Owarimonogatari: Volume 3 ~Brazilian Portuguese~/Inferno Mayoi/002

From Baka-Tsuki
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002[edit]

“H... Hachikuji?”

“Sim.”

“Hachikuji?”

“Sim. Sou eu.”

“Mayoi Hachikuji?”

“Sim, oi. Mayoi Hachikuji, você entendeu.”

“Alta Mayoi Hachikuji... O que isso significa? Você é uma Hachikuji de ordem mais alta que a Hachikuji que eu conheço? Como um elfo alto em vez de um elfo normal?”

“Não, sou apenas a Hachikuji normal. A Hachikuji comum com a qual você está bem familiarizado... ‘Elfo alto’? Acho que você pode estar preso numa década diferente.”

“Mayoi Hachikuji Z?”

“Não. Como eu disse, sou apenas Hachikuji, sem nenhuma afetação ou pretensão. Z? Bem, imagino que se você levar em conta que este é o último volume, eu não sentiria nenhuma vergonha em ser comparada com um certo Z-ton que libera um trilhão de graus de bolas de fogo.”[1]

“Você definitivamente deveria sentir vergonha por isso. Z-ton, sério? Não extrapole um personagem tão influente a partir desse ‘Z’... Você ficaria pálida em comparação se ficasse lado-a-lado com ele. Mayoi Hachikuji R?”

“Se o ‘R’ significa ‘Retorno’, então sim. Isso seria bem adequado.”

“...”

...

Não, espere um segundo. Não entre em pânico. Não chegue a nenhuma conclusão precipitada. Não posso agir por impulso aqui. Houve algum ponto na minha vida em que agi por impulso e tudo terminou bem? Isso sempre foi seguido por algo horrível, não foi? Assim que sou preenchido com falsas esperanças, isso sempre vai ao encontro de uma vingança precipitada, certo? Embora eu tenha sensação de que a vingança precipitada vem independente de se eu ajo por impulso ou não... (Que tipo de vida eu levei?) Mas de todo jeito, as pessoas deveriam sempre se manter calmas diante de uma ocorrência sobrenatural.

Aqueles dias estão tão distantes agora que quase se parecem com algo saído de uma lenda, mas houve um ponto em que Koyomi Araragi era considerado calmo e composto. Por que eu não chamo esse antigo Koyomi Araragi e lido com esta situação de uma maneira tranquila e racional? Posso fazer isso. Esta é a minha revanche. Eu vou me tornar o meu melhor eu.

Isso mesmo, eu preciso me lembrar. Exatamente em que situação eu estou mesmo? Se você vai participar de uma situação cômica, a primeira coisa que você precisa entender é a situação na qual você foi colocado. Do contrário, a história não pode ir a lugar nenhum.

Noutras palavras, aí vem a sua “recapitulação” padrão.

Meu nome é Koyomi Araragi. Eu sou um João qualquer, uma simples Maria — somente um sênior do ensino médio sem nome numa cidade providencial no Japão. Estou me preparando para fazer o exame de entrada para a faculdade.

Isso mesmo. Hoje, 13 de março, nada mais é que o dia desse exame. Após apenas mal ter passado do Teste do Centro Nacional[2], quase como escorregar por uma persiana que está se fechando no último segundo, hoje deveria ter sido um ponto de virada na minha vida.

Contudo, se eu pensar em que tipo de pessoa eu era até recentemente, isso por si só é um pouco milagroso. Por volta da mesma época no ano passado, em março do meu ano como júnior, eu nunca poderia ter imaginado que faria o exame de entrada. Na verdade, havia uma séria questão quanto a se eu sequer seria capaz de me graduar. Após eu ter, de alguma forma, conseguido rastejar pelo caminho até o Colegial Naoetsu, uma escola focada em preparar os estudantes para os exames de faculdade, eu atingi o fundo do poço — sendo deixado para trás, falhando e recebendo F após F como se fosse natural. Não era sequer um declínio estável, mas mais uma queda direta. Uma descida perpendicular.

