!"

"Sim! Acertou!"

"Pft! Wahahahahaha!" Uma risada ruidosa atraiu os olhares de todos ao redor,

"Qu, quem é esse? É igualzinho a você! Ahahaha! Cara, isso é tão engraçado!"

"Olha ao redor dos olhos... somos iguais não é? Eu e este idiota!"

"Já chega! Pare de me mostrar isso! Ahahahahaha!!!"

Se contorcendo e contendo as lágrimas, Aisaka debruçou sobre a mesa rindo, segurando-a com suas mãos, chutando loucamente com suas pernas. Continuava rindo mesmo depois de ter ficado rouca. A cara de mafioso, perfeitamente herdada, parecia puxar algo de dentro de Aisaka. Se a característica herdada que tanto o desagradava tinha o poder de deixá-la feliz, então valia a pena ter aquilo no final das contas.


“... Nunca mostrei isso para ninguém."

"Ha, haha, cara...! Não acho que tenha rido tanto antes... Como conseguiu receber esses genes?!"

"É divertido não?"

"Sim, tem razão! Aahaha! Como mostra de gratidão por ter me mostrado seu segredo, então vou te contar algo interessante como recompensa... vou te contar meu segredo."

"Sabe..." disse as escondidas, e cobrindo a boca para prevenir que seu riso saísse, as bochechas de Aisaka estavam escarlates enquanto seus olhos brilhavam. Indicou para Ryuuji se aproximar e falou em sussurros em sua orelha.

“... Aquelas migalhas de chocolates eram salgadas não é?"

"Quê?!"

Sua voz suave fez Ryuuji gritar. Como? Como ela sabia o sabor...?

"He he! Na verdade eu peguei os chocolates e comi um de frustração! Sabe o que? O sabor era horrível! Mas você não me ouviu, e comeu todos... e depois contou uma mentira..."

Saiu assim, como uma revelação.

Enquanto Aisaka guardava o ar, enquanto seu sorriso ficava triste e buscava palavras que pareciam perdidas, ela abaixou a cabeça e cobriu sua expressão,

"Você... Ryuuji, como um cachorro, é um cachorro bem estúpido. Mas como humano... você é ótimo! Isso é porque... é porque eu sou... então devemos terminar com isso... Você não é chato, nossa relação, como devo dizer... não é uma de dono e servente, mas uma de iguais..."

"Provavelmente não entende o que estou dizendo!" completou.

Deixou de falar, e quando levantou a cabeça novamente, Aisaka havia voltado a sua expressão normal e fria...

"Me sindo com fome outa vez." disse enquanto abria o menu. Ryuuji fez o mesmo. Ambos pediram um jantar de bisteca de hamburgue. "As bistecas é que realmente te fazem sentir melhor!"

Então tiveram uma conversa normal, discutiram sobre quem iria ao bar pegar as bebidas, e é claro, Ryuuji acabou indo. E então... seu tempo limitado juntos foi desaparecendo minuto a minuto, segundo a segundo...

O tempo fluía igual para todos, sem nunca parar.

Depois de pagar a conta, os dois caminharam pela escuridão até seus apartamentos.

Havia algo mágico na temperatura de uma noite de primavera. O vento soprava sobre a pele. Ryuuji não conseguiu parar de falar, e a própria Aisaka também.

Ao longo da caminhada de vinte minutos, Aisaka constantemente chorava... sobre quando e como sua mãe estava em uma cidade distante, e sobre o quão horrível sua madrasta era, e como ela era parte do motivo que fez Aisaka escolher mudar de casa.

Ryuuji falava sobre viver junto de sua mãe, de como eram pobres, e de como eram menosprezados constantemente, também do estranho que perseguia Yasuko. Também mencionou o quanto ele foi mal entendido devido a seu aspecto intimidante, ainda falou de coisas diárias e vergonhosas que tinha experimentado por causa da pobreza.

Ryuuji nunca tinha contado a ninguém sobre esses problemas pessoais, talvez seja por isso que Aisaka também tenha contado seus problemas. Estarei certo? Ele não podia fazer esta pergunta, era muito íntima, mas achava que sim. Aqueles foram dias felizes, e ele lamentou como haviam passado rápido.

Infelizmente, ninguém podia parar o tempo que fluía lento e constantemente, e por fim...

“... Ahhhh, maldição!"

Embaixo de um poste de eletricidade na esquina da rua.

O poste mal afortunado havia se transformado em um alvo para frustração de Aisaka. ‘Whack! Pong!’ O ataque destruído seguia sem parar. Ela parecia que estava bêbada!

"Isso não é justo!... Como o mundo pode ser tão cruel conosco? Quem pode entender a frustração que estamos sentindo?!"

Sua voz aumentava e ecoava por toda a zona residencial, a essa hora coberta pela escuridão. Ryuuji não a detinha, ficou simplesmente parado ao lado de Aisaka aprovando sua ação.

"Tem razão! Assim são as coisas! Ninguém entende pessoas como nós!"

"Ahhh, isso me incomoda muito... estou irritada! Irritada, irritada, muito irritada!!!"

Ela deu uma série de chutes que uma pessoa normal não poderia fazer, então se cansou e virou sua cabeça,

“... Ei Ryuuji! Se sente inquieto quando pensa em Minorin não é? Pensando em como não houve progresso entre vocês, e o que deveria fazer para ficarem juntos? Você fica frustrado ao pensar nisso?"

"Sim, acho que sim!"

Ele só havia começado a pensar de verdade na pergunta que tinha lhe sido feita depois de ter respondido. Parando para pensar, sempre esteve preocupado de como passar cada dia tranquilamente com Aisaka, que estava muito esgotado para pensar em seu próprio coração...

"Então, você já chorou alguma vez... Ryuuji?"

"... você chora?"

"Sim."

O silêncio rapidamente os envolveu.

Aisaka levantou sua cabeça e olhou o céu noturno, ela se afastava do poste. Moveu o cabelo desordenado, revelando sua pele branca como a neve, limpa e delicada.

"Estive pensando em todas essas coisas hoje... Se eu chegarei a estar perto dele, ou se ele já tem até mesmo uma namorada... E, eu penso em outras coisas... justo como uma idiota, pensando em muitas, muitas coisas... Provavelmente ninguém vai saber... Ninguém vai entender... ninguém..."

Sua voz estava tão suave como um mosquito, e ainda que Ryuuji não pudesse lhe escutar devidamente, ele sentia como se o céu nublado noturno tivesse sido envolvido por essa voz solitária e silenciosa.

“... Se alguém soubesse o tipo de pessoa que você é, todos certamente se surpreenderiam!"

Ryuuji também olhou para o céu buscando a lua antes de continuar,

"Quem teria imaginado que você poderia chorar por uma coisa assim?... Somente eu, só eu sei disso."

"Que sem vergonha." comentou Aisaka. Ela suspirou enquanto mexia os olhos.

“... Ryuuji, você é igual a mim! Ninguém te entende, a não ser eu, e eu sei de muitas coisas."

"Do quê está falando?!... Como o quê?"

“...Ainda que Ryuuji possa parecer malvado, nem mesmo se atreveu a falar com a garota que gosta; ainda que pareça malvado, não é o tipo de pessoa que faria dano a ninguém; ainda que pareça malvado, é realmente um bom cozinheiro... E ainda que seu olhos dão as pessoas tanto medo que ninguém se atreva a aproximar, na realidade é uma pessoa muito sensível e considerada... tenho razão?"

"Nunca tinha pensado que sou tão sem esperança assim."

“... você diz sem esperança?... não penso dessa forma..."

Sob o vento suave de primavera, o cabelo de Aisaka se movia suavemente. Ela agarrou-os com os dedos enquanto dizia algo suavemente com os lábios:

"Você é realmente uma pessoa gentil."

"Aisaka..."

Será que sou somente um garoto bom e cansativo? Quis perguntar originalmente, mas não pôde dizer nada, porque o rosto de Aisaka parecia torcido de dor.

“... Eu sou somente o oposto exato de você. Sou uma pessoal normal e inútil, não sou gentil com ninguém, e têm muitas coisas que não sei... Ou talvez deva dizer, não têm muitas coisas que eu seja boa em fazer! Qualquer coisa que esteja em meu caminho deve simplesmente se afastar! Todos eles! Todos! Sem exceção! Todos!..."

Ela levantou a beirada a saia, estirou suas pernas brancas e começou a chutar novamente...

“... EU... ESTOU... TÃO... CHATEADA!!!"

Ela deu ao poste um chute para terminar. Ryuuji se assustou pela emoção repentina que ela expressava e retrocedeu.

Caramba!, murmurava e pensava que além de proteger essa Tigre feroz, não sobrava muito mais para ele fazer.

"Maldição, maldição, maldição! Tigresa de Bolso?! Eles pensam... seriamente... que eu não me importo???!!! POR QUÊ?! Por que ninguém entende???!!!"

A lua amarela apareceu em cima deles, como se fosse chamada pelos rugidos do tigre.

