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Kamijou coçou sua cabeça e olhou em volta de seu quarto. Desde que estivesse com a sua caderneta bancária, ele poderia facilmente conseguir um novo cartão. O real problema era a geladeira... ou melhor, o café da manhã. Eles chamavam de aulas suplementares, mas ele tinha certeza que seria forçado a tomar pílulas de Methuselin e pó de Elbrase para o desenvolvimento de poderes. Fazer isso com o estômago vazio não era uma boa ideia.
 
Kamijou coçou sua cabeça e olhou em volta de seu quarto. Desde que estivesse com a sua caderneta bancária, ele poderia facilmente conseguir um novo cartão. O real problema era a geladeira... ou melhor, o café da manhã. Eles chamavam de aulas suplementares, mas ele tinha certeza que seria forçado a tomar pílulas de Methuselin e pó de Elbrase para o desenvolvimento de poderes. Fazer isso com o estômago vazio não era uma boa ideia.
   
Trocando de roupa e colocando seu uniforme de verão, Kamijou considerou parar em uma loja de conveniências no caminho para a escola. Fazendo jus a sua posição de estudante idiota, Kamijou ficou acordado a noite inteira conforme as férias de verão se aproximavam, portanto, uma dor triturante passava pela sua mente privada de sono. Ainda assim, ele tentava pensar positivamente.
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Trocando de roupa e colocando seu uniforme de verão, Kamijou considerou parar em uma loja de conveniências no caminho para a escola. Fazendo jus a sua posição de estudante idiota, Kamijou ficou acordado a noite anterior inteira, portanto, uma dor triturante passava pela sua mente privada de sono. Ainda assim, ele tentava pensar positivamente.
   
 
Bom, eu acho que saio ganhando se uma única semana compensar tudo o que eu perdi em quatro meses de aulas, Kamijou pensou.
 
Bom, eu acho que saio ganhando se uma única semana compensar tudo o que eu perdi em quatro meses de aulas, Kamijou pensou.
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“É uma freira!”
 
“É uma freira!”
   
“Hábito” era o nome do traje que ela usava? Eram as roupas que você esperaria que uma freira usasse em uma igreja. Parecia um vestido longo que chegava aos tornozelos com um capuz que cobria sua cabeça. Mas os hábitos de freiras normais eram pretos, o dela era branco. Talvez feito de seda? Além disso, bordados feitos com linha dourada complementavam o hábito, tornando-o ainda mais único.
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“Hábito” era o nome do traje que ela usava? Eram as roupas que você uma freira usaria em uma igreja. Parecia um vestido longo que chegava aos tornozelos com um capuz que cobria sua cabeça. Mas os hábitos de freiras normais eram pretos, o dela era branco. Talvez feito de seda? Além disso, bordados feitos com linha dourada complementavam o hábito, tornando-o ainda mais único.
   
 
As pontas dos dedos da garota se movimentaram. Sua cabeça lentamente levantou. O cabelo prateado da freira suavemente dividiu-se como uma cortina e a sua face finalmente surgiu.
 
As pontas dos dedos da garota se movimentaram. Sua cabeça lentamente levantou. O cabelo prateado da freira suavemente dividiu-se como uma cortina e a sua face finalmente surgiu.
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"Como você pode ver, eu sou da igreja. Isso é importante. Ah, mas eu não sou do Vaticano. Eu sou da Igreja Anglicana."
 
"Como você pode ver, eu sou da igreja. Isso é importante. Ah, mas eu não sou do Vaticano. Eu sou da Igreja Anglicana."
   
"Eu não sei o que isso significa e você vai me ignorar minhas perguntas?!"
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"Eu não sei o que isso significa e você vai ignorar minhas perguntas?!"
   
 
"Index não é o suficiente? Bom, meu nome mágico é Dedicatus545."
 
"Index não é o suficiente? Bom, meu nome mágico é Dedicatus545."
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"Eu não estava pendurada para secar."
 
"Eu não estava pendurada para secar."
   
"Então o que você estava fazendo? Você estava voando caiu lá?"
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"Então o que você estava fazendo? Você estava voando e aterrissou lá?"
   
 
"Algo assim."
 
"Algo assim."
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Kamijou achou que era uma piada, parou de movimentar a frigideira e voltou a olhar para garota.
 
Kamijou achou que era uma piada, parou de movimentar a frigideira e voltou a olhar para garota.
   
"Eu caí. Eu estava tentando saltar de um telhado para outro."
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"Eu caí. Eu estava tentando saltar de um prédio para outro."
   
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Prédio?
Telhado?
 
   
 
Kamijou olhou para o teto. Os dormitórios estudantis possuíam a mesma quantidade de andares e observando a varanda, poderia-se perceber que havia um espaço de dois metros entre os prédios. Era verdade que um pulo com impulso poderia bater essa distância. Mas...
 
Kamijou olhou para o teto. Os dormitórios estudantis possuíam a mesma quantidade de andares e observando a varanda, poderia-se perceber que havia um espaço de dois metros entre os prédios. Era verdade que um pulo com impulso poderia bater essa distância. Mas...
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"Mas são oito andares! Um passo em falso e você iria direto para o inferno."
 
"Mas são oito andares! Um passo em falso e você iria direto para o inferno."
   
"Sim, você não ganha nem uma sepultura se cometer suicídio", disse Index. "Mas eu não tinha escolha. Era o único jeito de escapar."
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"Sim, você nem ganha uma sepultura se cometer suicídio", disse Index. "Mas eu não tinha escolha. Era o único jeito de escapar."
   
 
"Escapar?"
 
"Escapar?"
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A mão de Kamijou que estava movimentando a frigideira parou mais uma vez.
 
A mão de Kamijou que estava movimentando a frigideira parou mais uma vez.
   
"Eu pulei corretamente, mas fui baleada em pleno ar." A garota que chamava a si mesma de Index sorria. "Peço perdão. Parece que eu caí na sua varanda."
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"Eu pulei corretamente, mas fui baleada em pleno ar." A garota que chamava a si mesma de Index sorriu. "Peço perdão. Parece que eu caí na sua varanda."
   
 
Ela sorriu inocentemente para Kamijou Touma sem sinais de sarcasmo ou autodepreciação.
 
Ela sorriu inocentemente para Kamijou Touma sem sinais de sarcasmo ou autodepreciação.
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"Você foi baleada...?"
 
"Você foi baleada...?"
   
"Sim? Ah, você não precisa se preocupar, não estou ferida. Essas roupas também funcionam como barreira defensiva."
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"Sim? Ah, mas você não precisa se preocupar, não estou ferida. Essas roupas também funcionam como barreira defensiva."
   
 
Barreira defensiva? Era à prova de balas?
 
Barreira defensiva? Era à prova de balas?
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Mas...
 
Mas...
   
Havia o fato de que ela estava realmente pendurada em sua sacada no sétimo andar.
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Havia o fato de que ela estava realmente estava pendurada na sua sacada no sétimo andar.
   