Era esse o feito do homem que “não entendia nada”, como Oikura Sodachi diria — mas, a qualquer custo, eu senti que tinha cometido um erro ao longo do caminho da vida. Eu tinha sido descuidado demais. Afinal de contas, se eu não tivesse forçado a minha sorte, se eu tivesse apenas sabido do meu lugar e escolhesse uma escola que combinasse com as minhas habilidades acadêmicas, nada disso teria acontecido.

Tão importante quanto isto pode ser para este flashback, eu não quero especificamente discutir os detalhes de como esses primeiros dois anos do ensino médio, constantemente praguejados por esses pensamentos, eram. “Para detalhes, revise os capítulos anteriores.”

O que me fez desviar ainda mais longe dessa trilha de falhas — ou como uma representante de classe diligente diria, esse “caminho da delinquência” — aconteceu durante março do ano passado. Eu consegui cair ainda mais fundo do fundo do poço. Você tem que deixar isso comigo, a minha direção imprudente é uma vista a ser testemunhada. Ou talvez o meu carro não tenha um volante?

Isso mesmo.

Eu conheci Tsubasa Hanekawa — a gata.

Eu conheci Shinobu Oshino — a vampira.

Eu conheci Hitagi Senjougahara — o caranguejo.

Eu conheci Mayoi Hachikuji — o caracol.

Eu conheci Suruga Kanbaru — a macaca.

Eu conheci Nadeko Sengoku — a cobra.

Após tudo isso, eu finalmente me tornei o estudante de mente voltada à faculdade que eu sou hoje. Eu me tornei o eu que eu sou hoje. Pensando nisso, foi praticamente a reabilitação ideal para um delinquente do ensino médio. A Hanekawa uma vez me disse, “Eu vou reabilitar você” — ou foi no fim das férias de primavera, ou foi na cerimônia de abertura, talvez — e como você pode ver, ela pontuou um sucesso retumbante. Essa é a representante de classe dentre as representantes de classe. A representante de classe escolhida por Deus em si.

Claro, se eu desse todos os créditos pela minha reformação a Tsubasa Hanekawa, a própria Hanekawa provavelmente seria aquela a ficar com mais raiva de mim. Meu salto dramático em habilidade acadêmica foi graças ao cuidado devotado por Hitagi Senjougahara — (enquanto você poderia chamar isso de “tutoria” para a primeira metade do ano escolar, pela segunda metade, isso era certamente mais apropriadamente descrito como “cuidado”), assim como a assistência de pessoas como a Shinobu e as minhas irmãzinhas, que me ajudaram a limpar minhas bagunças quando as coisas se complicavam. Não sou tão cabeça dura para ignorar tudo isso, nem meu campo de visão é tão estreito assim — ou eu gostaria de pensar dessa maneira. Embora, quanto ao que se refere à Kanbaru, não parece que ela fez muito senão ficar no caminho dos meus estudos...

Mas acima de todo o resto, houve a situação com a Sengoku.

Durante o segundo encontro da Sengoku com uma cobra, a vez em que estraguei — a vez em que eu falhei miseravelmente, com um “F” maiúsculo — eu fui capaz de continuar lutando sem cair no desespero somente graças ao apoio de todos ao meu redor. Não posso me permitir me esquecer disso. Não fui capaz de realizar nada no final — mas ainda assim, porque todo mundo estava ali para mim, evitei cometer o erro irreversível de morrer. É por isso que estou aqui agora. É por isso que estou aqui, indo fazer o meu exame no dia 13 de março.

... Hm?

Espera, ainda estou me esquecendo de algo importante — algo tão importante que, se eu não puder me lembrar disso, posso também não me lembrar de qualquer coisa também. Isso mesmo, antes de ir ao terreno da minha universidade de escolha — a universidade na qual a minha namorada, Hitagi Senjougahara, já foi aceita por recomendação — eu tinha feito uma parada breve pelo caminho. Não era um desvio de uma única vez, mas sim um lugar que eu estive visitando bem frequentemente ultimamente. Desde fevereiro, eu estive subindo uma certa montanha quase todos os dias, como se isso fizesse parte da minha rotina diária.