A sombra de Aisaka abusando do poste elétrico se estirava pela rua fria. Ryuuji simplesmente ficava parado e olhava, e então se aproximou um pouco para reduzir a distância entre eles, sua sombra também se alargou.

As sombras se tocaram, mesmo que em realidade, não chegaram a estar em contato um com o outro.

"Todos... todos eles... me dão nojo! ... Essa idiota da Minorin!... Por que não podia me escutar?! O mesmo para Kitamura-kun! Por que eles não nos ouvem?! Por que ninguém tenta me entender?! Minorin, Kitamura-kun, todos!... Todos eles, até mesmo meus pais, todos. Eu... eu nunca os perdoarei! Porque ninguém, ninguém me entende!... Ninguém! Me! Entende!"

Aisaka envolveu o poste com seus braços e seguia chutando até que não conseguia falar mais. Ela deve ter sido realmente atormentada ao ponto de chorar por várias vezes antes, e por tanto reprimí-las, durante todo esse tempo, estava se afogando...

"Ugh, Ugghhh...!"

"Ei! Pare, idiota!"

Ela se inclinou para trás preparando para usar toda a força em uma cabeçada... Ryuuji conseguiu parar Aisaka justo a tempo. Não tem como uma cabeçada vencer um poste elétrico!

"Mas estou com muita raiva!"

Chorou, essa vez saíram lágrimas de seus olhos.

Aisaka agora havia chegado a se tornar uma criança inocente que não conseguia parar de chorar. Já sei! Ryuuji decidiu o que fazer... mais ou menos. Ainda que ele não fosse capaz de fazer nada incrível, ao menos podia fazer algo mais útil que usar palavras vazias como, "eu sei o que está sentindo". E isso era...

“... Deixa-me ajudar!"

Ele tomou ar e com toda sua força,

"ISSO TAMBÉM ME FAZ FICAR COM RAIVA!!!"

Uma pessoa que não estava acostumada a chutar coisas havia entrado na confusa briga entre Poste-Aisaka. Usando técnicas que tinha visto no torneio de K-1, os chutes de Ryuuji sacudiram o poste elétrico que balançava inseguro.

Ele e Aisaka provavelmente pareciam horríveis agora, atacando o poste juntos. Isso foi porque Ryuuji já teve um inimigo, e esse inimigo era como uma pedra bloqueando o caminho de sua vida, e Ryuuji sabia muito bem o que Aisaka sentia. Ela também teve um inimigo... mais ou menos. O inimigo que estava entre ela e sua vida realmente existia. Quando ela queria estar com alguém, ou até mesmo gostava de alguém, esse inimigo aparecia. Talvez ele pudesse ser chamado de "baixa estima" ou até mesmo "destino, "genéticas", ou "envolvimento", Ryuuji achava que provavelmente se chamava "Algo que não se pode fazer sozinho." Ele podia assumir vários nomes.

Não importava como, e impossível tentar vencer esse inimigo, e eles não tinham ideia de quantas vezes teriam de enfrentar aquela batalha no futuro. Se não chutasse fortemente o poste elétrico agora, provavelmente nunca mais poderia deixar a raiva se libertar. Poderia ter escolhido atacar uma parede, uma caixa... mas parecia que aquele dia desafortunado seria do poste.

Ryuuji decidiu ajudar por essa razão, nada mais. Não importava o quão estúpido fossem, o quão tontos, o quão ridículos estavam sendo, eles agora tinham se transformado em bestas selvagens atacando ferozmente na noite de primavera.

O inimigo de Aisaka parecia maior e pesado que o de Ryuuji... Ao menos assim ele pensava. Agora entendo. Você se transformou em um tigre para poder se proteger desse inimigo invisível. O poste agora parecia ficar maior, pesado e duro, mais difícil de vencer. Aisaka sempre esperava ter o poder de lutar contra esse inimigo, e por isso virou um tigre.

Aquilo a assombrava. Mesmo que eles fossem jovens, tinham uma coisa em comum. Isso era o fato deles se entenderem. Quando ele a via esgotada ou morrendo de fome, não podia deixá-la sozinha.

Não importava o quão irritado, ou até mesmo enraivecido ele ficasse, simplesmente não podia abandoná-la.

"Ryuuji, saia da frente!"

"Por que você pegou esse pedaço de madeira... Whoa!"

Ele foi assustado por Aisaka repentinamente levantando a cabeça, e todo pensamento desapareceu de sua mente ao ver a cara que ela fazia.

Ela estava rindo, rindo amargamente. Um olhar venenoso, a Tigresa de Bolso olhava para sua presa procurando morte...

"Toma isso!"

Esse tipo de atitude.

Ela soltou o pedaço de madeira e caminhou mais para longe. Se virando, falou,

"Espere por mim Kitamura-kun. Vou me confessar para você!!!"

A audiência (Ryuuji) ficou de boca aberta. Depois de vir correndo, ela deu um chute voador perfeito. Seu pequeno corpo voou elegantemente, e sob a iluminação da lua, esticou a perna direita em direção ao poste.

"...!"

Ryuuji não pôde evitar fechar os olhos para a cena exagerada, e não os abriu até que escutou o golpe forte de algo caindo no chão. Ele correu até Aisaka, que havia caído de bunda ao lado do poste.

"Idiota! Sua perda...!

“... Ryuuji! Olha!"

"Hmmm?"

Aisaka apontou para o poste, parado ao lado dela. O que foi? Ele olhou novamente para Aisaka e a viu sorrindo de triunfo.

"Não acha que está quebrado?"

"Quê?! Isso é impossível! Como poderia se inclinar somente por alguém ter dado um chute?"

Ele olhou para o poste e viu arames que se projetavam para fora da estrutura em uma parte que havia trincado e perdido cimento.

“... Caramba, está realmente quebrado!"

"Eu te falei!"

Sim! Ganhei! Aisaka sorriu para si mesma. É claro que o poste podia estar trincado desde o início e eles não haviam reparado. Ou talvez realmente Aisaka houvesse quebrado o poste, ele não duvidada.

Ele acreditou que o poste realmente tinha sido quebrado pela Aisaka, a Tigresa de Bolso.

Porque ela estava sorrindo depois de tudo.

“... Ei, isso foi a polícia?"

Talvez porque estavam fazendo muito barulho, eles não viram uma silhueta montada em uma bicicleta se mover na direção em que estavam. Era realmente um policial uniformizado. Ryuuji rapidamente se virou para Aisaka.

"Isso é ruim, vamos sair daqui! Huh... O que foi? Você está bem?"

Ele olhava a tonta que simplesmente se sentava sem se mover.

"Está doendo..."

"Mas é claro!"

Aisaka parecia bem animada quando atacou o poste. Agora estava se sentada com a saia levantada e segurando seu calcanhar esquerdo com a mão pequena. Ela olhava Ryuuji com uma cara sem esperança,

"Acho que me machuquei durante esse chute... Ow!"

Sua boca virou um V invertido. O que farei? Ryuuji coçou a cabeça.

"Não é obvio?! Caramba... parece que isso inchou..."

Ryuuji se ajoelhou para poder olhar cuidadosamente, e franziu a testa. Sob a luz fraca da rua, ele podia ver claramente na perna uma mancha roxa que destoava da pele branca.

“... O poste deve ser muito duro... Ow!"

"É claro que sim! Realmente..."

Ele suspirou profundamente. Era uma sem esperança. Então virou as costas para ela... Suponho que era isso que chamavam cortesia. Ele gostava daquele sentimento.

"Vem, vou te levar. Ei, espera... UMPH!"

Ele estava esperando ela subir, mas havia se esquecido de uma coisa: apesar de tudo, era a Tigresa de Bolso. Ainda com a dor na perna, ela conseguiu saltar com bastante força e chegar às costas de Ryuuji. Ela agarrou fortemente o pescoço, quase o enforcando.

"Não... não posso... respirar..."

Ryuuji freneticamente batia na mão de Aisaka que estava apertando sua traquéia e artéria, tentando dizer que ele corria perigo de vida.

"Ei Ryuuji! Não é um policial? Vamos correr!"

Não tinha te falado isso há alguns momentos?!... Como sua garganta estava estrangulada, ele não falou corretamente, e então não teve outra possibilidade senão correr.

Pegando um caminho mais longo por uma rua quieta, ele corria silenciosamente pela escuridão. Chegaram a uma rua que faltava iluminação. O silêncio era irreal, não disseram nada entre eles. Sentindo o calor um do outro, não podiam se comunicar.

Ele realmente estava carregando Aisaka em suas costas.

Ela apoiava o queixo na cabeça de Ryuuji. Sem falar simplesmente indicou mais a frente em direção a um semáforo.

"OW!"

Clang! Um estrondo ocorreu e Aisaka gritou.

"O quê? O que aconteceu?!"

Ryuuji rapidamente parou e se virou para olhar para Aisaka em suas costas. Sentindo a respiração um do outro, se olharam na escuridão.

"P, parece que havia um letreiro no meio do caminho... e me choquei com ele."

