Bakemonogatari: Volume 1 - Caranguejo Hitagi 007

From Baka-Tsuki
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A linha do tempo.

Eu estava em uma linha do tempo confusa.

Eu tinha assumido que Senjougahara havia conhecido o caranguejo, perdido seu peso, e que levou a sua mãe a loucura a ponto de fazê-la participar de um culto. Mas foi ao contrário, a mãe de Senjougahara tinha aderido ao culto muito antes de Senjougahara encontrar o caranguejo, e tirar o seu peso.

Eu deveria ter adivinhado.

Enquanto grampeadores e facas de uso geral eram coisas que podiam estar em qualquer parte da casa, chuteiras definitivamente não. No momento em que os mencionei, eu deveria ter percebido que isso aconteceu quando ela ainda estava na equipe de atletismo - no ginásio. No momento em que ela começou a escola, e não participou de E.F., e muito menos da equipe de atletismo, ela nunca teve um par de chuteiras.

Aparentemente, sua mãe se juntou ao culto pela primeira vez quando Senjougahara estava na quinta série. Bem antes menos de Hanekawa a conhecê-la.

Na época, ela tinha sido uma criança frágil.

Realmente doente, mas não era apenas isso.

Ela tinha algo ruim - você sabe o nome, se eu mencionar isso. Suas chances de sobreviver eram menos de dez por cento, e os médicos estavam prontos para desistir.

As coisas estavam tão mal...

A mãe de Senjougahara precisava de algum descanso.

Eles se aproveitaram disso.

A operação de Senjougahara desafiou as probabilidades - um fato que provavelmente não tinha nada a ver com o culto, embora Oshino disse que não tinha como ter certeza. Quando eu estava na casa de Senjougahara, se eu tivesse escolhido olhar de perto o seu corpo nu, eu poderia ter notado as fracas cicatrizes da operação em suas costas... mas, obviamente, eu tinha feito tal coisa.

E o jeito que ela me encarou, e colocou a camisa primeiro... bem, eu acho que estava errado ao falar que ela estava mostrando o seu corpo.

Ela pediu a minha opinião.

De qualquer forma, quando a vida de Senjougahara foi salva, sua mãe... afundou ainda mais nas garras do culto.

Acreditando que tinha salvado a vida de sua filha.

Eles conseguiram a sua viciada.

Um padrão clássico.

Mas sua família inteira foi pega. Eu não sabia nada sobre as práticas ou crenças atuais do culto, mas em maior parte, não parecia abalar a vida de seus seguidores. Seu pai havia ganhava o suficiente, e eles tinham sido ricos para começar, o que contribuiu muito; mas com o passar dos anos, as crenças de sua mãe haviam se aprofundado, e o domínio sobre elas haviam aumentado.

Eles eram uma família só no nome.

Senjougahara não estava mais falando com a mãe dela.

Quando ela ainda estava na escola primária, eles estavam juntos, mas as coisas começaram a ficar mais tensa depois que ela entrou no ginásio. Da maneira que a Hanekawa descreveu sua época, era difícil imaginar algo assim como comer com ela, por exemplo.

Talvez isso a fez se criar.

Fez muito bem.

Forçou-se a tentar ser tão perfeita que poderia ser.

Para mostrar a sua mãe como ela poderia ser perfeita, para provar que poderia ser grande sem ajudar de qualquer culto.

Apesar de não falar com ela.

Ela não tinha sido naturalmente propensa à esportes.

Certamente não quando ela estava doente.

Ela deve ter se obrigada.

Mas seus esforços tinham saído pela culatra.

Piorou as coisas.

Senjougahara tinha feito o seu melhor, ela conseguiu ser a mais perfeita, mas sua mãe estava mais convencida de que era por causa do culto.

E o resultado final...

Em seu terceiro ano do ginásio.

Com a formatura se aproximando logo mais.

Ela havia se juntado ao culto por sua filha, mas suas prioridades haviam crescido tão fora de sintonia que ela ofereçeu a sua filha a um dos lideres do culto. Talvez ela tinha pensado que fosse para o próprio bem de sua filha.

Senjougahara havia revidado.

Com a ponta da chuteira fez sair sangue da testa do líder.

E o resultado...

...destruída sua família.

Eles foram arruinados.

Tudo foi levado para longe dela.

Dinheiro, casa, terreno. Empréstimos enormes foram sacados.

O divórcio foi finalizado no ano passado, ela disse; ela se mudou para o apartemento de seu pai quando havia começado o colegial. Tudo acabou antes que ela se formasse no ginásio.

Terminou.

E...

No intervalo de espaço entre ginasial e o colegial...

Ela conheceu o caranguejo.