Não é que eu tenha subitamente desenvolvido um interesse por caminhadas. Nessa época, meu corpo já tinha passado por uma transformação em algo literalmente super-humano, o que manteria uma condição saudável eu me importando com caminhadas ou não. Deixando esse tanto de lado, para assim evitar encarar essa realidade — eu não estava caminhando, mas sim visitando o templo vazio no topo da pequena montanha na minha cidade. Visitando o templo esquecido que tinha sido tão profundamente entrelaçado com os nossos destinos.

O motivo pelo qual eu continuava a ir para o Templo Kita-Shirahebi era para cumprir uma promessa de encontrar alguém lá. Pensando nisso agora, era um arranjo meio unilateral — mas o qual eu estive apoiando por quase um mês no momento.

Certo. Isso nos leva a hoje. 13 de março, cedo de manhã.

A pessoa pela qual eu estava esperando nunca apareceu, mas havia mais alguém esperando por mim no terreno do templo. Lá, fiquei cara-a-cara com Izuko Gaen, a cabeça dos especialistas...

“...”

E aí o quê? Como isso leva à Hachikuji? Onde Mayoi Hachikuji entra em cena? Fiz o meu melhor para me lembrar de tudo, mas nada disso se amarra à situação atual. Esse resumo não resumiu tudo nem um pouco. Foi a Gaen-san que eu acabei de ver, então por que a Hachikuji está aqui, de repente?

Eu olho para a garotinha diante dos meus olhos mais uma vez. Eu a encaro por cima, examinando-a de perto. O cabelo dela está perfeitamente amarrado em marias-chiquinhas.

Ela é razoavelmente alta para uma estudante do quinto ano, mas ainda carrega uma mochila grande o suficiente para parecer fora de lugar numa garota do seu tamanho. Ela está fingindo inocência, olhando para mim com olhos grandes e brilhantes.

Não tem erro. Não tem como eu poderia estar errado. Não importa de qual ângulo eu a olho, ela é definitivamente Mayoi Hachikuji. Ela é a mesma criança perdida que eu encontrei naquele parque no dia 14 de maio do ano passado. Mesmo que eu pudesse confundir alguém de vista — bem, excluindo Tsubasa Hanekawa — eu nunca poderia confundir ela com outra pessoa. Se ela tivesse uma gêmea, ou até mesmo um clone, estou absolutamente confiante de que seria capaz de ver através disso.

“Hahaha. Noutras palavras, você poderia me pegar da minha primeira abertura na primeira temporada do anime. Isso se parece bastante com o jogo ‘Onde Está Wally’.”

“...”

Uma piada meta assim não sairia da boca de ninguém além da própria Hachikuji também. Mas nesse caso, isso é realmente ao que isso leva.

“... Heh.”

Puxa vida, eu me encontrei numa salmoura e tanto. Nesta situação, tenho certeza de que todo mundo espera que Koyomi Araragi, diante de uma reunião inesperada com a sua amada Mayoi Hachikuji, uma garota que ele não via há meses — ou mais especificamente, uma garota que ele pensou que nunca veria novamente —, pulasse de alegria, se engasgasse com lágrimas de felicidade, tremesse de emoção, começasse a balbuciar coisas sem sentido em deleite e corresse para abraçá-la.

Eu sei que todos estão esperando que eu faça jus a essas expectativas.

Aah, que esperanças pesadas eu estou carregando. Não acho que os meus ombros possam aguentar o peso.

Não, não, eu entendi, entendi mesmo. Eu entendo o sentimento. Você tem minhas simpatias mais sinceras. Eu passei um longo tempo no negócio, e como o jogador-chave desse tipo, estou ciente da importância de um certo fluxo de eventos. Há uma necessidade de coisas como rotinas e clichês. Então não tenha a ideia errada — é só que, como eu disse antes, sou um sênior do ensino médio agora. E acima disso, sou um sênior do ensino médio prestes a se graduar. Não posso mais ser levado às lágrimas por cada pequena coisa que acontece. Eu simplesmente aceito fenômenos como fenômenos. Não sou mais tão emocionalmente volátil para reagir com “!” ou “?!” ou até mesmo algo que abusa de elipses como “.........!” à cada volta.