 
Se, hipoteticamente, tudo o que ela falou era verdade...
 
Se, hipoteticamente, tudo o que ela falou era verdade...
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Kamijou deliberou.
 
Kamijou deliberou.
   
Ele pensou sobre o quanto de determinação uma pessoa precisaria para pular de um prédio de oito andares para outro. Ele também considerou a sorte dela ter caído na varanda dele no sétimo andar e o fato dela ter desmaiado.
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Ele pensou sobre o quanto de determinação uma pessoa precisaria ter para pular de um prédio de oito andares para outro. Ele também considerou a sorte dela ter caído na varanda dele no sétimo andar e o fato dela ter desmaiado.
   
 
Ela disse que estava sendo perseguida.
 
Ela disse que estava sendo perseguida.
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Mesmo assim, uma verdade permaneceu.
 
Mesmo assim, uma verdade permaneceu.
   
Como um aperto no seu peito, ele finalmente aceitou o fato de que ela caiu na sua varanda no sétimo andar quando um passo em falso poderia lançá-la direto ao asfalto.
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Como um aperto no seu peito, ele finalmente aceitou a ideia de que ela caiu na sua varanda no sétimo andar quando um passo em falso poderia lançá-la direto ao asfalto.
   
 
"Comida."
 
"Comida."
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...
 
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"O quê? Você está falando sobre alguma seita? Tipo, uma seita que diz que quem não acreditar no líder irá receber uma punição divina e aí eles te dão LSD para fazer uma lavagem cerebral? Isso é bem ruim."
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"O quê? Você quer dizer alguma seita? Tipo, uma seita que diz que quem não acreditar no líder irá receber uma punição divina e aí eles te dão LSD para fazer uma lavagem cerebral? Isso é bem ruim."
   
 
"...Tá brincando comigo?"
 
"...Tá brincando comigo?"
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Era chamado de Imagine Breaker e poderia negar até poderes divinos vistos em mitos em um instante desde que fosse um poder sobrenatural.
 
Era chamado de Imagine Breaker e poderia negar até poderes divinos vistos em mitos em um instante desde que fosse um poder sobrenatural.
   
"Poderes psíquicos são bem comuns por aqui. Qualquer um pode desenvolver poderes recebendo uma injeção 'esperina' nas veias, colocando eletrodos no pescoço e ouvindo alguns ritmos por fones de ouvido. Tudo pode ser explicado cientificamente, então é natural aceitar isso, certo?"
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"Poderes psíquicos são bem comuns por aqui. Qualquer um pode desenvolver poderes recebendo uma injeção de 'esperina' nas veias, colocando eletrodos no pescoço e ouvindo alguns sons por fones de ouvido. Tudo pode ser explicado cientificamente, então é natural aceitar isso, certo?"
   
 
"...Eu realmente não entendo."
 
"...Eu realmente não entendo."
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"Magia existe!"
 
"Magia existe!"
   
Parecia que ela queria forçá-lo a acreditar.
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Parecia que ela queria forçá-lo a acreditar nisso.
   
 
"Então o que é 'magia'? Você consegue atirar fogo de suas mãos sem ter passado pelo nosso Curriculum? Se sim, eu gostaria de ver. Talvez eu acredite em você."
 
"Então o que é 'magia'? Você consegue atirar fogo de suas mãos sem ter passado pelo nosso Curriculum? Se sim, eu gostaria de ver. Talvez eu acredite em você."
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Mas um sentimento complexo preenchia o coração de Kamijou.
 
Mas um sentimento complexo preenchia o coração de Kamijou.
   
Ele insistia que o oculto não existia e que magia era algo ridículo, mas ele não sabia absolutamente nada sobre o Imagine Breaker que residia em sua mão direita. Como o poder funcionava e o que estava acontecendo que ele não podia ver? A Academy City estava no topo do mundo no desenvolvimento de poderes, mas até seu System Scan falhou em analisar seu poder. Consequentemente, ele foi classificado como Level 0.
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Ele insistia que o oculto não existia e que magia era algo ridículo, mas ele não sabia absolutamente nada sobre o Imagine Breaker que residia na sua mão direita. Como o poder funcionava, e o que estava acontecendo que ele não podia ver? A Academy City estava no topo do mundo no desenvolvimento de poderes, mas até seu System Scan falhou em analisar o poder de Kamijou. Consequentemente, ele foi classificado como Level 0.
   
 
Além disso, esse poder não apareceu como resultado de uma intervenção científica. Ele possui este poder desde seu nascimento.
 
Além disso, esse poder não apareceu como resultado de uma intervenção científica. Ele possui este poder desde seu nascimento.
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"Não, na verdade eu não me importo com os conteúdos."
 
"Não, na verdade eu não me importo com os conteúdos."
   
Ele queria dizer no final "porque tudo é um monte de besteira mesmo", mas segurou sua língua.
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Ele queria complementar dizendo, "porque tudo é um monte de besteiras mesmo", mas segurou sua língua.
   
 
Ele então perguntou, "Onde estão esses 100,000 livros?"
 
Ele então perguntou, "Onde estão esses 100,000 livros?"
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"Como é? Você não vai me dizer que esses livros não podem ser vistos por idiotas, não é?"
 
"Como é? Você não vai me dizer que esses livros não podem ser vistos por idiotas, não é?"
   
"Você não poderia os ver mesmo se não fosse um idiota. Não teria sentido se todos pudessem vê-los."
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"Você não poderia os ver mesmo se não fosse um idiota. Não teria sentido se qualquer pessoa pudesse vê-los."
   
As palavras de Index eram tão irreais que Kamijou pensou que ele estava sendo ridicularizado. Ele olhou em volta, mas não viu nenhum livro velho que poderia ser um grimório. Haviam apenas revistas de jogos, mangás, e o seu dever de casa que ele havia jogado em um canto.
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As palavras de Index eram tão irreais que Kamijou pensou que ele estava sendo ridicularizado. Ele olhou em volta, mas não viu nenhum livro velho que pudesse ser um grimório. Haviam apenas revistas de jogos, mangás, e o seu dever de casa que ele havia jogado em um canto.
   
 
"...Ahhh."
 
"...Ahhh."
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Ele tentou de verdade escutá-la, mas Kamijou já estava no seu limite.
 
Ele tentou de verdade escutá-la, mas Kamijou já estava no seu limite.
   
Ele começou a se perguntar se ela estava imaginando tudo. Se ela pulou de um prédio de oito andares, escorregou, e caiu na varanda dele por causa de um delírio, ela não era alguém com quem Kamijou iria gostar de se envolver.
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Ele começou a se perguntar se ela estava imaginando tudo. Se ela pulou de um prédio de oito andares, escorregou, e caiu na varanda dele por causa de um delírio, ela não era alguém com quem Kamijou gostaria de se envolver.
   