"Por que você não desviou?"

"Foi muito repentino! E não consigo ver nada na escuridão! Você que está correndo também não viu?!... Ouch, maldição..."

“Onde te acertou? Aqui?"

Ele estirou sua mão e tocou a testa quente de Aisaka, não fazia sentido olhar na escuridão.

“... Não parece que está sangrando, e não tem nenhuma marca... Acho que vai ficar bem."

"Que má sorte."

"Isso não tem nada a ver com sua sorte, é porque você é muito estúpida."

"O que você falou?!" Ryuuji rapidamente correu com Aisaka, que estava protestando e apertando mais sua garganta. Uma vez que haviam chegado à rua principal, não estavam longe de casa.

“... Foi bom que você não se machucou com a pancada."

Com o som de um apito de polícia soprando um pouco atrás, a pessoa nas costas de Ryuuji provavelmente não estava escutando o que ele dizia.

"Amanhã você vai se confessar para o Kitamura. E não está bem que você acabe aparecendo na frente dele com um galo na testa."

Aisaka ficou calada.

“Está bem...”

Ele sentia a pele suave dela tocando a sua... Estava segura em suas costas sem nenhum dano grave. Isso estava bem... Contando que ficasse assim, estaria tudo bem.

Depois de assegurar que a bicicleta da polícia não estava perseguindo-os, saíram do beco em que estavam e voltaram para as luzes brilhantes. Enquanto caminhavam, cruzaram com várias pessoas que voltavam para casa depois de um dia cansativo de trabalho. Havia também algumas mulheres mais velhas caminhando com seus cachorros. Todos estavam ocupados da sua própria maneira, e não se incomodaram em olhar para Ryuuji e Aisaka. Sejam empregados, médicos, tios ou tias, todos tinham seus próprios inimigos para enfrentar, e provavelmente todos queriam ter uma noite como a que tiveram, descontando tudo no poste elétrico. A razão deles não fazerem isso, é porque provavelmente já eram crescidos e maduros.

De repente a imagem de todas essas pessoas aliviando suas frustrações sobre um poste elétrico veio à cabeça de Ryuuji, e ele não pôde evitar rir, o que Aisaka notou e perguntou,

"De quê está rindo?"

Ela esticou a cabeça, sua respiração tocava as bochechas de Ryuuji.

"Nada... só algo inútil."

"Eh?! O que é? Agora! Fala!"

"UGH!"

Ela estava o estrangulando novamente.

"P, por que você..."

"Porque estou curiosa! Do que estava rindo?"

“... Como falei, nada importante, então não vai ficar se preocupando por isso o resto de sua vida."

Seriamente... como pessoas como aquela podem existir? Ele pensava enquanto mantia sua traquéia livre para falar. Como uma ‘tigre tirânica’, ela é forte, violenta, egoísta e desagradável. Quantas vezes sofri por passar meu tempo com ela. Tem essa vez, e esta, e também aquela...

Pensando bem... estas dores pareciam diminuir com o passar do tempo. Provavelmente não havia emoção embaixo desse corpo quente que ele carregava nas costas. Eles estavam se aproximando do apartamento de luxo, e ainda assim ela provavelmente não teria nenhuma mudança de emoção, como sempre... Mas...

Os braços que agarravam sua garganta de repente se soltaram.

"Pode me deixar aqui." disse Aisaka, tocando o ombro de Ryuuji.

Diante a entrada do apartamento, Aisaka elegantemente saltou das costas de Ryuuji. Ao soltar seu pescoço, ele sentiu algo desaparecer, aquele calor. Enquanto tudo desaparecia, Ryuuji se virou para olhar Aisaka parada diante da porta de vidro.

Ele sentiu seu coração doer como se algo houvesse o acertado...

"É isso ai Ryuuji. Chegamos justo a tempo, olha só!"

Ela levantou a mão e mostrou seu relógio. Os ponteiros indicavam 11h59min.

"Ahhh, estou cansada... Ao menos chegamos em casa tranquilos. Tudo termina hoje, agora. Depois disso, já não vai ser meu cachorro. Somente trinta segundos.... Não tem nada a dizer sobre isso?"

“... Algo a dizer... o que?"

"Tem alguma última palavra para dizer como meu cachorro estúpido ou não?"

“... Bem... pedindo-me repentinamente para dizer algo..."

Parada dois metros diante dele, Aisaka sorriu, ao menos parecia estar sorrindo.

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Inclinou seu pescoço como se estivesse esperando Ryuuji falar. Mas, o que poderia dizer? O que iria dizer...?

"... Dez segundos... cinco segundos..."

Não pôde dizer nada.

Uma brisa soprou entre eles. Aisaka abaixou sua mão e disse, "Adeus."

"Sim, te verei amanhã! E, boa sorte!"

Isso foi tudo que disse.

"Adeus, Takasu-kun."


Ele não se levantou a tempo.

Ainda que os ingredientes para o café da manhã e para os obentos estivessem preparados, ele tinha esquecido de preparar a cozinha.

Se esqueceu de alimentar Inko-chan e trocar sua água.

Porque estava com pressa para sair, mais tarde descobriu que calçou meias erradas.

“... O, o que, que demônios estou fazendo?..." Ryuuji murmurava ao olhar para baixo. A meia direita era preta, enquanto a esquerda azul escuro.

Foi somente quando ele chegou ao armário de sapatos na entrada da escola e ao trocá-los por calçados de interior que descobriu esse erro. Já não havia o que fazer, ainda que o erro fosse óbvio. As cores eram bem diferentes, como ele havia conseguido confundí-las?

Mas não teve tempo de se lamentar. O diretor estava parado nas escadas conduzindo os estudantes à suas salas. Ryuuji cumprimentou-o com a cabeça amavelmente, tratando de não provocá-lo. Desafortunadamente, não esperava que fosse tropeçar ao subir as escadas quando faltasse somente um degrau, fazendo com que fraturasse a perna. Ele fechou os olhos pela dor. Por alguma razão, os estudantes menores se estremeceram pelo acontecimento.

Ao suspirar e esfregar a perna, pensava em uma coisa. A razão de se sentir tão baixo astral, era provavelmente pelo que havia acontecido na noite passada.

Supunha-se que Ryuuji deveria se sentir aliviado por ser livre das manhãs molestas e da dor de ter que fazer dois obentos... Supunha-se que iria voltar à vida cômoda de antes, mas tudo agora estava em uma terrível desordem. Suponho que essa vida temporariamente desordenada não vai voltar à normalidade tão facilmente! Quando considerava que talvez houvesse se acostumado a vida de um cachorro, não pôde evitar se sentir patético. Por alguma razão ele não conseguia se sentir animado como se sentia antes, já não havia mais os gritos pela manhã...

Como Aisaka estaria? Ryuuji mancava lentamente enquanto pensava em coisas inúteis. Ela iria conseguir se levantar sozinha? Será que vai se atrasar? Ela teria trago seu próprio bento? (Ainda que pensasse nisso, ele mesmo foi comprar comida em uma loja de conveniência).

Qual era o ponto de pensar nessas coisas?! Jogou fora esses pensamentos e abriu a porta da sala. Quando estava para entrar...

“... Whoa?!" Exclamou e retrocedeu, fechando a porta. O que por todo esse mundo, acaba de acontecer?

Voltou para o corredor. De todas as formas, respirou profundamente. Respira... inspira... Ok, me acalmei. Vou entrar. O que acabei de ver? O que fez isso acontecer?

Não pôde bolar uma resposta não importa o quanto tentasse, então teve que entrar para confirmar por ele mesmo. Ryuuji mais uma vez colocou a mão na maçaneta da porta, e cuidadosamente a abriu.

"... estou vendo direito?"

Ryuuji estava atônito.

Sentia a voz profunda e ameaçadora entrando em sua orelha com a intenção assassina. Os que não estiverem conformes serão mortos sem misericórdia! Palavras firmes que fizeram todos se abaixar.

"Se escuto qualquer pessoa dizendo algo inútil outra vez... Eu definitivamente o farei pagar!"

Parada no centro da sala, com suas costas viradas para Ryuuji, estava Aisaka Taiga, também conhecida como a Tigresa de Bolso.

Ao seu redor estava um grupo de companheiros de sala, se esforçando para manter distância enquanto se apertavam nas paredes, todos sacudindo as cabeças vigorosamente.

O que estava acontecendo? Com exceção dessa pergunta, Ryuuji não pôde pensar em mais nada para dizer, não importa quantas vezes ele repetisse...

O que estava acontecendo?

“... Espero que todos tenham me entendido. Não gostaria de ter que repetir..."

A pequena tigresa repetiu esperando uma resposta de todos. "Sim!..." Todos, tanto garotos quanto garotas responderam debilmente, tremendo de medo. Ao observar melhor, as mesas e cadeiras ao redor de Aisaka foram reviradas, as bolsas e outros conteúdos estavam espalhados por todo o lugar. A sala inteira parecia horrível, algo como a destruição deixada por um tufão que acaba de passar. Apesar da voz de Aisaka já estar tranquila, seus ombros estavam tensos, como se acabasse de gritar com força. Poderia ter... Não, não estou errado, isso tem que ser obra de Aisaka. Mas... Por quê?