Se esta fosse uma light novel antiga, este provavelmente é o momento em que eu subitamente começaria a gritar numa fonte enorme com letras em negrito, mas este é o século 21 — além do mais, sou um disparate precoce, então parece que também pode ser o 22. Noutras palavras, estou vivendo na era de Doraemon, não do Astro Boy. Deixei minhas emoções no meu bolso 4D.

Então, se eu tivesse que colocar em palavras o que estou sentindo agora, seria, “Oh, veja, é a Hachikuji.” Somente isso. Isso pode parecer frio de mim, mas é a verdade, então não há nada que eu possa fazer quanto a isso. Não importa como alguém me veja, mentir é uma coisa que eu não faço.

Espera, mas, sério, não tenha a ideia errada. Não é que eu não esteja feliz em vê-la. Eu nunca disse isso. É claro que estou feliz. Eu estou perfeitamente satisfeito. Ela era uma amiga, afinal de contas. Uma amiga, mais ou menos. É, se me recordo, nós tivemos algumas horas razoavelmente divertidas juntos. Tipo, uh, beber suco juntos? Eu realmente não me lembro disso tão bem. Oh, ela não costumava gaguejar o meu nome? Acho que ouvi sobre isso uma vez. Esse tipo de papo-furado não parece muito divertido agora que me tornei um adulto, mas sinto que eu realmente me divertia com isso na época. É.

Ainda assim, quando um amigo que você pensou que nunca veria novamente — noutras palavras, alguém que você já categorizou como um “velho amigo” na sua mente — subitamente aparece novamente, é difícil saber como reagir. Falando de modo geral. Apenas como um fato da vida.

Eu nunca me transferi de escola antes, então eu não saberia muito disso, mas ouvi anedotas sobre ter uma festa de despedida, apenas para as coisas ficarem esquisitas ao descobrir que a transferência foi atrasada. Isso é exatamente como isto.

É como algo que você veria no último capítulo de um mangá para crianças: o personagem principal dá suas despedidas a todo mundo quando ele tem que se mudar, mas acaba que ele apenas se mudou para a casa ao lado, então a aventura deles continuará. Enquanto isso pode funcionar num mangá, se isso acontecesse na vida real, você ficaria um pouco em choque. Os laços que você cortou antes seriam deixados pendurados.

Você poderia até mesmo dizer que é como se você acabasse de terminar de limpar o seu quarto, apenas para encontrar que há um único pedaço de cartão no meio do chão — ou como se você desmontasse uma lapiseira e a montasse novamente apenas para perceber que deixou um pedaço de chumbo faltando. Onde eu posso jogar fora essa sensação esquisita? Essas metáforas realmente eram familiares.

Hachikuji, hein...? Espera, o nome dela era Hachikuji, certo? Não tenho certeza de se era Hachi ou Nana, e não consigo me lembrar de se era Mayoi ou Koyoi[3], mas, bem, simplesmente vamos com “Mayoi Hachikuji” por enquanto.

Aparentemente, quando as pessoas vão a uma reunião de classe e veem seus velhos amigos da escola primária algumas vezes, a impressão delas será completamente diferente, e elas pensarão para si mesmas, “Eles não costumavam ser assim.” Embora isto não seja exatamente o mesmo, eu .

Bem, eu me tornei um adulto agora, então não há nada para isso. Eu cresci. Eu fui forçado a passar por um crescimento emocional extraordinário desde que parti caminhos com a Hachikuji em agosto, então sou uma pessoa completamente diferente da que eu era na época. Eu sou uma pessoa completamente diferente da que eu fui uma vez. Tenho quase certeza de que foi isso que aconteceu.