"Acreditar em poderes psíquicos mas não em magia não faz sentido." Index disse com um beicinho. "Esses poderes científicos são tão bons assim? Não é certo zombar das pessoas só porque você possui um poder especial."
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"Acreditar em poderes psíquicos mas não acreditar em magia não faz sentido." Index disse com um beicinho. "Esses poderes científicos são tão bons assim? Não é certo zombar das pessoas só porque você possui um poder especial."
   
 
...
 
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Kamijou olhou para sua mão direita.
 
Kamijou olhou para sua mão direita.
   
Raios ou fogo não iriam sair dela. Não iria causar nenhum raio de luz ou explosão, e nenhuma marca estranha iria aparecer no seu pulso.
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Raios ou fogo não iriam sair dela. Não iria disparar nenhum raio de luz ou causar uma explosão, e nenhuma marca estranha iria aparecer no seu pulso.
   
 
Entretando, sua mão direita poderia negar qualquer tipo de poder sobrenatural, desprezando sua origem ou tipo.
 
Entretando, sua mão direita poderia negar qualquer tipo de poder sobrenatural, desprezando sua origem ou tipo.
   
"Bem, para as pessoas que vivem nessa cidade, os poderes que elas têm são parte de suas personalidades, então você deveria ser um pouco tolerante em relação a algumas delas. Na verdade, eu sou um esper, também."
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"Bem, para as pessoas que vivem nessa cidade, os poderes que elas têm são parte de suas personalidades, então você deveria ser um pouco mais tolerante em relação a algumas delas. Na verdade, eu sou um esper, também."
   
 
"É mesmo, idiota? Hmph. Você pode dobrar uma colher com sua mão ao invés de deixarem bagunçar o seu cérebro para esse fim."
 
"É mesmo, idiota? Hmph. Você pode dobrar uma colher com sua mão ao invés de deixarem bagunçar o seu cérebro para esse fim."
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Kamijou não tinha certeza do que dizer.
 
Kamijou não tinha certeza do que dizer.
   
Era incomum Kamijou explicar sobre sua mão direita para os outros. Além do mais, por ser relacionado a poderes sobrenaturais, não poderia ser explicado sem o conhecimento do sobrenatural ou psíquico.
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Era incomum Kamijou explicar sobre sua mão direita para os outros. Além do mais, por ser relacionado a poderes sobrenaturais, não poderia ser explicado se o outro lado não conhecesse o sobrenatural ou o psíquico.
   
 
"É essa minha mão direita. E no meu caso, não foi doping. Eu tenho esse poder desde que nasci."
 
"É essa minha mão direita. E no meu caso, não foi doping. Eu tenho esse poder desde que nasci."
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"E-Eu não sou falsa! Magia existe!"
 
"E-Eu não sou falsa! Magia existe!"
   
"Então me mostre algo, garota mágica! Você não vai acreditar no meu Imagine Breaker até eu destruir algo com a minha mão direita mesmo. Vamos lá!"
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"Então me mostre algo, Halloween girl! Você não vai acreditar no meu Imagine Breaker até eu destruir algo com a minha mão direita mesmo. Vamos lá!"
   
 
"Tudo bem, eu irei!" Index jogou suas mãos para o alto em sinal de aborrecimento. "Aqui! Estas roupas! É uma barreira defensiva de alta qualidade chamada Igreja Ambulante!"
 
"Tudo bem, eu irei!" Index jogou suas mãos para o alto em sinal de aborrecimento. "Aqui! Estas roupas! É uma barreira defensiva de alta qualidade chamada Igreja Ambulante!"
Line 536: Line 536:
 
Index abriu seus braços para mostrar o hábito.
 
Index abriu seus braços para mostrar o hábito.
   
"Igreja Ambulante? O quê? Isso não faz sentido! Não é legal ficar usando esses termos incompreensíveis como 'Index' e 'barreira defensiva, sabe?! Explicar algo significa tornar esse 'algo' entendível para uma pessoa que não entende de uma forma simples. Você não entende isso?!"
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"Igreja Ambulante? O quê? Isso não faz sentido! Não é legal ficar usando esses termos incompreensíveis como 'Index' e 'barreira defensiva, sabe?! Explicar algo significa tornar esse 'algo' entendível para uma pessoa de uma forma simples. Você não entende isso?!"
   
 
"O quê?! Como ousa dizer isso se você nem faz questão de tentar entender o que eu falo?!" Index balançou seus braços demonstrando raiva. "Certo, ver para crer, não é? Pegue uma faca na cozinha e me acerte no estômago!"
 
"O quê?! Como ousa dizer isso se você nem faz questão de tentar entender o que eu falo?!" Index balançou seus braços demonstrando raiva. "Certo, ver para crer, não é? Pegue uma faca na cozinha e me acerte no estômago!"
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"Te acertar?! Isso não vai acabar numa história no noticiário dizendo 'tudo começou com uma discussão banal' ou algo assim?"
 
"Te acertar?! Isso não vai acabar numa história no noticiário dizendo 'tudo começou com uma discussão banal' ou algo assim?"
   
"Ah, você não acredita em mim." Os ombros de Index subiram e desceram enquanto ela respirava fundo. "Essa roupa possui os requerimentos mínimos para criar uma igreja, ou seja, é uma igreja em forma de roupa. A forma como a roupa é tecida, a forma como os fios são costurados, a forma como os bordados a decoram... É tudo calculado. Uma faca não irá conseguir nem causar um arranhão."
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"Ah, você não acredita em mim." Os ombros de Index subiram e desceram enquanto ela respirava fundo. "Essa roupa possui os requerimentos mínimos para criar uma igreja, ou seja, é uma igreja em forma de roupa. A forma como a roupa é tecida, a forma como os fios são costurados, a forma como os bordados a decoram... É tudo calculado. Uma faca não irá conseguir causar um arranhão."
   
 
"Tá certo. Que idiota iria concordar em te esfaquear? Essa pessoa teria que ser um delinquente juvenil sem precedentes."
 
"Tá certo. Que idiota iria concordar em te esfaquear? Essa pessoa teria que ser um delinquente juvenil sem precedentes."
   
"Dá pra parar de tirar sarro de mim? Essa é uma cópia exata do Sudário de Turim, um tipo de tecido usado pelo santo que foi apunhalado pela Lança de Longino. É algo como um abrigo nuclear. Ela reflete ou absorve qualquer ataque, seja ele físico ou mágico. Eu te disse que fui baleada, certo? Bem, havaria um buraco gigante em mim se não fosse a Igreja Ambulante. Entende agora?"
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"Dá pra parar de tirar sarro de mim? Essa é uma cópia exata do Sudário de Turim, um tipo de tecido usado pelo santo que foi apunhalado pela Lança de Longino. É algo parecido com um abrigo nuclear. Ela reflete ou absorve qualquer ataque, seja ele físico ou mágico. Eu te disse que fui baleada, certo? Bem, haveria um buraco gigante em mim se não fosse a Igreja Ambulante. Entende agora?"
   
 
Cala a boca, idiota, Kamijou pensou furiosamente.
 