"Oh... Takasu..."

Alguém me notou. Sim, eu realmente era Takasu, mas...

“... O, o que aconteceu?... O que é isso?"

Por que todos estão me olhando com caras tão estranhas? Aquela não era uma cara muito boa, pareciam incomodados, ou será com vergonha? De todos os modos, estão me olhando com uma cara estranha.

E quando Aisaka virou sua cabeça silenciosamente também trocou olhares com ele, ela nem mesmo disse bom dia. Melhor ainda, levantou o queixo de forma ambígua e simplesmente disse a classe que todos estavam 'dispensados'.

Seus companheiros que tremiam e haviam se juntado começaram a voltar para seus lugares em grupos de dois ou três. Um de eles veio até Ryuuji.

“... T, Takasu... E, estou tremendamente arrependido. É tudo culpa desses rumores estranhos..."

"Quê? Quais rumores estranhos?"

"Sinto muito, mas nunca mais vamos imaginar coisas tão estranhas outra vez!"

"... O quê? Imaginar o que? De que precisamente você está falando?"

Até mesmo Noto que normalmente se dava bem com ele disse,

“... Ei, Takasu... Não estou fazendo nenhuma piada agora, mas realmente penso que você é uma pessoa assombrosa... e suponho que fico com um pouco de inveja também! Sinto muito, nunca mais pensarei nada estranho de você novamente!"

Ele disse com uma cara nervosa, e quando estava para sair, Ryuuji o agarrou pelo ombro e perguntou do que estava falando,

"E, espere um momento! Do que está falando? O que acaba de acontecer aqui? Isso tem relação com Aisaka não é? O que ela fez agora?"

"Não, bem..."

"Explica de uma vez!"

A expressão de Noto parecia envergonhada, seus olhos se moviam por todo o lugar para não olhar diretamente para Ryuuji. Noto era uma das poucas pessoas que não temia seu olhar, porém, agora parecia hesitar. Ryuuji não soltou os ombros de Noto até ter uma resposta... Noto sabia disso e respondeu vagamente, "Bem, como devo dizer?"

"É que... mais ou menos, estivemos escutando as escondidas... estivemos passando fofocas sobre você e Tigresa de Bolso..."

"Fofocas?"

"Bem... sim, fofocas quanto a... os dois saindo juntos... No fim, a Tigresa de Bolso acabou se estressando por culpa disso. Disse 'Não tenho nenhuma relação com o Takasu-kun!' e então todo inferno começou a arrebentar... Era muito aterrorizante, realmente... A primeira vez que eu via a Tigresa de Bolso causando confusão. Não vou ir contra a vontade dela outra vez. Ela então completou, 'Não quero mais fofocas! Sem conclusões precipitadas! Se alguém se atrever a passar tais fofocas outra vez, eu o matarei! Todos vocês!'. Nem mesmo Kushieda conseguiu pará-la... não é Kushieda?"

Noto chamou Kushieda Minori, que por casualidade estava passando... Normalmente, se supõe que a única pessoa que conhece a Tigresa de Bolso, mas agora seu rosto tinha perdido o sorriso normal como a luz do sol.

"U... umm, Takasu-kun, eu..."

Seus olhos solenes pareciam estar considerando algo enquanto sustentava o olhar de Ryuuji... Parecia que ela queria dizer algo. E então...

"... Minorin, não vá dizendo coisas sem sentido, ou vou ficar com raiva, mesmo que seja de você." Aisaka falou com força atrás dela.

"Minorin, tem que pedir perdão ao Takasu-kun também... Diga que sabe que tudo o que ocorreu ontem foi um mal entendido... Tem que se desculpar sinceramente! Isso foi tudo culpa dos outros estudantes passando rumores... Porque quero que Minorin, de todas as pessoas, saiba que tudo foi um mal entendido.”

"... Taiga."

"Diga, Minorin!"

A boca de Aisaka havia se transformado no V invertido enquanto ficava cada vez mais agitada, exatamente como uma criança. Seus olhos miraram Minori frente a frente, sem se desviar ou olhar para Ryuuji.

Minori ficou sem fala por alguns momentos, e simplesmente recebeu o olhar de Aisaka. No fim ela se deu por vencida e disse, "Está bem" ao se virar para Ryuuji uma vez mais,

"Takasu-kun, sinto muito pelo mal entendido de ontem."

“... B, bem... N, não havia realmente... nenhuma necessidade de me pedir desculpas..."

"Taiga...!"

A amada de Ryuuji agora revelou um par de olhos perturbados. Ainda que estivesse pedindo perdão a Ryuuji, ela não mostrava uma cara muito satisfeita.

“... Foi Taiga quem quis que eu dissesse isso. Ela quis que eu te dissesse que sabia de tudo, e que era tudo um mal entendido. Mas... Não consigo acreditar que Taiga realmente me fizesse fazer isso...”

"Ou, talvez..." Estava a ponto de continuar quando o ambiente delicadamente balanceado foi quebrado...

"Whoa?! O que demônios causaram essa desordem?! Não consigo acreditar que a ordem na sala tenha se perdido porque o representante está um pouco atrasado!"

Kitamura chegou mostrando pomposidade. Minori engoliu o que ia falar e deixou Ryuuji para trás. Antes de sair ela deu uma pequena palmada atrás da cabeça de Aisaka. "Não pareça tão sombria!" disse ela, voltando a sua atitude alegre e normal.

Depois, sob as instruções de Kitamura (obviamente), todos começaram a organizar as mesas e cadeiras.

"Já é hora! Pressa gente! Se Koigakubo vir isso, vai entrar em choque e atrasar mais ainda seu casamento!"

Ryuuji viu Aisaka caminhando até Kitamura. Parada a uma distância bem curta dele, disse algo que somente o mesmo conseguiu escutar.

Kitamura revelou um olhar confuso, antes de rapidamente voltar ao seu sorriso original e indicou Aisaka com a cabeça.

Ryuuji viu os lábios de Aisaka formarem a frase 'Tenho algo para te dizer. Vejo você depois das aulas.' Ou algo assim.

Ela fazia tudo corretamente dessa vez. Não tremia de nervosa, não tropeçou, nada aconteceu. Aisaka por fim estava conseguindo chamar Kitamura para fora, sem ajuda de nenhum cachorro.

* * *

Assim terminou outro dia para a (aparentemente estranha) Sala 2-C. Os olhos de Ryuuji por todo o tempo não saíram de Kitamura e Aisaka.

Enquanto a solteira sem esperança, vestida em uma saia roxa da moda saiu da sala depois de dar a aula, tudo se pôs agitado novamente. Havia pessoas se preparando para as atividades de clube, pessoas indo a reuniões e pessoas esperando para ir para casa juntos, e também, pessoas que continuavam conversando na escola mesmo depois da aula ter acabado. Por fim, havia também pessoas que trocaram olhares e saíram juntas.

Sem se dar conta, Ryuuji tinha saído de seu assento e caminhava rapidamente atrás de Aisaka e Kitamura, que haviam saído fazia pouco.

Ele não se sentia bem com isso, mas... Depois de alguns segundos de hesitação, ainda assim... mesmo tendo dúvidas, seus pés seguiram adiantes, silenciosamente.

Mas esse era o momento mais importante para Aisaka! E não é como se eu não soubesse como ela é desastrada. Talvez tropeçasse, ou caísse pelas escadas, quem sabe não ficasse nervosa no momento mais importante, ou ainda começasse a chorar... Como a lerdeza de Aisaka era enorme, e somente eu sei disso...

É por isso que estou tão preocupado... Tenho que ficar de olho... então...

Então...?

Os pés que originalmente estavam seguindo seus amigos pararam mortos no meio do caminho, subindo a escada.

Ryuuji se perguntou novamente,

Então, então o que? Ainda que esteja preocupado com essa idiota, o que mais eu posso fazer? Ajudá-la? Mas para quê? 'Vamos fingir que nada aconteceu e voltar a ser como éramos antes da carta de amor!', foi o que ela mesma tinha dito.

Se esse fosse o caso, então tenho que esquecer tudo relacionado à Aisaka que somente eu sei. Tenho que apagar tudo, até mesmo as lembranças enterradas no mais profundo do coração. Não, em vez de pensar nesses momentos tristes, devo considerar melhor minha situação atual!!! Se essa garota idiota falhar em confessar seus sentimentos a um garoto, como se supões que devo ajudá-la? Devo ir até ela e dizer, 'Você está bem? Eu te protegerei!', o quão ridículo aquilo seria? Nem mesmo era engraçado.

Ryuuji franziu a testa e fechou seus ferozes olhos, como se fosse disparar um raio perigoso... ele não estava enojado. Suponho que irei para entrada, mas não porque queria bloquear a passagem de qualquer pessoa que pudesse atrapalhar, mas sim... Ainda que nada realmente entendesse, essa não era a razão verdadeira.