É por isso que algo parece estranho — ou eu deveria dizer, é por isso que esta reunião parece um pouco tensa, por isso que me sinto um pouco rígido. Humanas são criaturas que crescem, então isso era algo inevitável. Nós crescemos. Não temos escolha senão crescer. Ou melhor, seria perturbador se nós sempre permanecêssemos os mesmos, não seria?

O inocente Koyomi Araragi, que se lançaria feito um foguete em direção à Hachikuji quando a visse andando por uma rua, não existia mais. Essa versão infantilizada minha se foi. Vendo isso agora, não consigo entender por que eu costumava fazer aquilo, ou o quê eu pensava que era tão divertido nisso. Correr em direção a uma garota e escavá-la em um abraço à vista? Isso é simplesmente um ato criminoso. Eu mal consigo acreditar que eu costumava ser esse tipo de cara, mas em certo sentido, esse cara não sou mais eu. Ele não é Koyomi Araragi. Ele é um antigo Koyomi Araragi. Um homem como esse é melhor morto — e assim ele está.

Ele alcançou um final adequado.

E então, como o novo Koyomi Araragi, quando diante da Mayoi Hachikuji de dez anos de idade, que não parece ter crescido nem um pouco desde que a vi pela última vez, não consigo evitar sentir uma aflição de desapontamento junto com a alegria de sermos reunidos. Eu dificilmente poderia esperar que ela tivesse amadurecido o mesmo tanto quanto eu, mas esperava que ela tivesse crescido um pouco na metade de um ano que passamos separados. Se ela está esperando que eu interaja com ela da mesma maneira que eu costumava fazer, temo que eu esteja perdido.

Ela provavelmente quer participar da mesma conversa fiada que nós costumávamos ter, mas agora que o meu vocabulário está tão cheio de muitos termos filosóficos e técnicos, não posso fazer nada além de me preocupar com que não seremos capazes de nos comunicar apropriadamente. Não sou confidente em que posso emburrecer a conversa para um nível apropriado para alguém da idade dela. Mesmo que eu tentasse, como alguém cuja mente e alma ascenderam a um estágio nobre, o assunto de conversação mais deselegante no qual consigo pensar é política. Como eu deveria emburrecer isso? Você poderia chamar isso de a tragédia de alguém que alcançou a iluminação; eu não faço a menor ideia do que é considerado conhecimento comum hoje em dia.

Mas, bem. Mesmo assim. (Aqui vem a parte pela qual todos vocês estiveram esperando.)

Se eu retornar a essas memórias distantes, eu realmente devo muito à Hachikuji. Se não fosse pela Hachikuji — se eu não tivesse encontrado a Hachikuji — eu não estaria aqui agora. Eu não devo me esquecer das oito virtudes Confucianistas: benevolência, justiça, cortesia, sabedoria, fidelidade, lealdade, piedade filiam e serviço aos mais velhos. Dívidas têm que ser pagas, e é esperado mostrar gratidão àqueles que lhe ajudaram. Em vez de desistir antes de tentar, como alguém que cresceu tanto como uma pessoa, é o meu dever fazer o quer que eu consiga para me rebaixar ao nível dela. Se eu fiz minha cabeça, então aqui vamos nós.

Como uma cerimônia... Como uma iniciação, é hora de regressar aos meus anos de infância — sim, assim como um tio entrando na brincadeira de casinha de sua sobrinha — e, transbordando de cuidado paternal, realizar nossa velha rotina mais uma vez.

Mas esta realmente é a última vez.

Mantenho minhas expectativas baixas, ou melhor, não posso esperar por muito, mas imagino que posso ser capaz de aprender algo disso... Umm, como isso funciona mesmo? Tenho apenas uma fraca memória de como isso era feito, mas, bem, tenho certeza de que me lembrarei disso enquanto o fizer. Mesmo que tudo não volte a mim, isso não deve ser um grande problema.

Tudo bem, então vamos direto ao ato principal.

Não preciso me aquecer.

Pronto, preparado...

!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!

"Hachikuji………!"

!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!

Eu salto em direção a ela. Eu salto em direção a ela com letras em negrito numa fonte enorme enquanto jogo por aí vários “!!”s e “?!”s e abuso das elipses.