Cala a boca, idiota, Kamijou pensou furiosamente.
Line 554: Line 554:
 
"...Hmm. Então ele seria dizimado se eu tocasse com a minha mão direita?"
 
"...Hmm. Então ele seria dizimado se eu tocasse com a minha mão direita?"
   
"Sim, mas apenas se esse seu poder for real. Hahaha."
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"Sim, mas apenas se esse seu poder for real. Hahaha!"
   
"Perfeito!!" gritou Kamijou enquanto ele segurava o ombro de Index.
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"Perfeito!!" gritou Kamijou segurando o ombro de Index.
   
Como se ele tivesse segurado uma nuvem, ele sentiu como se o impacto fosse absorvido por uma esponja macia.
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Como se ele tivesse segurado uma nuvem, ele sentiu o impacto ser estranhamente absorvido por uma esponja macia.
   
 
"Espera... hã?"
 
"Espera... hã?"
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"Haaaaaaaaaa?!"
 
"Haaaaaaaaaa?!"
   
Kamijou gritou por causa de sua repentina premonição de que ele talvez finalmente estivesse subindo alguns passos em direção a fase adulta. Mas...
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Kamijou gritou por causa de sua repentina premonição de que ele pudesse estar finalmente subindo alguns degraus em direção a fase adulta. Mas...
   
 
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Kamijou não conseguiu aguentar.
 
Kamijou não conseguiu aguentar.
   
"Viu? E essa coisa aí sobre esse tal de Imagine Breaker? Nada aconteceu. Ha! Ha!"
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"Viu? Onde está esse tal de Imagine Breaker? Nada aconteceu. Ha! Ha!"
   
Index colocou suas mãos na cintura e inchou seu peito de orgulho.
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Index colocou suas mãos na cintura e inchou seu peito de satisfação.
   
Mas logo após, as roupas dela caíram como um laço de um pacote de presente.
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Mas logo após, as roupas dela caíram como um laço de um embrulho de presente.
   
O hábito dela rasgou completamente, se tornando simples peças de tecido.
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O hábito dela rasgou completamente, se tornando simples pedaços de pano.
   
O capuz permaneceu intacto, ele deve ser um item separado. Ficar apenas com a cabeça coberta fez tudo parecer ainda mais doloroso.
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O capuz permaneceu intacto, ele deve ser um item isolado. Ficar apenas com a cabeça coberta fez tudo parecer ainda mais doloroso.
   
A garota congelou ainda com suas mãos na cintura e seu peito inchado com orgulho.
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A garota congelou ainda com suas mãos na cintura e seu peito inchado com satisfação.
   
 
Para resumir, ela estava completamente nua.
 
Para resumir, ela estava completamente nua.

Revision as of 15:46, 31 March 2013

Capítulo 1: O Mago Chega à Torre — Garota (Ocasionalmente) Justa

Parte 1

“Você, aquariano, nascido entre 20 de Janeiro e 18 de Fevereiro, tem muita sorte no amor, no trabalho e ganhará muito dinheiro! Não importa o quão improvável as coisas fiquem, apenas boas coisas irão acontecer, então que tal jogar na loteria?! Mas mesmo sendo tão popular, não tente sair com três ou quatro garotas ao mesmo tempo♪.”

“Eu sabia que seria algo assim, mas...”

Kamijou Touma estava sem palavras em seu dormitório na Academy City que estava infernal por causa do ar-condicionado que estava quebrado. Aparentemente, um relâmpago durante a noite danificou 80% dos aparelhos eletrodomésticos. Significa que tudo que estava dentro de sua geladeira foi dizimado. Quando ele tentou comer o yakisoba instantâneo que guardou para uma emergência, ele derramou o macarrão na pia. Sem outras opções, ele decidiu comer fora, mas pisou em cima e quebrou seu cartão bancário enquanto procurava por sua carteira. Quando voltou rastejando para sua cama para chorar até voltar a dormir, ele foi acordado por um telefonema de sua professora, “Kamijou-chan, você é um idiota, então precisa de aulas suplementares♪ “

Ele pensava que os horóscopos passados na TV eram como as previsões do tempo – apenas previsões – mas ele não conseguia aguentar quando era tão diferente da realidade assim.

“Eu entendo. Mas não consigo engolir isso sem falar comigo mesmo.”

O horóscopo estava completamente errado e Kamijou nunca teve uma boa sorte. Era assim o cotidiano de Kamijou Touma. Ele acreditava que seu azar extraordinário era algo de família, mas seu pai já ganhou 100,000 ienes na loteria e sua mãe vivia ganhando bebidas extras de graça nas máquinas de venda automática. Às vezes, ele se perguntava se ele era adotado .

Para resumir: até agora, Kamijou Touma teve uma vida tão azarada ao ponto ser considerado uma piada.

Mas ele não tinha intenção de desistir devido ao seu azar.

Kamijou não contava com a sorte. Em outras palavras, ele precisava ter muita determinação.

“...Vejamos. Os problemas imediatos são o meu cartão e a minha geladeira.”

Kamijou coçou sua cabeça e olhou em volta de seu quarto. Desde que estivesse com a sua caderneta bancária, ele poderia facilmente conseguir um novo cartão. O real problema era a geladeira... ou melhor, o café da manhã. Eles chamavam de aulas suplementares, mas ele tinha certeza que seria forçado a tomar pílulas de Methuselin e pó de Elbrase para o desenvolvimento de poderes. Fazer isso com o estômago vazio não era uma boa ideia.

Trocando de roupa e colocando seu uniforme de verão, Kamijou considerou parar em uma loja de conveniências no caminho para a escola. Fazendo jus a sua posição de estudante idiota, Kamijou ficou acordado a noite anterior inteira, portanto, uma dor triturante passava pela sua mente privada de sono. Ainda assim, ele tentava pensar positivamente.

Bom, eu acho que saio ganhando se uma única semana compensar tudo o que eu perdi em quatro meses de aulas, Kamijou pensou.

Ele recuperou seu humor e murmurou, “O clima hoje está bom. Talvez eu deva arejar o meu futon.”

Kamijou então abriu a porta de tela para a varanda, onde ele esperava que o futon estivesse agradável e macio quando ele voltasse de suas aulas suplementares.

Mas na varanda no sétimo andar, a parede do prédio vizinho estava a menos de dois metros de distância.

“O céu está tão azul, mas meu futuro está um breu♪ “

Seu ânimo decaiu bruscamente. Forçar o otimismo só teve o efeito oposto. Não ter ninguém em volta para agir como homem de verdade apenas o atormentava com um sentimento de solidão.

Ele usou suas duas mãos para agarrar o futon na cama. Tudo falhou, eu tenho pelo menos deixar isso agradável e macio, ele pensou.

Enquanto pensava, ele sentiu algo ser esmagado pelo seu pé, era o pão com yakisoba que ainda estava embalado. Estava antes no seu refrigerador, então deve estar estragado.

“...Eu espero que não comece a chover esta noite.” Expressando uma má premonição que teve, Kamijou adentrou a varanda.