Suspiro. Ele respirou profundamente.

“... Suponho que voltarei para casa!"

Usando toda a força, mudou a direção de seus pés e caminhou em direção oposta do lugar aonde eles haviam subido, voltando para sala. Sem que ninguém percebesse, ele parecia ter crescido alguns centímetros nos últimos dias.

Noto e Haruta, a quem Ryuuji havia conhecido recentemente, tinham o convidado para ir a algum lugar, mas ele disse não e voltou para sua cadeira. Por que me sinto tão inquieto? Por que não ando com meus amigos durante a volta da escola? Não me sinto com vontade de voltar para casa agora. Então, Ryuuji decidiu matar o tempo na loja de livros.

Enquanto fazia as preparações para ir para casa, 'Vou ao banheiro primeiro!', e caminhou sozinho pelo corredor...

Depois de caminhar e passar por alguém que secava as mãos, Ryuuji se encontrou sozinho no banheiro, o que era extremamente silencioso, e dava para sentir uma fragrância mais forte que o normal de detergente.

Enquanto lavava as mãos, Ryuuji olhava o rosto refletido no espelho, era a mesma cara cansativa de sempre. Isso não era nada novo para ele, na verdade, estava realmente se cansando disso, então... Justo como esperava... Os pensamentos de Ryuuji não foram dirigidos na sua cara, o que estava pensando era...

“... Sua expressão parecia horrível..."

Será que a Tigresa de Bolso está dando seu melhor agora?

Durante o dia, seja durante as lições ou o intervalo, Ryuuji estava constantemente olhando o rosto de Aisaka. Quando o fim da aula se aproximou, a cada segundo sua expressão mudava. Mas no fim do último período fazia alguns minutos, já não havia expressão nenhuma, nem roxo e nem verde, mas sim um branco pálido.

Ryuuji pensava. Está para se confessar, então deve mostrar uma cara simpática. Que pessoa confusa.

Falando em confusa, ele agora se lembrava da confusão de manhã cedo, quando ela havia feito tanto barulho na sala de aula, e ainda havia brigado com sua melhor amiga, Minori. Era por isso que Minori ficou com tão séria.

Isso quer dizer, ela fez isso por mim... Tudo havia sido feito para Ryuuji.

Ela fez isso para que sua querida amiga Minori não entendesse mais nada errado. Era somente esse o propósito de tanta confusão e briga.

Pensando bem, Aisaka nunca havia pensado em si mesma, ou seja, para terminar o mal entendido de Kitamura em relação aos dois. Isso é comprovado pelo fato de Kitamura não estar presente quando ela brigou com todos.

Em outras palavras, tudo havia sido feito somente para Ryuuji, era por isso que ela...

“... Que... que..."

Enquanto suspirava, as palavras que queria dizer desapareceram. Que maneira tão idiota, estúpida e ridícula de fazer... No fim, Ryuuji não pôde continuar.

Tem de usar esse método para tudo? Provavelmente existem outras maneiras mais sutis de resolver isso. Usar um método aonde não há nenhum benefício próprio, ela é realmente... gentil ao ponto de ser patética.

Ryuuji realmente achava isso, Aisaka era realmente uma garota gentil. Sem se dar conta, ele usava um adjetivo tão ridículo para descrever a Tigresa de Bolso. Mas não pôde evitar, era a verdade...

"Gentil..." disse Ryuuji suavemente. A pessoa chorando ou lamentando sobre como não valia a pena ser gentil com as pessoas, no fim... era a mais gentil de todas. As pessoas que nunca haviam passado tempo com ela não sabiam disso, mas ao menos Ryuuji sabia que isso era verdade...

"WHOA!"

Um grito repentino fez com que Ryuuji virasse sua cabeça em direção contrária a do espelho.

Um estudante que havia acabado de entrar no banheiro simplesmente ficou parado e gritou de terror. "O que foi?" Perguntou outra pessoa atrás dele, mas assim que entrou também exclamou, "Whoa! Sinto muito, perdoe-nos por ter interrompido!!!" Os dois fugiram aterrorizados pelo olhar intenso que Ryuuji repentinamente dirigiu a eles. Para outras pessoas, tanto Ryuuji quanto a Tigresa de Bolso haviam sido classificadas como perigosas. Provavelmente vão espalhar por ai, 'Takasu tomou conta do banheiro, fiquem longe de lá, é perigoso' ou algo assim. Isso queria dizer que ninguém mais viria incomodá-lo. Está bem assim! Como não estava sentindo ânimo para ver ninguém, isso era perfeito para ele.

Como ninguém virá aqui por algum tempo, seria uma boa ideia ventilar o lugar! Pensava Ryuuji. Como a umidade estava causando aquele odor forte, começou a caminhar até a janela e a abriu com sua obsessão de limpeza quase no limite.

Ele abriu e empurrou a janela para fora... então ficou congelado.

"Kitamura-kun! Eu, Kitamura-kun... Kitamura-kun... B... Bem... hummm..."

...EHH?! Ryuuji gritou do fundo de seu coração enquanto ficava parado, petrificado. Ele agarrou a própria cabeça, Seria uma ilusão?! Não, não era. Isso quer dizer...

Ele se concentrou em escutar a voz de Aisaka forte e claramente.

Esse banheiro estava no segundo andar, debaixo estava o banheiro para visitantes, e justo fora da janela estava o jardim. Um espaço entre a janela do banheiro e uma fila de árvores mais a frente...

Sentindo-se incrédulo, lentamente colocou a cabeça para fora para ver melhor. Ele esperava ter escutado mal. Infelizmente esse pequeno brilho de esperança foi destruído.

Aisaka e Kitamura estavam parados justo ali nesse lugar. Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência saberia que era fácil usar o banheiro para escutar o que seria dito!

"Sério... por que tinha... que escolher justamente fora do banheiro..."

... Sua idiota!

Ryuuji agarrou mais fortemente a cabeça e gemeu, então se sentou embaixo da janela. Ainda que ninguém entrasse ali, ele ficou para vigiar que ninguém escutasse.

Sem tocar o solo com seu traseiro, Ryuuji estava a ponto de sufocar enquanto se agachava um pouco abaixo da janela aberta. Aisaka era realmente uma idiota! Mais importante, o que teria acontecido se alguém como eu entrasse e abrisse a janela muito bruscamente? Ela não seria completamente descoberta?!

Não consigo acreditar nisso... Então Ryuuji decidiu ficar ali mais um tempo. Se alguém entrar, simplesmente irei olhá-lo ferozmente. Esse era o plano.

Não importa o que, devo fechar a janela. Não quero escutar as escondidas. Justo quando Ryuuji se preparava para...

"Espera um segundo!"

Escutando a voz de Kitamura ele ficou paralisado.

"Acho que sei o que você quer dizer, mas pareceria um idiota se adivinhasse errado, então antes que eu te escute, quero ter certeza de algo... Ok, é isso. Você está saindo com o Takasu?"

Seu coração deu um salto. Não quero ficar parado e escutar... ou melhor, agachar e escutar. Ainda que isso fosse o que disse a si mesmo, quando escutou seu nome, não pôde mais deixar de escutar o resto. Isso era mal, tenho que fechar a janela e sair daqui de uma vez...

"T, Takasu-kun..."

Ele tinha isso em mente...

Mas não pôde se mover. Ryuuji parecia atordoado pela voz alta e nervosa de Aisaka.

"Takasu-kun é, ele é... ele é... ele é... ele é..."

Não havia palavras coerentes saindo depois que ela começou a repetir 'ele é' várias vezes.

Idiota! O que está fazendo?! Para que está esperando?! Anda logo e se declara! Ou melhor, ainda, por que está parada fora do banheiro?! Ryuuji gritou internamente enquanto ficava agachado e calado. Mas Aisaka simplesmente não podia continuar.

Sob um silêncio intenso, já não conseguia dizer nem mesmo as palavras 'ele é'. Nesse ponto, um garoto normal já teria se irritado e dito, 'Se isso é tudo, então estou indo embora!' e Kitamura... bom, ele é mais ocupado que uma pessoa normal. Então se saísse agora, nunca saberia dos sentimentos de Aisaka.

Anda logo! Tem que fazer isso agora! Ryuuji fechou os punhos fortemente e apertou os lábios com os dentes, até mesmo se esqueceu de respirar, e Aisaka ainda estava calada. Parecia que aquele silêncio nunca iria acabar.

Essa poderia ter sido uma missão impossível desde o início? Ela nem mesmo pôde chamá-lo normalmente na sala de aula, e agora ela poderia se declarar?! É muito para ela! Era o fim? Ryuuji fechou os olhos desejando do fundo do coração,

Foi nesse momento...

"Minha relação com Takasu-kun foi tudo um mal entendido de Minorin! A, a pessoa que eu realmente amo é...”

Veio uma brisa...

"... você... Kitamura-kun!"

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‘Ahhh!!!’