"Um caranguejo peso é basicamente um Deus", explicou Oshino. 'Omoshi' para peso ou carga. 'Omoishi' para vingança e retaliação. 'Omoi' para pensamento e sentimentos, e para 'shigarami', obrigações. Pode-se dizer que a perda do seu peso é uma coisa que na verdade, não existia. Quando algo tramático acontece, a mente das pessoas sela essas memórias - você vê isso o tempo todo em filmes ou na TV. Ela funciona basicamente da mesma forma, o Deus tira o que está incomodando você para longe."

Em outras palavras, quando ela conheceu o caranguejo...

Ela tinha cortado seus laços com sua mãe.

Ela parou de pensar sobre o porquê de sua mãe oferecer ela para o líder do culto, o porquê dela não ter salvo ela, e como isso tinha destruído sua família. Ela parou de se perguntar se ela deveria ter deixado isso acontecer.

Ela deixou o fardo.

Ela perdeu o que havia pesado para ela.

Ela escolheu...

...para escondê-lo.

Ela precisava de um pouco de descanso.

"Um simples negócio, uma mesma troca. Os caranguejos tem toda essa armadura, que é bastante resistente, certo? Achamos que eles possuem, de qualquer maneira. Possuem uma casca do lado de fora. Protege o que realmente importa nesse exoesqueleto. Sopram bolhas. Não se pode comê-los facilmente."

Ele realmente parecia odiá-los.

Oshino podeira ficar estranhamente incomodado sobre essas coisas.

"O kanji para caranguejo é o mesmo que para inseto. Também pode ser o mesmo na palavra dissecção. Qualquer coisa viva na água é classifica dessa forma em kanji, mas estes possuem duas grandes garras."

No final...

Senjougaraha perdeu seu fardo - seu peso e seus sentimentos. Ela foi liberada de seu sofrimento, não mais a atormentando. Ela jogou tudo fora.

E isso...

...tornou as coisas muito mais fáceis.

Em realidade eles se tornaram.

Sem o seu fardo, ela não tinha problemas reais. Mas, como o rapaz que vendeu sua sombra, nunca houve um dia que passava, em que Senjougahara não se arrependeu.

Não é porque ela não se dava bem com outras pessoas.

Não é porque sua vida tinha alguns luxos restantes.

Não é porque ela não fez amigo algum.

Não é porque ela tinha perdido tudo.

Simplesmente porque ela tinha perdido seus sentimentos.

Cinco vigaristas.

Nenhum deles tinha nada a ver com a religião de sua mãe, mas como Oshino, ela apenas acreditava em metade deles... mas o fato dela confiar neles em tudo mostra o quanto ela se arrependeu. O fato dela continuar indo ao hospital a fazia bem.

Tudo errado.

Eu estava errado sobre tudo.

Desde que ela perdeu seu peso, Senjougahara...

...não tinha desistido de qualquer coisa.

...não tinha posto de lado qualquer coisa.

"Ela não fez nada de errado. Só porque algo de ruim aconteceu, não significa que tem que enfrentá-lo. O enfrentando não torna você melhor. Fugir sempre é um opção válida. Especialmente sua mãe que lhe abandonou em prol de sua religião. Dada as circunstâncias, recuperar seu peso não vai mudar em nada. A única diferença seria o seu fardo se pesar sobre ela novamente. Sua mãe não vai voltar para casa, e sua família não vai se recuperar."

Isso não mudava nada.

Oshino não disse isso para zombar, ele não estava sendo sarcástico.

"Um caranguejo peso pega o seu peso, suas memórias e assume sua identidade. Mas não é como os vampiros e a gata sexy. Ela escolheu esse destino, e que foi concedido a ela. Uma troca justa. O Deus estava sempre com ela. Ela nunca perdeu nada uma única vez. E ainda..."

E ainda...

Mesmo depois.

De Tudo isso.

Senjougahara Hitagi queria de volta.

Queria tudo de volta.

Tudo o que ela se lembrava se sua mãe.

Suas memórias, e as dores que lhe causava.

Realmente, não poderia saber o que isso significa e, provavelmente nunca irei saber, mas como tinha dito Oshino, muito pouco iria resultar isso. Sua mãe não iria mais voltar para eles. Senjougahara iria sofrer mais do que nunca.

Isso não muda nada.

"Isso muda alguma coisa", disse Senjougahara.

Seus olhos vermelhos e inchados.

"Não foi um completo desperdício. Ao menos, encontrei um bom amigo."

"Quem?"

"Você."

Eu sabia a resposta. Mas fiquei surpreso o quão simples, direta e desembaraçada ela estava ao dizer isso.

"Obrigada, Araragi-kun. Eu sou muito grata a você. Peço desculpas por qualquer coisa que eu disse ou que fiz. Eu ficaria feliz se você continuasse a ser meu amigo."

Apesar de eu...

Este sentimento inesperado afundou profundamente meu coração.

Prometemos comer caranguejo juntos.

O inverno parecia muito longe.


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