Ele encontrou um futon branco pendurado ali.

“?”

Embora seja um dormitório escolar, o formato era o mesmo de um apartamento de apenas um quarto, então Kamijou morava sozinho. Portanto, ninguém além de Kamijou Touma teria como deixar um futon pendurado na grade de sua varanda.

Quando olhou mais de perto, ele percebeu que não era um futon, mas sim uma garota vestindo roupas brancas.

“Hã?!”

O futon verdadeiro caiu de suas mãos.

Era um mistério. Na verdade, não tinha sentido algum. A garota estava com sua cintura pressionada contra o parapeito da sacada e seu corpo estava dobrado de tal forma que seus braços e pernas estavam balançando para baixo.

Ela tinha 14 ou 15 anos de idade. Ela parecia um ou dois anos mais nova que Kamijou. Ela deve ser estrangeira pois sua pele era branca, assim como seu cabelo... Não, o cabelo dela era prateado. Ele era bem longo, então cobria completamente sua face. Kamijou pensou que o cabelo dela deve cair à altura da cintura.

As roupas dela...

“É uma freira!”

“Hábito” era o nome do traje que ela usava? Eram as roupas que você uma freira usaria em uma igreja. Parecia um vestido longo que chegava aos tornozelos com um capuz que cobria sua cabeça. Mas os hábitos de freiras normais eram pretos, o dela era branco. Talvez feito de seda? Além disso, bordados feitos com linha dourada complementavam o hábito, tornando-o ainda mais único.

As pontas dos dedos da garota se movimentaram. Sua cabeça lentamente levantou. O cabelo prateado da freira suavemente dividiu-se como uma cortina e a sua face finalmente surgiu.

O rosto da garota era bonito. Sua pele branca e olhos verdes eram uma nova experiência para alguém que nunca saiu do Japão como Kamijou. Ela, de uma certa forma, parecia uma boneca para ele.

Mas ela era uma estrangeira e o professor de inglês de Kamijou Touma sugeriu que ele evitasse ao máximo pessoas estrangeiras. Se alguém de algum país estranho começasse a falar com ele, ele provavelmente iria acabar com a carteira vazia de alguma forma sem nem mesmo perceber.

“Eu...”

Os lábios secos da garota se moveram lentamente.

Kamijou deu um ou dois passos para trás. Ele acabou pisando no pão com yakisoba mais uma vez.

“Tô com fome.”

“...”

Por um instante, Kamijou achou que estava tão perplexo que sua mente automaticamente substituiu a linguagem estrangeira que ele ouviu com japonês.

“Tô com fome.”

“...”

“Tô com fome.”

“...”

“Quantas vezes mais eu vou ter que dizer que tô com fome?”

A garota de cabelo prateado pareceu ter ficado um pouco irritada com a (falta) de atitude de Kamijou, que estava ali, congelado.

Não. Não estou ouvindo coisas. Ela está falando japonês mesmo, ele pensou.

“Ah, hm...” ele disse enquanto olhava para a garota pendurada. “O quê? Você está dizendo que desmaiou de exaustão ou algo assim?”

“Você poderia dizer que eu desmaiei e estou prestes a morrer.”

“...”

A garota sabia falar japonês fluentemente.

“Seria ótimo se você pudesse me alimentar.”

Kamijou olhou para o pão com yakisoba esmagado e obviamente estragado em seu pé. Ele não tinha ideia do que estava acontecendo, mas sabia que era melhor não se envolver. Esperando felizmente mandar a garota para um lugar distante, ele levou o pão esmagado à boca dela. Ele tinha certeza que ela iria fugir no momento em que desse uma leve cheirada naquele odor desagradável. No entanto...

“Obrigada. Hora de comer.”

A boca dela tragou o pão junto com a embalagem... e o braço de Kamijou.

Mais uma vez, o dia de Kamijou começou com um grito e um gosto de azar.


Parte 2

"Eu acho que deveria começar me apresentando."

"Eu preferia que você começasse me dizendo por que você estava pendurada ali."

"Meu nome é Index."

"Esse claramente é um nome falso! Como assim Index? Você é o índice de um livro ou algo assim?!"

"Como você pode ver, eu sou da igreja. Isso é importante. Ah, mas eu não sou do Vaticano. Eu sou da Igreja Anglicana."

"Eu não sei o que isso significa e você vai ignorar minhas perguntas?!"

"Index não é o suficiente? Bom, meu nome mágico é Dedicatus545."

Index v01 031.jpg

"Olá? Olá? Com que tipo de alienígena eu estou falando?"

Kamijou não entendeu, então colocou seu dedo dentro de sua orelha, e Index mordeu a unha de seu polegar. Talvez seja um hábito dela.

Kamijou se perguntou por que eles estavam educadamente sentados de frente um para o outro.

Se ele não saísse logo, ele iria se atrasar para suas aulas suplementares, mas ele não poderia deixar essa estrangeira em seu quarto. Para piorar as coisas, a misteriosa garota de cabelo prateado que chamava a si mesma de Index parecia ter gostado do quarto de Kamijou.

Talvez o azar de Kamijou tenha a atraído? Ele tinha esperanças de que esse não era o caso.

"Seria ótimo se você pudesse me dar mais comida."

"Por que eu faria isso?! Eu não quero aumentar seu medidor de amor. Eu preferiria morrer do que ativar um sinalizador estranho e acabar com você no meu pé!"

"Hm... isso é alguma gíria? Desculpa, mas eu não tenho ideia do que você está falando."

Ela é uma estrangeira, não deve conhecer a cultura otaku.

"Mas se eu sair agora, irei desmaiar depois de dar três passos além da porta."

"Não me venha com essa de desmaiar."

"Eu irei reunir minhas últimas forças para deixar uma mensagem antes de morrer: uma foto sua."

"O quê?"

"E, se por acaso, alguém me salvar, eu direi que eu estava encarcerada nesse quarto e que fui torturada ao ponto de desmaiar. Direi a todos que você me usou de cobaia para o seu fetiche de cosplay."

"Não ouse dizer isso! Então você sabe uma coisa ou outra sobre a cultura otaku, não é?!"

"?"

Ela inclinou sua cabeça para o lado como um gato se olhando no espelho pela primeira vez.

Ele lamentou ter deixado ela irritá-lo, sentindo-se horrivelmente enganado.

Tá, vamos lá! Pensou Kamijou.

Ele caminhou até a cozinha. Só havia comida estragada na geladeira, não custava nada alimentá-la com aquilo. O garoto percebeu que estaria tudo bem desde que a comida fosse esquentada. Ele colocou tudo na frigideira para tentar fazer algo similar a vegetais fritos.

De onde essa garota veio? Ele se perguntou.

Naturalmente, haviam pessoas de outros países na Academy City. Mas ela simplesmente não parecia ser uma habitante da cidade. Além do mais, era complicado para pessoas de fora entrarem na cidade.