As pernas de Ryuuji perderam sua força e ele caiu de bunda no chão. Rapidamente se apoiou na parede. Prendendo a respiração e tentando não fazer nenhum barulho, manteve a boca fechada. Eventualmente ele ainda a cobriu com suas mãos enquanto seu coração exclamava fortemente. ‘Assim que se faz garota!’

Apesar de não poder nem mesmo começar uma conversa com ele, ainda que estivesse nervosa, Aisaka conseguiu declarar seus sentimentos para Kitamura. Eu provavelmente não poderia fazer o mesmo, se tivesse que me confessar para Minori assim como ela fez, não creio que poderia. Sigo apoiando Aisaka, para que ela dê seu melhor, porém não tenho a coragem que ela teve. Não conseguiria ser tão direto quanto ela.

Ao ouvir a palavra 'amo', Ryuuji sentia como se houvesse recebido um tiro, uma flecha luminosa cheia de determinação e pureza. A flecha carregando os sentimentos de Aisaka sem dúvida também havia chegado ao coração de Kitamura, e também a seu corpo.

Então essa cara deprimida tem que ser somente minha imaginação.

"Você me ama...? O assunto com Takasu foi um mal entendido? Kushieda entendeu mal? Ela entendeu mal você e Takasu?"

“... S, sim. Eu tentei falar, mas Minorin simplesmente não quis ouvir..."

Kitamura pensou por alguns momentos e ficou quieto, mas no fim entendeu e disse,

"Já vejo. Então realmente sinto ter entendido mal. Isso aconteceu porque Kushieda foi bem firme em suas opiniões... Sim, creio ter entendido agora."

"Ummm..."

A voz de Kitamura era tranquila como sempre.

A de Aisaka foi ambígua como o normal. Ryuuji ocupava o banheiro masculino, enquanto se agachava e fazia seu melhor para não causar nenhum ruído. Ele sentia o silêncio vibrar ao seu redor. Ele queria deixar aquele lugar. Fechar a janela e ir para casa...

"M, m, mas! Mas!"

Nesse momento.

A voz de Aisaka fora da janela ecoou fortemente.

"Mas, definitivamente não odeio Takasu-kun! Absolutamente não! Quando estive com ele, não sentia que estava perdendo o ar! Sempre pensava que um dia iria acabar me sufocando... mas Takasu-kun... Ryuuji, ainda fazia arroz frito para mim, apesar de tudo! Quando precisava de alguém ao meu lado, somente Ryuuji estava lá! Ele me alegrava ainda quando teve que mentir! Sempre foi assim, acho... acho que é assim que eu penso! Até mesmo agora! É doloroso, como se fosse deixar algo para trás, eu e Ryuuji... Não importava quando... ainda agora! Porque Ryuuji sempre estava ao meu lado! E é porque ele estava comigo que eu pude chegar até esse momento!...”

Ryuuji congelou instantaneamente.

O que estava fazendo?! O QUE DEMÔNIOS ESTAVA FAZENDO?!

Nesse momento Aisaka falava fortemente, chegando a chorar.

"Definitivamente eu não o odeio. Para mim, Ryuuji... ele..."

Isso soa completamente como uma... uma..

"É assim?"

A voz de Kitamura parecia estar cheia de felicidade e bons espíritos.

"Está bem. Acho que já entendo seus sentimentos Aisaka. De todas as formas... você e Takasu realmente se dão bem. Vendo isso, me sinto aliviado."

"A, Aliviado...?"

"Sim, e, se lembra? Era exatamente essa época do ano, quando no ano passado eu me confessei para você. Lembro-me que disse que fui encantado por sua beleza, e o fato de você ser direta em expressar uma raiva, creio."

Ryuuji ficou chocado por aquela revelação, que agora escutava pela primeira vez. Ele quase começou a chorar. Aisaka se manteve calada. A única pessoa cujas pernas estavam tremendo era Ryuuji. A única pessoa que não sabia de nada!

"Mesmo que tenha sido recusado no próximo segundo."

“... Sim, me lembro! Como eu poderia... esquecer? Foi uma declaração bem estranha, somente Kitamura-kun poderia fazer algo assim. Apesar de nessa época, cada vez que você vinha na sala para encontrar Minorin e falar de assuntos do clube, eu só pensava, 'Ah... foi você...' Me lembro de tudo!"

"Então você realmente lembra! Como nunca pareceu que você notasse minha existência, pensei que já houvesse se esquecido! Declarei-me nessa época porque pensei que você realmente era linda, mas quando começou a andar com Takasu, parecia ainda mais encantadora... porque sempre fazia expressões interessantes."

“Eu, expressões interessantes? Eu?"

Sim. Quando estava com Takasu, sempre fazia caras interessantes, então me senti aliviado. Takasu é realmente uma boa pessoa! E para ele entender uma garota como você, parece que ele é realmente assombroso."

Kitamura parecia estar sorrindo alegremente, e então...

"O, O quê... O QUE ACABO DE FALAR?!"

Dando conta de seu erro Aisaka gritou.

"E, espera um momento... O que estive falando?... E Kitamura-kun, o que está dizendo?! Já falei que não tem nada entre o Ryuuji e eu, o que... eh?! Minha cara parecia interessante?! Não... Ehhh?! Não, espera! Espera! Eu não acabei de me confessar?! Para ele?! Mas... não tem como! Ehhhh?!"

"Oh não, como chegou a isso?" A Tigresa de Bolso seguia repetindo estas palavras como se houvesse perdido. Se fosse outra pessoa sem ser Kitamura, não teria sabido como tratar da situação.

"Aisaka, está tudo bem."

"B, b, b, b, bem?! O que quer dizer com 'tudo bem'?! Nem sei o que eu mesma acabo de dizer! Como pode estar tudo bem?!"

"Estou agradecido pelos seus sentimentos, e realmente estou feliz. Estou seguro que seremos bons amigos de agora em diante."

“... A, amigos...?"

Aisaka estava tão chocada que não sabia o que dizer.

"Sim, bons amigos."

Bons amigos.

Isso não era precisamente a reação que Aisaka estava procurando. Então ela deveria responder dizendo, 'não é isso que quero!'. Ela tinha que fazer..., pensava Ryuuji.

Devia de fazer, mas,

"Amigos... eu e... Kitamura-kun...?"

Ele esperava ela dizer mas,

Aisaka nunca disse, ela nunca falou, 'eu não quero ser sua amiga, quero ser sua namorada'. No fim os sussurros que ela fazia estavam cada vez mais difíceis de escutar...

Eu te recusei quando se declarou antes, mas observando depois, cheguei a gostar de você. Agora que realmente o amo, gostaríamos que saíssemos como um casal.

... ela nunca disse isso. A parte mais importante de tudo.

A supostamente super egocêntrica Tigresa de Bolso agora havia sido pega em suas próprias garras. "Umm", disse retrocedendo e terminando.

"Bom, te vejo amanhã!"

Kitamura foi embora normalmente, livre de qualquer culpa. As boas notícias: sua atitude era a mesma de sempre; as más notícias: não teve nenhuma ideia do que acabava de acontecer.

Aisaka também foi embora, ela acalmou a própria mente, e voltou a seu estilo inexpressivo,

"Vejo você amanhã."

Ryuuji abaixou a cabeça desconsolado e fechou os olhos. Pelo som dos passos pôde saber que todos haviam ido embora, e em direções opostas. Tudo que fez foi gemer,

"... essa garota idiota..."

...Kitamura nunca entendeu direito o que ela queria dizer. Maldição!

A franqueza da qual Kitamura falava, o quando dela ele realmente conhecia? Suas lágrimas, seus risos, sua timidez, sua solidão. O amor que ela sentia por ele... Quantos desses sentimentos frágeis ela guardava escondidos?

Não importa quão doloroso sejam nossos sentimentos, você nunca os entenderia! Aisaka nunca o deixaria entender!

Parando em pé com suas pernas tensas e frias, Ryuuji lentamente caminhou para fora.

"Vejo você amanhã." Ela parecia bem tranquila ao dizer isso. Provavelmente havia escondido sentimentos que ninguém mais seria capaz de entender.

Devia estar chorando ao dar as costas para ele e sair andando. As lágrimas deviam estar caindo sem que ninguém mais soubesse... Tinha que ser assim!


Se esse fosse o caso, como sou o único que sabe...

A pergunta era... o que Takasu Ryuuji deveria fazer naquele momento?

Resposta... "Simples, realmente."

Ainda que dissesse com confiança, ele não estava tão seguro. Não estava respondendo com a cabeça, e sim com o coração, pele, ossos e carne, com todo seu corpo que havia passado um monte de tempo com Aisaka.

Que se mova sozinho então! Se as coisas não andam bem, então esse corpo vai me levar até onde ela esteja.

Definitivamente!

* * *

No caminho de casa, embaixo dos raios solares mais fortes que o normal...

"... o que você quer?"

Ryuuji finalmente alcançou Aisaka e a agarrou pelo ombro...