“Aghh!”

“Hachikuji! Hachikuji! Hachikuji!”

“Agghhhh! Agghhh!”

“O que cê tá fazendo aqui, o que te traz aqui?! Espera, não, eu não ligo pro motivo, tá tudo bem enquanto você tiver aqui, oh, eu não tenho palavras pra tudo que tô sentindo agora, waaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!”

“Aaggghh! Aaaggghh! Aaaggghh!”

Hachikuji se debate contra mim. Eu a abraço fortemente com lágrimas de alegria em meus olhos.

“Oh, esta sensação ao toque, esta sensação de te segurar, o jeito que você se encaixa bem nos meus braços — realmente é você, Hachikuji! Fui abençoado, tão abençoado! Quanto mais esfrego nossas bochechas juntas, mais você é a Hachikuji! Quanto mais eu te lambo por todo lugar, mais você é a Hachikuji! Este é o sabor que diz que você é a Hachikuji! Estes globos oculares, estes lábios, a nuca deste pescoço, estas coxas, estes peitos, estes membros superiores, este quadril, estas costelas, as costas destes joelhos, estes calcanhares — a textura deles, o sabor deles, todos eles pertencem a Mayoi Hachikuji! Que suave, é quase como se todos eles tivessem sido polidos com cera! Eu nunca vou te soltar de novo, eu não vou te deixar ir a nenhum lugar, eu não vou deixar você fugir! Vou ficar bem assim, abraçando você bem perto até o dia em que eu morrer! Você tá confinada nos meus braços pro resto da eternidade! Ah, droga, nossos corpos tão ficando no caminho do meu abraço! Se a gente pelo menos pudesse apenas se dissolver em líquido e nos derreter um no outro! Tudo esteve tão horrível desde que você se foi, eu tô no meu limite! Escute a todas as minhas reclamações, venha curar as minhas feridas! Vamo lá, me deixa te tocar mais, me deixa te apertar mais, me deixa eu te lamber toda!”

“Aaagghh! Aaaggghh! Aaaggghh! Aaaggghh!”

“Ei! Para de se debater! Você tá deixando difícil pra gente ficar pelado!”

“Aaaggghh!... Grrr!”

Ela me mordeu. Ela me mordeu com cada onça de sua força de garotinha.

“Aghhh!”

É a minha vez de gritar agora. Após ter acabado de jurar que não a soltaria até o dia em que eu morresse, eu imediatamente puxei meus braços de volta em dor — mas desta vez, são os dentes da Hachikuji que não se soltam da minha mão.

Espera, esqueça-se de não soltar, ela vai arrancá-la fora com uma mordida! Cresceram presas nela ou algo assim?!

“Grr! Grr, grr, grr, grr, grr!”

“Ao, ao, ao, ao, ao! O que cê tá fazendo, sua pirralha?!”

É claro, aquele que é doloroso de se olhar agora, e aquele que na verdade está fazendo algo ultrajante... é ninguém mais do que eu.

Em todo caso, deixando de lado todos os pequenos detalhes e explicações... Após um pouco mais da metade de um ano, parecia que eu me encontrei numa reunião inesperada com a minha melhor amiga, Mayoi Hachikuji.

Notas do Tradutor[edit]

  1. Z-ton (também chamado de “Zetton”) é um monstro que apareceu no último episódio da famosa série Tokusatsu, Ultraman. Ele apareceu em muitas outras séries do Ultraman desde então, surgindo frequentemente nos finais delas.
  2. No Japão, todos os estudantes que se candidatam a universidades privadas e algumas públicas devem fazer um teste padronizado chamado de National Center Test. Após passar no Center Test, os estudantes serão requisitados a fazer um teste específico para qual for a universidade para qual eles estejam se candidatando (geralmente).
  3. “Hachi”, o primeiro kanji no nome da Hachikuji, significa "oito" em Japonês, enquanto "Nana" significa "sete". "Koyoi" é a palavra para "esta noite" e termina com o mesmo kanji de "Mayoi".


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