A Academy City era tratada como "uma cidade constituída de centenas de escolas", mas o correto seria "um internato do tamanho de uma cidade." Era grande o suficiente para cobrir um terço de Tóquio, mas estava cercada por algo similar à Grande Muralha da China.

Não era estrita como uma prisão, mas não era um lugar onde qualquer um poderia entrar.

...Pelo menos era assim que deveria ser. Na verdade, três satélites experimentais lançados por uma escola técnica estavam constantemente monitorando a escola. Cada indivíduo que entrava ou saía da cidade era completamente escaneado e se alguma pessoa suspeita que não estivesse no banco de dados fosse detectada, a Anti-Skill e a Judgment iriam intervir imediatamente.

O relâmpago de ontem deve ter atrapalhado a detecção dos satélites, ele considerou.

"Por que você estava pendurada para secar na minha varanda?" Kamijou perguntou enquanto colocava molho de soja nos vegetais fritos.

"Eu não estava pendurada para secar."

"Então o que você estava fazendo? Você estava voando e aterrissou lá?"

"Algo assim."

Kamijou achou que era uma piada, parou de movimentar a frigideira e voltou a olhar para garota.

"Eu caí. Eu estava tentando saltar de um prédio para outro."

Prédio?

Kamijou olhou para o teto. Os dormitórios estudantis possuíam a mesma quantidade de andares e observando a varanda, poderia-se perceber que havia um espaço de dois metros entre os prédios. Era verdade que um pulo com impulso poderia bater essa distância. Mas...

"Mas são oito andares! Um passo em falso e você iria direto para o inferno."

"Sim, você nem ganha uma sepultura se cometer suicídio", disse Index. "Mas eu não tinha escolha. Era o único jeito de escapar."

"Escapar?"

"Sim." Disse Index como uma criança. "Eu estava sendo perseguida."

"..."

A mão de Kamijou que estava movimentando a frigideira parou mais uma vez.

"Eu pulei corretamente, mas fui baleada em pleno ar." A garota que chamava a si mesma de Index sorriu. "Peço perdão. Parece que eu caí na sua varanda."

Ela sorriu inocentemente para Kamijou Touma sem sinais de sarcasmo ou autodepreciação.

"Você foi baleada...?"

"Sim? Ah, mas você não precisa se preocupar, não estou ferida. Essas roupas também funcionam como barreira defensiva."

Barreira defensiva? Era à prova de balas?

A garota se virou para mostrar que não havia ferimentos ou marcas nas roupas. Kamijou se perguntou se ela realmente havia sido baleada.

O conceito de que ela estava delirando ou inventando tudo parecia mais realista.

Mas...

Havia o fato de que ela estava realmente estava pendurada na sua sacada no sétimo andar.

Se, hipoteticamente, tudo o que ela falou era verdade...

Quem atirou nela?

Kamijou deliberou.

Ele pensou sobre o quanto de determinação uma pessoa precisaria ter para pular de um prédio de oito andares para outro. Ele também considerou a sorte dela ter caído na varanda dele no sétimo andar e o fato dela ter desmaiado.

Ela disse que estava sendo perseguida.

Ele finalmente pensou no sorriso de Index ao dizer estas palavras.

Ele não sabia em que situação Index estava e não entendeu as poucas coisas que ela disse. Provavelmente ele iria apenas entender a metade se Index explicasse tudo a ele desde o começo e ainda não teria ideia de como começar a entender a outra metade.

Mesmo assim, uma verdade permaneceu.

Como um aperto no seu peito, ele finalmente aceitou a ideia de que ela caiu na sua varanda no sétimo andar quando um passo em falso poderia lançá-la direto ao asfalto.

"Comida."

Apesar de sua fluência na língua japonesa, ela não deve ter muita experiência com os pauzinhos pois estava segurando-os como se fosse uma colher enquanto excitadamente observava a frigideira.

Os olhos dela pareciam os de um gato que foi resgatado em um dia chuvoso.

"Ah..."

Kamijou colocou a (coisa anteriormente conhecida como) comida na frigideira para fazer algo parecido com vegetais fritos (envenenados). Por alguma razão, o anjo em Kamijou, que normalmente estava acompanhado do demônio Kamijou, estava se contorcendo terrivelmente ao ver a garota faminta.

"J-Já sei! Se você está mesmo com fome, que tal irmos a um restaurante ao invés de te dar essa comida horrível feita com sobras por um homem?! Nós podemos até pedir por telefone!"

"Não posso esperar tanto."

"Ah..."

"E não é horrível. Você fez essa comida para mim sem cobrar nada. Deve estar bom." Pela primeira vez, ela sorriu como uma freira.

Enquanto a dor agredia Kamijou como se seu estômago estivesse sendo torcido como uma peça de roupa molhada, Index colocou o conteúdo da frigideira na sua boca.

Mastigando.

"Viu? Está bom."

"Está?"

Mastigando.

"Foi legal você ter colocado um toque amargo para me ajudar a ganhar forças."

"Gah! Tá amargo?!"

Mastigando.

"Sim, mas não tem problema. Obrigada. Você é como um irmão maior ou algo assim."

Ela soltou um grande sorriso enquanto comia com um coração tão puro. Um broto de feijão estava preso em sua bochecha.

"...Gh... Uwaaa!"

Com uma velocidade assustadora, Kamijou pegou a frigideira enquanto Index parecia muito descontente. No entanto, Kamijou jurou em seu coração que ele seria o único a ir para o inferno.

"Você está com fome também?"

"Hã?"

"Se não estiver, eu gostaria de comer o resto."

Enquanto ele observava Index olhando para ele com um olhar desgostoso,

Kamijou recebeu uma revelação divina.

Deus disse a ele para se responsabilizar e comer o resto sozinho.

Isso não tinha nada a ver com azar, ele completamente decidiu isso por si mesmo.


Parte 3

Kamijou Touma encheu sua boca com lixo frito e sorriu.

"Mhh," resmungou a garota que chamava a si mesma de Index com um olhar de reclamação enquanto mordia um biscoito. A maneira que ela segurava o biscoito em ambas as mãos a fez parecer um esquilo.

"Tudo bem, você disse que estava sendo perseguida. Perseguida por quem?"

Após retornar de seu Nirvana, Kamijou perguntou mais uma vez sobre sua maior dúvida na história dela.

Ele não estava disposto a seguir uma garota que ele conheceu a menos de 30 minutos até as profundezas do inferno. Mas provavelmente já era tarde demais para deixar isso passar.

No fim, eu vou ter seguir as palavras da raposa, pensou Kamijou, usando um termo pessoal para manter sua bondade fingida.

Ele sabia que não iria resolver nada, mas ainda gostaria de confortar a si mesmo com com a sensação de que ele tinha feito algo para ajudar.

"Hmm..." ela disse com a garganta seca. "Quem eles eram mesmo? Talvez os Rosacrucianos ou um grupo da Stella Matutina. Eu acho que era um desses grupos, mas eu não sei o nome deles ainda. Eles não são do tipo que acham significados em nomes."

"Eles...?" Kamijou perguntou timidamente.