Estavam em uma rua tranquila, residencial, com mais ninguém a vista.

Aisaka se virou com uma cara confusa e então olhou para Ryuuji, que estava tentando recuperar o ar,

"Pode parar... Já não é mais meu cachorro, não tem necessidade de me seguir!"

Ela disse friamente, empurrando a mão de Ryuuji para longe enquanto seguia caminhando. Ele falou enquanto ela estava de costas,

"Dizendo isso ainda quando na verdade quer chorar. Está se sentindo deprimida porque sua declaração falhou não é? Apesar da resposta não ser exatamente uma negação."

"...!"

Depois de saltar para trás uma boa distância, Aisaka exclamou,

"V, você... viu?!"

"... Deixe-me colocar da forma correta, não queria escutar escondido. Era sua culpa, realmente, como pôde ser tão estúpida para fazer sua declaração justamente fora da janela do banheiro masculino? Aconteceu por coincidência de eu escutar o ocorrido enquanto estava no banheiro."

Sob o sol, Ryuuji apenas pôde discernir o rosto de Aisaka ficando corado enquanto dizia,

"S, sério?!" Parecia que ela realmente não estava acreditando.

"Bem, e agora? Vamos comprar os ingredientes para jantar essa noite? Ou quer ir ao restaurante para comemorar sua falha? Eu posso escutar você se queixar sobre isso toda a noite, te darei esse presente, mas só por um dia!"

“... D... do que está falando?!"

Aisaka parou de se mexer enquanto se dirigia até Ryuuji, seus olhos se abriram como se visse algo incrível.

"Pensando bem, tem uma oferta de carne de frango no supermercado hoje!"

"Carne de frango?!"

"Ou prefere carne de boi?"

"Não é isso! Não tem nada... O que você tem? Por quê? Já não é mais meu..."

"Você quer cozinhar sozinha?"

"Chega!... eu disse... chega! Deixe-me sozinha!..."

"Estarei ao seu lado."

Aisaka ficou sem palavras por essa declaração clara, e franziu as sobrancelhas até doer. Ryuuji olhou de frente os olhos de Aisaka e seguiu falando,

"Estarei ao seu lado, cozinharei para você, você pode vir para minha casa comer normalmente, e farei obentos para você, além de também ir te acordar de manhã, então..."

"Por que se importa?!... O que demônios está fazendo?!" gritou Aisaka. Sua voz ecoava por toda a rua.

"Do que está falando?! Seremos mal entendidos novamente! Minori já não acredita em nós, e se as coisas seguirem assim, vai acreditar menos ainda. Está bem com isso?"

"Sim."

A resposta saiu mais fácil do que ele esperava,

"Quando isso acontecer, será minha vez de ficar com raiva! Assegurarei-me de que Kitamura vai estar na sala e farei a maior confusão somente para que não nos entendam mal outra vez."

"P... por que..."

As lágrimas começaram a correr em suas bochechas. Vê? Ryuuji pensava. Aisaka era esse tipo de pessoa, que iria a um lugar aonde ninguém mais pudesse ver (salvo eu) e iria chorar.

"Por que, por que... Por que faria tal coisa?! Não falei que você não é mais meu cachorro?! Não tem que fazer mais nada disso!"

"... eu também não sei, mas sinto que devo fazer... Como você está chorando, não posso te deixar sozinha. Porque irei me preocupar. Preocupar se você está com fome... Ao menos isso é o que pensa meu lado sentimental"

“Q... que demônios?!"

Apesar dos olhos molhados, Aisaka olhava Ryuuji com ferocidade,

"Ninguém está pedindo para você fazer isso! Não sou uma criança, então me deixa só! Não necessito que fique preocupado comigo!"

Ryuuji a interrompeu e disse,

“... ahhh, então é por isso!"

Por fim ele tinha entendido.

Porque quis estar tanto ao lado daquela garota.

Porque estava tão preocupado com ela, e não podia deixá-la sozinha. Isso tudo era por que...

"É porque não sou um cachorro... é por isso que ficarei ao seu lado"

"... Quê?!"

"Na realidade, os cachorros não podem realmente ficar ao seu lado!"

Isso foi tudo...

Não sou um cachorro. Um cachorro nunca faria o que estou fazendo. Um cachorro viria ao ser chamado, porém um tigre nunca chamaria ninguém. Porque ele nunca necessita da ajuda de ninguém, isso porque são tigres – esse é o tipo de besta que é um tigre.

E agora, nesse momento, não sou um cachorro.

Ainda que sinta vontade de rir do que vou dizer, então você também vai rir sem parar! Porém... Apesar disso, Ryuuji decidiu seguir adiante, porque nesse momento quis dizer não importa as consequências, queria que Aisaka soubesse...

"Sou um dragão, e você é um tigre... Desde os tempos mais antigos, o dragão é a única besta capaz de lutar de igual para igual contra o tigre. Por isso tenho que me transformar em um dragão, para poder ficar ao seu lado."

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Para poder parar de igual para igual a Tigresa de Bolso, Takasu Ryuuji teve que se transformar em um dragão. Ele decidiu fazer isso, ainda que significasse ser ridicularizado, ainda que todos o tratassem como idiota... mas,

“... Ai... saka?"

Não o chamou de idiota, e nem mesmo riu dele.

Parada em sua frente, havia uma garota que não fazia nenhum ruído. Seus pés estavam bem abertos, suas bochechas se molharam mais ainda quando ela levantou o olhar e encarou Ryuuji.

Parecia com raiva, e também ao mesmo tempo triste. Parecia tímida e também perturbada, apesar de surpreendida.

Seu corpo pequeno estava cheio de emoções, a ponto de arrebentar a qualquer momento. Ela fechou os punhos com força...

“... Taiga..."

Ao mencionar seu nome, o pequeno corpo em sua frente começou a tremer. As sobrancelhas se sacudiam.

"É igual para igual não?... Como me chama de Ryuuji, então vou te chamar Taiga."

“Está bem com isso?”

Justo quando ele terminou...

“... O que está tentando fazer?!”

Uma sombra se estirou por suas pernas, parecia como se ela ficasse maior de repente. Talvez tenha visto mal, mas...

"De quem são essas besteiras? Por que deveria deixar você me chamar pelo meu primeiro nome?!... O que é essa besteira sobre sermos iguais?! Que vergonha! Veja bem aonde parar, idiota Ryuuji!"

"Eh..."

A bomba havia estourado. Entretanto...

"Provavelmente não tem nenhuma ideia do que está falando! Se realmente tivesse, como poderia dizer essas coisas tão insolentes? Além disso, o que está fazendo?! Ahhh, já vejo, será que você..."

Depois de soltar um rio de abusos, Aisaka repentinamente parou. Assim, sem mais, ela era a coisa mais aterrorizante e inimaginável exatamente como estava. Seus olhos olharam venenosamente o oponente enquanto se deslizava e chegava cada vez mais perto por baixo, emitindo uma aura paralisante.

Essas eram as verdadeiras cores da Tigresa de Bolso.

"... não me diga que está apaixonado por mim!"

“... Não seja rid..."

"Hmph, não pensava que fosse o caso! Como você, dentre todas as pessoas, teria a coragem de fazer algo tão suicida?"

“... ugh... ah..."

Aisaka sorriu ao olhar para Ryuuji, e o mesmo apesar de não se atrever a levantar o olhar, respondeu,

"Bem, é claro que não!"

Sim, isso era verdade. Se estava se referindo aos meus sentimentos em relação a Minori, então meus sentimentos até Aisaka eram diferentes. Sim, eles eram.

Mas havia uma coisa certa, que Ryuuji realmente queria cuidar da Tigresa de Bolso, também chamada Taiga. Ainda que não tenha nada a ver com o amor, eu simplesmente quero estar ao seu lado, esse é o tipo de pessoa que quero ser. Isso é tudo. Isso é tudo Ok?! Não tem nada de errado com isso não é?!

“... Caramba! Temos que ir ao supermercado comprar carne de frango!"

Sem excitação, Ryuuji levantou os ânimos e saiu dando largos passos.

A vida diária tem que seguir normalmente! Ainda tem bastante tempo, então vamos parar por aqui agora! As coisas progrediram tanto, e não há mais necessidade de pensamentos complicados. A prioridade agora era o jantar!

"Se pudermos conseguir um pouco de carne boa hoje, podemos fazer um empadão! Talvez um simples ensopado sairia bem... e, por que não está me seguindo?!"

Notando que Taiga não estava seguindo-o, Ryuuji se viu obrigado a fazer uma virada rápida, mantendo seus passos largos, disse, "Anda logo!", ou melhor, ele rugiu, mesmo que não tenha a pegado pela mão, ele simplesmente a empurrou com a mochila.

"Ryuuji... Quero um sorvete de yorgurt."

"Quê?! Que demônios, no fim você quer ir ao restaurante familiar? Estava esperando tanto cozinhar essa noite..."

"Podemos ter ensopado mais tarde... podemos ter ensopado com alho, não, melhor, ensopado cozido ao fogo lento, do tipo suave e saboroso!"

"Quê? Bem, estou bem com um ensopado assim, mas, pode comer tudo isso? Já são cinco horas, e a janta em minha casa começa lá pelas seis, é tradição... Ei, pare de me ignorar! E por que está caminhando na minha frente?!"

“... Ryuuji!"

Taiga, que havia começado a andar mais a frente, parou de repente e se virou. Ela olhava Ryuuji som seus olhos transparentes.

"Ugh!" Ele se encontrou sem palavras,

"... O Quê? T... Taiga?!"

Ele perguntou enquanto rapidamente movia o olhar para o céu que começava a anoitecer. Mas...

“... Poderia se calar por um momento?"

Ao ouvir aquelas palavras cruéis, ele pensou ter escutado mal. "Ahhh!", Taiga suspirou em sua frente e disse,

"Você deveria se dar conta do quão deprimida estou nesse momento! Como pode ser tão despreocupado? Estou contando com você para nossa próxima estratégia, não me dei por vencida sobre Kitamura-kun, sabe? E você, o que disse mesmo? Um dragão? Bem, não faz diferença se é um dragão ou um cachorro, mas como disse que estaria ao meu lado, então deve trabalhar bem duro para me deixar feliz!"

Aonde haviam ido parar as lágrimas que ele tinha visto há pouco? A Tigresa de Bolso era apesar de tudo a Tigresa de Bolso, e com somente algumas palavras cruéis, junto com um olhar raivoso, deu a Ryuuji um forte golpe no coração.

Exatamente o quão longos eram essas garras e dentes? Até onde essa feroz devoradora de homens, Tigresa de Bolso, continuara indo sem que ninguém se opusesse?

E o que vai acontecer agora que ele havia declarado que estaria sempre ao seu lado?

"Talvez... tudo tenha ocorrido muito rápido..."

Gemendo, Ryuuji parou de andar, se sentia meio morto. Talvez tudo tenha sido um erro. Pensando daquela forma, ele fechou firmemente os olhos.

Por isso não posso ver nem pensar.

Não podia ver a aparência de Taiga um pouco afastada dele, sorrindo com sua cara abaixada enquanto o olhava.

“... você me chamou pelo meu nome. 'Taiga'... Isso me agrada!"

Não pude ver a expressão em sua cara enquanto o rosto risonho se transformava em um real e feliz sorriso, sem fingimentos, sem falsidades, simplesmente um sorriso de alegria.



Hoje, entretanto ainda não havia sido visto por ninguém neste mundo.


COMENTÁRIOS DA AUTORA

Aqui fala Takamiya Yuyuko, cujo peso sempre está subindo. Quando abaixo a cabeça para olhar meu corpo assustador, sempre penso, "Já não é uma barriga, é uma boia flutuante!" Me dou conta de que estou cada dia pior.

Ainda que boias flutuantes representassem a esperança ou um sonho, elas representavam a felicidade? Bem, se esse fosse o caso... Então talvez fosse uma coisa boa que ela crescesse ainda mais! Se não estão de acordo comigo, então não me deem misericórdia! (falou isso enquanto olhava para uma sacola com macarrão instantâneo que estava sobre a mesa).

De todos os modos, já acabaram de ler Toradora! Volume 1? Gostaria de agradecer a cada pessoa por ter comprado esse livro, e serei muito feliz se vocês realmente gostarem.

Questão: Por que não tem cenas de batalha, descrição do mundo interior dos personagens, nem personagens se animando demais?

Resposta: Foi porque achei melhor contar dessa forma.

...O mundo de Toradora é uma peça inteira que esta viva. Um conto romântico normal, com um pouco de comédia talvez. Eu tentarei escrever mais contos como este de agora em diante, então se você gostou, continue apoiando Toradora! Por favor!

Fora isso, gostaria de agradecer também a todos que leram meu outro livro, Watashitachi no Tamura-kun, e que me enviaram cartas. Muito obrigada! Eu li todas elas. Trato cada carta seriamente ao ponto de querer abraçá-las enquanto durmo. Agradeço a essas vozes de apoio, e trabalharei duro em criar novas histórias para série Tamura-kun.

De qualquer forma, suponho que esse livro vai chegar às mãos de todos em março de 2006. (ainda que diga isso, é mais como o que eu espero...) Já é três de janeiro, e estou escrevendo essa nota hoje, então devo desejar a todos um bom ano novo! Sob pressão, fiz a seguinte declaração: Só tenho uma meta para esse ano. A de trabalhar mais duro.

A razão de ter criado essa meta foi por algo que meu editor disse sem querer, "Takemiya-sensei, o que você realmente faz normalmente?"

Talvez ele já tenha se esquecido, mas aquela pergunta realmente me assustou. O que faço normalmente? Sou escritora profissional... Normalmente no trabalho...

Enquanto pensava cuidadosamente no por que ele havia feito essa pergunta, por fim adivinhei o significado verdadeiro do que meu editor estava tentando me dizer:

"(Como um escritor que está subindo na carreira, e se tornando profissional, só fazer dois volumes por ano... Ainda que agora tenha mais capítulos nos livros, não parece que esta realmente trabalhando...) Takamyia-sensei, (Como alguém que deve estar trabalhando), o que você realmente faz normalmente (além de trabalhar)? (além disso, não está engordando recentemente?)"

Enquanto volto ao mundo real...

O que faço normalmente? Estou realmente trabalhando! Ainda que passe mais tempo comendo, cozinhando macarrão, adicionando leite quente, bacalhau, cozinhando o jamon, e acrescentando natto... coisas assim... para ser específica... Estou comento muita bacalhoada ultimamente?

Correto. Tenho que parar de fazer macarrão e trabalhar responsavelmente! Não é tempo de comer bacalhau duas vezes ao dia! Então, para o bem de minha boia flutuante...! Seria ótimo se pudesse me desfazer desse pacote de bacalhau...!

Por essa razão, esse ano tenho que trabalhar duro para manter meu consumo de macarrão e bacalhau no mínimo. Para que meus leitores possam então desfrutar de meu trabalho, tenho que me concentrar com todas as forças passe o que passe, e trabalhar até quebrar meu teclado.

Agora, meu desejo para o ano novo é 'emagrecer naturalmente enquanto trabalho duro'! Também espero que, ao ir visitar meu editor, não repita a tragédia de machucar minha coluna ao sentar no sofá suave, como resultado, ter que sentar na cadeira dura...

Finalmente, os agradeço por ter lido até esse ponto. Como com meu outro livro, Yasu-sensei outra vez vai fazer as ilustrações. Para Yasu-sensei e os editores, espero continuar trabalhando com vocês. Verei a todos no próximo volume de Toradora! Já é hora de comprar outro teclado, porque esse já está quebrado de tanto teclar demasiadamente forte.


GLOSSÁRIO

Almibar: É uma solução saturada com água e açúcar, cozida até que comece a engrossar.

Baron Ashura: É um personagem fictício pertencente às obras de Go Nagai.

Dojo: Local aonde se treina artes marciais japonesas.

Eau de toillete: Palavra de origem francesa que significa ‘água de banho’. É um tipo de perfume com uma concentração mais suave, contendo apenas de 4 a 8% da essência do perfume.

Enokitakes: Cogumelos brancos finos e longos, usado frequentemente na culinária asiática.

Fusuma: Painéis retangulares verticais que podem deslizar de lado a lado para redefinir os espaços dentro de um quarto ou agir como portas. São comumente feitas de madeira e papel washi.

Futon: Um tipo de colchão tradicional usado na cama japonesa ou mesmo no chão, com o objetivo de se esquentar no inverno.

Gakuran: O uniforme japonês tradicional, foi inspirado no estilo europeu dos uniformes navais.

Hashi: Popularmente chamados de pauzinhos ou palitinhos, são usados como talheres em boa parte do continente asiático. Jarabe: São líquidos viscosos que normalmente contem soluções concentradas de açúcares. São feitos à base de mel e usados como tempero. Kombu: São algas marinhas largamente consumidas no noroeste da Ásia.

Mirin: È um condimento essencial da culinária japonesa, que tem uma consistência de 40 a 50% de açúcar. É um tipo de vinho de arroz, semelhante ao saquê, porém com teor alcoólico mais baixo.

Ooka Tadasuke: Samurai japonês a serviço do xogunato Tokugawa (1677-1752).

Papel washi: Também chamado de papel de arroz, é utilizado na arquitetura japonesa. É feito com fibras de kozo. Sua durabilidade é extremamente longa, chegando aos mil anos.

Rosa Chinensis e Rosa Gigantea: São espécies de rosas asiáticas. Podem também ser referência as personagens de Maria-sama ga Miteru.

Sakura: Nome dado em japonês para a cerejeira.

Sopa de miso: Prato da culinária japonesa, consumido constantemente pelos japoneses. É normalmente preparado com soja, tofu, hondashi, cebolinha e outros legumes.

West indies: Conhecida na América como “Federação das Índias Ocidentais”.


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