Aparentemente, ela estava sendo perseguida por um grupo ou organização.

"Sim," disse Index calmamente. "Uma sociedade de feiticeiros."

...

...

...

"Hã? Feiticeiros? Hã? O quê?! Isso é loucura!"

"Hã? Eu falei algo errado? Eu quis dizer magia. Uma associação mágica."

...

"O quê? Você quer dizer alguma seita? Tipo, uma seita que diz que quem não acreditar no líder irá receber uma punição divina e aí eles te dão LSD para fazer uma lavagem cerebral? Isso é bem ruim."

"...Tá brincando comigo?"

"...Foi mal, eu simplesmente não consigo aceitar essa coisa de magia. Eu posso conhecer todos os tipos de poderes psíquicos como pirocinese e clarividência, mas eu não consigo aceitar magia."

"...?"

Index parecia estar confusa.

Ela provavelmente sabia que alguém do lado da ciência não acreditaria em algo estranho desse jeito.

Entretando, a mão direita de Kamijou possuía um poder sobrenatural.

Era chamado de Imagine Breaker e poderia negar até poderes divinos vistos em mitos em um instante desde que fosse um poder sobrenatural.

"Poderes psíquicos são bem comuns por aqui. Qualquer um pode desenvolver poderes recebendo uma injeção de 'esperina' nas veias, colocando eletrodos no pescoço e ouvindo alguns sons por fones de ouvido. Tudo pode ser explicado cientificamente, então é natural aceitar isso, certo?"

"...Eu realmente não entendo."

"É normal! Completamente normal! Inteiramente normal! Três vezes não é o suficiente?!"

"...A magia também é normal."

Index emburrou como se alguém houvesse insultado seu gato de estimação.

"Hmm... Tá, vamos pegar pedra, papel e tesoura como exemplo. Espera, você conhece esse jogo?"

"...Eu acho que é da cultura japonesa, mas eu conheço sim."

"Beleza. Se você jogasse pedra, papel e tesoura dez vezes e perdesse todas, haveria algo influenciando a sua derrota no jogo?"

"...Hm."

"Não haveria, certo? Mas é da natureza humana achar que há algo por trás." disse Kamijou com pouco interesse. "Você pensaria que não haveria como perder dessa maneira. Você provavelmente iria achar que há uma regra invisível ou algo do tipo. E uma vez que você pensa assim, o que acontece quando você começa a fatorar coisas como o horóscopo?"

"...Tipo, 'vocês cancerianos são azarados, então não devem entrar em nenhuma competição'?"

"Exato. Essa é a verdadeira identidade do oculto. Sorte é apenas o nosso sonho por estas regras invisíveis. Enquanto a realidade é uma patética e pura coincidência, nossos corações confundem essa coincidência com uma grande inevitabilidade. Isso é o ocultismo."

Index franziu a testa, mas então disse, "Então você não simplesmente negou tudo isso sem pensar."

"Sim. E é por eu ter pensado seriamente sobre o assunto que eu posso ver por que essas histórias velhas não prestam. Eu não consigo acreditar em magos de um livro infantil. Se nós pudéssemos ressucitar os mortos gastando um pouco de MP, ninguém estaria desenvolvendo outros poderes. Eu simplesmente não consigo acreditar no sobrenatural que não possui conexão com a ciência."

Ele achava que as pessoas achavam poderes psíquicos estranhos e misteriosos porque eram ignorantes. O fato de que estes poderes poderiam ser explicados cientificamente era comum naquela cidade.

"...Mas magia existe."

Muito provavelmente a magia era como um pilar sustentando o coração dela, parecido com o Imagine Breaker de Kamijou.

"Tá, tanto faz. Então, por que eles estavam te perseguindo?"

"Magia existe."

"..."

"Magia existe!"

Parecia que ela queria forçá-lo a acreditar nisso.

"Então o que é 'magia'? Você consegue atirar fogo de suas mãos sem ter passado pelo nosso Curriculum? Se sim, eu gostaria de ver. Talvez eu acredite em você."

"Eu não tenho poderes mágicos, então não posso fazer isso."

"..."

Kamijou se sentiu como se ele tivesse encontrado um esper que afirmou que não conseguiu dobrar uma colher porque a câmera de segurança do local havia o distraído.

Mas um sentimento complexo preenchia o coração de Kamijou.

Ele insistia que o oculto não existia e que magia era algo ridículo, mas ele não sabia absolutamente nada sobre o Imagine Breaker que residia na sua mão direita. Como o poder funcionava, e o que estava acontecendo que ele não podia ver? A Academy City estava no topo do mundo no desenvolvimento de poderes, mas até seu System Scan falhou em analisar o poder de Kamijou. Consequentemente, ele foi classificado como Level 0.

Além disso, esse poder não apareceu como resultado de uma intervenção científica. Ele possui este poder desde seu nascimento.

Ele insistia que o oculto não existia e mesmo assim, ele era uma parte do sobrenatural que ignorava as regras.

Ele recusava a ridícula ideia de que magia poderia existir simplesmente porque haviam coisas estranhas no mundo.

"...Magia existe."

Kamijou suspirou.

"Tá certo. Em prol do seu argumento, vamos supor que magia exista."

"Em prol do argumento?"

"Se existe mesmo," continuou Kamijou, ignorando-a. "Por que eles estão atrás de você? Tem algo a ver com a maneira que você está vestida?"

Kamijou estava se referindo ao hábito extravagante que ela estava vestindo, feito de seda pura e com bordados dourados. Em outras palavras, "É algo relacionado a igreja?"

"...É porque eu sou a Index."

"Hein?"

"Eles devem estar atrás dos 103,000 grimórios que eu possuo."

...

...

...

"...Eu não entendi."

"Por que você parece perder a motivação sempre que eu explico algo?"

"Hm, vamos continuar. Eu não sei o que grimórios são, mas eu imagino que sejam livros, como dicionários."

"Sim. O Livro de Eibon, A Chave Menor de Salomão, Unaussprechlichen Kulten, Cultes des Goules, e o Livro dos Mortos são bons exemplos. O Necronomicon é tão famoso que possui várias falsificações, então não é muito confiável."

"Não, na verdade eu não me importo com os conteúdos."

Ele queria complementar dizendo, "porque tudo é um monte de besteiras mesmo", mas segurou sua língua.

Ele então perguntou, "Onde estão esses 100,000 livros?"

Ele não quis voltar atrás naquele ponto, cem mil livros eram o suficiente para encher uma biblioteca.

"Você quer dizer que você tem a chave para onde eles estão armazenados?"

"Não." Index balançou sua cabeça. "Todos os 103,000 grimórios estão comigo."

"Como é? Você não vai me dizer que esses livros não podem ser vistos por idiotas, não é?"

"Você não poderia os ver mesmo se não fosse um idiota. Não teria sentido se qualquer pessoa pudesse vê-los."

As palavras de Index eram tão irreais que Kamijou pensou que ele estava sendo ridicularizado. Ele olhou em volta, mas não viu nenhum livro velho que pudesse ser um grimório. Haviam apenas revistas de jogos, mangás, e o seu dever de casa que ele havia jogado em um canto.

"...Ahhh."

Ele tentou de verdade escutá-la, mas Kamijou já estava no seu limite.

Ele começou a se perguntar se ela estava imaginando tudo. Se ela pulou de um prédio de oito andares, escorregou, e caiu na varanda dele por causa de um delírio, ela não era alguém com quem Kamijou gostaria de se envolver.

"Acreditar em poderes psíquicos mas não acreditar em magia não faz sentido." Index disse com um beicinho. "Esses poderes científicos são tão bons assim? Não é certo zombar das pessoas só porque você possui um poder especial."

...

"Bom, sim." Kamijou deu um pequeno suspiro. "Eu concordo. Não é certo. É errado pensar que você está acima dos outros só porque consegue fazer uns truques."

Kamijou olhou para sua mão direita.

Raios ou fogo não iriam sair dela. Não iria disparar nenhum raio de luz ou causar uma explosão, e nenhuma marca estranha iria aparecer no seu pulso.

Entretando, sua mão direita poderia negar qualquer tipo de poder sobrenatural, desprezando sua origem ou tipo.

"Bem, para as pessoas que vivem nessa cidade, os poderes que elas têm são parte de suas personalidades, então você deveria ser um pouco mais tolerante em relação a algumas delas. Na verdade, eu sou um esper, também."

"É mesmo, idiota? Hmph. Você pode dobrar uma colher com sua mão ao invés de deixarem bagunçar o seu cérebro para esse fim."

"..."

"Hmph, hmph. O que há de tão ótimo sobre um cara que pôs de lado seu tom natural para colorir-se artificialmente? Hmph."

...

"...Você se importa se eu calar sua boca junto com essa sua arrogância ridícula?

"D-De qualquer modo, você disse que é um esper, mas o que você pode fazer?"

"Hmm, bem..."

Kamijou não tinha certeza do que dizer.

Era incomum Kamijou explicar sobre sua mão direita para os outros. Além do mais, por ser relacionado a poderes sobrenaturais, não poderia ser explicado se o outro lado não conhecesse o sobrenatural ou o psíquico.

"É essa minha mão direita. E no meu caso, não foi doping. Eu tenho esse poder desde que nasci."

"Entendo..."

"Se eu tocar com a minha mão direita, qualquer tipo de poder sobrenatural será negado. Desde bolas de fogo, Railguns, ou até mesmo poderes divinos."

"Ahn?"

"Por que sua expressão parece a de uma pessoa que viu uma pedra milagrosa em uma revista?"

"Mas... você nem sabe o nome de Deus, ainda sim afirma que pode negar os milagres Dele." Index colocou o dedo em seu ouvido enquanto ria com desdém.

"Kh... I-Isso é idiotice. Eu odeio ser zoado por uma garota mágica falsa que diz que magia existe mas não consegue provar."

Os murmúrios da alma de Kamijou chatearam Index.

"E-Eu não sou falsa! Magia existe!"

"Então me mostre algo, Halloween girl! Você não vai acreditar no meu Imagine Breaker até eu destruir algo com a minha mão direita mesmo. Vamos lá!"

"Tudo bem, eu irei!" Index jogou suas mãos para o alto em sinal de aborrecimento. "Aqui! Estas roupas! É uma barreira defensiva de alta qualidade chamada Igreja Ambulante!"

Index abriu seus braços para mostrar o hábito.

"Igreja Ambulante? O quê? Isso não faz sentido! Não é legal ficar usando esses termos incompreensíveis como 'Index' e 'barreira defensiva, sabe?! Explicar algo significa tornar esse 'algo' entendível para uma pessoa de uma forma simples. Você não entende isso?!"

"O quê?! Como ousa dizer isso se você nem faz questão de tentar entender o que eu falo?!" Index balançou seus braços demonstrando raiva. "Certo, ver para crer, não é? Pegue uma faca na cozinha e me acerte no estômago!"

"Te acertar?! Isso não vai acabar numa história no noticiário dizendo 'tudo começou com uma discussão banal' ou algo assim?"

"Ah, você não acredita em mim." Os ombros de Index subiram e desceram enquanto ela respirava fundo. "Essa roupa possui os requerimentos mínimos para criar uma igreja, ou seja, é uma igreja em forma de roupa. A forma como a roupa é tecida, a forma como os fios são costurados, a forma como os bordados a decoram... É tudo calculado. Uma faca não irá conseguir causar um arranhão."

"Tá certo. Que idiota iria concordar em te esfaquear? Essa pessoa teria que ser um delinquente juvenil sem precedentes."

"Dá pra parar de tirar sarro de mim? Essa é uma cópia exata do Sudário de Turim, um tipo de tecido usado pelo santo que foi apunhalado pela Lança de Longino. É algo parecido com um abrigo nuclear. Ela reflete ou absorve qualquer ataque, seja ele físico ou mágico. Eu te disse que fui baleada, certo? Bem, haveria um buraco gigante em mim se não fosse a Igreja Ambulante. Entende agora?"

Cala a boca, idiota, Kamijou pensou furiosamente.

Os valores que mediam a apreciação de Kamijou por Index caíram rapidamente enquanto ele observava as roupas dela com menosprezo.

"...Hmm. Então ele seria dizimado se eu tocasse com a minha mão direita?"

"Sim, mas apenas se esse seu poder for real. Hahaha!"

"Perfeito!!" gritou Kamijou segurando o ombro de Index.

Como se ele tivesse segurado uma nuvem, ele sentiu o impacto ser estranhamente absorvido por uma esponja macia.

"Espera... hã?"

Kamijou esfriou sua cabeça e pensou.

E se tudo o que Index disse fosse verdade, mesmo sendo altamente improvável, e essa Igreja Ambulante foi mesmo costurada com poder sobrenatural?

Negar esse poder sobrenatural iria rasgar as roupas dela?

"Haaaaaaaaaa?!"

Kamijou gritou por causa de sua repentina premonição de que ele pudesse estar finalmente subindo alguns degraus em direção a fase adulta. Mas...

...

...

...?

"Eh? ...Hã?"

Index v01 051.jpg

Não aconteceu nada.

Droga, não me faça preocupar por nada, ele pensou aliviado.

Kamijou não conseguiu aguentar.

"Viu? Onde está esse tal de Imagine Breaker? Nada aconteceu. Ha! Ha!"

Index colocou suas mãos na cintura e inchou seu peito de satisfação.

Mas logo após, as roupas dela caíram como um laço de um embrulho de presente.

O hábito dela rasgou completamente, se tornando simples pedaços de pano.

O capuz permaneceu intacto, ele deve ser um item isolado. Ficar apenas com a cabeça coberta fez tudo parecer ainda mais doloroso.

A garota congelou ainda com suas mãos na cintura e seu peito inchado com satisfação.

Para resumir, ela estava completamente nua.


Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7